Manchetes de domingo 6 de feveriro 2022

O GLOBO – Os Moïses de cada dia. No Brasil, linchamentos são episódios frequentes

Manchetes de domingo 6 de feveriro 2022

Edição de Chico Bruno 

 

Manchetes de domingo 6 de fevereiro 2022

 

O GLOBO – Os Moïses de cada dia. No Brasil, linchamentos são episódios frequentes

 

FOLHA DE S.PAULO – Defesa dribla cortes no Orçamento e eleva investimentos

 

O ESTADO DE S.PAULO – Média de idade do investidor da Bolsa no Brasil cai para 38 anos

 

CORREIO BRAZILIENSE – A fartura de empregos que vem do campo

 

Destaques de primeiras páginas e do editor

 

Fúria coletiva - Casos de violência extrema como a vivida por Moïse Kabagambe, que morreu a pauladas no Rio, não são excepcionais no país, como apontam os especialistas: em 69 anos , pelo menos 2.579 pessoas foram alvo da fúria coletiva. E, a cada dez, três tiveram o mesmo desfecho que ele.   

 

Militares bons de drible - Enquanto o espaço para investimentos no Orçamento do governo federal encolhe ano a ano, o Ministério da Defesa tem conseguido driblar os cortes e até elevar sua fatia nessas despesas, ganhando prioridade em relação a áreas como saúde, educação e infraestrutura. Em 2022, a Defesa tem uma reserva de R$ 8,7 bilhões para investimentos, o equivalente a 20,7% dos R$ 42,3 bilhões autorizados para este ano. Na prática, a cada R$ 5 destinados a esse tipo de gasto, R$ 1 está carimbado para a área militar. Essa fatia era de 14,2% em 2015 e vem crescendo desde então. O valor da Defesa supera a soma das dotações nos Ministérios da Saúde (R$ 4,6 bilhões) e Educação (R$ 3,45 bilhões), que tiveram ambos queda real de cerca de 3% em relação ao ano passado. Também é maior que o montante direcionado ao Desenvolvimento Regional (R$ 7,5 bilhões) e a Infraestrutura (R$ 6,5 bilhões). A distribuição dos investimentos gera críticas de especialistas, sobretudo no momento em que o país ainda se recupera dos efeitos da pandemia de Covid-19 e deveria direcionar esforços para áreas que tiveram suas deficiências testadas pela crise sanitária. Procurada, a pasta não se manifestou até a conclusão desta edição.

 

Investidores mais jovens - A idade média do investidor na Bolsa brasileira, a B3, teve um recuo de cerca de 11 anos (de 48,7 para 37,9 anos) entre 2016 e 2021, revela levantamento feito pela Bolsa a pedido do Estadão. Hoje, dos 5 milhões de brasileiros com contas na B3, 62% têm menos de 40 anos. Jovens com até 24 anos representam 12% do total. Uma das razões que facilitaram o interesse desse público foi a digitalização: com boa parte das negociações migrando para a internet, a renda variável entrou na pauta dos chamados “nativos digitais”. Com a redução da idade média, o pequeno investidor passou a dominar. Hoje, 56% dos clientes da B3 têm renda mensal de até R$ 5 mil e só aplicam R$ 50 no primeiro aporte. 

 

Fartura do agro - Mesmo inserido em um cenário de crise econômica, o agronegócio criou mais de 150 mil vagas em 2021, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No total, são cerca de 9 milhões de pessoas empregadas em atividades do setor, que participa com 30% do PIB nacional. O bom desempenho é atribuído, em grande parte, ao uso da tecnologia. À medida que o setor cresce, produtores demandam mão de obra cada vez mais qualificada. 

 

Tarcísio de Freitas intensifica agenda política em SP - Ainda ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas intensifica a agenda política. Ele deve participar de um grande evento em 12 de fevereiro em Franca (SP), com presença esperada de mais de mil pessoas. A pauta oficial é falar das realizações de sua área, mas o encontro, com diversas lideranças conservadoras, vai ajudar a pavimentar sua pré-campanha ao governo de São Paulo.

 

PT vai estudar versão sul-coreana de Moro - Após ter se inspirado na Espanha, que está revertendo uma reforma trabalhista, o PT fará uma imersão na Coreia do Sul, por meio da Fundação Perseu Abramo. O governo do país asiático criou um pacote de US$ 133 bilhões para estimular o crescimento, apelidado de New Deal sul-coreano. O PT também quer analisar a candidatura presidencial do ex-procurador-geral Yoon Seok-youl, uma espécie de Sergio Moro sul-coreano, acusado de ter cometido abusos em nome do combate à corrupção. O economista Uallace Moreira, professor da Universidade Federal da Bahia, será a principal referência da fundação presidida pelo ex-ministro Aloizio Mercadante (PT). Ele está passando uma temporada no país asiático como professor visitante da Seoul National University (SNU) e estuda o tema há 15 anos. O paralelo com o caso brasileiro se dá pelo acompanhamento do projeto de restituição dos direitos trabalhistas e de geração de emprego por parte do atual presidente, Moon Jae-in, e do estudo do caso de um membro do Judiciário que, por meio de uma operação supostamente anticorrupção, construiu uma plataforma para se lançar na política —e que sofre danos de imagem por meio de acusações de abusos, perseguições e corrupção. Yoon Seok-youl é hoje candidato presidencial e disputa a ponta com Lee Jae-myung, do Partido Democrata de Moon.

 

Bolsonaro mira reeleição com plano de 200 diretrizes - O governo prepara o lançamento de uma agenda com mais de 200 diretrizes para políticas públicas de longo prazo na reta final do mandato do presidente Jair Bolsonaro (PL) e às vésperas do calendário eleitoral. O instrumento mostra o que os atuais ocupantes do Executivo defendem após três anos de governo e em meio à já iniciada disputa pela Presidência. A agenda estratégica, obtida pela Folha em versão prévia, terá como função dar orientações à administração pública direta e também a outras entidades (como autarquias). Parte da agenda remete ao discurso do governo —como buscar uma reforma tributária, reduzir o tamanho do Estado e valorizar o papel da família no desenvolvimento da sociedade. Mas outros divergem do que foi defendido ou executado por Bolsonaro ao longo do mandato, principalmente na política ambiental. De acordo com auxiliares do presidente, a agenda não foi criada com as eleições em mente e a ideia inicial era concluí-la no ano passado. Contudo, admitem que um documento robusto de políticas públicas elaborado neste ano deve contribuir para um eventual plano de governo. O conjunto de propostas dos candidatos é apresentado ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), quando os partidos registram suas candidaturas, até 15 de agosto. A agenda do governo deve ser apresentada ao presidente ainda no primeiro semestre por seus auxiliares. Ela está sendo elaborada pela SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), do Planalto, sob o comando do almirante Flávio Rocha, e contará com a contribuição de todas as pastas.

 

PT antecipa autocrítica e gera desgaste interno - A cúpula do PT decidiu se vacinar contra críticas à política econômica implementada no governo de Dilma Rousseff, antecipando debate que deverá marcar a corrida presidencial. A pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega prepara um documento em que não só defende a gestão petista, mas também reconhece seus equívocos. A intenção é esgotar o debate antes que chegue à campanha eleitoral, dissecando as circunstâncias que levaram à crise econômica de 2015 e culminaram no impeachment de Dilma em 2016. A estratégia parte da premissa de que seria improdutivo tentar esconder a petista durante a campanha. Reunida com Lula no dia 13 de janeiro, Dilma avisou que ela mesma defenderá seu governo quando atacada durante a campanha. Lembrando sua experiência com o ex-presidente Michel Temer (MDB), ela também alertou Lula para o risco de ser traído pelo ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido), caso eleitos para a Presidência. Em resposta, Lula afirmou que Alckmin não é igual a Temer. Disse também que, se eleitos, o ex-tucano participará ativamente de seu governo. A exposição dessas críticas desagrada, no entanto, uma parcela do PT, incluindo integrantes da equipe econômica do governo Dilma. Há o consenso internamente, no entanto, que ela terá de conviver com pessoas que viraram desafetos após, principalmente, o seu impeachment. Segundo relatos, uma delas seria a ex-prefeita Marta Suplicy, que se afastou do PT naquele momento e acabou se filiando ao MDB, partido de Temer. Petistas ressaltam também que, apesar dos recentes elogios de Lula a Dilma, a produção do documento não está a cargo da Fundação Perseu Abramo, cujo presidente, Aloizio Mercadante, foi ministro-forte do governo da ex-presidente. Mas sob responsabilidade de um economista da confiança de Lula.

 

'Não sou candidata e não estou isolada no PT' - A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) negou, por meio das redes sociais, neste sábado (5), as notícias de que estaria sendo isolada pela sigla. Ela também disse que não é candidata a nenhum cargo. "Não me sinto isolada pelo Partido dos Trabalhadores. Não adianta quererem fazer intriga entre mim e o presidente Lula. Nossa relação de confiança já foi testada inúmeras vezes e é inabalável. Não sou candidata a nenhum cargo." "Jornalistas devem ligar para minha assessoria quando quiserem saber o que penso. Notícias vêm sendo veiculadas sem qualquer tipo de apuração. Não tenho porta-vozes na grande imprensa", completou a petista nas redes sociais.

 

Marqueteiro de Moro quer atrair bolsonarista desiludido - Os primeiros alvos de Sergio Moro (Podemos) na campanha presidencial serão os bolsonaristas desiludidos, diz o publicitário que cuidará de sua candidatura, Pablo Nobel, 56. "Alguns aliados de primeira hora de Bolsonaro, tanto na sociedade como na mídia e mesmo na política, começam a debandar. A pergunta é para onde vão esses votos. Aí há um espaço para a gente trabalhar", afirma ele, argentino que vive há mais de 40 anos no Brasil. Anunciado nesta semana, Nobel diz que tem como uma de suas tarefas apresentar um Moro mais informal, sem as amarras que o cargo de juiz exige. "Imagina que esse homem passou todos esses anos sem poder expressar muito as emoções, tendo que passar uma coisa mais séria, imparcial. São atributos de um juiz, mas não necessariamente de um candidato", afirma. Esta será a nona campanha presidencial de Nobel, que já teve clientes do PT ao PSDB, além de trabalhos fora do Brasil. Em geral exerceu a função de diretor de programas, não de marqueteiro, termo que ele rejeita. "Prefiro coordenador", diz.

 

Empresas nos EUA pagam até US$ 10 mil para conseguir contratar - Nos Estados Unidos, muitas vezes os empregos é que estão buscando as pessoas. Em um cenário onde sobram postos e faltam trabalhadores interessados, os patrões é que precisam ir à luta. As ofertas chegam mesmo para quem não está procurando. Nas caixas de correspondência, um panfleto de supermercado não traz ofertas, mas elenca as vantagens de trabalhar ali: salário competitivo, planos de saúde e de aposentadoria, escala flexível e plano de carreira. "Junte-se à nossa família. Toda posição na loja é importante. Este não é só um trabalho —as pessoas realmente amam vir trabalhar aqui", promete uma mensagem assinada por Patrick Casey, gerente do supermercado Wegmans, que terá uma nova unidade em Washington. Por mensagem de texto no celular, a Amazon anuncia vagas para trabalhar em um centro de distribuição. O salário parte de US$ 22 (R$ 117) por hora e há um bônus de contratação de US$ 3.000 (R$ 15.983). Se o novo funcionário estiver vacinado contra a Covid, ganha mais US$ 100 (R$ 532). Para concorrer à vaga, basta responder "Y", de "yes" (sim) e se candidatar.

 

Prefeito de Salvador diz que 2 de seus filhos não se vacinaram - O prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), afirmou nesta sexta-feira (4) que dois de seus três filhos em idade de vacinação contra a Covid-19 não tomaram o imunizante por decisão de sua ex-mulher, mãe das crianças. A declaração foi dada ao Portal Salvador FM, pouco antes da solenidade para posse da mesa diretora do Tribunal de Justiça da Bahia. Na entrevista, Reis foi questionado se os seus filhos já haviam tomado a vacina. "Eu já tenho uma filha vacinada, os outros dois, que moram com a mãe, que é médica, é contra a vacina" afirmou Reis. Ele ainda afirmou ser favorável à vacinação das crianças de 5 a 11 anos e que está tentando convencer a mãe de seus filhos a mudar de ideia. "Eu venho manifestando a minha opinião favorável, que é o que me cabe fazer neste momento. Caso não a convença, me cabe respeitar", disse.

 

100 dias após o fim da CPI, nenhum inquérito foi aberto no 1º escalão - Contundente, a comissão parlamentar no Senado indiciou o presidente Jair Bolsonaro, quatro ministros e outras 73 pessoas – além de duas empresas – por crimes relacionados à pandemia. Mas, passados cem dias desde a apresentação do relatório, não há nem sequer um inquérito aberto para investigar o alto escalão do governo com base no documento. O relatório final foi entregue pelos senadores ao procurador-geral da República, Augusto Aras, no dia 27 de outubro, um dia após a aprovação do relatório na CPI. Em 25 de novembro, Aras protocolou 11 petições, que tramitam em segredo de Justiça, relacionadas a Bolsonaro e a ministros. Trata-se de procedimentos preliminares, em que o procurador-geral avalia se vai, ou não, pedir investigação formal. No Congresso, um clima de desconfiança se instalou entre os senadores da CPI, o que ficou explícito com a recente criação de um observatório para acompanhar os desdobramentos do relatório. Os parlamentares temem possível “inação” da PGR e da Polícia Federal. “Infelizmente, o PGR (Aras) não tem se mostrado solícito em relação a essa pauta, retardando de forma injustificada o avanço”, disse a senadora Simone Tebet (MDB-MS). 

 

Rejeitado no DF, caso de 57 investigados teve de ser redistribuído - O avanço de processos envolvendo representantes de empresas investigadas, blogueiros acusados de espalhar desinformação sobre a covid-19 e integrantes do chamado “gabinete paralelo”, grupo de aconselhamento informal do presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia, esbarrou em uma questão de “competência”. Encaminhada para o Ministério Público do Distrito Federal, uma relação de 57 indiciados pela CPI da Covid foi rejeitada pelo promotor de Justiça Clayton Germano. No dia 27 de janeiro, ele afirmou que não tinha competência para atuar no caso porque, além de haver investigados suspeitos de crimes federais, eles ocupavam cargos no governo federal. O promotor declinou da atribuição para o Ministério Público Federal (MPF). “A própria CPI da pandemia concluiu que as incitações ao crime ocorreram com a participação de várias pessoas, dentre elas o atual presidente da República, bem como com participação de outros agentes políticos – no exercício de funções públicas federais – como ministro de Estado, parlamentares”, afirmou o promotor. Essa “leva” de indiciados inclui pessoas ligadas às empresas Precisa Medicamentos e VTCLog, influenciadores bolsonaristas como Allan dos Santos, médicos como Nise Yamaguchi – do “gabinete paralelo” dirigido por Arthur Weintraub, irmão do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub –, o ex-chanceler Ernesto Araújo e o ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social do governo Fábio Wajngarten.

 

Presidenciáveis usam podcast como alternativa em campanha - Em meio a uma atribulada agenda de pré-candidato à Presidência, Sérgio Moro (Podemos) separou um dia de março para participar do podcast Inteligência Ltda., apresentado pelo humorista Rogério Vilela. Com pressa de crescer nas pesquisas e se firmar como alternativa à polarização Lula/Bolsonaro na disputa pelo Planalto, Moro tem cumprido também o script tradicional de uma campanha que, conforme o jargão, “já está na rua”: viagens, encontro com líderes políticos e entrevistas a veículos de comunicação. Se o ex-juiz da Lava Jato tenta conciliar seu roteiro, outras pré-candidaturas, como a de Ciro Gomes (PDT) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), dedicam-se mais às “ruas digitais” neste momento do ano eleitoral. Além da oportunidade de falar com “nichos” de enorme audiência, esta via costuma ser um “ambiente seguro” para os pré-candidatos. Diferente de formatos jornalísticos, que têm tempo delimitado e os entrevistados são confrontados, os podcasts e vodcasts – transmitidos em áudio e vídeo ao vivo na internet – se estendem por horas, dando tempo aos participantes para desenvolver teses com mais conforto.

 

Temer e mais sete são absolvidos em ação que o levou à prisão - A Justiça Federal de Brasília absolveu o ex-presidente Michel Temer (MDB) e outros sete réus no processo aberto a partir das investigações da Operação Radioatividade. A ação penal por suposta corrupção e lavagem de dinheiro foi encerrada. Também foram beneficiados o ex-ministro Moreira Franco (Minas e Energia); o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva; o sócio da Engevix, José Antunes Sobrinho; o amigo do ex-presidente João Baptista Lima Filho, o coronel Lima; e os empresários Carlos Alberto Costa, Maria Rita Fratezi e Rodrigo Castro Alves Neves. Em nota, o advogado Eduardo Pizarro Carnelós, que representa o ex-presidente, diz que as acusações nunca passaram de um “delírio” e de uma investida “inescrupulosa” contra Temer. Foi no âmbito da Operação Radioatividade que o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio, decretou a prisão do expresidente. Detido em São Paulo em 21 de março de 2019, ele deixou a prisão dias depois, beneficiado por habeas corpus. A decisão de encerrar a ação é do juiz Marcus Vinícius Reis Bastos, da 12ª Vara Federal do Distrito Federal. Ele considerou a denúncia “genérica” e baseada exclusivamente na delação do sócio da Engevix. Segundo Bastos, os investigadores se limitaram a descrever crimes, “sem nada efetivamente provarem”. 

 

Maria Prestes morre de covid aos 92 anos, no Rio - A militante comunista Maria Prestes, viúva do líder comunista Luiz Carlos Prestes, morreu aos 92 anos na noite de sexta-feira, 4, no Rio, em decorrência da covid-19, segundo nota oficial do PCdoB. Políticos de partidos como o PCdoB e o PT manifestaram pesar. No Twitter, Ana Prestes, neta de Maria, escreveu que “partiu uma grande brasileira”. “Dona Maria Prestes, que também foi Maria do Carmo ou Altamira ou todos os nomes que precisasse usar para seguir lutando por liberdade, democracia e justiça social. Uma comunista orgulhosa de sua luta e a mais maravilhosa avó que alguém poderia ter”, diz a postagem. Segundo a nota de pesar do PCdoB, Maria Prestes se engajou na militância comunista aos 13 anos de idade, seguindo os passos do pai, João Rodrigues Sobral, dirigente do PCB. Como militante do PCB, Maria foi designada, em 1952, aos 20 anos de idade, para trabalhar na segurança de Luiz Carlos Prestes. Assim, começaram o relacionamento, que duraria até a morte do líder histórico do PCB, em 7 de março de 1990. Desde a década de 1980, após retornar do exílio na então União Soviética, Prestes era filiado do PDT de Leonel Brizola. Após o falecimento do líder comunista, Maria seguiu sua militância, como “amiga estimada do PCdoB”, conforme a nota do partido.

 

Bolsonaro sai da mira e se livra de novos pedidos de impeachment - Pressionado pela disparada da inflação e pelo desemprego elevado, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem tido pelo menos um tipo de respiro no mundo político. Alvo de mais de 140 pedidos de impeachment desde que assumiu o mandato, ele saiu da mira ao longo dos primeiros 31 dias do ano. Janeiro foi o primeiro mês, desde janeiro de 2020, em que a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados não recebeu nenhum novo requerimento. Até agora, nenhum deles foi analisado pelo presidente da Casa, deputado federal Arthur Lira (Progressistas-AL), que tampouco os arquivou. O mais recente, protocolado em dezembro do ano passado, foi feito pelo ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior. A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), autora de dois pedidos contra Bolsonaro, acredita haver um acordo para não pautar a abertura dos processos. “Bolsonaro se safou porque alugou uma base a preço de ouro e negociou sua sobrevivência na Presidência”, disse ela à Coluna. “Isso é uma vergonha mundial”. O deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) disse que não vai colaborar mais com a pilha de pedidos. “Eu simplesmente só não quero deixar o Lira mais alto na cadeira dele, porque ele já está sentado em cima de mais de 140 pedidos”, disse Frota. Já o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), acredita que o respiro é devido ao recesso. “Como o ano legislativo iniciou-se há poucos dias, possivelmente esta lista em breve vai aumentar”, afirmou.

 

Forças Armadas no território eleitoral - Na busca pela reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) procura manter o apoio de uma parcela específica do eleitorado: a ala militar. As Forças Armadas, no entanto, já não se mostram mais tão adesistas ao capitão reformado. As instituições castristas evitam transparecer vínculos políticos e deixam claro que serão fieis ao chefe do Palácio do Planalto, não importa quem seja. Na semana passada, em entrevista à Folha de S. Paulo, o comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Carlos de Almeida Baptista Junior, assegurou que, caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder das pesquisas de intenção de voto, saia vitorioso das eleições, receberá continência como comandante supremo das Forças Armadas. No Planalto, a declaração foi vista como “infeliz” por Bolsonaro, por ser lida como uma sinalização à oposição, apesar de não ter sido essa a intenção de Baptista Júnior. A decepção dos militares com Bolsonaro é evidente, mas é fato também que Lula segue sendo malvisto na caserna, em razão da imagem de corrupção deixada pelos tempos da Lava-Jato.  Mais do que a preferência pelo candidatos, no entanto, prevalece o respeito à ordem constitucional. É o que defende o general Paulo Chagas, militar reformado. “O atual comandante da Aeronáutica soube, com precisão, deixar claro que as instituições são órgãos de Estado, e não de governo, o que significa dizer que, seja quem for o presidente eleito, terá a lealdade constitucional das Forças. 

 

Fim do recreio - O descumprimento de acordos orçamentários promete atrapalhar os planos do governo de colocar em votação pautas de costumes e outros projetos que possam representar vitória do bolsonarismo ou sacrifícios ao contribuinte. A avaliação geral é a de que não dá para atender os desejos do governo, num cenário de ano eleitoral, sem validar o combinado nas negociações. A ideia é mandar um recado ao Poder Executivo logo nas primeiras votações. Quem mais reclamou na semana passada foram os integrantes da Comissão Mista de Orçamento. Eles formam um seleto grupo, sempre agraciado com emendas extras nos recursos de RP2, ou seja, emendas de comissão e de bancadas estaduais. As RP2 atendiam essa turma muito antes das tais RP9, as emendas de relator. No ano passado, essas liberações não foram cumpridas, pela primeira vez em muitos anos. Somam algo em torno de R$ 150 milhões, pulverizados nas bases  eleitorais da turma da CMO. A insatisfação é geral. Em tempo: ali, reza a tradição, quem não é atendido se afasta do governo federal. Já tem muita gente aliada a Lula vislumbrando, nessa insatisfação, uma brecha para que o ex-presidente atraia pelo menos uma parte do Centrão que está com Bolsonaro.

 

Estratégia de Bolsonaro chegou ao seu limite’ - Ao documentar as estratégias para a ascensão de governos populistas no mundo, o cientista político Giuliano Da Empoli tem acompanhado os desdobramentos da gestão do presidente Jair Bolsonaro no Brasil. Em 2019, Bolsonaro terminava o seu primeiro ano de mandato com reprovação de 36% dos brasileiros, segundo o Datafolha, quando o pesquisador franco-italiano publicou no país, pela editora Vestígio, “Os engenheiros do caos”. No livro ele faz uma análise sobre como as fake news, teorias da conspiração e os algoritmos das plataformas digitais compõem uma engenharia que permitiu a eleição de nomes como Bolsonaro e do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Hoje, o cenário é bem diferente: Bolsonaro é rejeitado por mais da metade da população, enquanto se prepara para disputar a reeleição. Em entrevista ao GLOBO, o cientista político vê na impopularidade do presidente brasileiro o esgotamento do discurso anti-establishment durante a crise da Covid-19, alerta para a sofisticação na segmentação da propaganda política nas redes, e ressalta que é preciso transparência sobre como funcionam as plataformas.

 

Privatização na pauta - Com um cenário de estagnação econômica, pandemia de Covid-19 e alta de preços de combustíveis e de energia, o debate sobre privatizações passou a ter papel de destaque na pré-campanha presidencial. Enquanto nomes como João Doria (PSDB) e Sergio Moro (Podemos) defendem o enxugamento do Estado, inclusive através da venda de bancos públicos, Lula (PT) e Ciro Gomes (PDT), apesar de divergências entre si, acenam com a reversão de participações do capital privado em empresas públicas. O presidente Jair Bolsonaro (PL), eleito com uma plataforma liberal em 2018, ainda avalia como tratará o tema e qual será o papel na campanha do ministro da Economia, Paulo Guedes, em meio a idas e vindas em projetos de privatização. Desde a sucessão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) por Lula no Planalto, há duas décadas, envolta em discursos polarizados sobre maior ou menor participação estatal, o tema tem sido uma das pautas centrais na área econômica, dividindo espaço com a agenda de reformas e o desemprego. Outra vez no foco, o assunto fortalece discursos contrários ao bolsonarismo, na avaliação de assessores econômicos de presidenciáveis. Bolsonaro, cuja equipe econômica projetava arrecadar até R$ 1 trilhão com desestatizações na campanha de 2018, inicia o quarto ano de governo sem ter vendido nenhuma estatal sob controle direto da União.

 

Paes critica Lula por apoio a Freixo: 'salto alto' - O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, afirmou em entrevista ao 'Valor Econômico' que o ex-presidente Lula (PT) não tem relevância na eleição para o governo do Rio e que o apoio do petista ao pré-candidato ao Palácio Guanabara Marcelo Freixo (PSB) demonstra uma postura de “salto alto” de sua campanha. A declaração provocou reação por parte do presidente do PT-RJ, João Maurício, que disse que o foco do partido está na campanha à presidência. “O Lula não é o fator relevante para mim nesta eleição local aqui”, disse Paes, na entrevista, afirmando que o ex-presidente não é um cabo eleitoral determinante no Rio como é em estados do Nordeste. “A posição tem sido: ‘Quero governo do Estado, Senado e Presidência da República e quem quiser vir que bata palma pra mim'. A postura do Lula, eu diria com certo salto alto no Rio de Janeiro, não é a de alguém que está buscando somar”, completou. Ele questionou as credenciais de Freixo, que é deputado federal, para ocupar o cargo. Segundo Paes, uma pesquisa encomendada pelo PSD mostra que o parlamentar teria perdido a ampla vantagem que tinha sobre o governador Cláudio Castro (PL), com quem estaria num empate técnico.