PROVOCAÇÃO CONTRA A CHINA ESCONDE DEMOLIÇÃO DO BRASIL

O fato de Bolsonaro 02 ter apagado seu próprio twitter indica a insegurança de quem vê a realidade operando contra sua própria visão do mundo e que não encontra respaldo dentro do próprio governo.

PROVOCAÇÃO CONTRA A CHINA ESCONDE DEMOLIÇÃO DO BRASIL

PROVOCAÇÃO CONTRA A CHINA ESCONDE DEMOLIÇÃO DO BRASIL

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Beto Almeida*

Uma vez mais, o deputado Eduardo Bolsonaro, apelidado 02, provoca a República Popular da China em twitter, logo apagado, insinuando que a tecnologia de 5G de fabricação chinesa é para espionagem.  Como ele sabe, sobejamente, que o Brasil tem na China o seu maior parceiro comercial, sem outras alternativas para destinar as exportações brasileiras, o comportamento do deputado 02 só pode ser classificado como “terraplanismo econômico”, beirando a auto-sabotagem contra o Brasil, e subordinação  estilo fé cega, faca amolada, aos ditames dos EUA.

O fato de Bolsonaro 02 ter apagado seu próprio twitter indica a insegurança de quem vê a realidade operando contra sua própria visão do mundo e que não encontra respaldo dentro do próprio governo. Afinal, não só as relações bilaterais Brasil-China superam, expressivamente, o volume das relações Brasil-EUA, como a parceria com o gigante asiático tem dado todos os sinais de ampliação, diversificação e , também, qualificação. Apagou, mas não impediu que a Embaixada da China respondesse, de forma veemente, a esta mais nova hostilidade aparentemente sem sentido, mas que obedece orientação dos EUA para entorpecer as relações entre os dois membros do BRICS, tal como incentiva os conflitos que ocorrem atualmente entre Índia e China. 

Pergunta-se: se é para seguir esta orientação anti-China, por que o Brasil simplesmente não suspende suas exportações para o gigante orienta¿¿  Por que o Brasil não sai do BRICs para afastar-se não só da China como da Rússia, sendo ambos alvo de alfinetadas pueris deste pequeno círculo que envolve o Presidente da República¿  Porque não pode. Estas alfinetadas, nunca seguidas de ações práticas efetivas, revelam a debilidade deste pensamento, que contraria o imenso setor empresarial que produz e exporta para a China e também para a Rússia, ou seja, demonstrando que a realidade da economia se impõe.

Desautorização 

Novamente, a resposta indireta à provocação do deputado 02, seguida de nota conflitiva do Itamaraty,  vem pela voz do vice-presidente Hamilton Mourão, lembrando Bolsonaro filho não é governo e não fala oficialmente em nome do governo, e que,  conforme disse, já está trabalhando para normalizar e preservar as boas relações entre os dois países. Conflito. Vale dizer que  Mourão chegou mesmo vaticinar que a presença de tecnologia da empresa chinesa Hawei no Brasil já é “fato consumado” e que dificilmente teria volta atrás. O que responde, também, aquela posição do Itamaraty indicando que o Brasil não irá admitir a tecnologia 5G chinesa. Como sabemos, a China tem como persuadir o Brasil das vantagens que podem advir com a abertura para esta tecnologia, tornando ainda mais desaforada a declaração ameaçadora do Embaixador dos EUA em Brasília, que, numa clara ingerência sobre a soberania brasileira, disse que “o Brasil sofrerá graves consequências” caso opte por aceitar a tecnologia 5G chinesa. Mourão simplesmente ignorou as ameaças do embaixador intervencionista. Mesmo quando recomenda a Embaixada da China pronunciar-se por  canais diplomáticos, ao invés de redes sociais, Mourão logo complementa que as relações sino-brasileiras, coordenadas por ele oficialmente, são muito produtivas e devem ampliar-se, contrariando, no essencial, a postura que Bolsonaro Filho, vocalizando interesses dos EUA, está representando.

Atos circenses distraem a sociedade para operar a demolição do Brasil 

Estes episódios envolvendo China e EUA, na realidade, apontam para uma necessária discussão que não está ocorrendo porque a mídia empresarial brasileira simplesmente veta o debate em torno dos destinos da Nação. Bolsonaro Filho e a Nota irritadiça do Itamaraty, são peças de uma cortina de fumaça que visa tampar a inexistência de um projeto nacional brasileiro, genuinamente brasileiro, destinado a dotar o País de uma clara posição soberana para saber relacionar-se, seja com os EUA, seja com a China, mas priorizando um modelo de desenvolvimento independente, autônomo e verdadeiramente patriótico, ao invés de declarações desconcertadas, carentes de coerências, de grandeza e sobretudo, de verdadeiro patriotismo, porque não estão sintonizadas com a defesa de um Projeto de Nação Independente. Apostam em conflitos entre Brasil e China, como meio de distrair a atenção da sociedade e fazer avançar a perigosíssima subordinação do Brasil aos EUA. Com isto, os brasileiros são enrolados por estes números circenses de Bolsonaro e sua família, por uma retórica obtusa e vassala do Itamaraty, enquanto o país vai perdendo seu patrimônio essencial, as empresas estatais, as ferramentas indispensáveis para erguer um verdadeiro projeto de nação soberana. Vamos sendo, como País e povo, avassalados, destruídos, rapinados, desprovidos de consciência, de cultura própria, e de uma liderança que promova a unidade do povo em defesa da Nação Ameaçada.Algo muito mais importante e determinante na história do que ações no plano eleitoral

Mídia Brasileira veta o debate em defesa da Pátria. 

Claro que há um debate muito mais importante e decisivo para o Brasil, que os meios de comunicação brasileiros não permitem seja feito: qual o programa e a atitude política que o país precisa adotar para que não continue a ser rebaixado no cenário mundial¿ Para que não veja sua potência econômica, científica e tecnológica diminuída¿  Para que  não renuncie ao protagonismo que pode e tem que ter no cenário mundial, sem vassalagens vergonhosas, como quer o atual governo, e sem subordinação inaceitável para um país que tem todas as condições para ser verdadeiramente independente¿ O que deixou se ser! Este é o debate que a mídia brasileira, traindo a Nação, não realiza! Uma traição diária, cotidiana, substituindo a circulação de ideias verdadeiramente informativas e, portanto, libertadoras, pela deletéria profusão de vulgaridades alienantes, embrutecedoras, imbecilizantes, para um povo que ainda não se livrou, sequer, da animalesca herança da escravidão.

Os sinistros planos para a destruição do Brasil estão avançando, tragicamente. Depois do esforço nacional, que cobrou a vida de Getúlio Vargas, para montar uma Petrobras, para desenvolver uma extraordinária tecnologia própria e de vanguarda, para descobrir petróleo tanto no Iraque como no mar territorial brasileiro, nos encontramos agora na  situação de ter que admitir, duro realismo, que a maior parte do petróleo Pré-Sal já se encontra em mãos de empresas imperiais, aquelas que anunciavam que no Brasil jamais se encontraria o óleo negro, e por isso sabotaram sempre a nossa empresa estatal petrolífera, desde o seu nascimento. E tudo graças à existência da Petrobras e de sua avançadíssima tecnologia, combinada com a criminosa falta de patriotismo das elites dirigentes brasileiras!

Destruição produtiva está em marcha 

Somos obrigados a reconhecer que o poderoso e eficiente sistema elétrico brasileiro, reconhecido e admirado internacionalmente por sua competência, despois de sofrer o golpe anti-nacional privatizador de FHC, em 1995, vem continuamente perdendo sua capacidade de planejamento, de gestão, e, consequentemente, sua soberania, antes mesmo que a pá de cal seja dada, como se prepara, para privatizar e desnacionalizar o sistema Eletrobrás. Uma filosofia privatista já domina seu funcionamento, como se comprova pelo apagão anunciado que agrediu o povo do Amapá, prenúncio do que pode ocorrer com o Distrito Federal e o Rio Grande do Sul, que já estão organizando a entrega de suas respectivas empresas estatais elétricas. Não se trata apenas de uma opção empresarial, a privatização é uma exploração desmedida via tarifas   –  que  encontram-se bem mais caras pelo espírito privatista híbrido que já opera no interior do sistema estatal há anos  –  mas também é perda de soberania.  Até os Eua, pátria da filosofia privatista, mantém seu sistema elétrico nas mãos do exército, do estado, conscientes de que se trata de questão de segurança nacional.  No Brasil, suas elites operam contra o interesse nacional, contra a Pátria, tornando vulnerável um país que, face ao intervencionismo crescente no cenário internacional, também pode ser alvo de alguma agressão, para o quê não contará com eletricidade suficiente para operar seu sistema de defesa, e, especialmente porque está em marcha, desde o advento da Nova República, um processo de desindustrialização e desnacionalização.

Como irá mobilizar sua indústria de defesa sem dispor de soberania estatal sobre seu sistema elétrico¿ Como vai mobilizar sua defesa militar nacional se já não é mais senhor soberano de seu petróleo, se já não dispõe de refinarias próprias, se os oleodutos e gasodutos foram entregues ao capital estrangeiro¿¿¿ Até mesmo a indústria do etanol já não é mais majoritariamente brasileira, o que antes conferia ao Brasil uma alternativa eficaz e soberana de energia, mas que foi radicalmente desnacionalizada nos últimos 20 anos.

Privatização e desnacionalização  preparam a fragmentação do País. 

Surge agora a notícia de que também a indústria nuclear também está sob a mira da privatização e, consequentemente, desnacionalização. Não podia ser mais trágico para um país que tem uma tecnologia nuclear das mais originais e eficientes, ver um de seus cientistas idealizadores presos   –    prisão política encoberta pela acusação, sem provas, de irregularidades administrativas  –  e, ter que admitir que o Submarino Nuclear em construção, com a finalidade originária de garantir a soberania brasileira sobre as riquezas do nosso mar territorial, talvez venha a ser utilizado, para garantir a soberania dos ocupantes sobre nossas riquezas., alienadas com cobertura “legal”, o que não descarta nem anistia o crime de lesa pátria que está em marcha.

A provocação do deputado 02 contra os chineses, de alguma maneira está enquadrada nesta moldura de desnacionalização galopante da economia brasileira, revelando a marcha batida para a destruição do Brasil como Nação Soberana. Os brasileiros, os sindicatos de trabalhadores, as universidades, os cientistas e os partidos que não se renderam às aves de rapina imperiais, devem obrigatoriamente formar uma união urgente em defesa da Nação Ameaçada, e reverter este curso de demolição do estado, de privatização, de desnacionalização, sob pena de não se darem conta de que o país poderá ser fragmentado e demolido com foi a Yugoslávia, a Líbia ou Síria. Ainda é tempo!

*Beto Almeida , jornalista