MANCHETES DE DOMINGO

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MANCHETES DE DOMINGO

Resumo das matérias mais importante dos melhores meios de comunicação

Editado por Chico Bruno

Manchetes

FOLHA DE S.PAULO: No Brasil, 6 em 10 repetem baixa escolaridade dos pais

CORREIO BRAZILIENSE: Exército já se prepara para 3ª onda da covid

O ESTADO DE S.PAULO: Empresários fazem Centrão dar ultimato a governo Bolsonaro

O GLOBO: Quatro em cada dez mortos por Covid em hospitais não chegaram à UTI


Resumo de manchetes

Manchete da Folha revela que a chance de um filho repetir a baixa escolaridade de sua família no Brasil é o dobro da probabilidade de que isso ocorra nos EUA. Em média, quase 6 em cada 10 brasileiros (58,3%) cujos pais não tinham o ensino médio completo em 2014 –último ano para o qual há dados– também pararam de estudar antes de concluir esse ciclo. Entre os americanos, esse percentual cai à metade, para 29,2%. Já a média na OCDE, grupo que reúne quase quatro dezenas de nações ricas e emergentes, era de 33,4%. Se o filho brasileiro pertencer a grupos populacionais menos favorecidos, a distância é ainda maior. O Correio revela em sua manchete, que o Exército está preparado para enfrentar uma 3ª onda da Covid-19 e, que ao contrário do presidente Jair Bolsonaro, o Exército, desde o início da pandemia, cumpre a risca todas as medidas sanitárias emanadas da OMS e, que por isso, apenas 0,13% da tropa de cerca de 700 mil soldados e oficias foram à óbito, uma marca ínfima se comparada com a do país como um todo. O Estadão em sua manchete de hoje crava a influência de empresários e banqueiros sobre a pressão e as cobranças do Centrão ao presidente Bolsonaro para que efetue mudanças ministeriais e de postura do seu governo. O Globo denuncia em manchete, que em levantamento feito pelo jornal, com base em dados do Ministério da Saúde, ficou constatado o aumento na proporção de hospitalizados que morrem de Covid sem ter acesso a UTI. Em 2021 já são 28.000 óbitos sem tratamento ostensivo.   

Notícia do dia: O movimento do Centrão que cobra mudanças nos rumos do governo Bolsonaro nasceu a partir de reuniões da cúpula do Congresso com empresários e banqueiros. A avaliação das lideranças empresariais é de que o País está com imagem “nefasta” no exterior, prejudicial aos negócios, e que o agravamento da crise sanitária empurra a economia para a desorganização. Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEMMG), passaram a cobrar então as demissões dos ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e do Meio Ambiente, Ricardo Salles. O Centrão diz que Araújo atrapalha nas negociações com China e Índia para obtenção de vacinas e insumos. Salles é visto como obstáculo na relação com os EUA. Lira colocou carta do impeachment na mesa para pressionar Bolsonaro.

Notícias de 1ª página

‘Acreditei e votei no Bolsonaro em 2018, mas ele nunca mais terá o meu voto’ - O icônico episódio em que a possibilidade de investir no Fundo Verde se esgotou em menos de dois minutos no Itaú Unibanco, em fevereiro, teve nome e sobrenome como causa. É Luis Stuhlberger, o gestor que conseguiu rentabilidade acumulada de 18.681% desde que o Verde foi criado, em 1997, enquanto a valorização do CDI, usado como parâmetro de comparação, foi de 2.230%. Um dos principais méritos para esses resultados foi o fato de Stuhlberger ter sabido ler, com precisão acima da média, os movimentos políticos e econômicos do País, marcados por muitas incertezas, ano após ano. E, evidentemente, ganhar dinheiro em cima disso. Quem acompanha os trabalhos da Verde Asset, hoje com R$ 52 bilhões sob gestão, não deve ter estranhado a assinatura de Stuhlberger na carta dos economistas, divulgada no fim de semana passado. Nela, mais de 1,7 mil economistas, empresários e banqueiros pedem medidas efetivas no combate à pandemia – com críticas muito duras ao governo federal. A mais recente carta do Verde a seus cotistas, de fevereiro, tinha exatamente o mesmo tom. Stuhlberger diz que, se fosse analisar a carta dos economistas, a conversa duraria cinco segundos. “Ela é óbvia por si só e o que tenho a acrescentar ao que está escrito é nada”, diz. “Ela é completa, é longa, traz a referência de onde saíram os números.” Resolveu, então, fazer uma leitura pessoal e uma reflexão sobre os 12 meses de pandemia, o que o País perdeu e suas perspectivas daqui para frente. “No ato em que subscrevi a carta, pensei: “Estou aqui dizendo: ‘votei em 2018, acreditei na sua proposta, mas você (presidente Jair Bolsonaro) não vai ter mais o meu voto’”. Nos últimos dias, ao pensar sobre a carta, comecei a passar em revista os 12 meses da minha vida na pandemia. Se eu morasse em Marte, chegasse hoje na Terra e fosse informado sobre como o Executivo brasileiro lidou com a pandemia nos últimos 12 meses, eu diria que era mentira, uma história surreal. Digo 12 meses porque, na quarta-feira, o pronunciamento oficial do presidente foi claramente uma capitulação do que ele havia falado desde março de 2020. É claro que, de vez em quando, vai ter uma recaída, mas não deixa de ser uma capitulação. Certamente, o Brasil foi o pior país do mundo na condução do combate à pandemia. Se fosse possível dois países terem regimes opostos nas políticas de combate à pandemia, eu diria que seriam a China e o Brasil”.

Após lockdown, Araraquara passa a servir de modelo - O remédio foi amargo, mas deu resultado. Um mês após esvaziar as ruas em um lockdown que fechou até mercados, Araraquara, no interior paulista, agora vê postos de saúde e UTIs menos cheios. Entre 21 de fevereiro e 21 de março, a média diária de casos do novo coronavírus no Estado aumentou 40%. Já em Araraquara, caiu 58%. Anteontem, outro alento: foi a 1.ª vez em 44 dias que a cidade não registrou morte pela covid-19. Elogiada por especialistas, a experiência também tem motivado outras prefeituras a apertarem restrições. Araraquara foi o primeiro município paulista com mais de 100 mil habitantes a proibir a circulação de veículos e pessoas ao longo do dia, a não ser em casos excepcionais. O transporte coletivo foi suspenso e outros serviços essenciais, drasticamente restringidos. Quando a medida foi adotada, em 21 de fevereiro, a rede de saúde estava em colapso, com 100% de ocupação dos hospitais e pacientes graves transferidos para municípios distantes. Também havia sido confirmada a circulação da variante do coronavírus originária em Manaus, que estudos já mostram ser mais transmissível. Os primeiros dez dias foram de lockdown total e intensa fiscalização – com blitz e multas de até R$ 6 mil. Com 13 dias já não havia fila de espera por leitos de UTI. “Sabíamos que a medida daria resultado, mas não esperávamos que viesse tão rápido, além da nossa expectativa. Estamos vivendo situação bem mais tranquila”, comemora a secretária municipal de Saúde, Eliana Honain. A queda na disseminação do vírus também aparece na proporção de infectados. Os bons resultados estimularam restrições mais rigorosas em outras cidades. As vizinhas Américo Brasiliense, Boa Esperança do Sul, Rincão e Santa Lúcia fecharam tudo logo em seguida.

Meta de autonomia em vacinas ainda enfrenta entraves - O Brasil almeja alcançar a autossuficiência na produção de vacinas contra a covid-19 até o início de 2022. A meta é possível, mas depende de não haver atrasos na transferência de tecnologia para o Instituto Butantan, em São Paulo, e para a Fiocruz, no Rio. Paralelamente, duas vacinas de produção inteiramente nacional estão em fase pré-teste. Para especialistas, demandas estruturais e manter o desenvolvimento tecnológico necessário à adaptação das vacinas a novas variantes do vírus são desafios. Na terça-feira, em cadeia nacional de rádio e TV, o presidente Jair Bolsonaro prometeu que até o fim de 2021 o País será autossuficiente na produção da CoronaVac e do imunizante de Oxford. Ambas já são feitas no Brasil. Mas sua base é Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) importado. Ter a capacidade prometida por Bolsonaro significa que o Brasil já terá concluído os processos de transferência de tecnologia. Será ainda capaz de produzir todos os ingredientes em território nacional. Também terá capacidade de fabricar imunizantes suficientes para toda a população brasileira. A Fiocruz ainda discute com a Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca a assinatura do contrato de transferência de tecnologia, inicialmente prevista para o ano passado. Garante, porém, que a informação já é compartilhada. A instituição conclui as obras de novas instalações industriais para produzir os IFAs. O Butantan já assinou o contrato com a chinesa Sinovac. Mas também depende da conclusão de um laboratório de nível de segurança 3. É necessário à produção de IFA. “É um processo muito complexo, mas estamos mantendo o cronograma”, garantiu o diretor da fábrica de Biomanguinhos, da Fiocruz, Mauricio Zuma. “Estamos num trabalho muito intenso, vamos concluir as adequações (da planta) até abril e vamos concluir também a transferência de tecnologia; no segundo semestre estaremos distribuindo a vacina.” O gerente de Parcerias Estratégicas e Novos Negócios do Instituto Butantan, Tiago Rocca, também está otimista. “A expectativa é de concluirmos a obra até o fim de setembro para, a partir daí, começarmos a qualificar os equipamentos e operacionalizar a fábrica para já estarmos produzindo em 2022”, disse.

Análise para uso da Sputnik é suspensa pela Anvisa - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou, ontem, que suspendeu o prazo de análise do pedido de uso emergencial da Sputnik V, a vacina russa contra a covid-19. O motivo da decisão, segundo o órgão regulador, é a falta de parte da documentação obrigatória para a avaliação. O pedido de uso emergencial do imunizante foi apresentado na sexta-feira passada pela União Química, parceira do Fundo de Investimento Direto da Rússia. O laboratório solicitou autorização para o uso de 10 milhões de doses, adquiridas no início deste mês, pelo Ministério da Saúde. A Anvisa informou que uma triagem inicial dos documentos anexados ao pedido indicou a ausência de alguns que são necessários para a continuidade da análise. Faltam, por exemplo, especificações de qualidade e informações do tempo médio de acompanhamento dos pacientes que se submeteram aos estudos clínicos. Dessa forma, o prazo para que a agência reguladora dê uma resposta ao pedido da União Química, que, neste caso, é de sete dias úteis, foi suspenso até a entrega dos documentos que faltam pelo laboratório. Nesse ínterim, a agência prosseguirá na avaliação dos documentos já enviados.

Congresso impõe freios a Bolsonaro - O presidente Jair Bolsonaro bem que tentou amenizar um discurso proferido na semana passada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em que o deputado acendeu um “sinal amarelo” para o Executivo por conta das medidas adotadas contra a pandemia e alertou que o Parlamento não vai mais tolerar “erros desnecessários e inúteis” que comprometem a situação do país. Mas é cada vez maior a insatisfação do Legislativo com a gestão do mandatário, inclusive de partidos do Centrão. O grupo, base de apoio do governo, já dá sinais de que a sobrevivência política tão prometida ao chefe do Planalto pode estar com os dias contados. A mudança no comportamento em relação a Bolsonaro surge porque, de acordo com parlamentares, o Congresso não pode assistir impassível ao pior momento do Brasil na crise sanitária. A avaliação de congressistas é de que o Legislativo precisa trabalhar para não ser tratado pela população como cúmplice das ações equivocadas do governo. Dessa forma, há uma disposição, entre deputados e senadores, de intensificar o confronto com o presidente pois, como ponderou Lira, “tudo tem limite”. A troca de Eduardo Pazuello por Marcelo Queiroga no Ministério da Saúde foi um dos reflexos da insatisfação do Congresso com o Executivo. O general perdeu prestígio dentro no Parlamento devido à má condução da pandemia. Porém há outros com a cabeça a prêmio. O chanceler Ernesto Araújo sofre pressões para sair do Ministério das Relações Exteriores, também por erros de atuação na crise sanitária.

Exército já espera 3ª onda da covid - Assim que o Brasil registrou as primeiras infecções pelo novo coronavírus, em fevereiro do ano passado, o Exército percebeu que o país enfrentaria um dos maiores desafios de saúde do século. Os números de mortes e casos que aumentavam rapidamente na Europa enviaram o alerta para a tropa terrestre mais poderosa da América Latina. Ao Departamento-Geral de Pessoal foi incumbida a missão de aplicar medidas sanitárias, realizar campanhas e proteger o contingente da covid-19. Além dos militares da ativa, são de responsabilidade da Força os que estão na reserva e os dependentes — o que engloba uma rede de 700 mil pessoas. Com 60 unidades de saúde, entre hospitais, policlínicas e postos avançados, o Exército mantém uma taxa de mortalidade pela doença de 0,13%, bem abaixo do índice de 2,5% registrado na população em geral do país. A receita é uma política totalmente oposta à adotada pelo governo federal. Autoridade máxima de saúde no Exército, o general Paulo Sérgio conta que a Força entrou em uma espécie de lockdown, em que integrantes de grupos de risco foram enviados para home office e cerimônias militares acabaram suspensas em todos os quartéis. Além disso, estão sendo realizadas campanhas massivas de distanciamento social e outras ações, como uso de máscaras e higienização das mãos. Os novos recrutas, que ingressam para o serviço militar obrigatório, estão em regime de internato e passam semanas sem ir para casa, a fim de evitar infecções pelo novo coronavírus. Apesar das medidas intensas, a segunda onda já começa a ter efeitos severos no Exército, com o registro de internação de militares jovens e colapso nos hospitais da rede — obrigando o uso de unidades de saúde privadas. Enquanto o país enfrenta a segunda onda e vê a taxa de mortes explodir, a Força já prevê uma terceira onda, que pode ser ainda mais grave e começar por Manaus, dentro de dois meses. Em entrevista ao Correio, o general Paulo Sérgio fala sobre as ações que evitaram mortes no Exército, lamenta as perdas no meio civil e destaca que integração, logística e planejamento são as armas mais eficazes para entrar na guerra contra o vírus.

Pandemia e confinamento aprofundam solidão entre mulheres - Numa época em que os dias parecem todos iguais, viver só e ainda confinada é um desafio de superação e, sobretudo, um aprendizado. Quase 290 mil mulheres moravam sozinhas na cidade de São Paulo, enquanto os homens somavam 215 mil, segundo o Censo de 2010. Patrícia Mattos, psiquiatra da Unifesp, explica que nossos mecanismos naturais de autocura estão intrinsecamente ligados a uma presença humana de segurança. “Só que, neste momento, estar com o outro é uma ameaça”, diz ela. A administradora de empresas Nádia Martins, 43, ainda tateia esse universo. Há um ano e dois meses, ela perdeu o pai. Três meses atrás, quem partiu foi a mãe. Enquanto digeria o luto, ficou desempregada. “Em pouco mais de um ano, minha vida virou completamente de cabeça para baixo. Perdi as minhas referências.” Nestes tempos frágeis, Nádia diz que está se reerguendo. “Cada dia é uma descoberta.” O período em que a solidão parece bater mais forte é à noite. “Quando tudo se aquieta, sinto-me solitária. É uma fase lenta e dolorosa de aprender a cuidar de mim como eu cuidava dos meus pais. Mas, apesar de estar sozinha, nem sempre me sinto só”, afirma. Pode até parecer paradoxal, mas estar só não é necessariamente sentir-se só, na avaliação de Paulo Sérgio Boggio, 46, coordenador do Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social da Universidade Mackenzie. Explica: “Há pessoas que vivem com outras e sentem solidão assim como há aquelas que vivem só, mas com uma rede de contatos, carinhos e ideias que não as faz se sentirem sozinhas”. Arthur Danila, coordenador do programa de mudança de hábito e estilo de vida do Instituto de Psiquiatria do HC da USP, afirma que a pandemia nos impôs um luto da liberdade. Encontrar novos significados para a vida ganha proporções ainda mais desafiadoras. “É nessa hora que transformamos adversidades e tragédias em resiliência social. Nos modificamos e nos fortalecemos ao entender que o isolamento implica perdas e restrições, mas também amplia nosso repertório, permitindo transformar solidão em solitude”. Diz mais: “Temos a chance de aprender que podemos ser nossos melhores companheiros. Nos permitir conviver em harmonia conosco mesmos e, assim, poder enxergar melhor o outro”.

Fora da linha de frente em SP, servidores são vacinados - Pelo menos 450 funcionários públicos ligados à Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, muitos deles na faixa dos 20 a 30 anos, foram vacinados contra a Covid-19 a partir de 17 de fevereiro, passando na frente de grupos prioritários como idosos e profissionais de saúde. Segundo listas de centenas de nomes obtidas pela Folha, a maioria dos servidores que furou a fila da vacinação trabalha em setores administrativos (muitos deles em home office), sem nenhum contato com o público ou exposição a hospitais e postos de saúde. Profissionais na faixa dos 25 a 30 anos, das áreas financeira, de contratos, administrativa e planejamento receberam a primeira vacina contra a Covid-19 entre os dias 17 e 25 de fevereiro. Ao menos 70 funcionários ligados ao gabinete do secretário Jean Gorinchteyn e a assessorias foram vacinados em fevereiro. Pouco mais de 40% das pessoas da lista nasceram no ano de 1970 em diante; muitos servidores são das décadas de 1980 e 1990 e até dos anos 2000. Segundo a orientação da Secretaria Municipal de Saúde, profissionais que trabalham em diferentes divisões da pasta e que incluem tanto os que atuam na área da saúde como os dos setores administrativos podiam se vacinar a partir de 17 de fevereiro.

Crise fiscal trava ações de combate ao desemprego - A crise fiscal do país travou os planos do governo para a retomada do emprego em um momento em que a taxa de desocupação —que chegou a 13,5% em 2020, pior média da história, segundo o IBGE– não dá sinais de arrefecer. Enquanto isso, cresce a pressão de empresários por iniciativas que reduzam custos operacionais, especialmente em um momento de forte aceleração da pandemia, com aumento do número de cidades que adotaram medidas restritivas e de isolamento social. A limitação no Orçamento não só atrasou a apresentação de ações emergenciais para mitigação do efeito da crise na economia, como também prejudica propostas para estimular contratações de forma permanente. A equipe econômica tem quatro planos prioritários para evitar cortes de vagas e estimular contratações: o programa que permite suspensão de contratos e corte de jornadas e salários, com compensação paga ao trabalhador pelo governo, a carteira verde e amarela, o Imposto de Renda negativo e a redução linear de encargos trabalhistas. Essas medidas estão atrasadas ou totalmente travadas por causa de dificuldades orçamentárias.

Carlos Moisés (PSL), governador de Santa Catarina, é afastado - Por 6 votos a 4, o Tribunal Especial de Julgamento aceitou parcialmente na noite de sexta-feira (26) a denúncia contra o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), no segundo pedido de impeachment. Com isso, o chefe do Executivo estadual fica afastado provisoriamente por até 120 dias, e a vice-governadora Daniela Reinehr (sem partido) assume o cargo. O prazo começa a contar a partir de terça-feira (30). O governador é apontado por suposta prática de crime de responsabilidade na compra de 200 respiradores artificiais junto à Veigamed, com pagamento antecipado de R$ 33 milhões, em março do ano passado. Os equipamentos nunca foram entregues ao estado, e parte do valor não foi recuperada pelo governo. No ano passado, Moisés já havia sido afastado por um mês em outro processo de impeachment, mas foi absolvido e retornou ao posto. Na época, o governador era apontado por suspeita de prática de crime de responsabilidade por ter concedido reajuste salarial aos procuradores do estado, equiparando as remunerações com os procuradores da Assembleia Legislativa. Em nota divulgada em rede social após a nova decisão, Moisés disse reafirmar sua "crença na Justiça". "Não há justa causa para o impeachment, como já atestaram o Ministério Público, o Tribunal de Contas do Estado e a Polícia Federal. Vou trabalhar para que a transição à gestão interina ocorra de forma tranquila e sem prejuízos ao enfrentamento à pandemia. Como sempre afirmei, a prioridade é a vida dos catarinenses", afirmou. Desconhecido até 2018 e eleito na onda bolsonarista daquele ano, Moisés foi empurrado para o processo de afastamento após ser acusado por deputados do seu partido, o PSL, de “trair o presidente Jair Bolsonaro”.

Bolsonaro terá que indenizar repórter da Folha - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi condenado a indenizar a jornalista Patrícia Campos Mello, repórter da Folha, em R$ 20 mil por danos morais. A decisão de 16 de março é da juíza Inah de Lemos e Silva Machado, da 19ª Vara Civil de São Paulo. Ela determinou ainda que o presidente pague as custas processuais e honorários advocatícios no valor de 10% da condenação. Cabe recurso. A magistrada considerou que Bolsonaro violou "a honra da autora, causando-lhe dano moral, devendo, portanto, ser responsabilizado". Ainda segundo a juíza, "a utilização no sentido dúbio da palavra 'furo' em relação à autora repercutiu tanto na mídia como também nas redes sociais, expondo a autora". A repórter acionou a Justiça após sofrer um ataque, com cunho sexual, no dia 18 de fevereiro de 2020. "Ela [repórter] queria um furo. Ela queria dar o furo [risos dele e dos demais]", disse o presidente, em entrevista diante de um grupo de simpatizantes em frente ao Palácio da Alvorada, na ocasião. Após uma pausa durante os risos, Bolsonaro concluiu: "a qualquer preço contra mim". A palavra “furo” é um jargão jornalístico para se referir a uma informação exclusiva.

Cassino tentou evitar fechamento citando políticos - Quando os policiais invadiram o cassino de luxo na zona sul de São Paulo onde estava o atacante Gabigol, parte deles acreditava que iria acabar com a aglomeração de uma festa LGBT, conforme denúncia recebida por um dos integrantes da força-tarefa de combate à Covid-19. Descobriram ali um pesado esquema de jogos de azar, que movimenta milhões de reais, e que o funcionamento do cassino clandestino era conhecido por policiais e políticos, citados nominalmente por funcionários para tentar intimidar o grupo que comandava a operação e evitar o fechamento da casa. São autoridades que, desconfiam os próprios policiais, podem estar na “folha de pagamento" da casa para ajudar a manter o esquema funcionando, mesmo sendo ilegal. Entre elas estaria gente graúda que, ainda conforme esses policiais, pode até comprometer o futuro de operações semelhantes. Todas essas informações estão sendo analisadas pela Polícia Civil. Parte dos nomes pode ter sido usada indevidamente. As equipes de investigação sabem disso, mas apostam na quebra de sigilo das contas bancárias, descobertas na operação, para apurar uma eventual lista de propinas. Uma das primeiras medidas tomadas pela cúpula da Segurança Pública, segundo a Folha apurou, foi afastar alguns policiais que, em tese, deveriam ter tomado providências contra o cassino e não tomaram. Por ser algo tão evidente, avaliam, é pouco provável que esses policiais desconhecessem tal situação.

Militares expõem insatisfação com Bolsonaro - Crítico do governo Bolsonaro e preocupado com a possibilidade de Lula concorrer em 2022, o grupo militar, que inclui ex-assessores do presidente, está articulando alternativa para as próximas eleições. Para os oficiais, a atual gestão impõe desgaste às Forças Armadas.

Um grupo de militares que ajudou a eleger o presidente Jair Bolsonaro em 2018 tem defendido a construção de uma alternativa política ao palácio do Planalto no ano que vem. O movimento, liderado por oficiais da reserva, se fortaleceu após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltar a cena com a anulação de suas condenações pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin (STF). Se conseguir adesão, a articulação pode abrir uma dissidência ao plano do atual presidente de buscar um novo mandato. Na última disputa, o Exército foi um dos pilares do projeto político de Bolsonaro. Antes da presença maciça na gestão, na qual ocupam cerca de seis mil cargos comandados, os membros das Forças Armadas já haviam assumido o papel político — quando era presidente, Michel Temer escalou os generais Sérgio Etchegoyen e Joaquim Silva e Luna para o Gabinete de Segurança Institucional e o Ministério da Defesa, respectivamente. O Globo ouviu sete generais e um coronel, todos da reserva, que defendem a necessidade de uma terceira via. Seis deles ocuparam cargos no atual governo. Quatro falaram de forma reservada. - O centro agora tem uma grande chance, porque um grupo se perdeu na corrupção e outro não sabe governar. E para que é uma eleição? Para corrigir. Temos que voltar à normalidade e ao equilíbrio, diz o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo. O general Maynard Santa Rosa, que atuou na Secretaria de Assuntos Estratégicos até novembro de 2019, concordou com o colega: - O retorno do PT seria um retrocesso inaceitável. Este governo, por sua vez, não honrou o discurso em si e não cumpriu o que todos esperavam. Na semana passada, o general da Reserva Paulo Chagas, que disputou o governo do Distrito Federal em 2018 com o apoio de Bolsonaro, divulgou um texto nas redes sociais com a manchete "Renovar é necessário". E a mensagem diz que "o Brasil não tem rumo" por isso é preciso construir uma terceira via". Chagas disse que decidiu escrever o texto após uma discussão com outros quatro oficiais de alto escalão do exército. A mensagem circulou entre os militares do Whatsapp. "O grupo de decepcionados com a ação do presidente em si é significativo", disse ele.

Destaques

Pacheco se descola de Bolsonaro em meio à piora da pandemia - Eleito presidente do Senado com apoio de partidos governistas e de oposição, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) circulava na Esplanada dos Ministérios como o político que conseguia ouvir tanto o presidente Jair Bolsonaro quanto lidar com as legendas de esquerda. A qualidade de saber se equilibrar entre os dois polos colocou Pacheco, agora, no epicentro das ações de combate à pandemia. O presidente do Senado, que pregou contra o negacionismo e chegou a escrever diretamente ao governo dos Estados Unidos pedindo por mais doses de vacina para o Brasil, assumiu também a interlocução com os governadores, ponte que Bolsonaro queimou nas seguidas pregações que fez contra as medidas restritivas impostas nos estados. Pacheco marcou posição contra o negacionismo antes mesmo de assumir a cadeira mais importante do Congresso. Afirmou que “interesses políticos não podem ter mais relevância que o combate à pandemia” e criticou a famosa reunião ministerial revelada pelo ex-ministro Sergio Moro pelo fato de, em nenhum momento, Bolsonaro ou seus ministros abordarem o tema Covid-19, em abril do ano passado. O posicionamento contundente em relação à pandemia contrastou com a postura comedida do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e cacifou Pacheco para assumir a interlocução do Palácio do Planalto com os 27 governadores no comitê criado por Bolsonaro. É a primeira vez que um senador fica responsável por ser o porta-voz dos estados junto ao governo federal. Mas, se depois de eleito presidente do Senado, Pacheco chegou a cobrar que o Ministério da Saúde “provasse não ser negacionista com atitudes”, por outro lado resiste a instalar a CPI da Covid, que tem objetivo de apurar supostas irregularidades cometidas pelo governo no enfrentamento à pandemia. Mesmo com a oposição reunindo as assinaturas necessárias, o senador vem cozinhando os parlamentares. Entre os argumentos, avaliados como pouco convincentes pela oposição, Pacheco afirma que a abertura de uma CPI prejudicaria a aquisição de vacinas e insumos com fabricantes internacionais, que teriam medo de assinar contratos com um governo investigado por má gestão.

Banco do Nordeste prevê aumento de 51% de gastos com seus diretores - O Banco do Nordeste, que tem o governo federal como principal acionista, prevê aumento de 51% nos gastos com seus sete diretores para o ano de 2021. Em 2020, o valor gasto com a diretoria foi R$ 7 milhões. A previsão enviada para os acionistas neste ano é R$ 10,6 milhões. Do total de gastos previstos, o maior aumento é no repasse da participação nos resultados aos diretores. Foi de R$ 935 mil para R$ 1,8 milhão.

Bolsonaro tenta ganhar tempo para não ceder ao centrão - Depois de uma semana que definiu como "bastante complicada", o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem nos próximos dias a missão de contornar queixas do centrão enquanto ganha tempo para buscar soluções e não ceder de imediato à crescente pressão do bloco, que hoje lhe garante alguma estabilidade no Congresso. A insatisfação da cúpula das siglas com o governo não se esgota no desejo de ver Ernesto Araújo fora do comando do Ministério das Relações Exteriores. Dirigentes desses partidos avaliam, sob reserva, que os ministros de Bolsonaro, até mesmo aqueles oriundos do Legislativo, estão distantes do dia a dia da Câmara e do Senado. Parlamentares já pediram a Bolsonaro que cobre de seus auxiliares mais atenção às demandas das bancadas e que atenda os congressistas desde questões banais, mas que não são facilmente contempladas pelos ministros, como a realização de audiências, até a liberação de verbas e, eventualmente, indicação a cargos. As reclamações de desamparo atingem até mesmo integrantes de partidos como DEM e PSD, que têm nomes de seus quadros na Esplanada dos Ministérios —Onyx Lorenzoni (Secretaria Geral) e Tereza Cristina (Agricultura), no primeiro caso, e Fábio Faria (Comunicações) no segundo. Parlamentares do centrão dizem nos bastidores que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por vezes tem atuado mais como líder do governo do que o deputado Ricardo Barros (PP-PR), que ocupa formalmente a função. Aliados do presidente da Câmara afirmam que a interlocução fica nas costas do correligionário e ele tem limitações, por isso o ideal seria contar com o apoio de integrantes do governo.

Ministros do STF mudam de posição em julgamentos sobre Lula - Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) com posição clara em defesa da Lava Jato ou de uma linha mais garantista do direito nem sempre mantêm essa lógica quando o julgamento envolve o ex-presidente Lula (PT). Os integrantes do tribunal oscilam em discussões com impacto nos processos que investigam o petista e a divisão que existe no tribunal entre os críticos e os apoiadores da operação muitas vezes não se repete nesses casos. O ministro Kassio Nunes Marques, por exemplo, tem acompanhado a ala contrária à Lava Jato desde que chegou ao Supremo, mas foi na contramão da linha adotada até então e se opôs à declaração de parcialidade do ex-juiz Sergio Moro em relação ao petista na Segunda Turma. Cármen Lúcia, que já tinha defendido a atuação de Moro, mudou de lado e deu o voto decisivo para invalidar o processo do tríplex de Lula na última terça-feira (23). Já Edson Fachin se notabilizou como principal defensor da Lava Jato, mas, no início de março, surpreendeu até os colegas de corte ao anular todas as ações contra o ex-presidente na 13ª Vara Federal de Curitiba. A ministra Rosa Weber, que não tem posição fixa e costuma oscilar quando está em análise temas com impacto na Lava Jato, deu o voto considerado decisivo para determinar a prisão do petista em abril de 2018 e, depois, para soltá-lo em novembro de 2019. No primeiro julgamento, a defesa do petista pedia ao STF a mudança da jurisprudência que previa a prisão após decisão de segunda instância. Um ano e meio depois, Dias Toffoli estava à frente da corte e levou ao plenário a análise do processo que tratava do tema de maneira geral, e não um recurso de um réu específico. Rosa Weber, então, se posicionou pela execução de pena somente após o trânsito em julgado do processo -- quando todos os recursos são esgotados --, e garantiu o mesmo placar, mas no sentido inverso. Assim, Lula, que estava preso pela decisão de segundo grau do TRF-4, foi liberado. Neste tema, aliás, Gilmar Mendes também já mudou de posição. Em 2016, quando a Lava Jato estava no início e enfraquecia o PT, o ministro era um crítico do governo e se alinhou à tese que autorizou a execução antecipada de pena. Mais tarde, porém, o magistrado mudou de posição e tornou-se defensor da prisão após o trânsito em julgado.

A metamorfose de Arthur Lira - O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), atraiu as atenções ao cobrar competência do governo nas ações de combate à pandemia da covid-19. Conhecido como um habilidoso articulador político, o parlamentar conseguiu reunir em torno de si apoios até mesmo de adversários históricos ao assumir, com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o protagonismo da coordenação nacional das medidas de enfrentamento à crise, ante a falta de rumo do Executivo. A postura de Lira — que na semana passada alertou que o Congresso poderá adotar “remédios amargos e até fatais” contra os responsáveis pelos números trágicos da pandemia no Brasil — causou certa surpresa, porque ele foi eleito para o comando da Câmara, em grande parte, graças ao empenho pessoal do presidente Jair Bolsonaro. O deputado mudou de atitude desde que assumiu o cargo, em fevereiro. Naquele mês, foi duramente criticado por priorizar a votação de projetos de interesse do governo, a exemplo da autonomia do Banco Central, em detrimento de propostas necessárias para a proteção da saúde da população e o apoio aos trabalhadores afetados pela crise. A fidelidade do presidente da Câmara à pauta do Executivo, porém, foi diminuindo na proporção do aumento explosivo do número de mortes provocadas pela covid-19 e das pressões para que o Congresso cumpra com seu dever constitucional de fiscalizar o governo e cobrar uma resposta à altura da gravidade da pandemia. Entre as fontes dessas cobranças estão representantes dos bancos e do empresariado, que divulgaram uma carta aberta afirmando que a recuperação econômica passa, necessariamente, pela vacinação em massa. Historicamente, os interesses desses dois setores são representados, no Congresso, pelo chamado Centrão, um bloco partidário que tem Lira entre suas principais lideranças e que ocupa postos importantes no governo.

As verdades de Pazuello - Em fevereiro de 2015, durante a gestão de Eduardo Cunha na presidência da Câmara, o Congresso aprovou a obrigatoriedade da liberação de emendas de deputados e senadores ao Orçamento da União. A ideia era se livrar das pressões do governo e do toma lá dá cá. A turma, porém, encontrou um jeitinho de manter a base aliada mais favorecida com as “emendas extras”, ou seja, recursos que vão para os programas governamentais de forma genérica e terminam distribuídos aos mais fiéis. São a essas emendas que, segundo técnicos de Orçamento, Pazuello se referiu no discurso de despedida no Ministério da Saúde, chamando de “pixulé”. Agora, com o avanço dos parlamentares sobre os recursos da Previdência Social para garantir o pagamento de suas emendas, essa discussão vem à tona. Se “tudo tem limite”, como bem disse o presidente da Câmara, Arthur Lira, chegou o momento de impor essa verdade, também, ao apetite dos parlamentares no Orçamento.

O protesto diplomático - O site Divergentes traz uma carta de diplomatas para diplomatas, com uma reflexão do pessoal de carreira do Itamaraty sobre os valores da diplomacia brasileira e a gestão do chanceler Ernesto Araújo, que, diz o texto, “submeteu o acervo de princípios e tradições da diplomacia brasileira aos humores e ditames de uma ideologia facciosa, muitas vezes antidemocrática, que presta contas apenas aos seus próprios seguidores”. A ideia da carta, cuja autenticidade foi confirmada à coluna por diplomatas, é chamar a atenção para o Dia do Diplomata, em 20 de abril. O texto acusa Ernesto de usar o Itamaraty para mobilizar a base bolsonarista. “Não raro, assistimos à nossa diplomacia, o nosso trabalho cotidiano ser subordinado a interesses de mobilização de uma base política, sem qualquer conexão com interesses permanentes e estruturais do desenvolvimento, da soberania e do bem-estar da sociedade brasileira”. E segue dizendo que as dificuldades da pandemia “descortinam os riscos de uma diplomacia amadora, despreparada e personalista, dirigida por critérios fantasmagóricos”. A carta dos diplomatas que se associam aos apelos para a demissão de Ernesto Araújo é uma forte indicação de que, quanto mais tempo Jair Bolsonaro levar para mudar a política econômica, pior para o chanceler. Há, inclusive, o risco de o Senado rejeitar o nome do ministro para uma embaixada, caso Bolsonaro opte por transferi-lo para um posto de destaque. Chegou-se ao ponto que exonerar Filipe Martins não vai salvar o chanceler.

PSDB sem candidato a presidente em 2022? - A “piscada” de João Doria no duelo interno do PSDB rumo à eleição presidencial de 2022 fez surgir nas bancadas do partido um movimento, ainda embrionário, para que os tucanos, pela primeira vez na sua história, abram mão de concorrer ao Palácio do Planalto. Por ora, a possibilidade de as candidaturas parlamentares do PSDB ficarem com todos os recursos eleitorais públicos do partido ajuda a germinar a sementinha. Se ela brotará ou não, só o tempo e as condições atmosféricas da política darão a resposta. Com o regador na mão está Aécio Neves. Após a reentrada de Lula na cena eleitoral, também ganha corpo a ideia de que um novo fracasso presidencial tucano, como o ocorrido em 2018, pode aniquilar o PSDB.
O remédio amargo seria aderir a um “bloco de centro” na disputa presidencial e liberar as coligações regionais. As duras condições sanitárias e econômicas do Rio Grande do Sul também são um complicador para Eduardo Leite, o outro presidenciável. Mesmo com condução na direção certa do combate à covid-19 em São Paulo, os passos de Doria na política interna do PSDB fizeram o governador de São Paulo perder força. A afirmação de Doria ao Estadão de que pode concorrer à reeleição abriu de vez a porteira para a debandada de seus apoiadores fora de São Paulo. Numa reunião tensa no Palácio dos Bandeirantes, aliados do governador paulista surpreenderam o presidente do PSDB, Bruno Araújo, ao propor que Doria assumisse o comando do partido. A ofensiva de Doria sobre Aécio Neves, na mesma ocasião, também acabou por motivar uma onda de solidariedade ao deputado mineiro, enrolado em processos na Justiça. A velocidade com que Doria se lançou na disputa pré-eleitoral também incomodou os tucanos. Nas palavras de um experiente deputado nordestino, o caçador não pode ultrapassar a caça. Ao fim e ao cabo, Doria ajudou no renascimento de seu principal adversário interno, o deputado federal Aécio Neves, hoje o grande articulador nacional tucano.

Não está sendo fácil - Diante do pior momento da pandemia, a força do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais está no menor nível desde a sua posse. Apenas 10,8% das menções são positivas. O levantamento foi feito pela agência de análise de dados e mídias MAP em um universo de 1,4 milhão de posts publicados. O recuo da popularidade de Bolsonaro acontece ao mesmo tempo em que o apoio ao isolamento social como medida necessária para conter a disseminação do vírus aumentou de 68% para 86% na opinião pública brasileira.