João Vicente Goulart: Não é hora de comemorar

João Vicente Goulart: Não é hora de comemorar

João Vicente Goulart: Não é hora de comemorar

 Por   Publicado em 31 de março de 2020

Reprodução

É impressionante ver de novo, militares comorarem o golpe em nome da democracia. O posicionamento do General Mourão parece saído da profundidade dos gritos surdos dos porões das torturas, parece haver saído do embuste que até hoje preconizam nesta data, na ordem do dia dos quartéis, na contramão da história que continua a atiçar a prepotência contra o povo brasileiro. Povo este que sofreu durante 21 anos e foi amordaçado, subjugado, pelas feridas das baionetas promovidas pelo golpe de 1964, contra a Constituição brasileira.

Comemorar o dia da mentira, pois o golpe se dá na verdade no dia 1º de abril, não é somente uma demência histórica, como uma completa falta de visão diante da tragédia que o Brasil está vivendo com a evolução do cornoavirus, que poderá levarmos a um descontrole social, econômico e político.

As palavras demonstradas hoje pelo General Mourão, nos mostra a incapacidade do mesmo de raciocinar como vice-presidente eleito, e continuar a pensar trogloditamente como os velhos gorilas de 1964.

Ao permitir que ordem do dia nos quartéis fale em seu boletim, “o 31 de março foi um marco para a democracia”, mostra que nossos militares, mesmo aqueles eleitos pela força do voto, não estão preparados para respeitar a democracia plena, nem dialogar com as forças políticas antagônicas a este pensamento, caso tenhamos um desfecho institucional, que exija o cumprimento constitucional.

Ora, que marco seria esse?

A democracia que eles se referem é o marco para a instalação da ditadura, para a barbárie da tortura, para as cassações de mandatos designados pelo povo, para as perseguições e prisões por crime de opinião, para desaparecimento e sequestro de pessoas que se encontravam sob a tutela do Estado, para a instalação da censura, para a corrupção sem o noticiamento devido a opinião pública, para o banimento e exílio de brasileiros, para o fechamento do Congresso Nacional, para a cassação de Ministros do Supremo Tribunal Federal, para todo tipo de arbítrio que a prepotência dos canhões e botinas, permitem quando não se tem que prestar contas ao povo brasileiro.

Saiba ele, o General Mourão, que a sociedade brasileira tem plena consciência de precisamos desarmar os espíritos controversos neste momento de tragédia sanitária.

Não é hora de comemorar golpes, já revelados pela nossa academia.

Está na hora de ressuscitar soldados, como o General Lott.

João Vicente Goulart.

Diretor Pte.-IPG Instituto João Goulart