Brasil não vai romper relações com a Venezuela, diz Mauro Vieira

Brasil não vai romper relações com a Venezuela, diz Mauro Vieira
Por Sbt News
Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse nesta quarta-feira (13) que o Brasil não vai romper relações com a Venezuela e que governo federal tem buscado manter contato com todas as forças políticas venezuelanas, tanto do governo do presidente Nicolás Maduro quanto da oposição.
O chanceler brasileiro participou de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, organizada para que discutir com membros do colegiado a postura do Brasil na eleição presidencial da Venezuela, realizada em 28 de julho.
"Ainda que as circunstâncias imponham uma inevitável diminuição do dinamismo do relacionamento bilateral [entre Brasil e Venezuela], isso não significa de forma alguma que o Brasil deva romper relações ou algo dessa natureza com a Venezuela", declarou o chanceler.
"Pelo contrário, diálogo e negociação, e não o isolamento, como bem ensinou o Barão do Rio Branco, são a chave para a construção de qualquer solução pacífica e duradoura na Venezuela", acrescentou.
O Conselho Nacional Eleitoral venezuelano proclamou Maduro como vencedor do último pleito, mas o resultado é contestado pela oposição, que alega fraude, e diferentes países. O Brasil não reconheceu o resultado da eleição. O país pediu que o Conselho Nacional publicasse as atas eleitorais, para comprovar o resultado do pleito, mas isso não ocorreu.
Mauro Vieira ressaltou hoje que "o Brasil tem como prática tradicionalmente reconhecer Estados, e não governos". Ele comentou também sobre a decisão do governo Maduro de chamar o embaixador da Venezuela em Brasília, Manuel Vadell, para consultas. Uma decisão desse tipo costuma significar descontentamento e indica que um governo não se enxerga como bem-vindo em outro território.
Segundo o governo de Maduro, o motivo de chamar o embaixador foram o comportamento e falas do assessor da presidência brasileira para assuntos internacionais, Celso Amorim, sobre a relação entre Brasil e Venezuela.
De acordo com Mauro Vieira, porém, não há nenhuma evidência de que o embaixador tenha sido retirado de forma definitiva do Brasil. "E do nosso lado temos uma embaixada que reabrimos no ano passado, dirigida por uma embaixadora muito competente".
O chanceler pontuou que, por meio da embaixada, o Itamaraty tem dado assistência aos brasileiros que estão na Venezuela, e que a embaixadora Glivânia Maria de Oliveira disse nesta semana que tem tido um diálogo normal e constante com as autoridades locais e tem sido muito bem tratada por elas.
"Não é uma questão de romper relações nem de retirar definitivamente os embaixadores, tanto a brasileira em Caracas como o embaixador aqui, que foi há cerca de uma semana para consultas", afirmou Vieira.
O ministro salientou que se encontrou com o chanceler da Venezuela, Yván Gil Pinto, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York, em setembro, e conversou novamente com ele por telefone na última segunda (11). Nas ocasiões, pediu que a Venezuela conceda salvo-conduto aos asilados na Embaixada da Argentina em Caracas.
"A posição do Brasil [em relação à Venezuela] obedece a três princípios muito importantes: a defesa da democracia, a não ingerência em assuntos internos e a resolução pacífica de controvérsias", pontuou o ministro brasileiro.
"Acompanhamos esse processo na Venezuela não apenas porque o Brasil assumiu o compromisso como garante dos Acordos de Barbados e fomos observadores do pleito eleitoral do dia 28 de julho. Mas também porque a Venezuela é nosso vizinho grande e muito importante."
Vieira pontuou que a solução para as controvérsias sobre o processo eleitoral venezuelano "precisa ser construída pelos próprios venezuelanos, e não imposta de fora, com mais sanções e isolamento". "Isso nós já vimos que não funciona".