Covid: entenda se as vacinas bivalentes podem levar ao fim da pandemia

Covid: entenda se as vacinas bivalentes podem levar ao fim da pandemia

Covid: entenda se as vacinas bivalentes podem levar ao fim da pandemia

Especialistas em infectologia avaliam os impactos das vacinas atualizadas contra a variante Ômicron no futuro da pandemia

Bethânia Nunes

 

Imagem colorida: enfermeira usando luvas azuis preparam vacinas - Metrópoles

Getty Images

O Ministério da Saúde deve divulgar nos próximos dias uma nota técnica com o cronograma de distribuição dos primeiros lotes da vacina bivalente contra a Covid-19 desenvolvida pela Pfizer. A expectativa é que o imunizante, que oferece proteção contra a variante Ômicron do coronavírus, chegue ao país ainda em dezembro.

vacina atualizada é aguardada com ansiedade por brasileiros que esperam por um reforço mais potente contra a variante que se tornou dominante em todo o mundo no último ano, especialmente no momento em que os casos diários de Covid-19 voltam a disparar no país. Mas será que elas são suficientes para levar o mundo ao fim da pandemia de Covid-19?

 

O vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Cláudio Maierovitch, ex-presidente da Anvisa e médico sanitarista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), explica que com a versão atualizada é esperada uma proteção contra doença grave e morte semelhante à que as atuais vacinas trouxeram contra as variantes anteriores. Além disso, elas podem contribuir para diminuir a transmissão viral. “Mas não nos conduzirão para o fim da pandemia”, afirma.

O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, também avalia que o fim da situação de emergência internacional não virá simplesmente pela vacina. “Nada muda da noite para o dia. Ela vem para mudar os desfechos, proteger os indivíduos do coronavírus que circula”, diz o médico.

O reforço desenvolvido pela Pfizer/BioNTech tem como alvo a cepa original do coronavírus encontrada em Wuhan, em 2020, e as subvariantes BA.4/BA.5 da Ômicron, responsáveis pela maioria dos casos no mundo no momento.

Um grande estudo feito nos Estados Unidos com aproximadamente 360 mil pessoas mostrou que as vacinas bivalentes desenvolvidas com a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) oferecem maior proteção contra as subvariantes em circulação em pessoas que receberam até quatro doses do imunizante de versão mais antiga.

Mas Kfouri pondera que é preciso aguardar mais pesquisas para entender por quanto tempo elas protegerão a população. Estudos mostram que a taxa de imunidade conferida pelas vacinas em uso atualmente começa a cair no intervalo de quatro a seis meses após a última dose.

O representante da SBIm lembra também que outros fatores têm grande influência no desfecho da pandemia. “Depende da duração da imunidade que elas vão oferecer, a possibilidade da circulação de uma nova variante e novas ondas. É uma combinação de fatores”, explica.

Maierovitch acrescenta que é importante garantir que a população tome todas as doses disponíveis para a sua faixa etária e/ou condição, criando uma resposta imunológica mais robusta contra o vírus, além de não abandonar os cuidados complementares.

“Se conseguirmos altas coberturas vacinais, incluindo todos os reforços, mantivermos máscaras e outros cuidados, poderemos manter em níveis baixos os casos graves e óbitos”, afirma.

Dor abdominal, diarreia, náusea ou vômito são outros sintomas que podem surgir. Apesar de menos comuns na Ômicron, esses sintomas podem aparecer quando acompanhados por outros sinais da infecção viral, como complicações gastrointestinais, dor de garganta ou perda de paladar e olfatoboonchai wedmakawand/ Getty Images

Na ilustração colorida, vários vírus são representado

Com cerca de 50 mutações e presente em mais de 140 países, a Ômicron é considerada a variante mais infecciosa e tem sido a responsável pela terceira onda da Covid no mundoGetty Images

 

Em relação à virulência da cepa, os dados são limitados, mas sugerem que ela pode ser menos severa que a Delta, por exemplo. Contudo, ainda que menos grave, o fato de a variante se espalhar mais rápido tem sobrecarregado os sistemas de saúdeAndriy Onufriyenko/ Getty Images

 

Por isso, saber identificar os principais sintomas da doença é necessário para assegurar sua saúde e de quem você ama

Febre, dor constante na cabeça e garganta, calafrios, tosse, dificuldade para respirar e elevação na frequência cardíaca em crianças são alguns dos sintomas identificados por pesquisadores em pessoas infectadas pela Ômicron

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Na imagem colorida, uma mulher está posicionada à direita. Ela está cabisbaixa, usa blusa azul e calça preta

Além desses sintomas, é importante desconfiar da infecção por Covid-19 se apresentar fadiga -- apontado em estudos como um sinal precoce da infecção pela variante Ômicron e que tem sido confundido com outras condiçõesHinterhaus Productions/ Getty Images

Na imagem colorida, um homem está sentado em uma cama com as mãos na cabeça

Dores musculares por todo o corpo também é comum. É um sinal de que o organismo está tentando combater o vírusPaul Bradbury/Getty Images

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Na imagem colorida, uma pessoa está posicionada no centro. Ele está sentado em uma cadeira em frente a uma mesa com comida. Está com uma das mãos na cabeça enquanto olha para um prato com comida

Perda do apetite pode aparecer. Estudos apontam que este é um sintoma recorrente entre os pacientes infectados pelas variantes Delta e ÔmicronDjelicS/ Getty Images

Na imagem colorida, uma pessoa está posicionada no centro. Ela usa camiseta clara e está com as mãos sobre a barriga

Dor abdominal, diarreia, náusea ou vômito são outros sintomas que podem surgir. Apesar de menos comuns na Ômicron, esses sintomas podem aparecer quando acompanhados por outros sinais da infecção viral, como complicações gastrointestinais, dor de garganta ou perda de paladar e olfatoboonchai wedmakawand/ Getty Images

Na ilustração colorida, vários vírus são representado

Com cerca de 50 mutações e presente em mais de 140 países, a Ômicron é considerada a variante mais infecciosa e tem sido a responsável pela terceira onda da Covid no mundoGetty Images

Indicação de uso

No Brasil, a fórmula bivalente tem a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso emergencial em toda a população com 12 anos ou mais como dose de reforço. Nos Estados Unidos e em países da União Europeia, ela já pode ser aplicada em todos com 5 anos ou mais.

Quando as primeiras doses chegarem ao Brasil, espera-se que elas sejam destinadas primeiro às populações mais vulneráveis, como idosos, gestantes e pessoas com o sistema imunológico comprometido.

Em nota enviada ao Metrópoles, o Ministério da Saúde afirma que a estratégia de imunização com as vacinas bivalentes, assim como os grupos que serão priorizados, estão em processo de definição pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). As orientações para a aplicação da vacina e o cronograma de distribuição serão formalizados em nota técnica aos estados nos próximos dias.

A pasta reforça que as doses disponíveis atualmente, de vacinas monovalentes, continuam a oferecer proteção contra casos graves da doença e óbitos. “Os brasileiros devem procurar os postos de vacinação mesmo após o prazo para a dose de reforço”, lembra.