Oriente Médio: O império anglo-sionista se esforça por uma 3ª Guerra Mundial, por Marcus Atalla
Pressões, ameaças, tratativas e desestabilizações estão sendo engendradas em todo o sul global.
Oriente Médio: O império anglo-sionista se esforça por uma 3ª Guerra Mundial, por Marcus Atalla
Pressões, ameaças, tratativas e desestabilizações estão sendo engendradas em todo o sul global.
Oriente Médio: O império anglo-sionista se esforça por uma 3ª Guerra Mundial
por Marcus Atalla
Os EUA, Inglaterra e Israel estão trabalhando duro para expandir o conflito OTAN/Rússia pelo mundo. Há um duelo nas sombras que não está sendo noticiado pela imprensa corporativa ocidental. Pressões, ameaças, tratativas e desestabilizações estão sendo engendradas em todo o sul global. Se os EUA e seus strangelovers (Dr. Strangelove – Kubrick) irão conseguir uma 3ª Guerra Mundial só o tempo dirá, mas que estão se esforçando, estão.
02 de maio – O Chanceler russo Sergey Lavrov deu entrevista para uma TV italiana, onde disse que a origem judaica de Vladimir Zelensky não é garantia de proteção contra o neonazismo desenfreado na Ucrânia e houve colaboração de judeus na ascensão de Hitler no passado.
03 de maio – Lavrov voltou a criticar Israel por apoiar o “regime neonazista” na Ucrânia, aumentando, ainda mais, as tensões entre os dois países. Autoridades russas também destacaram que, desde 2014, “o antissemitismo floresceu na Ucrânia”. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Yair Lapid, condenou a declaração como absurda e exigiu um pedido de desculpas do Kremlin. A imprensa ocidental tratou como um grande escândalo e um antissemitismo as declarações de Lavrov. O que a imprensa ocidental não aventou ao público é que em diplomacês, o chanceler russo estava alertando Israel a parar de colaborar com a Ucrânia.
4 de maio – A agência de notícias americana Axios publicou algo que o Kremlin já sabia. Um relatório em que Tel Aviv enviara o chefe do escritório político-militar do Ministério da Defesa de Israel à Base Ramstein, na Alemanha, para um encontro com autoridades americanas e discutir um maior apoio militar de Israel no conflito. Também mencionou que o conselheiro de segurança nacional de Washington, Jake Sullivan, se encontrou com seu colega israelense, Eyal Hulata, na semana passada e o informou sobre o pedido dos EUA.
Maria Zakharova, Diretora de Informação e Imprensa Russa, veio a público e disse: “Existem mercenários de Israel lutando ao lado da extremista da Brigada Azov… Israel não poderá ignorar isso, especialmente com a presença de vídeos e materiais documentando isso”. O jornal hebraico Yedioth Ahronoth informou em 25 de março que membros da reserva das forças armadas israelenses, os quais vêm da unidade de comandos de elite conhecida como General Staff Company, estavam treinando voluntários ucranianos para lutar contra a Rússia. Moscou declarou que Tel Aviv estava ciente disso e fez vista grossa.
Há uma lacuna no direito internacional muito bem explorado por EUA, Inglaterra, Israel e Otan. Esses países contratam empresas de mercenários e colocam seus soldados de forças especiais entre os supostos mercenários. Desse modo, eles não são considerados como membros das forças regulares do país contratante, impossibilitando a denúncia e a responsabilização desses países tanto por crimes de guerra ou como por serem os atacantes, ficando incólumes.
05 de maio – O Kremlin alertou recentemente sobre medidas de retaliação se a provisão israelense de apoio militar oficial à Ucrânia for verificada.
A Rússia e Israel mantêm relações amigáveis há anos e se coordenam regularmente na Síria, mesmo depois de Tel Aviv ter votado, em 14 de abril, a favor de uma resolução da Assembleia Geral da ONU suspendendo a participação da Federação Russa no Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Em meio ao duelo diplomático, as tensões entre palestinos e Israel, iniciadas em abril aumentaram. Em 4 de maio, o vice-chefe do Hamas, Musa Abu Marzouk, viajou para a capital russa e se encontrou com funcionários do Kremlin, o que descreveu como uma reunião frutífera, mas nada foi realmente acordado. (O ocidente propaga que o Hamas seria um grupo terrorista, mas no Oriente médio, o grupo é visto como um movimento político-militar de resistência e libertação do povo palestino contra o Estado genocida de Israel).
07 de maio – Lavrov fez um convite oficial ao líder do movimento de resistência palestino Hamas, Ismail Haniyeh, para visitar Moscou em um futuro próximo, segundo o correspondente de Al Mayadeen em Moscou, citando fontes diplomáticas. Em diplomacês, Lavrov está alertando Tel Aviv que a Rússia poderá retaliar Israel quebrando o acordo de cavalheiro entre os dois países.
Moscou tem um acordo com Tel Aviv de não vender foguetes e armas modernas ao grupo de resistência Hamas. Mesmo o Irã sendo seu maior aliado na região, a Rússia limita a venda dos mísseis S-400, e negado a venda do S-500, coisa que pode mudar a partir de agora.
10 de maio – O embaixador russo em Israel, Anatoly Viktorov, em um evento no Knesset (parlamento israelense) em comemoração ao Dia da Vitória deixou o recinto, após legisladores criticarem duramente Moscou por sua invasão à Ucrânia.
15 de maio – Há uma informação, não confirmada, de que estaria ocorrendo tratativas entre Estônia e Israel, onde esse venderia mísseis antinavio à Estônia que os fornecerão à Ucrânia.
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Israel e Palestinos
Desde abril os conflitos vêm escalonando, nessa última semana houve várias ações israelenses que os amplificaram ainda mais. Parlamentares israelenses pediram o assassinato de líderes do Hamas e anunciaram a construção de 4.427 assentamentos ilegais em território palestino. Hamas disparou contra israelenses. Israel lançou mísseis em casa de civis palestinos em Jenin, Cisjordânia. Colonos israelenses, sob proteção policial, invadiram a Mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém, no dia de Nakba.
As forças de ocupação israelenses assassinaram a jornalista palestina-americana da Al Jazeera, Shireen Abu Aqla Nasri, colegas testemunharam que o assassinato foi intencional. [vídeo abaixo].
Tropas israelenses invadiram e atacaram as pessoas presentes no funeral da jornalista assassinada, derrubando o caixão onde estava o corpo de Shireen Abu Aqla Nasri. [vídeo abaixo]
Em 11 de maio, o governo britânico anunciou no parlamento um projeto de lei para silenciar os movimentos pró-palestinos. O projeto de lei é uma tentativa de silenciar o movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções que busca pressionar o governo israelense a encerrar sua ocupação da Palestina.
Enquanto isso na Alemanha…
Em 15 de maio, mais de 170 manifestantes pró-Palestina foram presos em uma mobilização para pedir justiça para Shireen Abu Aqla. Os manifestantes relataram repressão violenta por parte da polícia alemã. [aqui].
Medidas casadas entre a Turquia, Azerbaijão e Israel
23 de abril – Turquia (membro da Otan) e Azerbaijão (aliado de Ancara) fecharam seus espaços aéreos para aviões civis e militares russos. Obrigando os voos passarem a ser desviados para o Mar Cáspio e território iraniano. O que dificulta aos aviões militares russos a reabastecer e proteger o espaço aéreo de sua aliada a Síria.
Informação não confirmada – O Azerbaijão estaria acordando a venda de petróleo à Hungria e outros países do leste-europeu em substituição ao gás russo.
Enquanto isso… Os EUA continuam roubando dezenas de milhares de barris de petróleo sírio. Em 10 de janeiro, vários grupos armados montaram uma refinaria para processar petróleo roubado na cidade de Rmelan, na província de Hasakah.
11 de maio – A agência de notícias estatal síria, SANA, informou que as forças israelenses lançaram um ataque com mísseis em Qunietra, no sul do país.
13 de maio – A força aérea israelense bombardeia alvos em Masuaf, no noroeste da Síria, a menos de 40 km da base mediterrânea russa em Tartus. Pela primeira vez foram disparados mísseis S-300 contra caças israelenses. Analistas militares acreditam que foram tiros de aviso, um aviso diplomático, pois nenhum caça foi atingido.
Desde o início da guerra na Síria em 2011, Tel Aviv ataca soldados sírios e auxilia grupos radicais como o ISIS e outros.
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Irã: aumento exponencial de sua importância
21 de abril – Após o fim das negociações entre Irã e Arábia Saudita em 2021, ocorreu uma nova rodada de negociações entre Teerã e Riad no Iraque. O Ministério das Relações Exteriores iraniano, Saeed Khatibzadeh, chamou as reuniões de “proativas e positivas” e promissoras. O primeiro-ministro Mustafa Al-Kadhimi elogiou a atmosfera entre o Irã e a Arábia Saudita, dizendo acreditar que um entendimento é iminente. O que deixou os EUA de cabelos em pé. Segundo o analista Mohammad Salami, as mudanças regionais e internacionais, seu impacto na geopolítica e nas economias do Irã e da Arábia Saudita criaram um interesse mútuo em retomar as relações.
Em janeiro, o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, viajou para se encontrar com Vladimir Putin em Moscou. Onde houve avanços nas negociações de integrar o Irã na União Eurasiana, uma maior integração nas Novas Rotas da Seda (BRI) e na construção de uma ferrovia de 30 km unindo os dois países. A partir do Corredor Internacional de Transporte Norte-Sul, China e Rússia teriam acesso ferroviário direto ao Mar Mediterrâneo. Esta rota também competiria com o Corredor Árabe-Mediterrâneo da Índia, conectando a Índia ao porto israelense de Haifa através dos Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Jordânia. É de interesse da Arábia Saudita esse mercado, mês passado foram realizadas negociações entre o país e a Índia para a venda de petróleo em rupia indiana.
08 de maio, antes dos ataques de Israel – O presidente da Síria Bashar Al-Assad viajou para Teerã para se encontrar com o líder supremo iraniano Ali Khamenei. Desde do início da guerra na Síria em 2011, raramente Assad viaja para o exterior, quando o faz, é apenas para discutir assuntos importantes e estratégicos. Para o analista Abdel Bari Atwan a visita teve cinco razões:
Primeiro, as manobras militares israelenses perto das fronteiras síria e libanesa, em meio a relatos e rumores de preparativos para lançar uma grande guerra contra a Síria, Irã e Hezbollah. Segundo, o secretário-geral do grupo de resistência libanês Hezbollah, Sayyed Nasrallah, afirmou que o Irã e sua aliança de resistência retaliarão qualquer agressão israelense à Síria. Terceiro, o Líbano estaria prestes a entrar em uma fase crítica e sensível com a realização de eleições parlamentares mergulhadas na interferência dos Estados Unidos, França, Arábia Saudita e Irã. (as eleições ocorreram neste domingo 17). Quarta, a guerra na Ucrânia. Quinta, a Síria está enfrentando uma grave crise energética devido à ocupação dos poços de gás e petróleo pelos EUA a leste do Eufrates e o Irã é a única tábua de salvação de Damasco, enquanto as cidades sírias sofrem quedas de energia.
Semana passada, a União Europeia enviou negociadores a Teerã oferecendo vantagens no acordo do JCPOA (acordo nuclear), em troca do Irã fornecer gás para o ocidente e afastar-se da Rússia. As negociações foram infrutíferas e o Irã não cedeu às pressões. O JCPOA está parado desde que Washington passou a prender navios petroleiros iranianos.
11 de maio – O Ministério de Inteligência do Irã informou a prisão de dois cidadãos europeus acusados de tentar desestabilizar o país. Ambos trabalhariam para um serviço de inteligência estrangeiro, segundo autoridades iranianas.
12 de maio – O emir do Qatar, Sheikh Tamim bin Hamad Al Thani, esteve em Teerã e se reuniu com o líder supremo iraniano aiatolá Ali Khamenei e o presidente Ebrahim Raisi, para conversas sobre questões bilaterais e regionais, bem como esforços para reviver a remoção de sanções entre o Irã e as potências ocidentais.
13 de maio – Autoridades alemãs detêm Enrique Mora, o principal negociador da União Europeia, no aeroporto de Frankfurt a caminho de Bruxelas após retorno do Irã. Quebrando o tratado de Viena, o qual garante livre passagem para diplomatas, nenhuma explicação foi dada.
15 de maio – ocorreram distúrbios e saques em algumas cidades iranianas com o modus operandi muito similar a guerra híbrida.
16 de maio – O chanceler iraniano Hossein Amir-Abdollahianse encontra com o novo presidente dos Emirados Árabes, Mohammed Bin Zayed. Hosseis descreveu o encontro como a “abertura de uma nova página nas relações da República do Irã e Emirados Árabes Unidos”.
17 de maio – EUA anunciam que irão participar de exercícios militares israelenses simulando ataque ao Irã. O exercício armado envolverá mais de 20.000 soldados e incluirá um ataque simulado à usina nuclear iraniana.
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Arábia Saudita
Riad está sob diplomacia coercitiva dos EUA, desde o governo de Joe Biden, as relações entre Washington e Riad deterioraram. Biden não falou diretamente com o príncipe herdeiro saudita, Mohammad bin Salman, nos 16 meses que assumiu o cargo. Salman revidou recentemente recusando-se a atender uma ligação de Joe Biden e gritou com raiva para o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, durante uma reunião informal. Mohammad Salman foi bem-sucedido em criar sua própria base de poder saudita, conseguindo 70% de apoio dos cidadãos do reino e sem a ajuda dos EUA.
Três semanas após a reunião do chefe da CIA, William Burns, com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, o príncipe Mohammad bin Salman realizou uma videoconferência da OPEP +. Burns teria ido à Arábia Saudita pressioná-lo a aumentar a produção de petróleo para salvar os países europeus da escassez de energia. Há relatos recentes de que Riad e Pequim estão em discussões para precificar vendas de petróleo em yuan em vez de dólares. O que marcaria uma mudança nos mercados globais de petróleo e ajudaria a avançar os esforços da China para que mais países transacionassem em sua moeda.
A Arábia Saudita é importante nas Novas Rotas da Seda (BRI) e está entre os três principais países do mundo para projetos de construção chinesa, de acordo com o China Global Investment Tracker, administrado pela American Enterprise Institute.
Hoje dia 18 – Em meio a relações tensas o vice-ministro da Defesa da Arábia Saudita, príncipe Khalid bin Salman, está visitando Washington esta semana para reuniões com altos funcionários da Casa Branca e do Pentágono. Khalid Salman é o irmão mais novo do príncipe saudita Mohammad Salman. Segundo a Reuters, Sullivan afirmou que os EUA estão empenhados em “ajudar a Arábia Saudita em defender seu território” contra o Iêmem” e teria reafirmado o compromisso do presidente Biden com a Arábia Saudita.
As placas tectônicas estão se movendo em todas as partes mundo, no Oriente Médio aliados e dependentes históricos dos EUA estão aproveitando a fraqueza do império e ensaiando uma revoada, países antes inimigos se aproximam em uma tentativa de defesa, enquanto a pressão aumenta. Ao mesmo tempo, os EUA levam-nos cada vez mais para uma corrida armamentista e provocam conflitos regionais. O GGN cobriu o golpe no Paquistão e a Índia está sob pressão dos EUA. Após o anúncio da entrada na OTAN da Finlândia e possivelmente da Suécia, nos Bálcãs se iniciou uma rusga “diplomática” entre o Kosovo e a Sérvia.
Marcus Atalla – Graduação em Imagem e Som – UFSCAR, graduação em Direito – USF. Especialização em Jornalismo – FDA, especialização em Jornalismo Investigativo – FMU