Manchetes dos jornais de domingo – 30/03/2025

|
Manchetes dos jornais de domingo – 30/03/2025
Edição de Chico Bruno
CORREIO BRAZILIENSE – Mortos em terremoto passam de 1,6 mil. Busca por vítimas é dramática
FOLHA DE S. PAULO – Mercado de trabalho aquecido camufla precarização de vagas
O ESTADO DE S. PAULO – Avaliação da venda do Master ao BRB ficará com veteranos do BC
O GLOBO – A cara do 8/1
Destaques de primeiras páginas e fatos mais importantes
O maior de todos - Pelo menos 1,6 mil pessoas morreram no terremoto que devastou Mianmar, país localizado no sudeste asiático, na última sexta-feira. Mas o número de mortos pode chegar a 10 mil ou mais, segundo o Serviço Geológico norte-americano. O sismo de magnitude 7,7 na escala Richter atingiu fortemente a cidade de Mandaley, de mais de 1,7 milhão de habitantes. Um dia depois dos tremores, equipes corriam contra o tempo para encontrar sobreviventes sob os escombros. Os danos nas estradas e na infraestrutura — o Aeroporto de Mandaley está fechado — dificultam o trabalho de resgate. China, Coreia do Sul, Malásia e Estados Unidos anunciaram ajuda.
Escondidinho - O mercado de trabalho aquecido esconde a primazia na criação de vagas que pagam menos que a média salarial da economia. A tendência reforça polarização na área, com mais oportunidades criadas nas extremidades, aquelas com piores, em maior número, e melhores remunerações. Na média do ano passado, a taxa de desocupação foi de 6,9%. Em relação a 2012, outro momento de desemprego baixo para o padrão brasileiro (7,4%), houve piora relativa na qualidade das vagas e nos salários em 2024 – quando comparados à remuneração média na economia. Essa tendência reforça a polarização do trabalho. "No setor privado, há, de um lado, clara concentração de criação de vagas em atividades que requerem elevada qualificação, com melhores salários. De outro, em maior quantidade, em grupos que demandam menores habilidades e que pagam menos", diz o economista Nelson Marconi, da FGV. Estudo analisou rendimentos entre 2012 e 2024. No caso dos vendedores do comércio, a área que mais contratou entre os dois períodos, com 2,39 milhões de novas vagas, a remuneração quase não variou e manteve-se abaixo da média 1 tanto em 2012 (0,76) quanto em 2024 (0,80). Com 1,24 milhão de novos trabalhadores, a área de transporte, armazenamento e correio, que inclui motoristas de Uber e motoboys, registrou queda relativa na renda entre os dois períodos, de 0,81 para 0,74, ante a média 1 de todas as profissões analisadas. Entre os de ensino superior, ocorreu retração, mas os salários ficaram acima da média.
‘Cabeças brancas’ - O Banco Central já se prepara para começar a análise técnica da proposta feita pelo BRB, banco estatal do Distrito Federal, para comprar uma fatia do banco Master. Internamente, alguns dos chamados ‘cabeças brancas’ do órgão regulador do sistema financeiro — servidores com experiência e que já acompanharam outros casos de fusão, intervenção e saneamento no setor — já foram avisados de que irão participar dos testes de estresse que serão rodados sobre o BRB. Esses servidores acompanharam casos como liquidações do Econômico, Bamerindus, Nacional e Cruzeiro do Sul, que enfrentaram crise no passado. O objetivo agora é tentar antecipar problemas que possam impactar o sistema financeiro. Uma das preocupações que rondam o mercado financeiro é sobre ativos do Master ligados a precatórios, por exemplo. Precatórios são ordens de pagamento — é quando a Justiça obriga o município, o Estado ou a União a pagar, ao fim de uma ação judicial, uma dívida que tem com uma pessoa física ou jurídica. O BC fará vários tipos de simulações com essas aplicações, aplicando descontos nos papéis e seus impactos sobre o que aconteceria no balanço do BRB. A operação do Master, porém, está envolvida em polêmicas. O banco multiplicou por dez seu patrimônio e quintuplicou sua carteira de crédito desde 2021. Um dos motores desse crescimento foi a oferta de Certificados de Depósito Bancário (CDB) que pagam ao investidor taxas muito acima dos concorrentes, de até 140% do CDI. O Banco Central reajustou normas que tocavam nesses dois pontos, o que obrigou o Master a adequar suas operações.
A cara do golpismo - A horda antidemocrática que atacou a sede dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 era composta principalmente por homens brancos casados, com menos de 60 anos, com ensino médio completo, autônomos ou empregados formais de baixa renda. A maioria foi para Brasília das regiões Sul e Sudeste. O perfil foi traçado com a análise dos processos de 1.586 alvos de ações penais no Supremo Tribunal Federal (STF), feita ao longo de dois meses pelo repórter Patrik Camporez, de O GLOBO. O levante desqualifica a tese de que "velhas carregando a Bíblia" eram a maioria na marcha violenta: apenas 1,21% dos presos pelos atos golpistas tinham 65 anos ou mais, e apenas 3,3% eram aposentados.
Governo corta, Exército fecha - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por meio do Ministério do Esporte, cortou um acordo de cooperação que previa repasses para as Forças Armadas manterem e administrarem os centros de treinamento que ficaram como legado da Olimpíada do Rio, de 2016. Como consequência, foram suspensos eventos, treinamentos e competições no Parque Olímpico de Deodoro, na Zona Oeste da capital fluminense, estrutura que pode atender mais de dez modalidades esportivas. Com a área paralisada e sem verba específica para manutenção, os equipamentos do complexo correm o risco de deterioração. Além disso, setores do governo e da comunidade olímpica temem que a nova condição do legado físico atrapalhe os planos de o País receber os Jogos Pan-Americanos e Parapan-Americanos de 2031. As cidades de Rio de Janeiro e Niterói formalizaram candidatura. A soma de gastos anunciados para erguer o complexo chegou a R$ 900 milhões, de 2004 a 2016, em valores não atualizados. Em nota, o Ministério do Esporte informou que “aguarda a sanção do orçamento de 2025 para, a partir da nova realidade orçamentária da pasta, repactuar com o Ministério da Defesa a manutenção dos equipamentos”. A pasta não comentou impactos da paralisação do complexo em treinamentos e competições. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) diz manter conversas com o governo “para que as instalações voltem a operar normalmente”. O centro de comunicação do Exército não se pronunciou.
Um (incômodo) trompete ao longe - Réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, Jair Bolsonaro escolheu, estrategicamente, conceder a pri eira entrevista coletiva na lateral do Senado, na quarta-feira passada. O que ele não esperava era que uma trilha sonora vinda do horizonte fosse roubar aquele momento do ex-presidente. É que o músico Fabiano Leitão, de 49 anos, conhecido como “Trom Petista”, escolheu uma seleção especial de músicas em homenagem à decisão do STF. Assim, de uma só vez, o “Trom Petista” tocou no seu trompete a Marcha Fúnebre e a paródia musical Tá na Hora do Jair Embora. O som era tão intenso que a entrevista teve de ser interrompida mais de uma vez. O próprio Bolsonaro sorriu, tentou disfarçar o incômodo e fez piada: “Saudades dos meus tempos de quartel com o toque de corneta”. As imagens correram as redes sociais. Ao Correio Braziliense, Fabiano disse que ele e o ex-presidente “são velhos conhecidos”. “Infernizo a vida dele (Bolsonaro) desde que ele se tornou presidente. Jamais deixo meu trompete. Ele está sempre comigo”, afirma. A presença de Fabiano realmente incomodou. Parlamentares ligados a Bolsonaro solicitaram que policiais legislativos o impedissem de executar a seleção musical que escolhera para aquele momento — conforme atestam vídeos que circularam pelas redes. Não conseguiram. O trompetista discutiu com os agentes — que argumentaram estar Fabiano atrapalhando o “trabalho” das pessoas —, mas não saiu da calçada na pista entre o Senado e o Palácio do Planalto. Depois de uma breve dis ussão, voltou a tocar.
“Papagaios de pirata” roubam a cena dos famosos - Eles surgem de repente. São ilustres desconhecidos que, de tão próximos das celebridades e autoridades, ficam mais evidenciados do que o protagonista dos fatos. No Brasil, alguns “papagaios de pirata” se tornaram lendários. Como o português José Alves de Moura, o “Beijoqueiro”, hoje com 85 anos. Dele, nem o papa João Paulo II escapou. Na visita a São Paulo, em 1980, Zé Moura furou o esquema de segurança e o beijou.
Presa em casa - A cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos foi transferida, na noite de sexta-feira, para prisão domiciliar por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendendo parecer da Procuradoria Geral da República. Ela estava detida no Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro, no interior paulista. Débora terá de usar tornozeleira eletrônica e se submeter a outras medidas determinadas pelo magistrado — como usar redes sociais, comunicar-se com os demais envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, dar entrevistas e receber visitas, exceto a dos seus advogados. Débora foi flagrada pichando a frase “Perdeu, mané” na estátua da Justiça que fica em frente à sede do STF. Em vídeo que circulou nas redes sociais, pediu desculpas pelo gesto, disse que foi levada pela emoção e que vandalizou o monumento porque outra pessoa, que participava das depredações, lhe pediu.
Partidos querem dar ultimato a Bolsonaro - Em público, os partidos continuam elogiando todos os movimentos de Jair Bolsonaro. No privado, porém, a história é outra. Tem muita gente pensando em fixar um prazo, de preferência até o final deste ano, para que o ex-presidente coloque um nome mais ao centro no papel de seu candidato a presidente da República. Se não o fizer, partidos como União Brasil, Progressistas e Republicanos vão cuidar da própria vida. O recado é claro. Essas legendas não querem apoiar um filho de Bolsonaro para o Planalto nem a ex-primeira-dama Michelle. Muitos políticos desses partidos consideram que é preciso se distanciar da extrema-direita e buscar um caminho para os conservadores que não tenha sombra de tentativa de golpe ou coisa que o valha. Não dá para flertar com o cenário que aparece no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF), uma peça que ganhará, a cada dia, mais visibilidade. Por enquanto, porém, faltam votos aos candidatos de direita e de centro-direita para colocar esse plano em prática. Por isso, os gestos de apoio a Bolsonaro vão continuar.
Recuar... - Prestes a enviar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da segurança pública ao Congresso, o governo decidiu que o texto irá garantir a autonomia das unidades da Federação na gestão de suas forças nessa área. A União vai estabelecer as diretrizes. Em vários eventos nos últimos dias, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que “a União, de forma nenhuma, se intrometerá nos comandos dos estados”. .
...para avançar - Entre as mudanças no texto, a PEC permitirá que a Polícia Rodoviária Federal (PRF), mediante aprovação do ministro da Justiça, ajude os governos estaduais em calamidades públicas, desastres naturais ou quando houver solicitação dos governadores. Também está prevista a integração de dados policiais de quem tem passagem por delegacias. A ideia é evitar que criminosos com fichas em determinados estados sejam soltos em audiências de custódia em outras unidades da Federação.
São Paulo, o laboratório - A corrida para a Prefeitura de São Paulo, em 2024, foi vista nos partidos de centro-direita como o ensaio para a campanha presidencial, em 2026. É lançar um candidato e deixar que os bolsonaristas indiquem um vice. O PL, hoje, não quer saber de vice. Na época em que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) começou sua pré-campanha de candidato à reeleição, o PL também não queria. Foi uma novela até fechar o acordo.
Só a vitória interessa - O PL tem feito reuniões semanais para avaliar o que fazer com o projeto de anistia aos enroscados no quebra-quebra de 8 de janeiro de 2023. Enquanto houver risco de derrota no plenário, não vão exigir que o projeto seja pautado. A reunião está marcada para a próxima terça-feira, acoplada a uma conversa com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Clamor pela união - Pré-candidato à presidência do PT, Edinho Silva divulgou, ontem, carta aberta na qual clama que o partido se mantenha “mobilizado” e “capaz de derrotar o fascismo e de garantir a democracia no Brasil”. A exortação tem razão de ser: ele enfrenta resistência das correntes mais à esquerda da legenda. Edinho é favorável à manutenção da frente ampla, para as eleições de 2026, que possibilitou que Lula derrotasse Bolsonaro, em 2022. Só que nem mesmo o apoio do presidente da República faz com que os petistas se unam em torno dele.
Barreira interna - Edinho tem como principal adversário o historiador Valter Pomar, lançado em 15 de março à disputa do comando do PT. Integrante da corrente Articulação de Esquerda, ele defende que a legenda se volte para a esquerda, mantenha-se fiel às bandeiras petistas históricas e sustente conexões apenas com partidos do mesmo campo ideológico. A eleição para a escolha do novo presidente petista é em 6 de julho.
Veja bem - Os partidos sequer conhecem o texto final da proposta de anistia. E enquanto isso não for feito, não há o que decidir. O PSD, por exemplo, só discutirá quando tiver o projeto em mãos.
Nariz torto - Por mais popular que seja a proposta de isenção do Imposto de Renda para até quem recebe salários de até R$ 5 mil de salário, a oposição não engole a medida e ensaia um discurso de que os pequenos municípios é que serão prejudicados com queda de arrecadação. “O governo só empurrou o problema para os municípios. Isso aumenta a dependência do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e sufoca os serviços públicos locais. O próximo governo vai ter que fazer uma reforma tributária completa, não essas gambiarras que geram caos fiscal e vendem ilusão”, afirmou o presidente da Frente Parlamentar pelo Livre Mercado, deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP).
Santo de casa... - Quando da reunião da ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, com os líderes partidários, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), o mais à esquerda do grupo, brincou: “Quem poderia criar problema era eu, mas não sou doido de criar problema em casa!”. Para quem não sabe, ele é marido da ministra.
Isolada - A deputada Carla Zambelli (SP) perde lastro no PL. Integrantes do partido não gostaram da entrevista que concedeu à CNN, quando disse que “jamais sacaria uma arma sem motivo extraordinário”. Até seus correligionários duvidam da versão apresentada pela parlamentar.
É hoje - Depois do movimento dos bolsonaristas em favor da anistia, há duas semanas, agora é a vez da esquerda promover um ato em sentido contrário. É a continuidade da polarização com outros contornos.
Zema começa a montar plano de governo - O Partido Novo começou a elaborar a base do programa de governo de uma eventual candidatura presidencial do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, no ano que vem. Coordenado pelo Instituto Libertas, ligado ao partido, o plano consiste na publicação de documentos ao longo deste ano com propostas para diversas áreas, como economia, educação, saúde, segurança, política externa, políticas sociais e outras. O formato exato e o calendário de divulgações, diz o presidente do instituto, Tiago Mitraud, ainda está sendo definido.
Ratinho Jr. quer nacionalizar seu nome - Pré-candidato à Presidência da República, o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), planeja novas incursões pelo país para apresentar os feitos de sua gestão e mostrar o seu interesse nas eleições de 2026. Entre os dias 20 e 25 de março, Ratinho discursou nos eventos do Lide no Distrito Federal e no Recife. Na presença de políticos e empresários, ele apresentou dados de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Paraná em 63% de 2018 para 2024 e de recorde no número de pessoas ocupadas. O governador também tem dado publicidade para os indicadores de sustentabilidade e a melhora desde 2021 no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), do Ministério da Educação, que tem colocado o Paraná (com nota 4,7) entre os líderes Goiás (4,8) e Espírito Santo (4,7). O paranaense também conta a seu favor com a articulação de Gilberto Kassab, chefe do PSD, e do próprio pai, o apresentador Ratinho, que tem trânsito entre deputados e senadores.
Caiado lança pré-candidatura ao Planalto - O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), dá o pontapé inicial da sucessão presidencial de 2026 e lança sua pré-candidatura ao Planalto na próxima sexta-feira (4) em um cenário que inclui divisões internas em seu próprio partido e desconfiança do eleitor bolsonarista. Aos 75 anos, o goiano que ascendeu para a política como fundador da UDR (União Democrática Ruralista) e foi um ferrenho opositor dos governos petistas, agora tenta se cacifar para entrar na disputa presidencial pela segunda vez – a primeira foi em 1989, quando ficou em 10º lugar. Em seu segundo mandato com governador de Goiás, Caiado quer aproveitar o vácuo na direita com a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pautar temas como o da segurança pública e atuar como contraponto ao governo Lula (PT). Cerca de 5.000 pessoas foram mobilizadas para o ato em Salvador. Na ocasião, Caiado será agraciado com um título de Cidadão Baiano e uma Comenda 2 de Julho, ambas propostas quando o hoje prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), era deputado. A organização do evento foi precedida de pressões internas no União Brasil. O grupo de Alcolumbre, que em fevereiro sinalizou apoio a Lula em um ato no Amapá, trabalhou para esvaziar a participação de parlamentares no evento. O timing também for criticado pela ala bolsonarista –o ato será na semana seguinte ao recebimento da denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) pelo STF (Supremo Tribunal Federal) que tornou Bolsonaro réu sob acusação de integrar o núcleo central de uma trama golpista em 2022.
Prisão é o fim da minha vida - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se tornou réu nesta semana no STF (Supremo Tribunal Federal) acusado de liderar uma trama golpista, admitiu à Folha ter conversado com auxiliares sobre estado de sítio, estado de defesa e intervenção federal em 2022, mas diz que essas possibilidades foram descartadas "logo de cara". As medidas estão previstas na Constituição para serem usadas para manter a ordem pública e a paz social ameaçadas por "grave e iminente instabilidade institucional", comoção grave de repercussão nacional ou guerra. Ele também citou o recurso ao artigo 142 da Constituição, que, na interpretação repetida por bolsonaristas, autorizaria as Forças Armadas a atuarem como uma espécie de poder moderador —essa visão já foi descartada pelo STF. Bolsonaro é acusado de cinco crimes, cujas penas somadas superam 40 anos. Questionado se uma eventual prisão significaria o fim da sua carreira política, disse: "É o fim da minha vida. Eu já estou com 70 anos". Ele recebeu a Folha para uma entrevista na sede do PL na qual também falou da delação de seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid. Bolsonaro disse que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é um bom político, não excepcional, "assim como tem outros pelo Brasil". Ele disse ainda que, para ele, o plano B é Bolsonaro. Elogiou outros governadores que disputam o seu espólio eleitoral na direita, como Ronaldo Caiado (Goiás), mas sem reconhecer nenhum deles como sucessor.
Lula diz que Bolsonaro sabe que fez bobagens - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado (29) que Jair Bolsonaro (PL) "sabe que fez as bobagens que está sendo acusado" —o ex-mandatário é réu a sob suspeita de liderar uma trama golpista em 2022. A declaração do petista ocorreu em uma conversa com jornalistas no Vietnã, a última agenda do presidente em sua viagem à Ásia. Ele retorna no domingo (30) ao Brasil.
Bolsonaro réu trouxe de volta o estilo do cercadinho - Tornado réu pelos ministros do STF, o ex-presidente Jair Bolsonaro falou por cerca de uma hora, trazendo de volta o estilo do cercadinho que cultivou durante seu governo. Metralhou as urnas eletrônicas, a Venezuela e a China. Só faltou que condenasse a vacina contra a Covid.
Gilmar acompanha Toffoli - O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), acompanhou o ministro Dias Toffoli e votou para manter a decisão que anulou todos os atos da Lava Jato contra Antônio Palocci, ex-ministro de governos de Lula e Dilma Rousseff (ambos do PT). Toffoli é o relator do caso e votou para manter sua própria decisão. O caso está sendo votado pela Segunda Turma do STF após recurso da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra a anulação. Ainda faltam os votos do presidente da Turma, o ministro Edson Fachin, e dos ministros Kassio Nunes Marques e André Mendonça. Com apenas mais um voto, forma-se a maioria pela anulação dos processos contra Palocci. A votação ocorre em plenário virtual, onde os ministros colocam seus votos na plataforma de modo remoto. O julgamento vai até o dia 4 de abril, caso os ministros não peçam vista (mais tempo para análise) ou destaque.
A esperança dos réus do 8/1 - O julgamento no STF sobre a trama golpista envolvendo Jair Bolsonaro e outros expôs divergências, com o ministro Luiz Fux emergindo como um "revisor informal" ao questionar pontos do relator Alexandre de Moraes. Fux criticou omissões na delação de Mauro Cid e defendeu o julgamento no plenário, sinalizando punição, mas também um caminho estreito para contestações. A defesa do ex-presidente vê esperança nas divergências, enquanto o STF considera a investigação robusta. Fux, ex-presidente do STF, já seguiu linha punitivista em julgamentos anteriores, como o do mensalão e Lava Jato.
'A mulher do presidente não nasceu para ser dona de casa’ - O presidente Lula defendeu as viagens da primeira-dama, Janja da Silva, destacando que suas participações em eventos, como o recente em Paris sobre fome, são oficiais e a convite de líderes como Emmanuel Macron. Lula criticou a oposição por não considerar os discursos de Janja e reforçou que ela continuará atuando ativamente. Enquanto isso, a AGU elabora um parecer sobre os limites da atuação do cônjuge presidencial. O presidente disse que a oposição precisa ler os discursos da primeira-dama antes de fazer críticas. — Eu queria que a oposição lesse o discurso dela para deixar de ser ignorante. Ela vai continuar fazendo o que ela gosta. A mulher do presidente Lula não nasceu para ser dona de casa. Ela vai estar onde ela quiser, vai falar o que ela quiser e vai andar onde ela quiser.
PT articula chapa com Alckmin e Haddad em SP - O PT busca articular uma chapa em São Paulo com Geraldo Alckmin e Fernando Haddad para enfrentar Tarcísio de Freitas nas eleições. O plano envolve Alckmin concorrendo ao Executivo e Haddad ao Senado, mas ambos mostram resistência. A estratégia visa fortalecer a posição de Lula, caso ele busque reeleição, e atrair o MDB para a aliança. No entanto, há divergências internas e receio de Alckmin não aceitar o desafio.