Manchetes de domingo,dos maiores jornais brasileiros
Resumo de domingo (12/09/2021)
Resumo de domingo (12/09/2021)
Edição: Chico Bruno
Manchetes de domingo,dos maiores jornais brasileiros
CORREIO BRAZILIENSE – Em cinco dias, 11 mortes em acidentes com carros lotados
A dor do velório de Karen Layane, no cemitério de Taguatinga, revela uma triste estatística no Distrito Federal. Ela é uma das vítimas de três recentes acidentes em que os automóveis estavam com excesso de passageiros. O Detran registrou no primeiro semestre 48.210 flagrantes. Desrespeitar os limites de capacidade dos veículos é uma infração grave.
O ESTADO DE S. PAULO – Executivo de tecnologia vira opção para CEO em empresas
Com a crescente importância do setor de tecnologia dentro das empresas, executivos da área começam a ser vistos como opções para o posto de CEOs, informa Luciana Dyniewicz. Casos de diretores de tecnologia ou da área digital que avançaram para a principal cadeira de companhias já apareciam no exterior. Agora, começam a surgir no Brasil. Em março, a XP, uma instituição financeira, anunciou que o comando da empresa passaria das mãos do fundador Guilherme Benchimol para o então CTO (sigla em inglês para diretor de tecnologia), Thiago Maffra. Além da XP, Flores Online, Original Hub, FiBrasil, Liberty Seguros e Neoenergia Distribuição Brasília estão entre as que fizeram movimento semelhante. Consultores especializados no recrutamento desse tipo de profissional destacam que o executivo que chega hoje ao cargo de CTO já é alguém com perfil de líder, que entende de gestão, estratégia, produto e cultura organizacional – daí a possibilidade de virar CEO.
O GLOBO – Governo deixa 3 milhões na fila do Bolsa Família e do INSS
Em meio a crise econômica, o governo federal não tem conseguido acelerar processos de concessão de benefícios sociais e previdenciários, deixando mais de três milhões de brasileiros nas filas do Bolsa Família e do INSS. As dificuldades de acesso contribuem para o avanço da pobreza – que já atinge 13% da população – a pouco mais de um mês do fim do auxílio emergencial para 39,3 milhões de pessoas. Em contrapartida, o governo espera viabilizar o Auxílio Brasil para substituir e ampliar o Bolsa Família, mas sua aprovação depende do Congresso.
FOLHA DE S. PAULO – Economistas temem recessão inflada por falas de Bolsonaro
Os discursos com ameaças golpistas, feitos pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 7 de setembro ampliam o temor de que a recuperação econômica possa ser mais fraca do que se pensava e, ainda, de que o país caia em uma nova recessão, segundo analistas. O recuo de Bolsonaro na quinta (9), em carta na qual diz que não teve intenção de agredir Poderes, trouxe alívio momentâneo ao mercado, seguido de maior desconfiança na sexta (10). Entre economistas, o ceticismo quanto às promessas do chefe do Executivo é expressivo. Para especialistas, a antecipação do cenário eleitoral de 2022, embutida nos movimentos do presidente, limita o avanço na discussão de reformas robustas. A expectativa de desaceleração de crescimento, já esperada devido à inflação, se agrava com a tensão política. O Banco Central revisou suas projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) do ano que vem para 1,93%. Segundo o economista José Roberto Mendonça de Barros é unânime entre analistas que o crescimento ficará abaixo de 2%, podendo até mesmo ser menor do que 1%. Para ele, a risco de “uma pequena recessão”. Isso seria ampliado com uma nova guinada presidencial, diz o ex-presidente BC Alexandre Schwartsman.
Notícia do dia
Mourão cria agenda própria e inclui políticos de oposição - Com o presidente Jair Bolsonaro em viés de baixa e mais isolado, o general Hamilton Mourão montou uma “agenda paralela” de encontros com adversários do governo no Congresso e intensificou as relações com magistrados, diplomatas e empresários. Ele passou a receber em audiências e turnês de viagens especialmente lideranças de partidos de centro. Uma boa parte desses eventos não foi registrada na agenda oficial. O general recebeu nomes ligados ao Progressistas, PSDB e MDB e tem atraído o interesse de representantes do PSD e do DEM para cafés e conversas. A decisão do general de não ser anulado no cargo, ressaltam, foi tomada no final de julho, quando Bolsonaro disse em entrevista a uma rádio de João Pessoa que vice é como cunhado, você “casa e tem que aturar”. O presidente afirmou ainda que escolheu o militar da reserva para a chapa às pressas. Em meados de agosto, por exemplo, o vice recebeu em seu gabinete o ex-ministro Carlos Marun, que tem atuado para que o MDB, seu partido, abrace a tese do impeachment. O político incentivou o general “a atuar politicamente de forma mais efetiva”, em suas próprias palavras, inclusive buscando um partido mais robusto que o PRTB, atual legenda do vice. O encontro não estava na agenda oficial. Pouco depois da reunião com Marun, em 31 de agosto, Mourão recebeu o deputado federal Raul Henry (MDB-PE). Dias antes, o pernambucano apresentara o parecer contrário à proposta de emenda à Constituição (PEC) do voto impresso, ajudando a enterrar a ideia. Outra reunião importante de Mourão feita por fora da agenda oficial foi com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso. O encontro foi revelado pelo Estadão dias depois e irritou Bolsonaro — assim que o caso veio à tona, o presidente anunciou que pediria ao Senado o impeachment de Barroso e do colega de STF Alexandre de Moraes. No fim das contas, só o pedido contra Moraes foi apresentado, e rejeitado em seguida. No dia 1º de setembro, Mourão se encontrou com o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB). “Diferentemente dos posicionamentos do atual presidente (da República), o vice-presidente Mourão sabe muito bem o significado de manter a sociedade civil à frente das decisões tomadas. (Sabe a importância do) regime democrático, sem absolutamente abrir espaço para exceções, do tipo ‘golpe’”, disse o senador paraibano. Mourão ainda se encontrou no Jaburu com o presidente da legenda, deputado Baleia Rossi (SP).
As notícias de primeira página e os destaques do editor
Protestos buscam hoje caráter apartidário - As manifestações pelo impeachment de Jair Bolsonaro marcadas para hoje ocorrem em meio ao esforço dos organizadores para manter um caráter apartidário e sem palanques para 2022. Os protestos foram convocados por movimentos de centro-direita e depois reforçados pela adesão de centrais sindicais e do PDT de São Paulo, mas sem a participação de PT e PSOL e de setores da esquerda organizados numa campanha paralela, que também pede a saída do presidente. Este é o primeiro ato de rua organizado pelo Movimento Brasil Livre (MBL), pelo Vem Pra Rua e pelo Livres na campanha pelo impeachment de Bolsonaro. Estão previstos atos em 15 capitais do País. Mesmo que tenham objetivo em comum com a esquerda, a aproximação é um tabu, uma vez que esses movimentos ganharam projeção nacional durante a campanha pelo impedimento da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016. O protesto de hoje é encarado pelas lideranças como uma oportunidade de resposta aos atos bolsonaristas de 7 de Setembro, quando manifestantes pediram o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e uma intervenção militar no País, e o presidente afirmou que deixaria de cumprir ordens judiciais do ministro do Supremo Alexandre de Moraes. A carta na qual Bolsonaro sinalizou um recuo, publicada na quinta-feira, foi encarada com ceticismo pelos organizadores. Até a semana passada, organizadores do ato de hoje defendiam uma oposição tanto a Bolsonaro quanto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para 2022. Após conversas com centrais sindicais, porém, o MBL concordou em revogar o mote “nem Lula, nem Bolsonaro” e focar apenas no impeachment do presidente, como mostrou a Coluna do Estadão. Ainda assim, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao PT, não aderiu à manifestação. Enquanto alguns líderes acreditam em uma aproximação entre as duas campanhas, ainda há hostilidade em relação ao PT entre integrantes do MBL e do Vem Pra Rua. “Entendo que essa manifestação não comporta uma pauta favorável a Lula”, disse a porta-voz Luciana Alberto, do Vem Pra Rua. “Tenho muitos amigos de esquerda que não votam no PT e que vão aparecer na manifestação. São todos bem-vindos, mas entendemos, por outro lado, que o PT não está interessado no impeachment de Bolsonaro.”
Flagelo brasileiro, inflação retorna e ameaça o legado do Plano real - Na porta de um supermercado na região central de São Paulo, a dona de casa Eliane Dantas, 53, risca da lista de compras produtos que não vai conseguir levar —carne de segunda, óleo de soja e feijão. Ficam para uma próxima compra. "Primeiro, me despedi do iogurte; agora, já comparo preços em três lugares diferentes antes de comprar o leite. Saudades do tempo em que a gente nem ouvia falar de inflação", diz ela. Parte do aperto vem da queda na renda. O marido faz bicos há seis meses enquanto procura emprego fixo. Mas a outra parte vem de um aumento generalizado nos preços. A inflação, um dos piores fenômenos que assolou a economia brasileira nos anos de 1980 e em boa parte da década de 1990, e só foi debelada com o Plano Real, voltou a perturbar os brasileiros. Ela ainda está bem distante dos patamares registrados naquela época. Em junho de 1994, por exemplo, chegou a 47%. No entanto, bate recordes e contamina itens básicos para o dia a dia das famílias, como alimentos, combustíveis e energia. Mas o efeito da turbulência sobre os preços já está dado e vai se estender pelos próximos meses. Em agosto, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor -Amplo) acelerou para 0,87% —a maior taxa para o mês em 21 anos, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 12 meses, o indicador acumula alta de 9,68%. Nos 12 meses, impressionam as altas do arroz (32,68%), do feijão fradinho (40,28%), do fubá de milho (28,15%), das carnes (30,77%) e do óleo de soja (67,70%). Também pesam no bolso do consumidor os aumentos do gás de botijão (31,70%) e da gasolina (39,09%). "Meu maior receio é que eles estraguem o Plano Real", diz o economista Claudio Considera, coordenador do Monitor do Produto Interno Bruto do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas). "Hoje, temos uma inflação mais resistente do que se imaginava, e isso é uma bola de neve." "Não sei qual é a política econômica do governo —e desconfio que ninguém saiba. Sempre disseram que fariam reformas e que a economia cresceria espontaneamente. Mas depois da reforma da Previdência, não conseguiram fazer nada de relevante", diz o economista.
Presidente põe democracia em risco, e Lula, a economia - Um dos responsáveis pela elaboração do Plano Real, o economista Edmar Bacha afirma estar envolvido 100% na busca de uma alternativa política aos nomes de Jair Bolsonaro (sem partido) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para as eleições de 2022. O primeiro, por representar um risco para a democracia. O segundo, à economia. “Não tem jeito, não. A gente tem de focar na construção de uma alternativa melhor, que esse país merece”, afirma Bacha em entrevista à Folha. O sócio-fundador do instituto Casa das Garças também diz que a gestão Bolsonaro/Paulo Guedes (Economia) coloca em risco o legado do Plano Real e que as ameaças golpistas do presidente são parte dos problemas econômicos do país.
Bolsonaro foi humilde em nota, diz dono da Havan - Luciano Hang, dono da Havan e aliado de Jair Bolsonaro, diz que não viu como um recuo a nota publicada pelo presidente na tarde de quinta (9) para tentar mitigar a crise institucional que se aprofundou no 7 de Setembro com os ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal). Na avaliação do empresário, a guinada do presidente foi um gesto de humildade que deve ser interpretado como um movimento de boa vontade para apaziguar o país. "No calor da partida, todo mundo faz o seu melhor. Às vezes, até briga em campo. Dá pontapé e tal. Acabou o jogo, se abraça. É por aí", ele afirma, em uma argumentação alinhada à carta de Bolsonaro, que atribuiu ao "calor do momento". Hang diz que achou fantástico e adorou a participação do ex-presidente Michel Temer na mediação da crise. O empresário também busca apaziguar a parte da base bolsonarista que ficou incomodada com o conteúdo da carta. "As pessoas precisam baixar as armas, pensar o país e esperar as eleições de 2022", diz.
Temos que crer no recuo presidencial e esperar - Decano do STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Gilmar Mendes disse à Folha que é preciso acreditar na boa-fé do presidente Jair Bolsonaro ao divulgar uma nota na qual afirma que os ataques feitos à corte no dia 7 de Setembro resultaram do "calor do momento". Na Declaração à Nação, Bolsonaro disse não ter tido "nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes". Gilmar concedeu entrevista à Folha nesta sexta (10), dia seguinte à divulgação do texto pelo Palácio do Planalto. A mudança no tom do mandatário ocorreu após seguidos xingamentos a integrantes do Supremo. No Dia da Independência, Bolsonaro chegou a chamar Alexandre de Moraes de canalha e falou que não cumpriria decisões do ministro. Para Gilmar, os apoiadores do presidente vivem uma ilusão de que o STF ameaça a governabilidade de Bolsonaro e até integrantes do governo dizem acreditar em notícias falsas a respeito da corte. "Não cumprimos a meta de vacinação e estamos a praticar esse novo esporte de agressões contínuas e alguns delírios", afirmou. Gilmar ainda defendeu o inquérito das fake news e afirmou que, se não houvesse a investigação, o Brasil teria "derrapado para um modelo de perfil muito autoritário".
Risco impeachment' do presidente lembra o de Temer - Apesar do ressurgimento da pressão pelo impeachment de Jair Bolsonaro, o presidente navega em um conjunto de cenários que, hoje, se assemelha mais à situação vivida por Michel Temer (MDB) em 2017 do que às de Fernando Collor (PRN) em 1992 e Dilma Rousseff (PT) em 2016. Collor e Dilma perderam os mandatos por meio de processos de impeachment. Temer escapou por duas vezes de ser afastado do cargo devido a denúncias criminais apresentadas à Câmara pela Procuradoria-Geral da República. De seis fatores de propulsão de um impeachment, Dilma e Collor tinham contra si todos eles. 1) Alta reprovação popular, 2), vigorosos protestos de rua que pediam a destituição de ambos e 3) uma perspectiva real de poder, por parte dos adversários, encarnada na figura de um vice que participou da liderança do movimento pela destituição —Temer em 2015 e 2016— ou se mostrava claramente disposto a receber a faixa presidencial —Itamar Franco, em 1992. Além desses, 4) havia tempo de governo restante ainda relativamente longo, mais de dois anos, em ambos os casos, 5) base congressual em frangalhos e 6) crise econômica. Temer tinha claramente contra si apenas um desses fatores, a alta reprovação popular. Não havia vice nesse caso, mas o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), político que assumiria temporariamente o cargo —e promoveria eleições indiretas das quais despontava como favorito—, trabalhou politicamente para manter Temer na cadeira. Bolsonaro tem, atualmente, um desses pontos negativos em seu encalço: a situação econômica, que mescla estagnação, inflação em disparada e desemprego na casa de 14 milhões de pessoas. Desses, o aumento de preços deve continuar impactando negativamente a popularidade do presidente --a perspectiva de alta para o IPCA (índice oficial) foi reforçada, dentre outros motivos, pela paralisação de caminhoneiros fomentada pelo próprio Bolsonaro. Outros dois fatores também lhe são desfavoráveis, mas carregam ainda características específicas. A sua alta reprovação popular, 51% de ruim ou péssimo na última pesquisa do Datafolha, do início de julho, ainda está distante dos cerca de 70% de Collor, Dilma e Temer no início da tramitação de seus casos. Há contra ele protestos de rua substanciais. Ao mesmo tempo, ele demonstrou ter um apoio não desprezível nos atos de raiz golpista organizados por ele e aliados no dia 7 de setembro. Os três demais fatores são atualmente favoráveis a Bolsonaro, sendo que um deles se acentuará cada vez mais com o tempo: um processo de impeachment tende a durar meses, e resta pouco mais de 1 ano e 3 meses de gestão. Não há notícia de que o vice, o general da reserva Hamilton Mourão, articule ou esteja claramente aberto a promover uma perspectiva de poder em torno de seu nome. No Congresso, o centrão continua assegurando apoio político que, se mantido, inviabiliza a obtenção dos 342 votos necessários para a autorização ao Senado da abertura do processo de impeachment --momento em que o presidente é afastado.
Minutos de silêncio marcam cerimônia dos 20 anos do 11 de Setembro - O céu estava tão azul quanto há 20 anos, nos dias finais do verão nova-iorquino. A cerimônia em homenagem às 2.977 vítimas do maior ataque terrorista da história dos EUA começou às 8h41 locais deste sábado (11), com a entrega da bandeira americana por representantes das forças que atuaram nos resgates naquele dia e tiveram perdas –bombeiros, policiais e outros. Foi seguida por um minuto de silêncio às 8h46, quando o primeiro avião se chocou com a torre norte. O marco seria repetido cronologicamente: segundo avião (9h03), Pentágono atingido (9h37), queda da torre sul (9h59), queda de avião na Pensilvânia (10h03) e queda da torre norte (10h28), encerrando assim a cronologia oficial de 102 minutos. Num evento que durou ao todo 4h12m, duplas de parentes subiam a um palco, tiravam suas máscaras e liam blocos de nomes dos mortos naquele dia. Na plateia, muitos seguravam smartphones filmando a execução do hino nacional, os políticos e artistas presentes e levantavam cartazes com fotos.Também na plateia, próximos das duas piscinas com os nomes dos mortos gravados nas bordas, estiveram o presidente Joe Biden e seus antecessores democratas, Barack Obama (2009-2017) e Bill Clinton (1993-2001), junto de sua mulher, Hillary, que em 11 de setembro de 2001 era senadora pelo Estado de Nova York. Havia o temor de que o presidente pudesse ser vaiado em Nova York, justamente devido às tensões políticas, mas isso não aconteceu. O republicano George W. Bush (2001-2009) liderou também sem incidentes a cerimônia em Shanksville, na Pensilvânia. O republicano Donald Trump, antecessor de Biden, não participou de cerimônias oficiais, mas divulgou um vídeo em que elogia os socorristas e critica Biden pela saída do Afeganistão. Na véspera, deu declarações polêmicas a respeito do 11 de Setembro. Disse que foi à região dos ataques tão logo soube e levou várias pessoas com ele para ajudar nos resgates.
‘Três Poderes têm de ser respeitados’ - O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem, em Esteio (RS), que os apoiadores que participaram dos atos do 7 de Setembro foram às ruas contra “retrocessos”, mas ressaltou que os três Poderes “devem ser respeitados”. Foi a primeira viagem do presidente após as manifestações de caráter antidemocrático, na terça-feira, e a nota em que ele recua das críticas feitas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes. Bolsonaro recebeu a Medalha do Mérito Farroupilha durante uma feira do agronegócio. Ele chegou ao evento por volta das 11h, sem máscara, acompanhado da ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Cumprimentou apoiadores e não respondeu a perguntas de jornalistas. “Senti os reais motivos para esse povo ir às ruas. Em primeiro lugar, foi para dizer que não aceita retrocessos. O povo quer respeito à Constituição por parte de todos e, acima de tudo, eles sabem que não podem deixar de lado sempre a defesa e a luta pela nossa liberdade.” O presidente não disse o que seriam os “retrocessos”, desconsiderando que a agenda golpista dos atos de 7 de Setembro partiu dele próprio. Na quinta-feira, pressionado por ameaças de impeachment e por uma paralisação de caminhoneiros, Bolsonaro recuou e divulgou uma nota em que até elogiou o ministro Moraes, em um movimento que contou com a participação crucial do ex-presidente Michel Temer. Em Esteio, Bolsonaro evitou críticas diretas à Corte, mas voltou a afirmar que uma eventual decisão do STF contra a tese do marco temporal na demarcação de terras indígenas resultaria no “fim do agronegócio” no Brasil. “Se a proposta do ministro (Edson) Fachin vingar, será proposta a demarcação de novas áreas indígenas que equivalem a uma região Sudeste toda. Ou seja, é o fim do agronegócio, simplesmente isso e nada mais do que isso”, disse Bolsonaro.
‘Frente ampla’ deve se impor em defesa do impeachment - O ápice das ameaças golpistas e ataques do presidente Jair Bolsonaro à democracia, no 7 de Setembro, inspira a mobilização de partidos de diferentes matizes ideológicos na criação de uma frente ampla pelo impedimento de Bolsonaro, avalia o cientista político e professor da Universidade de São Paulo André Singer. “O que falta é tempo para que amadureça e resulte em um grande movimento popular a favor do impeachment e da democracia”, afirma o cientista político. Nem a sinalização de recuo do presidente, na quinta-feira passada, deve bastar para conter esse processo. Segundo Singer, que foi porta-voz da Presidência no governo Lula de 2005 a 2007, a situação atual pode ganhar contornos de um movimento unificado similar às Diretas Já, que atraiu forças antagônicas em torno da defesa de eleições nos anos 1980. Foi o pesquisador quem cunhou o termo “lulismo” para explicar o realinhamento eleitoral que decorreu do governo petista. Ele introduz uma nova definição para nomear a marcha do governo Bolsonaro corrosiva à democracia: um “autocratismo de viés fascista”.
Fora da rua hoje, PT pode estar em ato ‘horizontal’ com a centro-direita - Líderes da sociedade civil articulam manifestação futura que seja capaz de unir PT e partidos da centro-direita no mesmo metro quadrado das ruas e avenidas do País. A ideia é de uma organização horizontal e coletiva (sem lideranças políticas como a do MBL, por exemplo), com ares de frente ampla e Diretas Já. Setores da Igreja Católica e da advocacia levarão adiante a empreitada. O PT não deverá ter representantes nos caminhões de som dos atos deste domingo, 12, contra Bolsonaro. Para os petistas, a sigla MBL não desce nem com sal de fruta. Os atos mostram que poucos acreditam no “recuo” de Jair Bolsonaro. Afinal, fez parte da estratégia do Planalto alardear que a carta do presidente estendendo a mão a Alexandre Moraes foi elaborada só por Michel Temer. Se fosse do próprio punho de Bolsonaro, seria sincera e, consequentemente, ganharia mais peso. Mas, com Temer no papel de ghost writer, fica mais fácil dizer aos bolsonaristas que tudo não passou de uma manobra tática. Michel Temer, por óbvio, também gostou. O papel de “pacificador” o mantém vivo no jogo pré-eleitoral rumo a 2022. Sobre os atos deste domingo, liderados por MBL e Vem pra Rua, petistas afirmam que não enxergam sentido em aderir a um protesto que, em sua origem, os excluía. A pauta original era “nem Bolsonaro nem Lula”. Mas pesa e muito o fato de MBL e Vem Pra Rua terem sido algozes de Dilma Rousseff. O PT, ora, vejam só, acha que esses movimentos devem uma “autocrítica” sobre o impeachment da petista. Sem dar o braço a torcer, o PT faz a aposta de assistir de camarote ao experimento deste domingo. Internamente, leva-se em conta com uma pitada de apreensão o risco de ficar de fora da foto de uma manifestação grande. O partido de Lula impõe condições “inegociáveis” para estar junto de opositores nas ruas. Uma delas é de que a organização seja feita por entidades consagradas da sociedade civil, como a OAB e a CNBB, por exemplo. As outras são a “horizontalidade” da construção e o foco único na defesa da democracia contra o Jair Bolsonaro. “Diante da união que será vista neste domingo, o fiel da balança será a ausência do PT, ainda a força com maior capilaridade da esquerda. O PT compreende que Bolsonaro é o adversário preferido de Lula, mas tem de levar em conta que as crises colocam em risco o processo eleitoral”, diz o cientista político Creomar de Souza.
Nos EUA - Para o historiador e brasilianista norte-americano James Naylor Green, especializado em estudos latino-americanos, a comunidade internacional tem visto cada vez mais Bolsonaro como um inimigo da democracia e um risco para o futuro do Brasil. “Apesar da declaração de Bolsonaro no Twitter, fica evidente que ele não respeita as instituições democráticas, especialmente os poderes do judiciário e, particularmente, o STF. Representa uma grande ameaça à democracia no Brasil. Dizer que seu destino político é a vitória ou a morte é um claro sinal de que não vai respeitar os resultados das eleições presidenciais em 2022, caso ele não seja reeleito”, disse Green, que é professor do Departamento de História da Brown University, de Rhode Island, nos Estados Unidos. Ele vê fortes semelhanças entre as posturas de Bolsonaro e de Trump em relação ao processo eleitoral. “É um discurso apropriado pelo ex-presidente Trump, que até hoje nega que foi derrotado nas eleições de 2020. Serve para manter a sua base mobilizada. Bolsonaro está tentando usar o mesmo roteiro”, disse o brasilianista.
"Pacheco seria um grande presidente" - O senador Antonio Anastasia (PSD-MG) será o representante do Congresso na Comissão de Transparência das Eleições (CTE), criada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última quinta-feira. Ele integra o seleto grupo de 12 pessoas, entre autoridades públicas e especialistas da área de tecnologia, que começa a se reunir amanhã, periodicamente, para estabelecer um plano de trabalho para acompanhar de perto as eleições de 2022. Nesta entrevista, o senador fala de suas expectativas para o trabalho como “fiscal” na comissão e para o pleito do ano vem, que, segundo ele, apesar da atual turbulência política, deve ocorrer naturalmente. “Vou participar juntamente de outras pessoas dessa comissão com objetivo de acompanhar, verificar, dar a tranquilidade necessária no processo eleitoral como é feito no Brasil’’, adianta. Candidato a novo mandato no Senado, o parlamentar mineiro é entusiasta do nome do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) como terceira via na disputa presidencial. ‘’Rodrigo Pacheco tem um perfil muito adequado, muito sereno, muito preparado, muito correto, tem muita energia, e, a meu juízo, se candidato e, se eleito, seria um grande presidente”, avalia. Sobre a disputa pelo governo de Minas, Anastasia acredita que ficará mesmo polarizada entre o atual governador Romeu Zema (Novo) e o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD).
Ação contra a Petrobras - Denunciando propaganda enganosa, o Distrito Federal e mais 12 unidades da Federação entraram com uma Ação Civil Pública contra a Petrobras. Ela é assinada pelos respectivos representantes legais. A procuradora do DF Ludmila Lavocat Galvão está entre eles. Baseados no Código de Defesa do Consumidor, pedem liminar para que a empresa retire veiculação de conteúdo nas redes sociais. Em face das recentes repercussões negativas a respeito do elevado preço da gasolina, a Petrobras S.A. está divulgando a matéria denominada “Preços de Venda de Combustíveis”. Nele, diz que a empresa fica apenas com R$ 2 do valor do litro. “A aludida matéria, sob a roupagem de nota de esclarecimento aos consumidores, promove distorções graves na informação repassada. Omite que o litro de ‘gasolina’ comercializado nos postos de combustíveis é composto de etanol anidro no percentual de 27%. E enfatiza exclusivamente aspectos que geram a falsa compreensão de que todo o processo de aumento decorreria de fatos alheios à atuação da estatal. Trata-se de publicidade enganosa, que visa induzir em erro os consumidores”, apontam os procuradores estaduais. Assinam o documento, além do DF: Rio Grande do Sul, Pará, Maranhão, Sergipe, Piauí, Bahia, Amazonas, Pernambuco, Espírito Santo, Goiás, Amapá e Minas Gerais. A ação está na Vara Cível de Brasília. No fim das contas, os estados não aceitam serem responsabilizados, pelo governo federal, pela alta da gasolina. Sustentam que o vilão da história não é a tributação deles, o ICMS. E, sim, a Petrobras. Segundo os procuradores, a Petrobras conduz à equivocada conclusão de que às alíquotas aplicadas do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação seriam as responsáveis pelos altos preços dos combustíveis. A Petrobras não se pronunciou até o fechamento desta edição.
O quarteto do poder político - Os dias de tensão serviram para galvanizar a relação entre quatro atores fundamentais para a política do governo neste momento. O presidente da Câmara, Arthur Lira; o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira; a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda; e o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto. Esse quarteto está afinado para o que der e vier. Jogam juntos e trocam impressões o tempo todo. Num cenário de retorno à radicalização, a tendência do grupo será se afastar do governo. Até o fim do ano, porém, ninguém fará qualquer movimento brusco e permanecerá no compasso para organizar a própria vida eleitoral para 2022. Desses quatro personagens, Arthur Lira, Ciro Nogueira e Flávia Arruda são candidatos a mandatos eletivos no ano que vem. Em caso de despressurização da cabine reeleitoral de Bolsonaro, farão exatamente o que determina o protocolo de segurança: cuidarão do próprio oxigênio. De quebra, o grupo começará a defender a saída dos ministros em janeiro, de forma a dar ao presidente mais tempo para organizar a equipe que cuidará do governo em 2022.
Gestão de ex-presidente da Funasa está na mira da PF - A gestão do coronel Giovanne Gomes da Silva na presidência da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) entre maio de 2020 e o final de agosto deste ano é alvo de inquérito da Polícia Federal. Um servidor chamado a depor disse ao Painel que o caso mira irregularidades em relação a funcionários. Há também em andamento na entidade uma investigação interna sobre suposto assédio moral de integrantes da gestão. Silva alegou motivos pessoais e foi exonerado no último dia 27. Giovanne Gomes da Silva é coronel da PM de Minas Gerais e foi nomeado em maio de 2020, quando o governo de Jair Bolsonaro se aproximava do centrão. Ele teria sido uma indicação do PSD. A Funasa disse em nota que alguns servidores foram chamados para depor e que o caso segue em caráter sigiloso. A entidade afirma que no caso de suposto assédio moral foi o coronel, ainda na Presidência, que encaminhou à Ouvidoria após tomar conhecimento da denúncia.
Bolsonaro e Lula direcionam atenção para o Senado - m campos opostos do espectro político, o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm uma estratégia em comum para as eleições de 2022: aumentar a bancada no Senado para a construção de uma base de apoio forte. O plano é ter um grupo que possa, em alguns casos, reverter decisões da Câmara e, pelo menos, aprovar propostas com maioria simples. Aliados avaliam que, ao contrário do que ocorre na Câmara dos Deputados, em que o presidente possui uma aliança com o presidente Arthur Lira (PP-AL), Bolsonaro tem experimentado dissabores no Senado. O exemplo mais nítido é a CPI da Covid, que se tornou um foco de denúncias contra o governo. Mas não é o único caso. Nas últimas semanas, o governo colecionou derrotas na Casa, como a minirreforma trabalhista, e constrangimentos, como a paralisação do processo de indicação de André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal (STF). Não por acaso, Bolsonaro nomeou o senador Ciro Nogueira (PP-PI) para a Casa Civil. A expectativa era que ele poderia ajudar na relação com a Casa. No ano que vem, serão renovadas 27 das 81 cadeiras do Senado. Segundo bolsonaristas, nomes que vinham sendo preparados para disputar os governos estaduais passaram a ser cotados para o Senado. Entre eles estão o coronel Alfredo Menezes, liderança do Amazonas que é rival do senador Omar Aziz (PSD-AM), hoje inimigo do governo na CPI; o deputado José Medeiros (Podemos), no Mato Grosso; e o ministro do Turismo, Gilson Machado, em Pernambuco. Integrantes do núcleo ideológico mais radical também passaram a ser considerados para tentar uma vaga ao Senado. Em São Paulo, o deputado estadual Gil Diniz (sem partido), próximo ao deputado Eduardo Bolsonaro, diz que a deputada federal Carla Zambelli tem chances de ser candidata. Há ainda o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL), que tem feito movimentos de reaproximação com o presidente.
Blitz evangélica e apoio de Sarney por vaga no Supremo - Na expectativa de um cenário menos hostil no Senado depois da carta em que o presidente Jair Bolsonaro fez um aceno de pacificação institucional, o ex-advogado-geral da União André Mendonça aposta também em outros trunfos para destravar o processo de indicação à vaga em aberto no Supremo Tribunal Federal (STF): a intensificação da campanha feita por pastores evangélicos e a influência do ex-presidente José Sarney sobre a bancada do MDB. O destinatário principal da pressão é o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa e responsável por marcar a data da sabatina. No entanto, como o parlamentar — que prefere o nome do procurador-geral da República, Augusto Aras, para o posto — já ignorou ligações e mensagens de Mendonça, além de não ter aceitado receber lideranças evangélicas, a estratégia agora inclui o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Uma caravana formada pelos pastores César Augusto (Igreja Fonte da Vida), Estevam Hernandes (Igreja Apostólica Renascer em Cristo) e Abner Ferreira (da Assembleia de Deus Madureira), entre outros, estará no Congresso em busca de uma reunião com Pacheco. O objetivo é cobrar solução para o impasse: como mostrou o GLOBO, na comparação com os atuais integrantes da Corte, Mendonça já é o recordista no tempo de espera para ser sabatinado.
Quinta série - O almoço que o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, teve com Jair Bolsonaro há um mês no Itamaraty teve lances constrangedores por causa das piadas que o capitão soltou à mesa. Aqui estão dois exemplos perfeitos, na verdade, do humor bolsonarista. Sousa estava falando sobre uma bancada examinando um teste oral de uma diplomata português, quando foi interrompido por seu colega brasileiro que, maliciosamente, disse: "Agora? Oral é bom, hein?". Sousa e sua comitiva não riram. Bolsonaro, sim. Logo depois, Sousa disse que muitas vezes substitui certas refeições por um suplemento nutricional chamado Fortimel: "é bom para tudo". Bolsonaro, novamente com um jeitão esperto, sacou na lata: "Huummm, é bom para tudo, não é?". Mais uma vez, Sousa e sua comitiva não esboçaram nenhuma reação. Já Bolsonaro era só sorrisos.