Nova ordem mundial “Ladeira abaixo!”: desafios, oportunidades e conflitos armados

Nova ordem mundial “Ladeira abaixo!”: desafios, oportunidades e conflitos armados

Nova ordem mundial “Ladeira abaixo!”: desafios, oportunidades e conflitos armados

 

Em tempos de mudança global, a América do Sul se torna um cenário crucial para as relações internacionais. Embora seja uma região que a muito tempo não conhece uma guerra, as pretensões da Venezuela de buscar um território dentro da Guiana preocupa a todos. Ontem (04/02) 28 blindados enviados pelo exército brasileiro chegaram em Roraima para reforçar a fronteira com a Venezuela e Guiana. Em questão está um território fronteiriço de 160 mil quilômetros quadrados em torno do rio Essequibo, que é principalmente uma área de selva, rica em petróleo e gás offshore. A recente descoberta de cerca de 11 bilhões de barris de petróleo e gás na costa da Guiana intensificou a disputa.
Enquanto o mundo observa, os grandes atores globais ajustam suas estratégias para garantir sua influência na região

O Papel dos EUA e da China:
Os Estados Unidos, continuam a liderar o cenário mundial. No entanto, a crescente influência da China também na América do Sul que é inegável, preocupa Washington. No final de abril, o USS George Washington, o maior porta-aviões dos EUA, atracará em Buenos Aires. Esse gesto simbolizará a atenção dos EUA à região e sua intenção de enfrentar os desafios impostos pela influência chinesa.
A China é um importante parceiro comercial da Coreia do Norte, sendo o mais importante aliado comercial além de ser o seu maior parceiro em fontes de alimento armas e combustível. A Coreia do Sul é um aliado dos EUA, e qualquer ação que ameace a segurança sul-coreana pode ter implicações para a região como um todo. A China tem tentado equilibrar suas relações com ambas as Coreias e os EUA. Qualquer movimento em direção a um lado pode ser interpretado como uma escolha estratégica. A China busca evitar uma escalada militar, mas também não quer perder sua influência na península coreana.

A União Europeia a Grã-Bretanha e os EUA:
A Grã-Bretanha, em sua saída da União Europeia em 2020, demonstrou uma escolha estratégica. Optou por permanecer alinhada aos EUA, em vez de permanecer dentro da UE com seus 27 países membros, que com seus problemas poderiam carregar prejuízos para a dentro de seu território. Essa decisão reflete a busca britânica por parcerias que melhor atendam aos seus interesses globais. No entanto todos – UE, Grã-Bretanha, Canada e EUA – estão juntos dentro da OTAN formando um bloco, cujo acordo obriga retaliação de todos se um território de um de seus membros for invadido. É dentro deste conjunto que o mundo todo pode cair em uma guerra global.

O BRICs Plus e a Multipolaridade:
O BRICs Plus, composto por China, Rússia, Brasil, África do Sul, Índia, Egito, Arábia Saudita, Irã, Etiópia e Emirados Árabes Unidos, está emergindo como um bloco econômico poderoso. Estudam a criação de uma moeda própria e em muitos casos, já usam suas próprias moedas de trocas abandonando a passagem de seus negócios via dólar americano.
Com seu próprio banco, liderado pela ex-presidente Dilma Rousseff, os BRICs estão explorando trocas comerciais em suas moedas locais, fortalecendo sua independência financeira.

O Dólar e a Hegemonia Planetária:
Os Estados Unidos têm interesse em manter a América Latina vinculada ao dólar, especialmente o petrodólar. Isso sustenta sua hegemonia global, coisas que fazem há mais de 100 anos na América Latina.
No entanto, a diversificação das moedas de comércio internacional é uma tendência crescente, e a América Latina está intensificando alternativas, junto com seus parceiros do BRINCs.

Acordos e Relações Internacionais:
Os países europeus, incluindo espanhóis, portugueses, ingleses, franceses e holandeses, que foram os principais colonizadores estavam considerando renovar as suas relações comerciais com o Mercosul. No entanto os recentes protestos comandados pelos agricultores a partir de Bruxelas, contaminaram negativamente para quaisquer negociações em favor do Mercosul. As crises na Europa cresceram com as Guerras entre a Rússia e Ucrânia, Israel e Hamas, que mesmo a União Europeia tendo aprovado no último dia de janeiro uma ajuda a Ucrânia de US$.50 bilhões, já decidiram que irão reduzir compras de grãos da Ucrânia para proteger seus produtores.

Protestos nas principais capitais europeias mostram que os cidadãos estão atentos às decisões de seus governantes. Em resumo, a América do Sul está no centro das mudanças globais e tem que viver com esses novos tempos de incertezas. O atual governo da Argentina destoa dos demais, sendo um fato desagregador do Mercosul onde é o segundo em importância econômica no continente. Cabe aos líderes regionais tomar decisões estratégicas que beneficiem seus povos e promovam a cooperação internacional e a paz.

Em resumo, embora não estejamos enfrentando uma Terceira Guerra Mundial nos moldes das guerras anteriores, os perigos e as tensões estão presentes. A diplomacia, a cooperação internacional e a busca por soluções pacíficas são essenciais para evitar um cenário catastrófico.

Por Guilhobel A. Camargo – Gazeta de Novo