Manchetes dos jornais de domingo 13 de outubro de 2024

Manchetes dos jornais de domingo 13 de outubro de 2024


Edição de Chico Bruno

Manchetes dos jornais de domingo 13 de outubro de 2024

O ESTADO DE S.PAULO – Aneel diz que pode rever concessão da Enel em SP por apagão após temporal

FOLHA DE S.PAULO – Aneel cobra Enel após apagão em SP e diz que pode rever concessão

CORREIO BRAZILIENSE – Chuvas e ventania provocam tragédia em São Paulo

O GLOBO – Perda de 50% das cidades em 12 anos expõe crise da esquerda

Destaques de primeiras páginas, fatos e bastidores mais importantes do dia

Demagogia - A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) intimou a Enel, concessionária responsável pelo fornecimento energético em São Paulo, para que apresente justificativas e proposta de adequação imediata do serviço diante dos apagões e ocorrências registradas na última sexta-feira 11, e neste sábado, 12, na capital paulista. Um forte temporal na noite de sexta deixou cerca de 2,1 milhões de paulistanos sem luz, além de matar pelo menos sete pessoas. A Aneel afirmou em nota à reportagem que os diretores da instituição vão analisar a proposta da empresa. Caso a Enel “não apresente solução satisfatória e imediata da prestação do serviço”, a agência vai instaurar “processo de recomendação da caducidade da concessão junto ao MME (Ministério de Minas e Energia)”. Em nota enviada à reportagem após a publicação, a Enel afirmou que “está comprometida em ir além dos indicadores estabelecidos e segue com um plano estruturado para seguir a trajetória de melhoria contínua dos serviços”. Em postagem nas redes sociais na noite deste sábado, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) atacou a Enel e defendeu o fim do contrato com a concessionária.

Contas da mídia - Somados PT,PSB,PDT,PCdoB e PSOL venceram em 724 cidades no último domingo, menos da metade das  1.468 conquistas em 2012. Para analistas e lideranças, o viés conservador da maioria da população e mudsnças na relação de trabalho são fatores que aprofundam o descompasso entre o discurso das siglas e o eleitorado. O saldo das urnas, com vitórias da direita e do Centrão e reeleição de prefeitos expressa o tamanho do desafio. "O discurso identitário fala para a bolha, é preciso ser mais universalista, ver os problemas reais", defende Marília Campos, prefeita reeleita de Contagem (MG), maior cidade onde o PT venceu.  

Após primeiro turno, PT senta no divã - O resultado do PT nas urnas no primeiro turno das eleições municipais, com crescimento no número de municípios e vereadores, foi celebrado pela legenda. Porém, frustrou quem esperava um avanço considerável da esquerda após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. Com 248 municípios, o PT está longe de atingir seu recorde de 630 prefeituras de 2012, após nove anos no comando do Executivo federal. Enquanto isso, ganham espaço as siglas de direita e as de centro-direita, que compõem a base do governo federal atualmente — em especial PSD, União Brasil, MDB, e PP. Analistas ouvidos pelo Correio avaliam que a performance do PT no pleito do último dia 6 deixou a desejar. A sigla precisa repensar a estratégia para os próximos anos, como admitiu o próprio Lula na semana passada. O presidente terá de se aproximar mais das legendas de centro para manter a governabilidade e tentar se reeleger, ou emplacar um sucessor em 2026. O PT, por sua vez, atribuiu o avanço da direita e da centro-direita ao repasse de emendas parlamentares.

Um canto sagrado no Senado - No período em que foi senador, Saturnino Braga ocupou o gabinete 11, na Ala Teotônio Vilela. Um lugar repleto de histórias. Foi ali que, durante seis anos, de 1991 a 1997, o “dono” foi o amigo Darcy Ribeiro. Tanto é que “exigiu” que aquele fosse seu canto no Senado. Mas o melhor é que, um outro amigo, Oscar Niemeyer costuma visitar o lugar e, enquanto aguardava na sala de espera, desenhava “sua” Brasília e “seu” Rio de Janeiro nas paredes. Os croquis da década de 1990 são um presente aos olhos. Ao pisar, pela primeira vez no gabinete, em 2002, Saturnino decretou: “Vou tombar”. E, o fez. “Quando vi aqueles traços, eu sabia que eram do Niemeyer, não tive dúvidas. Mandei colocar vidro em tudo. Avisei que era ‘obrigação’ preservar tanta arte”, contou na época o senador. “Adoro ficar admirando, eu me pergunto: de onde ele tirava tanto talento”, repetia. É verdade. É bonito demais: traços simples e precisos, marcas do gênio, agora guardadas. Os painéis com os traços de Niemeyer seguem no gabinete 11, hoje sob os cuidados do senador Flávio Azevedo (PL-RN). Sensível, o parlamentar determinou cuidado máximo com a arte. O desejo de Saturnino, que faleceu no dia 3 passado, foi atendido.

Ajuda da Itália - Nos acordos que o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, fechou durante as conversas na Itália, as autoridades concordaram em incluir uma mudança de classificação do comércio de madeira ilegal e minérios na legislação do país, a fim de ajudar a conter o financiamento do crime organizado. Atualmente, na Europa, esse comércio é tratado apenas como crime do ponto de vista fiscal. O sujeito paga o imposto, e fica tudo certo. Agora, porém, a situação vai mudar. Na conversa com o ministro do Interior, Matteo Piantedosi, Lewandowski mencionou que um dos setores de financiamento do crime organizado é a extração ilegal de madeira da Amazônia, onde as facções têm atuado fortemente. Piantedosi respondeu de imediato que está disposto a colaborar. Os diplomatas brasileiros consideram que essa pode ser uma brecha para incluir esse comércio ilegal na convenção de Palermo, hoje o principal instrumento global de combate ao crime organizado. A ideia é incluir ali que o comércio de madeira sem certificação de origem, bem como minérios, fauna e flora, deve ser considerado crime. Hoje, na maioria dos países isso é tratado apenas como uma irregularidade fiscal. Na área da Justiça, a avaliação é de que, se a Europa passar a tratar esse contrabando como crime sujeito a prisão e multas pesadas, ajudará a estrangular o financiamento do crime organizado e, de quebra, a conter o desmatamento.

Lula no Círio - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, ontem, das celebrações do Círio de Nazaré, em Belém, no Pará. Pela manhã, ele esteve na romaria fluvial, e, à noite, na cerimônia de passagem da imagem da padroeira da cidade na Transladação. O chefe do Executivo foi acompanhado pela primeira-dama Rosangela Janja da Silva. Lula abriu a romaria, ao colocar a imagem de Nossa Senhora de Nazaré em uma caixa de vidro, a bordo do navio Garnier Sampaio, da Marinha do Brasil, atracado no Trapiche de Icoaraci. A embarcação militar liderou a procissão, que contou com cerca de 400 barcos.

Lula perdeu capital político - Vice-presidente do União Brasil, o ex-deputado federal e ex-prefeito Antonio Carlos Magalhães Neto (BA) diz que as eleições municipais mostraram um presidente Lula (PT) enfraquecido e afastado das ruas, o que abre caminho para seus adversários em 2026. ACM Neto, que integra a ala do partido mais refratária ao governo, defende esse enfrentamento com o PT, e diz que Lula faz um governo de esquerda, apesar de o próprio União Brasil, além de PSD, MDB, PP e Republicanos somarem 11 ministros na Esplanada. "Se os outros campos políticos se organizarem, é possível ter uma eleição competitiva em 2026", diz o político baiano, que foi derrotado pelo PT nas eleições para governador em 2022.

Gastos públicos com viagens superam R$ 144 mil em evento em Roma - Com a presença de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), integrantes do governo Lula (PT) e do Congresso Nacional, um evento promovido pelo grupo Esfera Brasil em Roma já resultou em mais de R$ 144 mil em despesas públicas com viagens de autoridades e assessores. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foi à capital da Itália em aeronave da FAB (Força Aérea Brasileira), acompanhado do colega Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Os ministros Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo, e Dias Toffoli também participam do evento. O STF disse que não pagou as passagens e diárias dos magistrados e que os eventuais gastos com segurança serão divulgados no portal da transparência. A programação do 2º Fórum Esfera Internacional inclui debate com Wesley Batista, acionista do grupo J&F. A JBS, empresa da holding dos irmãos Batista, patrocina o evento. O objetivo do evento é discutir temas envolvendo as relações bilaterais Brasil-Itália e debater os 150 anos da imigração italiana no Brasil. Datena declara voto em Boulos - O candidato do PSDB, José Luiz Datena, gravou um vídeo em que afirma que vai votar em Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo. "Contra a infiltração do crime organizado em São Paulo, contra a infiltração do crime organizado no poder público, eu apoio o Boulos", diz o apresentador, que ficou em quinto lugar no primeiro turno, com 1,84% dos votos.

'Não basta essa esquerda legal' - Em “O pobre de direita — a vingança dos bastardos”, o sociólogo Jessé Souza, 64 anos, autor de, entre outros, “A elite do atraso”, “A ralé brasileira” e “A classe média no espelho”, defende ser impossível entender o apelo do bolsonarismo aos menos privilegiados sem levar em conta dois fatores: de um lado, o racismo regional no país, com a enorme identificação “dos pobres brancos do sul e de São Paulo” com o ex-presidente Jair Bolsonaro; de outro, a inação da esquerda, “que nem mais tenta disputar áreas periféricas com grande presença das igrejas evangélicas”. Voz destacada da esquerda na academia e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no governo Dilma Rousseff (PT), Souza critica o protagonismo dado pelos partidos de esquerda às pautas identitárias. Para o professor da Universidade Federal do ABC, este foi um “erro completo” e uma das razões pelas quais Guilherme Boulos (PSOL) teve muito menos votos no domingo do que a soma do prefeito Ricardo Nunes (MDB), dono da máquina municipal, e de Pablo Marçal (PRTB), em franjas da cidade nas zonas Sul (Paralheiros, Grajaú), Norte (Brasilândia, Lauzane Paulista), Leste (Sapopemba e Vila Prudente) e até Oeste (Lapa).

Religiosos de matriz africana acusam Anielle - Terreiros e entidades de matriz africana assinaram uma carta dirigita ao presidente Lula em que acusam a ministra de Igualdade Racial (MIR), Anielle Franco, de "descaso total" em relação a políticas públicas para o segmento. O documento, que cita assinaturas de 88 entidades representativas, fala em possibilidade de “retrocessos” em medidas iniciados nos governos anteriores de Lula e Dilma Rousseff. "Os terreiros e as organizações que subscrevem essa carta manifestam-se com preocupação sobre a política do Ministério da Igualdade Racial para esse segmento, que encontrou o descaso total da ministra da pasta até agora", diz a carta. Procurada, a assessoria de imprensa do ministério disse que tomou conhecimento da carta apenas de maneira informal, por mensagem de texto. A nota destaca que em breve será lançada uma política para o setor. "A política em construção tem como pauta o diálogo com os povos de terreiro das cinco regiões do Brasil e está sendo articulada para lançamento em breve", diz o ministério. As organizações criticam a recente demissão do titular da Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Yuri Silva, na terça-feira. Sobre a saída do ex-secretário, o ministério alegou que o cargo era de confiança.

Lira no ministério - ntegrante da “velha guarda” do PT, o ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha atua cada vez mais nos bastidores da política. Um dos conselheiros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, João Paulo tem bom trânsito tanto no Palácio do Planalto quanto no Congresso e acha que o governo precisa se preparar para enfrentar o avanço da centro-direita. O caminho apontado por ele é bem pragmático: na sua avaliação, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deve ser alçado à equipe de Lula. “O ideal é Lira assumir um ministério em 2025 porque temos de trazer o Centrão para mais perto”, disse João Paulo ao Estadão. “Precisamos consolidar essa banda do Centrão que dialoga com a gente para a disputa de 2026.” 

Começando do zero - No município mato-grossense de Boa Esperança do Norte, de quase 10 mil habitantes, não tem prefeitura, não tem Câmara Municipal, não tem sede de secretarias. Nem no Google Maps ele aparece. Hino, brasão, bandeira? Esquece. Mas é tudo questão de tempo. Depois de mais de vinte anos, o antigo distrito de Sorriso conquistou em 2023, no Supremo Tribunal Federal, o reconhecimento de sua emancipação, e a eleição do domingo passado, 6 de outubro, foi o primeiro passo de um processo de estruturação que parte praticamente do zero. No mais novo município brasileiro, a expectativa é grande — tão grande quanto a dúvida sobre como serão os primeiros passos. “Até um simples papel timbrado já será motivo de comemoração”, diz Calebe Francio (MDB), recém-eleito prefeito de Boa Esperança do Norte. Enquanto primeiro gestor municipal da história da cidade, ele considera que cada pequeno passo será uma vitória. Antes da definição de elementos como um brasão oficial, porém, sua primeira preocupação é com o caixa da prefeitura que ainda nem existe. Não há oficialmente um orçamento definido para 2025. Mesmo antes de tomar posse em janeiro, Calebe terá conversas com o governo do Estado e com o governo federal para falar sobre os repasses de recursos ao município. Ex-subprefeito de Boa Esperança, Calebe conta que desde a liberação do STF ele já vem estudando a manutenção da infraestrutura pública atual. O governador do Estado, Mauro Mendes (União Brasil), afirmou que Boa Esperança do Norte terá boas condições de crescimento impulsionadas pelo agronegócio na região.

Lula vai ampliar publicidade - Após as eleições municipais, o governo Lula deve retomar a concorrência interna das agências de publicidade para tocar as propagandas sobre as ações da atual gestão, e o foco das peças deve mudar. Nos bastidores, sobram críticas à comunicação adotada até o momento. Também há pressão para conversar mais com a classe média, com mensagens que ajudem a afastar o pessimismo da população em relação à economia brasileira. De acordo com a última pesquisa Quaest, divulgada em outubro, mais brasileiros acreditam que o maior problema do País é a economia. Antes, o índice era de 21%; agora, é de 24%. A preocupação com a economia supera até temas como violência, questões sociais, corrupção, saúde e educação. Além disso, para 41% dos brasileiros, a economia brasileira piorou nos últimos 12 meses.