Manchetes dos jornais de domingo – 16/02/2025

Resumo de domingo – 16/02/2025
Edição de Chico Bruno
Manchetes dos jornais de domingo – 16/02/2025
FOLHA DE S. PAULO – Defesa investe mais e gasta menos com pessoal, mas distorção existe
O ESTADO DE S. PAULO – Cenário mundial ‘bélico’ desafia País a ampliar autonomia militar
O GLOBO – Força municipal armada terá 4 mil homens e foco em áreas com mais roubos de rua
CORREIO BRAZILIENSE – PGR aperta cerco a ex-cúpula da PMDF por 8/1
Destaques de primeiras páginas e fatos mais importantes
Menos é mais - Os gastos militares brasileiros melhoraram de perfil nos dois primeiros anos do governo Lula (PT), mas as distorções que marcam as despesas do nevrálgico setor permanecem intocadas. Na gestão do ministro José Mucio Monteiro, a pasta aumentou a taxa de investimento e viu cair o gasto com pessoal, algo raro na série histórica do setor. Não houve nenhuma revolução e é preciso avaliar o desempenho nos próximos anos, mas é uma novidade. Em 2022, último sob Jair Bolsonaro (PL), o Brasil colocou 6,8% de seu orçamento de defesa em investimentos. No ano passado, foram 7,4%. Em valores corrigidos pela inflação, a rubrica passou de R$ 8,6 bilhões para R$ 9,2 bilhões. O pagamento de ativos e inativos caiu de 80% para 78,2% do total, passando de R$ 101 bilhões para R$ 96,6 bilhões, basicamente um efeito da falta de reajuste à categoria. Já os servidores civis terão aumento neste ano, com impacto de R$ 17,9 bilhões na folha de pagamento. Sobre investimentos, o padrão brasileiro pode ter melhorado, mas está abaixo do considerado ideal pela régua da Otan, a aliança militar do Ocidente, que preconiza 20% do orçamento de defesa para equipamentos e programas. Também recomenda um gasto de 2% do PIB com defesa; o do Brasil é 1%. O Ministério da Defesa não comentou.
Marca Paes - O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), envia amanhã à Câmara dos Vereadores um projeto de lei que propõe algo inédito: criar uma força municipal armada que atuará de forma paralela à Guarda Municipal. Ao mesmo tempo, terá atribuições de policiamento sem a estrutura militarizada da Polícia Militar. Trata-se da aposta de Paes para deixar uma marca na área que, segundo as pesquisas, desponta hoje como maior preocupação dos brasileiros. A previsão é de 4,2 mil agentes contratados até 2028, com foco na prevenção a roubos e furtos. A desarmada Guarda Municipal, por sua vez, passaria a ficar mais concentrada em outras funções, como ordem pública e grandes eventos. O salário previsto para os agentes da futura Força Municipal de Segurança Pública será de R$ 13,3 mil, o dobro da média dos guardas. Antes de enviar os profissionais às ruas haverá cursos de formação, com duração de seis meses — durante os quais eles receberão auxílio mensal de R$ 2 mil. O recrutamento será por contrato administrativo temporário, renovado ano a ano e com prazo máximo de seis anos, sem vínculo celetista ou estatutário. Espera-se captar militares do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), por exemplo. Diariamente, os agentes buscarão as armas em uma base, antes do início do expediente, e a devolverão após a jornada. Não vão ter, portanto, o porte que lhes permitiria levar o equipamento para casa.
Aparafusa - Em relatório com alegações finais, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria-Geral da República pede a condenação de ex-integrantes da cúpula da PMDF por omissão e tentativa de golpe no 8 de Janeiro. Segundo o órgão, os coronéis Fábio Augusto Vieira, Klepter Rosa, Jorge Eduardo Naime, Paulo José Bezerra e Marcelo Rodrigues; o tenente Rafael Martins; e o major Flávio de Alencar “trataram sobre possíveis meios ilegais para impedir a permanência do presidente legitimamente eleito”. Também conforme a PGR, os denunciados ignoraram deliberadamente as informações sobre os riscos de atentados contra os Três Poderes.
Déficit fiscal nos municípios - A 20ª edição do Anuário Multicidades — finanças dos municípios do Brasil da Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP) mostra que em 2023 cresceu o número de municípios com déficits fiscais. Em 2022 eram 13,5% e em 2023 ficou em 22,9%.
E tem mais - De acordo com a publicação, as despesas subiram muito mais que as receitas. Tal fato deixou o caixa de 37,7% dos municípios no ano passado com insuficiência de recursos não vinculados. O deficit registrado foi de R$ 3,43 bilhões.
Mas há louros - Mesmo com o cenário fiscal “prejudicado”, em 2023, os investimentos bateram recorde e os custeios passaram os gastos com pessoal pela primeira vez. Ao todo, 24,2% destinaram sua receita para a saúde, percentual mais elevado desde 2017. O mínimo exigido pela Constituição Federal é 15%. Outro fator positivo foi o crescimento dos tributos próprios, que subiu 7%. Em 23 anos, essa elevação foi de 47,6%.
Agora, vai - Enquanto a regulamentação das redes sociais continua parada na Câmara dos Deputados, esperando o aval do presidente Hugo Motta (Republicanos-PB), o marco civil da internet deve voltar a ser julgado em breve no STF. De acordo com o ministro da Corte Gilmar Mendes, o visto deve ser concluído em poucos dias.
O polo da diplomacia - O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, é, talvez, um dos poucos que não reclama do governo federal. A cidade sediou, no ano passado, o encontro do G-20 e, em julho, sediará a reunião de cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, encorpado recentemente com o ingresso da Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã). Aliados de Paes são unânimes em afirmar que esses eventos dão visibilidade à administração de uma das cidades mais charmosas do país e do mundo. Com a tensão entre Donald Trump e os países do bloco num crescente, a reunião de julho terá peso dois no cenário internacional. A maioria dos ministros do governo que desembarca no Rio de Janeiro aproveita para ter uma conversa alentada com o prefeito Eduardo Paes. Ao mesmo tempo em que faz barulho contra o bolsonarismo nas redes sociais, Paes articula o futuro político e administrativo. Pré-candidato a governador, precisará do apoio de parte da esquerda e do centro contra o bolsonarismo.
Mais um partido abre a porta de saída - Ao mesmo tempo em que o presidente Lula desfilava ao lado do governador do Pará, Helder Barbalho, e do ministro das Cidades, Jader Filho, na sexta-feira, o ex-presidente Michel Temer escrevia um artigo em que criticava os “gastos exagerados” do governo e a ausência de medidas: “Não basta determinar que os juros sejam reduzidos ou que a inflação seja contida. Eles resultam de medidas concretas, palpáveis, que o governo venha a tomar”, escreveu, num texto em que discorreu sobre as ações de seu governo, tentando separar os seus dois anos de mandato, em que a economia reagiu de forma positiva, dos problemas enfrentados no governo Bolsonaro. A avaliação de muitos é a de que, a partir de agora, as críticas serão mais evidentes, em função da baixa popularidade e da falta de ação do governo junto aos partidos, em especial, os presidentes das agremiações. Até hoje, Lula não teve uma conversa alentada, por exemplo, com o presidente do MDB, Baleia Rossi, ligado a Temer. Lula se mantém afeito à ala do partido que sempre lhe apoiou e não busca outras pontes. Nesse sentido, não conseguirá levar o partido a apoiar o PT formalmente já no primeiro turno de 2026. Aliás, o tom educado que Temer adota no artigo publicado em O Estado de S.Paulo, está bem distante do que já disseram outros presidentes de partido, tais como, Gilberto Kassab (PSD) e Paulinho da Força (Solidariedade), que já escancararam os portões de saída. A sorte de Lula é que a corrida até 2026 é de resistência e dá tempo de reverter caminhos, caso haja ação política na direção certa.
Aumenta pressão pela reforma - O baque da queda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira, aumentou a pressão do Centrão sobre o governo para uma reforma ministerial. Legendas, como PP, PSD, União e MDB cobram espaço no Palácio do Planalto e nas pastas de maior orçamento da Esplanada, mas esbarram, até o momento, na resistência de Lula em abrir mão de áreas estratégicas. Parlamentares de centro esperam conseguir maior espaço após queda vertiginosa na aprovação de Lula, de 11 pontos percentuais em apenas dois meses. Agora, apenas 24% da população aprova o presidente, contra 41% que o rejeitam — e 32% que o acham regular. Por sua vez, a base de Lula também avalia que é urgente fazer mudanças nos ministérios e apre sentar projetos concretos, que recuperem a popularidade. O Centrão tem grandes ambições para a reforma. Em primeiro lugar, quer um dos seus no comando da articulação política do governo, ou seja, na Secretaria de Relações Institucionais (SRI), atualmente chefiada pelo ministro Alexandre Padilha. O grande cotado é o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), apoiado pelo novo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB) — que trabalha ativamente para colocá-lo no cargo.
Bancada da bala demonstra insatisfação com a insegurança em SP - Parlamentares paulistas da bancada da bala externaram insatisfação a sensação de insegurança no estado, após o assassinato do ciclista Vitor Medrado ao lado do Parque do Povo, em uma área nobre da capital. O deputado federal Delegado Palumbo (MDB) criticou o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e os trabalhos na área de Segurança, chefiada pelo secretário Guilherme Derrite.
Musk reposta publicação sobre protestos por impeachment de Lula - Elon Musk, dono do X e integrante do governo de Donald Trump nos Estados Unidos, compartilhou na rede social na noite desta sexta-feira (14) um anúncio de protestos pelo impeachment do presidente Lula (PT). Ilustrado com imagens das manifestações pelo impedimento de Dilma Rousseff (PT), que ocorreram em 2015 e 2016 na avenida Paulista, em São Paulo, a publicação anuncia "uma onda nacional de protestos em 120 cidades do Brasil no dia 16 de março pedindo a remoção de Lula". O bilionário e chefe do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês) dos EUA compartilhou a mensagem com seus seguidores com um "Wow". Como mostrou a Folha, Musk fez coro a uma tese falsa de que a Usaid, agência federal na mira do presidente Donald Trump, financiou a vitória de Lula sobre Bolsonaro. A polêmica fabricada por bolsonaristas e trumpistas tem circulado nas redes sociais brasileiras há dez dias. Até o início da manhã deste sábado, a publicação de Musk já havia tido mais de 22 milhões de visualizações e 20 mil compartilhamentos na rede, incluindo os dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que escreveu: "o resgate do Brasil já começou! #ForaLula".
Termômetro eleitoral - A queda de popularidade do governo Lula preocupa o Planalto, dificultando a garantia de apoios para 2026. A oposição se anima, mas Lula ainda lidera pesquisas. Incertezas persistem, com possível impacto na candidatura de Tarcísio. Bolsonaro busca reverter inelegibilidade. Outros nomes como Gusttavo Lima e Ronaldo Caiado também se posicionam para a corrida presidencial. O MDB se divide quanto ao apoio a Lula. A eleição atual ainda favorece Lula devido à fragmentação da oposição.
Ipec: 62% acreditam que Lula não deve buscar a reeleição - Como um novo indicativo da queda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o percentual de brasileiros que acham que Lula não deve ser candidato à reeleição subiu de 57% para 62%. O dado faz parte de uma pesquisa Ipec (antigo Ibope) divulgada neste sábado pelo colunista José Roberto de Toledo, do UOL, e que mostra ainda um enfraquecimento do apoio entre os eleitores do petista. De acordo com o levantamento, a taxa entre pessoas que votaram em Lula em 2022 e que acreditam que ele não deve concorrer passou de 24% para 32%, mais do que um a cada três eleitores. A última medição havia sido feita em novembro de 2024. Já entre os eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro, a taxa de pessoas que não apoiam a reeleição do atual chefe do Executivo é de 95%.
Oposição arma blitz contra medidas do governo - Depois de ampliar sua presença em cargos na cúpula do Congresso e à frente de comissões relevantes, a oposição iniciou o ano com um pacote de projetos para frear iniciativas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No Senado, já foram apresentadas 17 iniciativas desde janeiro para derrubar medidas do Executivo, número quatro vezes maior que o do mesmo período do ano passado. Já na câmara, foram 62, contra dez no início de 2024.
O movimento também ganhou força diante dos sinais de desgaste do governo petista. A pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira mostra Lula em seu pior momento dos três mandatos, com avaliação positiva de 24% no eleitorado (queda de 11 pontos em dois meses) e avaliação negativa de 41% (alta de sete pontos no mesmo período). Parte das propostas apresentadas agora se concentra em tentar revogar o decreto de dezembro do ano passado que previa a força de armas de fogo por policiais apenas como último recurso, em caso de risco pessoal.
Atraso no orçamento pode ‘limar’ chances de Lula em 2026 - A crise das emendas parlamentares, que travou o Orçamento de 2025 - por ora sem previsão para ser votado, enquanto não houver entendimento com o Supremo Tribunal Federal (STF), pode ter impacto direto nas eleições de 2026, avalia a base aliada no Congresso. Lideranças políticas que conversaram com a Coluna do Estadão dizem que o impasse entre os Poderes tem potencial para “limar” as chances de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O cálculo é simples: a gestão petista precisa fazer entregas neste ano para tentar conquistar o eleitorado, mas a demora em aprovar a peça orçamentária atrasará obras e implantação de serviços que poderiam entrar “na conta” de Lula no momento em que ele vê a popularidade do governo despencar. O alerta ganhou força após pesquisa da AtlasIntel, divulgada nesta semana, mostrar Lula em empate técnico com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) na simulação de segundo turno. Para piorar o cenário, o Datafolha divulgado na sexta-feira, 14, apontou a pior avaliação do governo Lula em suas três gestões, 24%. E reprovação recorde, também, 41%.