Crise migratória trava milhares na fronteira entre Belarus e Polônia
Crise migratória trava milhares na fronteira entre Belarus e Polônia
Da Redação
Em meio às preocupações com o frio e possíveis confrontos com forças armadas, autoridades polonesas e União Europeia acusam presidente bielorrusso de instrumentalização de refugiados por motivos políticos.
A polícia polonesa anunciou nesta quarta-feira (10) a prisão de mais de 50 imigrantes que entraram irregularmente no país pela fronteira com Belarus. As prisões somam à crise migratória entre os dois países.
Cerca de 4.000 pessoas estão retidas na fronteira entre Polônia e Belarus, sem conseguir avançar para território polonês – a expectativa é que o número cresça em pelo menos 10 mil nos próximos dias. Há preocupação com as condições humanitárias dos refugiados, que enfrentam frio intenso enquanto esperam para cruzar a fronteira. Há também temores de que ocorram confrontos com as forças armadas polonesas.
A maior parte desses migrantes são pessoas vindas do Oriente Médio, que querem entrar na União Europeia, da qual a Polônia faz parte. Cruzar a fronteira a partir de Belarus seria, portanto, o último passo para conseguir adentrar no bloco europeu.
A Polônia e a União Europeia acusam o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, de instrumentalizar os imigrantes. A suspeita é de que Lukashenko permitiu a passagem de milhares de pessoas em direção à fronteira polonesa como retaliação às sanções impostas a Belarus após denúncias de fraude e repressões a adversários políticos nas eleições de 2020. O pleito marcou a sexta vitória consecutiva do presidente, que está no poder desde 1994. O bloco europeu articula novas sanções ao país, agora pela situação migratória.
Lukashenko nega que esteja causando a crise. O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, culpou a União Europeia pela situação e disse que o bloco deveria fornecer auxílio financeiro para ajudar os refugiados. A Rússia é uma tradicional aliada de Belarus.
Não é a primeira vez que imigrantes estão no centro de uma crise diplomática entre a União Europeia e países vizinhos. Em 2019, por exemplo, a Turquia ameaçou abrir as fronteiras para passagem de milhões de refugiados sírios. A ameaça buscava garantir o pagamento de valores milionários devidos pelo bloco no âmbito de um acordo para contenção de entrada de imigrantes.