EM MEIO A AGRESSÕES, VOTAÇÃO DE PROIBIÇÃO DO ABORTO É ADIADA NA CÂMARA

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ABORTO NO BRASIL

EM MEIO A AGRESSÕES, VOTAÇÃO DE PROIBIÇÃO DO ABORTO É ADIADA NA CÂMARA

Após brigas dentro e fora da comissão de direitos da mulher, projeto que proíbe todas as formas de aborto recebeu pedido de vistas.

Após mais de quatro horas de discussão, a Comissão de Direitos da Mulher na Câmara dos Deputados acatou um pedido conjunto de vistas ao projeto de lei que institui o estatuto do nascituro, criminalizando todas as formas de aborto permitidas na atual legislação. Com isso, a votação fica adiada. A discussão, porém, contou com agressões físicas e verbais dentro e fora do colegiado.

A própria reunião foi assunto de revolta entre as deputadas de oposição, com a votação pautada em horário fora do usual (começando pela manhã) e tendo o projeto como seu único item de discussão. O clima piorou no início dos debates, com a decisão da presidente da comissão, Policial Kátia Sastre (PL-SP), de não permitir a entrada do público, mantendo a votação em portas fechadas.

Do lado de fora da comissão, representantes de movimentos contrários ao projeto observavam a discussão em conjunto das militâncias dos partidos. No início da tarde, um manifestante pró-Bolsonaro foi até o local e acertou um soco no rosto de uma apoiadora do Psol. Em nota, a líder da bancada, Sâmia Bomfim (SP), se manifestou sobre o ocorrido. “O método dessa corja é a violência contra as mulheres, dentro e fora do parlamento. Vamos exigir o rigor da lei, não passarão!”, declarou.

 

No lado de dentro, o debate evoluiu para um confronto entre o deputado Pastor Sargento Isidório (Avante-BA), defensor do projeto, e a deputada Vivi Reis (Psol-PA), contrária. O projeto estabelece mecanismos que comprometem o acesso de mulheres à fertilização in vitro, modalidade constantemente adotada por casais Lgbt+ para ter filhos. Vivi Reis, identificada como bissexual, criticou o trecho.

Fora do microfone, Isidório disse à deputada que ela não teria que se preocupar “se fizesse as coisas direito”. O repúdio dela e de sua bancada foi imediato. “Quer dizer que eu não posso ser mãe? Que eu não posso lutar pelos nossos direitos? (…) Não vou aceitar essa atitude Lgbtfóbica. (…) Não vou mais aceitar esse tipo de violência nesse plenário”, exclamou a deputada.

Mais tarde, Isidório negou ter tentado ofender a parlamentar. “Quem me conhece sabe que eu não me envolvo com essa questão de fobia nenhuma, eu sou a favor da vida em todos os ângulos. (…) Ela deve ter me interpretado mal. (…) Eu respeito deputados e deputadas, assim como respeito todos os funcionários dessa casa”, declarou.

Sem outro item em pauta, o pedido de vistas resultou no encerramento da reunião.

 

 

AUTORIA

Lucas Neiva

LUCAS NEIVA Repórter. Jornalista formado pelo UniCeub, foi repórter da edição impressa do Jornal de Brasília, onde atuou na editoria de Cidades.

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