Manchetes de domingo (04-07-2021)

Notícias comentadas dos maiores jornais decomunicação do país.

Manchetes de domingo (04-07-2021)

 

Edição – Chico Bruno

Manchetes de domingo (04-07-2021)

Notícias comentadas dos maiores jornais decomunicação do país.

FOLHA DE S.PAULO – Protestos pedem o impeachment de Bolsonaro pelo país

Manifestantes realizaram neste sábado (3) o terceiro ato em 35 dias pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Todas as 27 capitais registraram a ocorrência de protestos. Foi a primeira mobilização desde que um superpedido de impeachment foi protocolado na Câmara dos Deputados, na última quarta-feira (30), e após novas denúncias de corrupção na compra de vacinas contra a Covid-19 pressionarem o governo federal. As revelações de supostas irregularidades ganharam destaque na pauta dos atos, com faixas, cartazes e camisetas afirmando “Bolsonaro corrupto” e “Sua vida vale um dólar”, em referência a pedido de propina de um servidor do Ministério da Saúde em negociação de vacina, conforme revelado pela Folha. No ato em São Paulo, foram espalhadas réplicas de cédulas de US$ 1 manchadas de vermelho. Os atos foram preparados às pressas, depois que as organizações que puxam a iniciativa decidiram antecipar a mobilização. Até então, o ato seguinte seria em 24 de julho, mais de um mês depois do protesto de 19 de junho. A manifestação do dia 24, no entanto, está mantida.

CORREIO BRAZILIENSE – Procuradoria deve acelerar apuração do caso Covaxin

A Procuradoria-Geral da República (PGR) deve tratar com celeridade a apuração da suspeita de crime de prevaricação cometido por Jair Bolsonaro sobre o suposto esquema de corrupção, no Ministério da Saúde, para a compra da vacina Covaxin contra a covid-19. De acordo com fontes consultadas pelo Correio, a agilização do processo é uma estratégia do procurador-geral, Augusto Aras, para evitar o prolongamento de uma investigação que desgastaria o presidente da República — apesar da resistência inicial em abrir a apuração. A possibilidade de denunciar Bolsonaro é vista como remota, pois o Palácio do Planalto elaborou uma linha de defesa que, apesar de ser considerada frágil, é suficiente para afastar a acusação de prevaricação. Um dos pontos que poderiam atrasar a conclusão do inquérito seria a oitiva do presidente. Isso porque um impasse já impede que outro inquérito vá adiante: o que apura se Bolsonaro tentou interferir politicamente na Polícia Federal. Aberto no primeiro semestre do ano passado, a PF pediu para ouvir o presidente pessoalmente. O hoje ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello havia decidido que a oitiva seria presencial. O caso chegou ao plenário do Supremo, mas o julgamento está marcado para setembro. Assim, a apuração do episódio das vacinas só demorará se a PF exigir ouvir o presidente em pessoa.

O GLOBO – País vive ‘apagão’ de pessoal com formação técnica

O Brasil vive um paradoxo. São quase 15 milhões de desempregados no país, enquanto as empresas reclamam de dificuldades no preenchimento de vagas, inclusive técnicas e operacionais, em escassez de mão-de-obra qualificada. Candidatos a vagas de bacharelado no setor, mas que não conseguem ler um manual ou não têm conhecimento básico de matemática, jovens que tentam uma vaga no setor de serviços, mas têm dificuldade em enviar um e-mail ou enviar sua documentação para empresas digitalmente, além de não saberem se expressar corretamente na comunicação com os clientes, são alguns dos relatórios feitos por executivos e recrutadores. Ou o impacto da pandemia na educação, particularmente no ensino médio, e o avanço da digitalização nos negócios, o que especialistas apontam como outro gargalo na economia, mesmo com o país atualmente tendo o maior contingente de desempregados de sua história. - Estamos passando por um apagão de trabalho, isso é categórico. O apagão é a expressão do momento e também uma previsão, uma previsão de que, em pouco tempo, não conseguiremos sair dessa situação, deixando-nos na armadilha do país de renda média , afirma o economista Ricardo Henriques, superintendente do Instituto Unibanco.

O ESTADO DE S.PAULO – Com escola estadual esvaziada, SP cogita volta obrigatória

O secretário da Educação de São Paulo, Rossieli Soares, quer que em setembro as escolas tenham presença obrigatória dos alunos em sala de aula. “A previsão é em 15 de setembro ter vacinado todo mundo acima dos 18 anos com a primeira dose. Ela é muito eficaz, já vai ter um nível de proteção mais alto. Aí é o momento de cravar que é hora de voltar”, disse a Renata Cafardo. Durante seis meses, o Estadão acompanhou a rotina da Escola Estadual Eliza Rachel Macedo de Souza, no Lajeado, zona leste. Mesmo em uma unidade considerada exemplo, com equipe dedicada e protocolos sanitários bem-feitos, pouco mais de 10% dos estudantes voltaram ao ensino presencial no primeiro semestre. Alguns sumiram. Outros acreditam que o ensino está contemplado ao fazer lições online. Ou se veem sem opção. A reabertura, especialmente no Brasil, é um debate que começou quando as primeiras crianças foram mandadas para casa, em março de 2020, e não tem data para terminar.

Notícia do dia: A Polícia Federal indiciou o senador Renan Calheiros (MDB-AL), na última quinta-feira (1°), sob a suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O relatório foi enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal) na sexta-feira (2). Segundo as investigações, Renan teria ocultado e dissimulado a origem de R$ 1 milhão, em 2012, recebido do Grupo Odebrecht. Ainda segundo a PF, o senador teria recebido a quantia em troca de apoio político para a aprovação de um projeto de lei que beneficiou a empresa. O relatório será encaminhado à PGR (Procuradoria-Geral da República), que decidirá se apresentará denúncia contra o parlamentar. Em nota, Renan disse que a PF não tem competência para indiciá-lo, apenas o STF. Afirmou ainda que a investigação está aberta desde março de 2017 e, “como não encontraram prova alguma, pediram prorrogação”. O senador também disse que lhe causou surpresa o indiciamento após ele ter citado a PF, em sessão da CPI da Covid do Senado, da qual é relator. Ele tem sido um crítico do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) no combate da pandemia. Na sessão realizada na quinta, Renan disse que houve uma “eloquente utilização da instituição da Polícia Federal” quando abriu uma investigação contra o empresário Francisco Maximiano, um dos sócios da Precisa Medicamentos, alvo da CPI. A medida, segundo ele, permitiu que o sócio da empresa investigada pela CPI recebesse um habeas corpus liberando-o para ficar em silêncio. “É uma surpresa que justamente agora, quando a PF, instituição de Estado, abre a investigação sobre a Precisa para facilitar habeas corpus do vendedor da vacina da propina e garantir seu silêncio na CPI, tentem essa retaliação. Mas não irei me intimidar. Os culpados pelas mortes, pelo atraso das vacinas, pela cloroquina e pela propina irão pagar”, disse Renan, em nota divulgada à imprensa.

Primeiras páginas

Citação a militares impede governo de culpar Centrão - Escalados com o argumento de que evitariam irregularidades, os militares que ocuparam cargos de comando no Ministério da Saúde estão no olho da crise que está atingindo o governo, junto com políticos do Centrão. Além do ex-ministro Eduardo Pazuello, que está sob investigação, pelo menos quatro oficiais que passaram pela pasta estavam envolvidos em denúncias feita aos senadores na CPI da Covid. A teia de relações entre esses nomes enfraquece a estratégia do governo de tentar localizar a crise em servidores ligados ao Centrão e lança suspeitas sobre um de seus principais grupos de apoio. A convocação de militares em negociações suspeitas para a compra de vacinas causa constrangimento no Exército e alerta os membros da comissão. - A CPI tem a obrigação de investigar todos, desde que tenha certos fatos. Não é uma questão militar ou não militar. Investigamos qualquer um do presidente a qualquer outro funcionário que tenha qualquer indício de envolvimento com coisas erradas — disse o presidente do CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM). O vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), estava na mesma linha: —havia uma aliança entre antigos distribuidores com novos distribuidores. Vamos seguir todas as direções indicadas pela investigação. Quando chegou ao Ministério da Saúde como secretário executivo, em abril do ano passado, Pazuello recorreu aos colegas que fez ao longo de seu trabalho no Exército para ocupar cargos estratégicos na pasta. O principal argumento foi que os militares, além de especializados em logística e preparados para enfrentar uma guerra como a a pandemia, estavam no local para evitar irregularidades no ministério. O órgão, um dos maiores orçamentos do executivo, é alvo da ganância dos políticos. Foi assim que o tenente-coronel da reserva Marcelo Blanco da Costa acabou sendo indicado para assessorar o departamento de logística (DLOG) da pasta, então comandado por Roberto Ferreira Dias. O diretor esteve no cargo desde o início do governo com a bênção do ex-deputado Alberto Lupion (DEM-PR) e do atual líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Na semana passada, o policial militar Luiz Paulo Dominguetti, que concorre como representante do ministério, apontou Blanco como o homem que abriu as portas para ele no ministério. Segundo o PM, o tenente-coronel também estava presente em um jantar em um restaurante em um Shopping Center, em Brasília, no dia 25 de fevereiro.

‘As avaliações nacionais serão um desastre’ - O secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, comprou a briga da escola aberta. Durante toda a pandemia, tem sido a voz que mais defende o retorno presencial, até nas fases críticas. No entanto, mesmo com a rede paulista funcionando, os alunos não voltaram em massa. Ao Estadão, Rossieli fala das perdas na aprendizagem – principalmente no ensino médio –, do temor de grande abandono neste semestre e de uma recuperação que terá de deixar de lado o currículo. “Ao invés de dar conteúdo novo, vamos dar revisão, conteúdos anteriores, de nivelamento. Esquece esse negócio todo aqui do currículo. É lindo, bonito, mas precisamos dar uns passos para trás para voltar a caminhar.” Ele ainda deixa claro que pretende tornar obrigatória a presença dos alunos na escola em setembro, quando todos os adultos já terão tomado a primeira dose da vacina anticovid.

Suspeitas na Saúde atingem militares e Centrão - As suspeitas de corrupção na compra de vacinas contra a covid-19 envolveram, até agora, militares do Exército e apadrinhados do Centrão, duas sólidas bases de sustentação do governo de Jair Bolsonaro. O organograma dos fatos sob investigação evidencia uma aliança pragmática entre os dois setores pelo controle das verbas do Ministério da Saúde, o maior orçamento entre as 22 pastas. De uma ponta a outra, as tratativas para a importação de imunizantes passaram pelas mãos de nomes indicados pelo grupo do Congresso ao qual Bolsonaro se aproximou para barrar ameaças de impeachment. Os indicados políticos foram mantidos ou apoiados por militares que assumiram o ministério no ano passado e, durante a pandemia, controlaram cifras bilionárias. A dobradinha entre Centrão e Exército se concentrou no Departamento de Logística da pasta, onde estão as principais suspeitas de irregularidades e um histórico de loteamento e denúncias de fraudes. Ao menos desde o governo de Michel Temer, o setor é controlado pelo Progressistas, do senador Ciro Nogueira (PI) e do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PR). Os três diretores que passaram pelo posto acumulam denúncias de corrupção e mau emprego de dinheiro público. Dois deles foram reabsorvidos pelo governo Bolsonaro. Davidson Tolentino é diretor da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), a estatal do Centrão, desde julho. Em maio de 2020, Tiago Queiroz virou secretário de Mobilidade do Ministério do Desenvolvimento Regional, um dos principais cargos da pasta de Rogério Marinho. Apesar da narrativa de Jair Bolsonaro de acabar com o loteamento em cargos técnicos, a tradição foi mantida na Saúde. O nome do agora ex-diretor de logística, Roberto Dias, foi indicado pelo Centrão ao ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM). Oficialmente, a sugestão foi do exdeputado Abelardo Lupion (DEM-PR), mas Dias saiu diretamente do governo do Paraná, de Cida Borghetti, mulher de Ricardo Barros, para a cadeira de diretor do Ministério da Saúde. Com o protagonismo de Mandetta como condutor do combate à pandemia e defensor de posições científicas, Bolsonaro tirou o ministro do cargo. Nada disso abalou a permanência de Dias, homem do Centrão, no posto. Os titulares seguintes da pasta – Nelson Teich, Eduardo Pazuello e o atual Marcelo Queiroga – mantiveram o diretor. De 2019 para cá, Dias autorizou mais de R$ 20 bilhões em pagamentos. Ele só caiu na última terça-feira, após um policial militar de Minas Gerais dizer que ouviu pedido de propina do então diretor. Integrantes da CPI suspeitam que a denúncia pode ter sido “plantada” pelo governo para atrapalhar a linha principal de investigação.

Após manifesto, grupo pela terceira via se esfacela - Era uma vez um grupo de WhatsApp e um manifesto que sinalizou uma convergência de forças rumo à chamada terceira via, uma candidatura alternativa a Jair Bolsonaro (sem partido) e a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pela Presidência da República em 2022. Três meses depois do lançamento do Manifesto pela Consciência Democrática —assinado por Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB), Luciano Huck (sem partido), Luiz Henrique Mandetta (DEM), João Amoêdo (Novo) e Eduardo Leite (PSDB)—, pouco restou dessa história. O grupo de mensagens criado para discutir o texto em defesa da democracia publicado no dia 31 de março, quando o golpe que instaurou a ditadura militar (1964-1985) completou 57 anos, caiu no ostracismo, enquanto dois dos autores saíram da lista de presidenciáveis. Entre os que restaram, um natural e previsível distanciamento se impôs. Apesar disso, as conversas de partidos e políticos, especialmente no centro e na centro-direita, se expandiram para além do sexteto e incluíram outros nomes, dando sobrevida ao esforço para romper a polarização.

Exclusão racial no topo da pirâmide deve crescer - A distância entre a fatia de negros e brancos no grupo dos brasileiros 10% mais ricos deverá se tornar ainda maior, na esteira do avanço da exclusão racial em renda em 14 das 27 unidades da Federação, mostra o Ifer (Índice Folha de Equilíbrio Racial). Em 2019, pretos e pardos eram 54% dos brasileiros de 30 anos ou mais, mas perfaziam 30,4% do topo da pirâmide de renda. O resultado dessa combinação era um Ifer de -0,48, conforme a metodologia do índice, desenvolvida pelos economistas do Insper Sergio Firpo, Michael França e Alysson Portella. Se a trajetória recente dos fatores que afetam o componente econômico do índice não for alterada, essa fatia tende a encolher ainda mais, chegando a 24% em 2046, ou -0,59 no Ifer. O Ifer foi pensado como uma ferramenta para desvendar e acompanhar os diferentes níveis de disparidade entre negros (grupo que reúne pretos e pardos) e brancos, de 30 anos ou mais, no acesso a melhores oportunidades de vida em todo o território brasileiro. Ele mede o quão distante a população negra está de uma situação em que sua participação em estratos de elite —como o topo da pirâmide de renda— fosse equivalente ao seu peso populacional nos 26 estados e no Distrito Federal. Essa mensuração é traduzida em números que podem oscilar entre -1 e 1. Quanto mais negativo, maior a sub-representação dos pretos e pardos; quanto mais positivo, maior sua sobre-representação. Entre -0,2 e 0,2, há cenário de equilíbrio entre negros e brancos, sendo 0 o ideal. A série histórica, por ora, vai de 2012 a 2019. Para desenhar o componente econômico do Ifer (que tem ainda dimensões de alta escolaridade e longevidade), os pesquisadores extraíram o grupo de brancos 10% mais ricos em cada estado e identificaram o valor da renda que os separava dos demais 90% da população. Em seguida, Firpo, França e Portella calcularam o percentual de negros que estão neste grupo. Embora mais acentuado no Nordeste, o movimento rumo a uma maior exclusão de pretos e pardos no estrato de altos rendimentos também é esperado no Sudeste e no Norte. O Sul caminha para uma menor disparidade, mas a um ritmo tão lento que, se mantido, levará 331 anos para resultar em um nível de equilíbrio, com a total equidade alcançada em mais de cinco séculos. A exceção no cenário nacional é o Centro-Oeste, que tem conseguido reduzir a disparidade entre negros e brancos. Se sua trajetória recente não for alterada, a região deverá atingir o patamar de equilíbrio racial entre os 10% mais ricos em uma década. A igualdade total viria em 24 anos.

Alta na luz leva a busca por mais geração própria - A possibilidade de fugir da conta de luz vem gerando uma corrida de consumidores residenciais para o crescente mercado de geração distribuída de energia no país, que hoje já conta até com aplicativo de celular para atrair novos clientes. O movimento, porém, é alvo de protestos de distribuidoras e grandes consumidores, que questionam a legalidade do modelo de cooperativas de geração adotado por startups que atuam nesse segmento. Segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o número de consumidores residenciais que geram parte de sua energia quase dobrou em 2020 e segue em crescimento acelerado em 2021. No primeiro semestre, a média mensal de novos clientes desse segmento é 36,4% superior à verificada no ano anterior. A cada mês, 17,6 mil brasileiros decidiram apostar em geração própria neste ano. A maioria ainda prefere a instalação do painel solar no telhado das residências, mas vem crescendo um novo mercado de cooperativa, que compreende a construção de fazendas solares para a entrega da energia a diversos clientes. O negócio funciona como uma espécie de Uber da energia elétrica e vem atraindo uma série de startups, que injetam na rede a energia que produzem e depois dividem entre os cooperados os créditos que recebem da distribuidora de energia. Com os créditos, o cliente ganha descontos na conta de luz. Uma das pioneiras nesse mercado, a Metha Energia promete até 15% de economia para clientes em Minas Gerais, estado que dá benefício tributário ao setor e tem hoje o maior número de residências com geração de energia solar. A empresa tem mais de 50 mil clientes e já vê aumento nas consultas após as notícias de elevação da bandeira tarifária cobrada sobre a conta de luz.

Para analistas, ESG não pode ser só ‘departamento’ - Com o ESG ganhando cada vez mais tração no mundo dos negócios, as empresas correm contra o tempo para entrar no jogo. Muitas têm procurado especialistas para conseguir implementar os princípios ambientais, sociais e de governança nos negócios. Essas três práticas representam o ESG, sigla, em inglês, para Environmental, Social and corporate Governance. Os desafios, porém, são encontrar profissionais capacitados e fazer com que a agenda não se torne apenas um novo departamento. Segundo o CFA Institute, associação global que reúne e certifica profissionais de finanças, a demanda por esse tipo de expertise é alta, sendo que a oferta segue muito baixa. Em pesquisa feita em dezembro de 2020, a instituição analisou 1 milhão de contas no LinkedIn e concluiu que menos de 1% dos perfis tinha qualificação nessa área. Para capturar essa crescente demanda, a PWC, rede global de auditoria e consultoria, anunciou que vai contratar mais de 100 mil pessoas nos próximos cinco anos. O plano faz parte de um investimento bilionário do grupo para aperfeiçoar seus serviços de assessoria em questões ESG, que devem ser cada vez mais requisitados pelas empresas. Mauricio Colombari, sócio da PWC, diz que já percebeu um aumento na busca por consultorias e especialistas no Brasil no último ano. Segundo ele, atualmente, os profissionais mais capacitados são os que possuem conhecimento aprofundado em algum dos temas que a agenda engloba. O levantamento considerou apenas pessoas do ramo financeiro, que é um dos setores mais entusiasmados com o tema atualmente. Ou seja, se faltam profissionais nesse mercado, é de se esperar que o mesmo esteja acontecendo em quase todos os segmentos.

Nada indeniza a perda da liberdade nem por um dia - O ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cezar Peluso, teve sua passagem pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) marcada pela libertação de milhares de presos em situação ilegal. Durante a gestão de Peluso no órgão, mutirões liberaram por volta de 30 mil presos. A respeito das prisões de inocentes, tratadas em série pela Folha, o ex-ministro disse que erros judiciários devem resultar em indenizações. “Se o Estado errou, tem que indenizar nos limites do possível, porque na verdade não há nada no mundo que indenize a perda da liberdade nem por um dia, muito menos por anos”, disse. Ele também disse considerar que há inação em órgãos de correcionais do Judiciário e que os magistrados deveriam ser preparados para ter sensibilidade. “Só quem ama pode condenar”, definiu. O ex-ministro ainda falou sobre como o Judiciário, por vezes, acaba atendendo demandas irracionais da sociedade, que pretende tratar como monstruosos crimes de menor potencial ofensivo.

Pouca vacina pode explicar casos onde há Coronavac - Em sua live semanal desta semana, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a atacar a Coronavac, o imunizante que deu início à vacinação contra a Covid-19 no Brasil e é produzido aqui pelo Instituto Butantan. "Abre logo o jogo. Eu estou aguardando aquele cara de São Paulo falar", em referência ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), seu adversário político. "Não deu certo essa vacina dele infelizmente no Chile. Aqui no Brasil também parece que está complicado." O assunto pode ser mesmo "complicado", porque inúmeros fatores devem ser considerados. Mas isso não significa que a Coronavac não tenha dado certo. Ao contrário, os estudos indicam que ela funciona. Ainda assim, o aumento de casos, mortes e internações por Covid-19 no Chile, país líder em vacinação na América Latina e que usou majoritariamente a Coronavac, levantou dúvidas sobre a eficácia da vacina. E os questionamentos cresceram quando o país passou a analisar a hipótese de aplicar uma terceira dose do imunizante, como reforço. Situação semelhante viveram Uruguai e países asiáticos que apostaram nas vacinas chinesas: eles sofrem uma alta de casos de Covid-19. Problema da origem dos imunizantes, como sugerem alguns? Ao mesmo tempo, outros países, como Israel, também veem um aumento de casos e já se fecham novamente, apesar de altas taxas de vacinação com imunizantes de outras marcas. Da Pfizer, inclusive. Nenhum desses cenários evidencia que as vacinas não funcionam. Todos os imunizantes contra a Covid-19 aprovados até agora geram proteção elevada (mais de 90%) contra casos graves e óbitos, embora a proteção contra a infecção em si tenda a ser mais baixa do que a observada nos estudos. “Isso é o esperado, e todas as vacinas estão demonstrando isso: na vida real, a efetividade das vacinas é um pouco diferente do observado nos estudos de eficácia clínica”, diz o pediatra e diretor da Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações), Renato Kfouri. O fato é que as vacinas mais tradicionais, que utilizam a tecnologia de vírus inativado (como Coronavac e Sinopharm), parecem ter efetividade menor na redução de casos sintomáticos de Covid, enquanto outras conseguem frear novas infecções. No entanto, fatores como cobertura vacinal e outras medidas de controle da pandemia são cruciais para a avaliação dessas vacinas em cada um dos países.

Destaques

Propostas para reduzir poder de presidente da Câmara no impeachment empacam - Projetos de lei apresentados por parlamentares com a finalidade de reduzir o poder que o presidente da Câmara dos Deputados tem para segurar pedidos de impeachment do presidente da República estão há anos em discussão sem apoio suficiente para avançar. Pelo menos oito propostas foram apresentadas com esse objetivo desde 2015, ano em que o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ), pôs em marcha uma das denúncias contra a presidente Dilma Rousseff (PT), que levou ao seu afastamento do cargo poucos meses depois, em 2016. Um dos projetos, que fixava prazo de 15 dias para que o presidente da Câmara despachasse pedidos de impeachment, foi arquivado há dois anos. Os demais continuam em discussão nas comissões da Câmara, sem perspectiva de avançar e chegar ao plenário, conforme levantamento feito pela Folha. O projeto mais recente foi apresentado em maio por Henrique Fontana (PT-RS), introduzindo na legislação dispositivos que permitiriam a um grupo formado por 171 deputados, um terço dos membros da Câmara, submeter diretamente à avaliação do plenário denúncias contra o presidente da República. De acordo com a proposta, se o requerimento fosse aprovado por 257 votos, isto é, metade mais um dos 513 deputados, o presidente da Câmara seria obrigado a instalar a comissão especial encarregada de examinar a denúncia, etapa inicial necessária para abertura de um processo de impeachment. "Esse poder imenso na mão do presidente da Câmara é uma distorção", diz Fontana. Sua proposta mantém as demais etapas do rito do impeachment sem alteração. Em caso de parecer favorável da comissão especial, são necessários 342 votos para dar início ao processo e afastar o presidente. Cidadãos e organizações da sociedade civil apresentaram até agora 125 pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, segundo a Agência Pública. Seis foram arquivados, mas os outros seguem sem definição porque o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se recusa a encaminhá-los.

Bolsonaro quer partido cristão e de direita - Aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que está em negociação para se filiar ao Patriota, querem incluir no DNA da sigla valores cristãos e uma posição contrária à legalização do aborto, em um movimento para tentar reconquistar votos de evangélicos para a eleição de 2022. O plano também deve visar que o estatuto do partido incorpore símbolos da direita bolsonarista, como uso de armas para autodefesa. A estratégia, nesse caso, é um agrado à base ideológica do presidente, que, na avaliação de pessoas próximas a ele, exerce um contrapeso ao atual ciclo de queda de popularidade de Bolsonaro. Essas bandeiras do presidente fizeram parte do regulamento da legenda em 2017, quando o Patriota foi reformulado à espera de Bolsonaro. Ele, porém, acabou se abrigando no PSL, após divergências nas condições negociadas para a filiação do então pré-candidato à Presidência da República. Diante da fracassada negociação, o Patriota se fundiu, em 2018, com o antigo PRP (Partido Republicano Progressista). O objetivo foi cumprir a cláusula de barreira e garantir acesso ao fundo partidário. No processo para englobar o PRP, foi acordado que expressões do bolsonarismo seriam retiradas do estatuto. A varredura foi feita —e trechos, excluídos. Foi apagado o trecho que exigia a todos os filiados o compromissos de defesa, por exemplo, do combate à legalização do aborto e do direito à autodefesa, inclusive com o uso privado de armas para essa finalidade. A ala do Patriota mais ligada ao antigo PRP rejeita embarcar na proposta de transformar o partido em um símbolo da agenda bolsonarista. Alguns integrantes desse grupo aceitam debater eventual filiação do presidente, mas querem impor condições. "O Patriota é um partido de centro e vai continuar sendo de centro”, disse o secretário-geral do Patriota, Jorcelino Braga. Em entrevista à Folha, o presidente da sigla, Adilson Barroso, descreveu a legenda da seguinte forma: "É um partido de centro-direita. Não é um partido de direita, para não dizerem que é um partido de extrema direita. Não podem dizer que o partido é radical. É um partido também com pessoas que não entendem nada de direita nem esquerda. É um partido que pega tudo". Parte do Patriota tem resistência à aliança com Bolsonaro. Há também o receio de que aliados do presidente irão tomar o espaço político e na estrutura de partidária de quem já está na legenda. O vice-presidente da sigla, Ovasco Resende, comandou uma convenção para suspender Adilson do cargo. Os dois ainda travam um embate e uma guerra de versões sobre qual lado detém apoio da maioria da legenda.

Lula quebra silêncio sobre suspeitas de corrupção - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quebrou o silêncio e afirmou que, se as denúncias de irregularidades na compra de vacinas pelo governo forem verdade, a CPI da Covid pode pedir ao STF (Supremo Tribunal Federal) a interdição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). "Se for verdade as denúncias de corrupção na compra das vacinas, se for verdade as denúncias do gabinete paralelo, se for verdade todas as coisas que tão falando contra o governo e contra ministros do governo, eu acho que a CPI pode pedir à Suprema Corte a interdição do Bolsonaro ou pode, com base no relatório da CPI, [lançar] mais um pedido de impeachment", disse o petista ao jornal O Liberal, do Pará, em entrevista publicada neste sábado (3). Desde que a comissão avançou sobre suspeitas de corrupção no governo Bolsonaro, Lula, principal adversário do presidente na eleição de 2022, vinha se mantendo em silêncio em suas redes sociais sobre o caso Covaxin ou o relato de pedido de propina revelado pela Folha. O fato tem sido explorado por adversários do petista.

Empresa com três funcionários propôs venda de vacinas de US$ 6 bi - A Davati Medical Supply, que propôs a venda de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca ao governo federal, um negócio que poderia chegar a US$ 6 bilhões, é uma pequena empresa com três funcionários e faturamento anual estimado em US$ 266.492, segundo uma companhia de dados corporativos. Aberta em junho de 2020, a Davati Medical funciona no mesmo endereço em Austin, no Texas, onde estão registradas uma incorporadora imobiliária, a Impact Developers, e uma representante de produtos de construção, a Davati Building Products. Herman Cardenas, CEO da Davati e das outras empresas, descreve-se em seu perfil no LinkedIn como um “visionário, pioneiro e empreendedor em série”, que “fundou e administrou múltiplas empresas em sua carreira”. No site da Davati, que chegou a ser tirado do ar nos últimos dias, a empresa afirma que vende vacinas, anestésicos como propofol e até o antiviral remdesivir, usado em pacientes hospitalizados com Covid. O remdesivir vendido pela Davati é manufaturado por uma farmacêutica indiana, Anzalp, que não está listada entre os laboratórios autorizados pela detentora da patente, a Gilead, para fabricá-lo. Além disso, a versão genérica do remdesivir, cuja patente não expirou, só pode ser vendida nos 127 países mais pobres do mundo, segundo regra da Organização Mundial de Comércio. “Por causa da grande experiência de nossa equipe em produção e administração de logística no mundo todo, a Davati Medical Supply consegue fornecer produtos onde outros fornecedores não conseguem”, diz o site.

Sinais de cansaço com o governo - O Palácio do Planalto sabe que vive um momento difícil, mas, segundo o ditado popular, “nada é tão ruim que não possa piorar”. Isso porque, não apenas parlamentares começam a demonstrar que estão sensíveis às manifestações de rua contra o presidente Jair Bolsonaro e com a articulação do governo no Congresso, como os bastidores da Procuradoria-Geral da República já emitem sinais mais claros de cansaço com o bolsonarismo. Desgastado entre os pares, o procurador-geral Augusto Aras aceitou a abertura de inquérito por prevaricação contra o presidente da República por não mandar investigar o esquema de superfaturamento da vacina indiana Covaxin no Ministério da Saúde. O Correio conversou com parlamentares da oposição, independentes, governistas para medir a temperatura na Câmara dos Deputados. Vice-líder do MDB, Hildo Rocha (MA) avalia que a base do governo na Casa começa a enfraquecer e destaca que os atos públicos contra Bolsonaro terão um papel importante para acelerar a desagregação dos apoios ao governo. “Como disse Ulysses Guimarães, os deputados federais são muito sensíveis ao clamor popular. Quando o tambor da rua ruge, o deputado desperta. Essas manifestações vão ditar o rumo de boa parte dos deputados”, assegurou. Segundo Rocha, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), faz um esforço grande pelo governo que, no entanto, não está colaborando. “O Lira é esforçado, mas a articulação política do governo é muito fraca. Individualmente, não tem atendido aos deputados. Até os mais ferrenhos (governistas) reclamam da articulação”, disse.

Mais um episódio de intermediação - Aos poucos, começam a vir à tona outros episódios de intermediação de venda de vacinas para o Ministério da Saúde, além do que envolve a Covaxin — que deu origem à notícia-crime por prevaricação contra o presidente Jair Bolsonaro. Em março, a Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah) — organização religiosa presidida pelo reverendo Amilton Gomes de Paula —, com sede em Brasília, negociou a compra de 400 milhões de doses de imunizantes da AstraZeneca e da Janssen entre a Davati Medical Supply e a pasta. O caso foi revelado pela Agência Pública, e a Rede Globo teve acesso a e-mails que revelam as transações. Amilton esteve na sede do ministério em 4 de março e documentou ao publicar foto nas redes sociais. Em outra imagem, ele aparece ao lado do senador Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ). Tal como aconteceu com a Covaxin, as negociações não teriam avançado.

A briga da semana - Paralelamente à CPI da Covid no Senado, o governo trava outra batalha no Congresso: tentar convencer os parlamentares, dentro da Lei de Diretrizes Orçamentárias a ser votada em breve, a acabar com as chamadas emendas de relator, as RP9, que, desde o ano passado, consomem parte dos recursos públicos e comprometem as prioridades elencadas pelo governo em termos de obras e serviços. Discretamente, os ministros têm trabalhado para que o chamado “baixo clero”, aqueles que não têm acesso às emendas, consigam extirpar essa distorção do Orçamento. Falta convencer o grupo que domina a comissão e não se mostra disposto a perder esse privilégio. Em tempo: se a LDO não for votada em 15 dias, não tem recesso. É a única lei que, se não for apreciada, prorroga automaticamente o período legislativo.

Quem te viu, quem de vê - “Apoiar a Lava-Jato é fundamental no combate à corrupção no Brasil. O fim da impunidade é uma das frentes que estanca o problema, outra é atacar na sua raiz, pondo fim às indicações políticas do governo em troca de apoio. Nós temos a independência necessária para tal” — Jair Bolsonaro, em 12 de setembro de 2018. Nenhum segmento da política brasileira tem, hoje, o monopólio das ruas. Porém o grupo contrário ao presidente que faz manifestações aqui e ali está cada vez maior. Se o governo não for capaz de captar os sentimentos daqueles que votaram em Bolsonaro e hoje se mostram decepcionados, não tem urna de voto impresso ou eletrônico que assegure a reeleição.

Custo de vida já corrói o ‘novo’ Bolsa Família - O governo Jair Bolsonaro enfrenta aquela fase do cobertor curto em cama estreita, conhecida por quem já esteve no Planalto. Fustigado pela CPI da Covid, pressionado pelas ruas e com o desemprego em alta no País, o presidente tenta colocar em pé um “novo” programa de transferência de renda para o ano eleitoral, mas tem sido alertado por assessores diretos e correligionários de que cada mês de atraso pode ser fatal para o impacto social da medida. Ou seja: a escalada do custo de vida corrói o valor do benefício antes mesmo de sua criação. Nas palavras de um deputado da base governista, para ter eficácia eleitoral, o valor do benefício tem de ser suficiente para o brasileiro, além de adquirir a cesta básica de alimentos, colocar gasolina na moto, comprar um botijão de gás e pagar a conta de luz. Em junho, o preço do gás de cozinha teve nova alta e a Aneel aumentou o valor cobrado nas bandeiras tarifárias da conta de luz. Apesar de a Petrobrás segurar o aumento dos combustíveis, o preço sobe nas bombas. Em 2020, a inflação de alimentos chegou a 15% e a perspectiva para este ano não é otimista. Em linhas gerais, a “magia eleitoral” do Bolsa Família, que tanto ajudou o PT, pode não funcionar na reeleição de Jair Bolsonaro. Como mostrou o Estadão, a definição do valor médio do novo Bolsa Família, conforme a equipe do ministro Paulo Guedes, dependerá da reforma do IR no Congresso: o governo adotou como estratégia para ganho de arrecadação medidas como a tributação de lucros e dividendos para servir de financiamento do programa.  Assessores e parlamentares da base governista falam em valores do benefício que vão de R$ 250 a R$ 300 por mês.