Falso chororô sobre urnas foi tramado no Planalto. Valdemar é só uma marionete

Falso chororô sobre urnas foi tramado no Planalto. Valdemar é só uma marionete

Falso chororô sobre urnas foi tramado no Planalto. Valdemar é só uma marionete

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Jair Bolsonaro e Waldemar Costa Neto (Fotomontagem HP)

O caso é tão ridículo que até o líder do governo acha que é zero a chance da representação prosperar. As urnas foram as mesmas, mas os espertinhos queriam anular só o segundo turno. Moraes deu um corretivo e disse que é “tudo ou nada”

Apesar de ter sido Valdemar Costa Neto quem deu entrada, em nome do PL, na representação golpista junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), questionando, sem nenhuma prova ou fato relevante, a lisura da eleição presidencial, foi Jair Bolsonaro, o derrotado, quem tramou tudo. Não foi por acaso que ele interrompeu sua reclusão pós derrota do dia 30 para endossar ação do PL contra o resultado das urnas.

ABANDONO DO GOVERNO

Desolado com a vitória de Lula, Bolsonaro abandonou o governo, não apareceu para trabalhar – se é que ele fez isso alguma vez durante o mandato – e deixou o país à própria sorte e com graves problemas a serem enfrentados. Mas, depois de telefonar diversas vezes para o presidente do PL cobrando o serviço da empresa que foi contratada por R$ 1,3 milhão para criar a farsa, ele participou de uma reunião na manhã de terça-feira (22) no Palácio da Alvorada para discutir o relatório fajuto e debater os próximos passos.

A prova de que Bolsonaro transformou o Alvorada num QG da trama golpista e contra a posse de Lula é que ele não tratou de nenhum assunto referente ao dia a dia do governo durante todo o tempo em que fico recluso depois que perdeu a eleição. Mas dessa “reunião” participaram, além dele próprio, o presidente nacional do partido, Valdemar da Costa Neto, o presidente do Instituto Voto Legal, arapuca contratada pela legenda, Carlos Rocha, o publicitário Duda Lima, que comandou o marketing da campanha eleitoral derrotada e advogados do partido. Ou seja, para isso, ele estava disposto.

Assinada pelo advogado Marcelo Luiz Ávila de Bessa, a representação cita o laudo técnico de auditoria contratada pelo PL, que teria constatado “evidências contundentes de mau funcionamento de urnas eletrônicas”. A alegação é de que essas urnas – cerca de 250 mil – não tinham numeração específica e que, por isso, não estaria garantida a lisura do pleito. A encenação não tem nem autenticidade. Ela é uma imitação ridícula e escrachada da trama inventada por Donald Trump em sua derrota para Biden e que levou à criminosa invasão do Capitólio.

FRAUDE É IMITAÇÃO DE TRUMP

A “conclusão” da arapuca contratada pelo partido, que reverbera o discurso golpista de Bolsonaro, foi prontamente rebatida por técnicos do TSE. Eles responderam que não há fundamento na alegação de que não se pode identificar cada urna, como disse o relatório. Cada uma das quase 600 mil urnas é identificada por sua zona e seção eleitoral. Não há como confundi-las como faz a empresa. Eles refutaram o relatório afirmando ainda que os técnicos da empresa contratada pelo PL não conhecem o equipamento e, por isso, não conseguiram chegar até a sua numeração efetiva.

 

O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, por sua vez, atrapalhou os planos sinistros do Planalto ao responder de imediato ao pleito exigindo que os golpistas incluam também na representação o questionamento à apuração do primeiro turno. Os espertinhos queriam validar o primeiro turno e anular somente o segundo. Moares disse que as urnas são as mesmas e deu 24 horas para eles acrescentaram o primeiro turno à representação, sob pena de nem analisar o pedido.

A iniciativa de questionar as urnas é tão sem fundamento e sem base na realidade que até o líder do governo na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), disse à CNN, em entrevista nesta terça-feira (22), que em sua opinião “é zero a chance dessa representação prosperar no tribunal”. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também criticou a iniciativa golpista de Bolsonaro e disse que “a vitória de Lula é totalmente inquestionável”.

O PSDB classificou a representação enviada ao TSE como “insensatez” e afirmou que a iniciativa “terá a objeção das nossas instituições, da comunidade internacional e da sociedade brasileira”. O deputado federal André Janones (Avante-MG) descreveu a representação como “vexatória” e afirmou que Bolsonaro faz “birra” para deixar a cadeira de presidente. “Não satisfeito em fazer um mandato medíocre, a saída agora é ainda mais vexatória. Bolsonaro nunca teve estatura para ocupar a cadeira de presidente e, agora, faz birra para deixá-la.”

BIRRA É PARA NÃO SAIR DO CARGO

A presidente do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) declarou que a ação de Bolsonaro e do PL deve ser punida como “litigância de má fé”. “Chega de catimba, de irresponsabilidade, de insultos às instituições e à democracia”. O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), já havia declarado que o resultado da eleição é inquestionável. Todas as instituições que participaram da fiscalização das eleições, inclusive os observadores internacionais, já atestaram a lisura dos resultados.

Além de se basear em nada, ou melhor, em falsificações grosseiras, para questionar o resultado da eleição, Valdemar Costa Neto, falando em nome de Jair Bolsonaro, mentiu dizendo ter conversado sobre o assunto com o juiz Sandro Nunes Vieira, do Tribunal Superior Eleitoral. O juiz desmentiu o presidente do PL. O magistrado informou publicamente que nunca conversou com Valdemar Costa Neto.

“No dia 19/11/2022 fui informado pela equipe de comunicação do TSE que meu nome havia sido citado pelo Presidente do Partido Liberal, Sr. Valdemar Costa Neto, no contexto de que teria falado comigo sobre eventuais irregularidades nas urnas eletrônicas”, diz o juiz em nota. “Sobre o tema, venho esclarecer que nunca tive contato pessoal com o Presidente do Partido Liberal. Como Juiz, não emito opiniões públicas ou juízos de valor sobre processos de conotação política”, afirmou.