Mirem-se no exemplo daquelas mulheres

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres

 

 COLUNA Em JUSTIÇA

Chico Buarque, em seu genial disco Meus Caros Amigos, no auge da nefasta ditadura civil-militar de 1976, ousou mandar notícias sobre o Brasil que matava pessoas, torturava esperança, desaparecia corpos, exilava existências, censurava resistências e, na pirueta do calabouço, escondia a mutreta que corrompia sem pirraça. Fustigou ainda, sem choros ou perfumes inebriantes, a hipocrisia da sociedade machista que, em nome da tradição, da família e da propriedade, aprisionava as atenienses nascidas no Brasil, que viviam pros seus maridos, nas mais duras penas.
Naquela página infeliz da nossa História, o estruturado patrimonialismo patriarcal seguia passando, como passagem desbotada na memória.

Ele fincara e fincou as suas garras na nossa Pindorama, desde o distante 22 de abril de 1500, sob o comando do português Pedro Álvares Cabral e dos homens a bordo das treze caravelas europeias. Os homens que logo escravizariam os povos originários e os nascidos da Mãe África, eram os mesmos que já oprimiam as mulheres, igualmente consideradas coisas, despossuídas de direitos, objetos de prazer ou reprodutoras sem prazer. Os senhores de escravizados, os donos do pátrio poder e o patriarcado estavam protegidos pelas leis. Eram a própria Lei. Divina. Atemporal. Incontestável.