Presidente do Banco Central diz que é preciso “colocar o país em recessão para recuperar credibilidade”

A declaração de Roberto Campos Neto foi feita durante coletiva sobre o Relatório Trimestral de Inflação

Presidente do Banco Central diz que é preciso “colocar o país em recessão para recuperar credibilidade”

Presidente do Banco Central diz que é preciso “colocar o país em recessão para recuperar credibilidade”

A declaração de Roberto Campos Neto foi feita durante coletiva sobre o Relatório Trimestral de Inflação

Por Marcelo Hailer

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Durante coletiva sobre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o presidente do Banco Central (BC) Roberto Campos Neto declarou que colocar o país em recessão traz credibilidade ao país.

“Os exemplos brasileiros mostram que você tem que colocar o país em recessão para recuperar a credibilidade […] tudo está muito relacionado em um país como o Brasil com herança inflacionária recente. E entendemos que, para assegurar a inflação no centro da meta, é muito bom avançar nesse processo de normatização e passar a mensagem de que vamos seguir a meta”, disse Campos Neto.

De acordo com o Relatório de Inflação do BC para este mês, a economia deve continuar em frangalhos. O BC reduziu as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, mas também declarou que ainda não trabalha com a perspectiva de inflação para 2022.

“Nós entendemos que a ancoragem da inflação é o elemento mais importante para estabilizar o crescimento de longo prazo, a parte fiscal. E nós entendemos que vamos de novo estar passando por um processo que sim, você vai ter uma elevação de juros com um crescimento na margem que não é muito elevado. Mas, nós entendemos que, se isso for eleito de forma a ter credibilidade e com transparência, esse é o melhor remédio para maximizar o que entendemos que são as condições ideais de crescimento futuro”, declarou Neto.

Inflação

O presidente do BC destacou que a meta primária da instituição é controlar a inflação.


 

“Nós entendemos que a meta do emprego e suavização dos ciclos estão muito relacionadas com a inflação em um país como o Brasil. Temos experiência de que a inflação se transforma em um imposto muito cruel para as pessoas de renda mais baixa, corrói a renda de forma assimétrica, desorganiza o setor produtivo e cria dificuldades para as empresas de funding financiarem projetos de longo prazo”, explicou Neto.

PEC dos Precatórios

 

O presidente do BC também declarou que a piora do quadro fiscal do país não está no panorama da instituição, mas que houve uma piora nas expectativas por conta da deterioração do arcabouço fiscal por conta da PEC dos Precatórios.

“Houve piora nas expectativas e quando vemos um crescimento estrutural mais baixo, ao longo dos últimos tempos, seja mais baixo, e com inflação mais elevada, há uma convergência para que o resultado final fique pior no longo prazo”, disse.

 

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Marcelo Hailer

Jornalista (USJ), mestre em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) e doutor em Ciências Socais (PUC-SP). Professor convidado do Cogeae/PUC e pesquisador do Núcleo Inanna de Pesquisas sobre Sexualidades, Feminismos, Gêneros e Diferenças (NIP-PUC-SP). É autor do livro “A construção da heternormatividade em personagens gays na televenovela” (Novas Edições Acadêmicas) e um dos autores de “O rosa, o azul e as mil cores do arco-íris: Gêneros, corpos e sexualidades na formação docente” (AnnaBlume).