Fim de ano transforma o DF com centenas de famílias carentes nas ruas

A reportagem do Metrópoles circulou pelas ruas do DF e percebeu aumento no número de barracas espalhadas próximo às vias

Fim de ano transforma o DF com centenas de famílias carentes nas ruas

Distrito Federal

Fim de ano transforma o DF com centenas de famílias carentes nas ruas

A reportagem do Metrópoles circulou pelas ruas do DF e percebeu aumento no número de barracas espalhadas próximo às vias

Felipe Torres

 

 

Foto: Arthur Menescal/Especial Metrópoles

“Só das doações que a gente recebe, vale a pena [acampar nas ruas]”, é o que acredita Maria de Lourdes de Jesus, de 44 anos. Há 3 anos, durante as festas de fim de ano, a catadora se muda com a família para um terreno descampado na L2 Norte, próximo ao acesso à via L4, em busca de doações a fim de atravessar os meses de dezembro até abril.

 

Atualmente, a família de 20 pessoas reside em uma invasão perto do Iate Clube, dentro de uma mata. “Viemos na sexta (3/12) para passar o mês e vamos ficar até a virada do ano”, conta.

 

O grupo é apenas um entre muitos acampamentos levantados às margens de algumas vias do Distrito Federal durante dezembro. O objetivo é receber donativos – roupas, cestas básicas, brinquedos, entre outros materiais. Segundo a matriarca da família de catadores, recorrer às doações é a solução para a baixa no preços de reciclados neste período. “Para quem trabalha na área, é complicado. Tem dia que chove e a gente não ganha nada”, detalha.

 

cachorro pitbull filhote - pantera

Pantera é uma das cadelas que integra o grupoFoto: Arthur Menescal/Especial Metrópoles

homem beija mulher em pé ao lado de barraca

Maria de Lourdes de Jesus e Osnailton Ferreira de Araújo montaram acampamento próximo a uma das vias centrais do Plano Piloto para receber doações de fim de anoFoto: Arthur Menescal/Especial Metrópoles

homem fica em pé ao lado de mulher que está sentada

A expectativa é de que a família de 20 pessoas fique acampada até o ano que vem

Foto: Arthur Menescal/Especial Metrópoles

homem sentado na entrada de uma barraca

Apesar de receberem algumas doações, a renda cai por causa da pausa na atuação como catadoresFoto: Arthur Menescal/Especial Metrópoles

mulher sentada na entrada de barraca

Membros de uma cooperativa, cada trabalhador recebe cerca de R$ 400 por quinzenaFoto: Arthur Menescal/Especial Metrópoles

restos de fogueira

Segundo o casal, isso não é suficiente para atravessar o período entre dezembro e abril, intervalo em que o preço dos recicláveis diminuiFoto: Arthur Menescal/Especial Metrópoles

barracas de lona em acampamento

Por isso que há 3 anos eles se mudam para um terreno descampado próximo ao acesso à via L4 Norte, ao lado da via L2 NorteFoto: Arthur Menescal/Especial Metrópoles

cachorro pitbull filhote - pantera

Pantera é uma das cadelas que integra o grupoFoto: Arthur Menescal/Especial Metrópoles

homem beija mulher em pé ao lado de barraca

Maria de Lourdes de Jesus e Osnailton Ferreira de Araújo montaram acampamento próximo a uma das vias centrais do Plano Piloto para receber doações de fim de ano. Foto: Arthur Menescal/Especial Metrópoles

Para o companheiro de Maria de Lourdes, Osnailton Ferreira de Araújo, 39 anos, os donativos ajudam, mas não resolvem o problema. “Mesmo que venham os alimentos, a renda abaixa”, pontua. Até a visita da reportagem, a família havia recebido cestas básicas, roupas e alimentos.

Membros de uma cooperativa de catadores, cada trabalhador ganha cerca de R$ 400 por quinzena. Para Maria de Lourdes, o preço dos alimentos é outro fator que atrapalha. “O arroz está caro, o óleo também. Está tudo caro, como que faz uma feira?”, questiona.

A rotina da família

Com uma estrutura improvisada, os alimentos trazidos pela família e os recebidos são preparados no local. O acampamento é simples. São nove barracadas montadas a partir de lonas e outros materiais recolhidos durante as jornadas de catador, bem como um “banheiro” mais afastado da área. Além disso, duas cachorrinhas, Priscilla e Pantera, compõem parte do grupo.

A rotina da família é basicamente esperar por doações. “A gente vê que a pessoa quer parar, mas por conta do trânsito e da falta acostamento, não consegue”, pontua a catadora.

Além de saídas ocasionais para tentar um trocado nos semáforos próximos, uma forma de distrair as crianças é dar pontapés ocasionais em uma bola de futebol. No entanto, a principal atividade é a conversa. Todos ficam em torno da “cozinha” para comentar as novidades do dia. Um assunto, contudo, sempre permeia as discussões: a possível chegada do DF Legal no acampamento.