Manchetes de domingo 9 de outubro de 2022

Manchetes de domingo 9 de outubro de 2022

Edição de Chico Bruno  

 

Manchetes de domingo 9 de outubro de 2022


FOLHA DE S.PAULO – 10% decidiram voto no fim de semana

 

O GLOBO – Bolsonaro avançou mais em cidades que dependem do Auxílio

 

O ESTADO DE S.PAULO – Com disputa apertada no 2º turno, cresce peso da abstenção

 

CORREIO BRAZILIENSE – Pauta conservadora deve dominar bancadas do DF

 

Destaques de primeiras páginas, fatos e bastidores mais importantes do dia

 

Decisão em cima da bucha - Um em cada dez eleitores diz ter definido o voto para presidente da República apenas na véspera do primeiro turno ou no próprio dia da eleição, mostra pesquisa Datafolha. De acordo com o instituto, os maiores percentuais de escolha tardia estão entre os que dizem ter votado em Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT). No primeiro caso, 25% afirmam ter se decidido apenas no sábado (1º) ou no domingo (2); no segundo caso, 18%. Entre os eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) houve um grau maior de convicção precoce. Apenas 8% dos entrevistados dizem ter escolhido o petista no final de semana eleitoral, taxa que é de 7% entre os que afirmam ter votado no atual presidente. No outro lado da moeda, 83% dos entrevistados que dizem ter votado em Lula e 86% dos que apontam Bolsonaro como sua escolha no primeiro turno afirmam que tinham resolvido em quem votar pelo menos um mês antes da eleição. No segundo turno entre Lula e Bolsonaro, de acordo com o Datafolha, 93% dos eleitores se dizem totalmente decididos sobre o voto para presidente, enquanto 7% afirmam que a escolha ainda pode mudar. Tamanho grau de convicção é uma exceção nas eleições brasileiras. Neste ano, houve recorde de eleitores indicando o voto na avaliação espontânea, em que não são apresentados os nomes dos candidatos pelos pesquisadores. Uma semana antes do pleito, o índice chegava a 83%, contra 65% em 2018, na mesma altura da disputa. A pesquisa foi realizada de quarta-feira (5) a sexta (7) e tem margem de erro de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. O instituto ouviu 2.884 eleitores em 179 municípios, num levantamento contratado pela Folha e pela TV Globo.

 

Ajuda do Auxílio - O presidente Bolsonaro (PL) conquistou nos municípios onde a maioria da população recebe o Auxílio Brasil cerca de metade (52%) do 1,76 milhão fde votos que obteve a mais no primeiro turno em comparação com 2018. O país tem 1.455 cidades nessa situação, e votação dele cresceu em 1.241 delas, oito em cada dez. Ainda assim, Bolsonaro perdeu para Lula (PT) em 97% das cidades altamente dependentes do benefício. A maioria delas está no Nordeste, onde Lula teve a maior vantagem na votação. Hoje, o programa atende 20,6 milhões de famílias e chegará a 21,1 milhões antes do segundo turno, dia 30.

 

De olho na abstenção - Qual o possível impacto da abstenção no total de votos de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno? Análise estatística feita pelo diretor da Analítica Consultoria, Örjan Olsén, aponta que se pode ganhar até 0,5% de votos válidos com o seu crescimento – considerando que ele dificilmente ultrapassa 3% de um turno a outro. Isso significa que a abstenção só teria poder de definir a atual eleição em caso de acirramento da disputa. Enquanto bolsonaristas apostam nisso para virar o jogo, o combate à abstenção virou obsessão entre petistas.

 

Brasília conservadora - Partidos aliados de Jair Bolsonaro elegeram no DF 13 representantes para o Senado e as câmaras dos Deputados e Legislativa. Destaque para a senadora eleita Damares Alves (Republicanos) e os deputados federais reeleitos Bia Kicis (PL) e Júlio César (Republicanos). Questões como criminalização do aborto, o ensino em casa e também ações de monitoramento do Supremo Tribunal Federal (STF) estarão no foco. Para especialistas, os assuntos progressistas devem ser reduzidos nos próximos anos, dando lugar a temas ligados à moral e aos costumes.

 

Se não pode combatê-los, junte-se a eles - Mergulhado na campanha de Jair Bolsonaro, o presidente da Câmara, Arthur Lira, já ouviu de aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que não se preocupe. Ainda que o presidente não consiga virar a eleição, o petista não vai querer marola na largada de seu governo, caso seja eleito. Afinal, dada a composição do Congresso, o petista precisará de um presidente da Câmara que ajude a segurar uma maioria de centro-direita. Os fiéis escudeiros de Lira receberam essa possibilidade de apoio a mais dois anos de mandato para o alagoano na Presidência da Câmara com certa desconfiança. Afinal, a turma mais afinada com Lula no Centrão nutre uma certa expectativa de poder, caso o Planalto mude de mãos. Essa corrida, aliás, já começou.

 

O que a Folha pensa - Ainda líder de uma corrida presidencial que se tornou mais acirrada e complexa, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) insiste na soberba de amparar sua postulação eleitoral apenas na vasta rejeição popular a seu adversário e incumbente, Jair Bolsonaro (PL). O ex-presidente parece esperar que o retorno ao Planalto se dê por mera gravidade, ou pelo reconhecimento de feitos passados. Ou, ainda, porque os eleitores nada mais teriam a perder e estariam propensos a endossar qualquer alternativa ao quadro atual. Os resultados do primeiro turno deveriam ter bastado para que Lula descesse desse pedestal...

 

Geddel debocha de derrota de desafeto Calero - O ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB) debochou nas redes sociais de seu desafeto Marcelo Calero (PSD-RJ), que não se reelegeu deputado federal. "O povo do RJ descobriu o farsante vaidoso e o mandou para casa", escreveu. Em 2016, Calero, então ministro da Cultura, disse que Geddel, que ocupava a pasta de Secretário de Governo de Michel Temer (MDB), pressionou-o a liberar um empreendimento em Salvador onde tinha um apartamento, apesar de parecer contrário do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Em decorrência do episódio, Geddel precisou deixar o cargo. 

 

Senado conta com Moro na base do governo - O senador eleito Sergio Moro (União-PR) conversou por telefone com o líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ). O parlamentar afirmou que, apesar das divergências do passado, acredita ser possível contar com o ex-juiz como um integrante da base aliada no Congresso. "Disse a ele no telefone que o que nos aproxima é maior do que o que nos afasta", relatou Portinho, referindo-se ao combate à corrupção. Moro afirmou na terça-feira (4) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não é uma opção eleitoral para o país e declarou apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno. "Lula não é uma opção eleitoral, com seu governo marcado pela corrupção da democracia. Contra o projeto de poder do PT, declaro, no segundo turno, o apoio para Bolsonaro", afirmou no Twitter. Bolsonaro disse ter tido uma conversa "bastante amistosa" com o ex-desafeto. "Apaga-se o passado e qualquer divergência porventura ocorrida. Sergio Moro foi uma pessoa que mostrou realmente o que era corrupção no Brasil, levando dezenas de pessoas a condenações, e deu uma nova dinâmica, muita esperança ao Brasil naquele momento", disse.

 

Mais 5 diretórios do MDB devem aderir a Lula - De quatro a cinco diretórios do MDB devem declarar apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno. O cálculo é do senador Renan Calheiros (AL), uma das principais lideranças da ala lulista do partido. Os novos estados se somam a outros 11 que já estavam com o petista na primeira etapa das eleições. Entre as novas adesões, está o diretório de Mato Grosso do Sul, onde o emedebista André Puccinelli ficou em terceiro lugar para o governo, com 17% dos votos. O apoio é considerado importante devido à prevalência do eleitor ligado ao agronegócio no estado. Para Renan, a declaração de apoio de Tebet é importante "para dar um norte aos 4% que ela teve de votos". Ele diz que a senadora fez uma bela campanha, com bom desempenho nos debates, e que isso não é nenhuma surpresa porque ela sempre foi uma boa parlamentar. O senador minimizou apoios conquistados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no Sudeste, como o dos governadores Claudio Castro (PL) e Romeu Zema (Novo) porque não são novos apoios. "Ninguém vira bolsonarista do dia para noite, por acaso. Essa turma já vem de longa data."

 

Bolsonaro fica isolado no Círio de Nazaré - O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, e as deputadas federais Carla Zambelli (PL-SP) e Bia Kicis (PL-DF) estiveram neste sábado (8) a bordo da Corveta da Marinha Garnier Sampaio, embarcação que leva a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré, e ficaram isolados no Círio Fluvial, em Belém. Esta é a segunda vez que o presidente acompanha a festa —a primeira foi em 2015, quando ainda era deputado. Bolsonaro embarcou no navio por volta das 6h30 e foi direto para a sala de comando —não chegou a se aproximar, em nenhum momento, da padroeira dos paraenses. A procissão pelas águas da baía do Guajará faz parte das 13 romarias do Círio de Nazaré, considerada uma das maiores festas religiosas católicas do mundo. Após recados críticos no dia anterior da própria Arquidiocese de Belém, que disse não ter convidado o presidente e criticou qualquer uso político do evento, Bolsonaro deixou o local sem discursar. Em rede social, Bolsonaro compartilhou uma foto para mostrar a seus seguidores que estava em Belém, com a legenda "Sírio" de Nazaré. A foto do post foi apagada e republicada sem o erro de grafia. O Planalto informou à Folha que Bolsonaro foi à capital paraense como chefe de Estado para participar do Círio. A Marinha do Brasil preferiu não comentar.

 

Institutos de pesquisa são alvo de políticos há mais de 30 anos - Os institutos de pesquisa, especialmente Datafolha e Ipec, têm sido alvo de ataques nos últimos dias. O presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados reclamam enfaticamente do descompasso das pesquisas de véspera em relação aos resultados da eleição divulgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Na quinta (6), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que vai votar na próxima semana um projeto de lei sobre prazos de pesquisas eleitorais. Também afirmou que a instalação de uma CPI sobre os institutos deve acontecer assim que as assinaturas forem colhidas. Dois dias antes, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, disse que encaminhou à PF (Polícia Federal) um pedido para abrir inquérito sobre os institutos de pesquisas eleitorais. Além disso, a campanha de Bolsonaro tinha acionado a Procuradoria-Geral Eleitoral e o TSE contra os institutos. Diante da sequência de ataques, a Abep (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa) divulgou comunicado no qual diz haver "tentativas de judicialização e politização" nas eleições brasileiras contra as empresas de pesquisa de intenção de voto. "Instituto de pesquisa é como juiz de futebol: seja qual for o resultado, a mãe dele sempre será xingada", diz, em tom bem-humorado, Carlos Augusto Montenegro, diretor do Ibope por mais de 30 anos e atualmente um dos acionistas do Ipec.

 

‘A gente acredita que o Lula já chegou no teto’ - Após o presidente Jair Bolsonaro (PL) arregimentar apoios de governadores eleitos, o ministro das Comunicações, Fábio Faria (PP), diz confiar numa virada no segundo turno. Para ele, o presidente consegue avançar no Sudeste – região considerada prioritária –, mas também no Nordeste, onde, conforme sua avaliação, deputados que fizeram campanha colados no expresidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) agora poderão angariar votos para Bolsonaro, já que não são mais candidatos. Embora tenha se mantido no governo, Faria integra um núcleo próximo de assessores do presidente na campanha. Nesta entrevista ao Estadão, ele aposta que Lula atingiu um teto e que ainda há votos úteis que caminham para Bolsonaro. O ministro se tornou um crítico dos institutos de pesquisa e pediu para que as pessoas não respondam levantamentos eleitorais. “Os grandes apoios estão do lado do presidente. O voto da Simone Tebet que ia para o Lula a gente já mediu e foi no primeiro turno. Nas nossas pesquisas, Lula não teve aumento de votos.” “Pedi para não responderem (pesquisas de intenção de voto) porque (os institutos) erraram. Nossas pesquisas dando 2 ou 3 pontos e eles soltaram 17 de diferença.”

 

‘É perigoso um segundo mandato de Bolsonaro’ - Uma das lideranças empresariais mais engajadas na questão ambiental, o empresário Guilherme Leal, cofundador da Natura, sabe que as mudanças positivas na sociedade dependem da política. Tanto é assim que, em 2010, ele foi vice na chapa de Marina Silva à Presidência da República. Em entrevista ao Estadão na sexta-feira, ele afirmou que esse envolvimento direto nas eleições ficou para trás, mas isso não quer dizer ficar isento politicamente, especialmente em um momento em que vê riscos à democracia com uma eventual reeleição de Jair Bolsonaro (PL): “Eu acho que um segundo mandato (de Bolsonaro) é perigoso.” Diante dessa apreensão, Leal afirmou que seu voto é de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 30 de outubro, embora tenha críticas às gestões petistas no que se refere à condução da economia, especialmente no governo de Dilma Rousseff. Ele também apontou a tendência do PT de “olhar para trás” na hora de governar, mas vê uma oportunidade para o petista em um eventual novo mandato: “Lula tem chance de ser um líder mundial na questão ambiental”. O empresário disse que o mundo espera que o Brasil retome o papel de liderança na agenda de preservação do planeta. Ele afirmou que esse protagonismo do País nas discussões globais sobre o clima é nulo caso Bolsonaro seja reeleito e disse que, no exterior, a mudança de percepção sobre o Brasil é bastante clara: “O País deixou de ser protagonista nos acordos climáticos para se tornar um pária (na questão ambiental)”.

 

Huck avalia declarar voto em Lula - Emissários do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva procuraram o apresentador Luciano Huck, consultando sobre seu voto no segundo turno, mas ele cobra uma “âncora programática” e tem criticado, no seu grupo de estudos sobre o Brasil, a falta de propostas, de clareza e de sinalização sobre a equipe de um eventual governo. Nas reuniões, Huck deixa claro que tende para Lula, mas se diz contra “um movimento de adesão de graça, no escuro”. Segundo seus interlocutores, Huck considerou que o apoio da ex-candidata Simone Tebet foi o mais importante e objetivo para a campanha de Lula, mas ele discorda da forma. Acha, por exemplo, que Lula perdeu uma ótima chance de mostrar o tipo de políticos que quer para compor seu governo. Bastaria convidar Tebet para o Ministério da Agricultura, por exemplo. Mesmo que ela dissesse não, como previsto, estaria dada uma sinalização importante de que ele não promoverá uma guinada à esquerda no campo.

 

TSE determina retirada de post sobre Lula e Ortega - O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Paulo de Tarso Sanseverino determinou ao Twitter e ao Facebook a retirada de 31 publicações que associam o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, ao ditador da Nicarágua, Daniel Ortega. Dentre as publicações atingidas pela decisão - do dia 2, data do primeiro turno de votação - está um post do jornal paranaense Gazeta do Povo. A maioria dos posts removidos pela decisão é de aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. Entre eles, publicações do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). A decisão de Sanseverino foi tomada a partir de ação ajuizada pela campanha de Lula. O ministro concluiu no seu despacho que as publicações continham “conteúdos manifestamente inverídicos em que se propaga a desinformação de que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a invasão de igrejas, perseguiria os cristãos, bem como apoiaria a ditadura da Nicarágua”. As redes tiveram 24 horas para a suspensão das informações falsas sob pena de multa diária de R$ 10 mil.

 

Michelle diz que eleição é ‘guerra espiritual’ - A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, afirmou durante culto em Goiânia neste sábado que a disputa eleitoral do Brasil em 2022 é uma “guerra espiritual”, repetindo um discurso que havia sido feito pela ex-ministra e senadora eleita pelo Distrito Federal, Damares Alves. A dupla estava acompanhada de outras parlamentares, neste que foi o primeiro evento do grupo Mulheres com Bolsonaro, que terá outros eventos em capitais do país nos próximos dias. Michelle disse que, apesar de o marido, o presidente Jair Bolsonaro, ser católico, ela, como serva de Deus, tem consciência do mundo espiritual: — Aí entende que não é uma guerra política, como foi bem colocado aqui, é uma guerra espiritual, onde a gente luta contra a luz das trevas, contra o mal que quer ser instalado no nosso país. E a gente vê como o inimigo é sujo, é astuto, agindo dentro da casa do Senhor — afirmou Michelle durante culto na Assembleia de Deus Ministério Fama. A primeira-dama ainda disse que ela e o marido querem a reeleição não por “status” ou porque é “chique”, mas para dar continuidade ao trabalho.