Então, meu avô…

Este foi o último artigo que escrevi em jornais. Foram 15 anos de vida de articulista (Zero Hora, Correio do Povo, Jornal do Comercio e outros) Depois, virão os livros.
Lembrar o golpe do dia primeiro de abril sem
Lembrar de Jango, é como lembrar de uma colmeia sem lembrar da abelha rainha.
No caso, uma abelha assasinada no exílio, pela Ditadura militar.
ARTIGO DE MINHA AUTORIA,
PUBLICADO HOJE EM CORREIO DO POVO (RS)
Então, meu avô…
Na data de hoje, 1 de março de 2024, você estaria completando 106 anos de idade. Teu nome, João Belchior Marques Goulart, mas todos te conheciam como Jango.
Estaria, pois você chegou apenas aos 57 anos, porém deixou saudades eternas.
De minha parte, sempre procurei honrar teu nome, da melhor forma que me foi ensinado: sendo autêntico.
Tenho plena ciência que você foi um homem à frente de seu tempo, não somente em razão de sua coragem política de buscar colocar em prática uma nação brasileira que até hoje nunca aconteceu.
Você esteve na vanguarda, pois teu valor humanitário é algo tão imponente, que se perpetua de forma tão contundente, que até hoje deixa as pessoas admiradas e até mesmo incrédulas.
Foste muito brilhante.
Eu, sempre tive muito orgulho de dizer que sou teu neto, apesar de que, confesso, não é fácil esse papel.
Mas sim, posso garantir, meu avô, que sempre joguei o jogo com as cartas abertas, o que pode ter me prejudicado em alguns momentos.
Não consegui entender muito bem o jogo do cinismo, da hipocrisia, e dos covardes.
E é por isso que eu te amo. Porque você me ensinou a ser diferente da mediocridade, me ensinou a me distanciar das águas enlameadas, e se por ventura cair nelas, nadar sempre com a dignidade de ser quem eu sou. Com defeitos, com acertos, mas sempre com intensidade e sem medo.
Hoje novamente estarei lembrando teu nome, teu valor incomparável, tua grandeza. Para isso, você sempre poderá contar comigo.
Porque através de meu pai, teu amado filho João Vicente, aprendi que não importa o tamanho da vitória ou da derrota, mas sim a categoria de nos reinventarnos sempre que necessário.
E se hoje posso me reinventar, pode ter certeza que é em razão do teu legado, da tua obra, e do quanto você foi querido por multidões.
O aniversário é teu meu avô. Mas o presente é sempre meu, em poder ter o privilégio em minimamente, registrar o quanto você foi gigante.
Estou e estarei sempre contigo.
Christopher Goulart
Advogado e escritor