Manchetes de domingo

FOLHA DE S.PAULO – Acordo UE-Mercosul está parado e vira 'espantalho' europeu CORREIO BRAZILIENSE – Vacinação no DF chega a grupo com comorbidades O ESTADO DE S.PAULO – Empresas se unem e abraçam causas sociais e de diversidade O GLOBO – Guedes: ‘Tenho que lutar dez vezes mais do que pensei’

Manchetes de domingo

 

Edição – Chico Bruno

Manchetes de domingo



FOLHA DE S.PAULO – Acordo UE-Mercosul está parado e vira 'espantalho' europeu

CORREIO BRAZILIENSE – Vacinação no DF chega a grupo com comorbidades

O ESTADO DE S.PAULO – Empresas se unem e abraçam causas sociais e de diversidade

O GLOBO – Guedes: ‘Tenho que lutar dez vezes mais do que pensei’

Resumo das manchetes

A manchete da Folha revela que firmado em junho de 2019, após 20 anos de negociação, o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul está paralisado. Sem contar com o apoio do Parlamento Europeu para ratificá-lo, o pacto depende de um anexo de compromissos ambientais adicionais que nem começou a ser negociado, segundo legisladores europeus. Seis meses depois de os Verdes e partidos de esquerda imporem essa condição, até agora só houve conversas informais. “A UE não sabe nem que compromissos ambientais pedir”, diz à Folha o eurodeputado Jordi Cañas, relator do acordo. Na visão de outros parlamentares, é bastante improvável o processo avançar no governo Jair Bolsonaro. Cañas vê grande politização do acordo.  “Falar em UE-Mercosul é como agitar um espantalho, é igual a gritar incêndio na Amazônia.” O Itamaraty descarta reabrir tratativas. “Não vemos nenhuma falha ou deficiência nos textos e nos compromissos assumidos”, diz Pedro Miguel da Costa e Silva, principal negociador do lado brasileiro. O Correio anuncia em sua manchete que no Distrito Federal, encerrada a imunização dos brasilienses com idade superior aos 60 anos, o foco da Secretaria de Saúde se volta para pessoas com comorbidades. A partir de amanhã, quem integra esse grupo pode fazer o agendamento para tomar a vacina. Mas, antes, é preciso se cadastrar no site vacina.saude.df.gov.br. No primeiro dia, houve 65.315 registros. O maior percentual, até agora, é o de pessoas com hipertensão arterial (29,5%), seguidas de quem sofre com diabetes mellitus (22,84%). Segundo dados do IBGE, há 513 mil habitantes no DF com comorbidades. A vacinação será dividida em etapas. Na primeira, que começa na terça-feira, serão imunizadas pessoas com síndrome de Down; pacientes em terapia renal substitutiva; gestantes e puérperas com comorbidades e pessoas com deficiência. Todas com idade entre 18 e 59 anos. A manchete do Estadão revela que empresas antes voltadas apenas ao próprio negócio estão doando bilhões de reais para o combate aos efeitos sociais e econômicos da crise sanitária, bancos se unem contra pecuaristas que promovem desmatamento da Amazônia e empresários juntam esforços para acelerar a vacinação contra a covid19. Esse engajamento voluntário ganhou força na última semana, quando cerca de 800 companhias se uniram em oposição a um projeto de lei que tentava restringir a representação da comunidade LGBTQI+ na publicidade. Para Walter Schalka, presidente da Suzano, o setor produtivo se deu conta do que ocorre fora de suas salas de reunião. “Ficou claro, enfim, que ganhar eficiência e produtividade só dentro da empresa não basta.” Mesmo quem trabalha com diversidade e causas sociais se surpreende com a velocidade da mudança. O Globo explora em manchete uma entrevista com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que desgastado pela crise orçamentária de 2021, admite que o apoio do presidente Jair Bolsonaro à agenda liberal é hoje menor do que no início do governo, mas não pensa em desistir do cargo. Em entrevista, ele reconhece que há menos "adesão" ao seu plano de trabalho em Brasília do que ele imaginava na campanha. Em um processo de "recalibrar" expectativas, que envolve mudanças em sua equipe, avisa: "Podemos ser derrotados, mandados embora, aniquilados, vencidos. Mas não tem rendição. Ele teme que o CPI da COVID atrapalhe as reformas: "É como um tribunal de guerra durante a guerra".

Notícia do dia: A preço de hoje, a CPI da Covid deverá ter impacto imobilizador no governo se escancarar erros e omissões no combate à pandemia, avaliam os políticos mais rodados de Brasília. Em um cenário de inflação crescente e postos de trabalho fechados, vai se consolidando o sentimento de que Jair Bolsonaro pode enfrentar dificuldades de chegar ao segundo turno em 2022, algo inimaginável até bem pouco tempo atrás. No centro partidário, presidenciáveis já se movimentam com base nesse novo cenário, o de enfrentar Lula na fase decisiva da eleição. Um articulador de uma candidatura de centro diz que o governo é um avião perdendo altitude e sem motor para arremeter: gastou mal no passado e agora não tem “motor” para alavancar Bolsonaro. A definição de centro torna-se a cada dia mais elástica: Ciro Gomes (PDT), Luiz Henrique Mandetta (DEM), Luciano Huck (sem partido), João Doria (PSDB) e Eduardo Leite (PSDB). Aliás, o grupo de WhatsApp desses presidenciáveis já foi pro brejo. O governador Renato Casagrande (PSB-ES) passou a ser cotado como novo presidenciável. Uma das “leituras” na praça é a de que um “terceiro nome” não precisaria ser alguém popular. A terceira via pode ser construída pela baixa rejeição.

Notícias de primeiras páginas

Vacinas brasileiras sem verba federal - A ButanVac, candidata a vacina contra a Covid-19 pesquisada pelo Instituto Butantan e um consórcio internacional, é uma exceção na trajetória dos estudos brasileiros de imunizantes para conter a pandemia. Enquanto ela aguarda o aval da Anvisa para começar os testes em humanos e, a princípio, não enfrenta dificuldade de financiamento (os valores não são revelados pelo Butantan, ligado ao governo de São Paulo), outros projetos do país dependem de recursos federais que nem sequer sabem se existirão. O caso mais emblemático é o da Versamune, pesquisada pela USP de Ribeirão Preto e a startup Farmacore, com recursos privados e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Seu pedido para estudos clínicos junto à Anvisa foi protocolado em 25 de março, horas antes do da ButanVac, no dia 26. A candidata acabou ganhando uma coletiva de imprensa feita às pressas pelo ministro Marcos Pontes após o evento do Butantan com o governo de São Paulo. Desde o final de março, no entanto, os recursos para os estudos em humanos minguaram para a Versamune. Uma emenda no Orçamento que garantiria R$ 200 milhões para isso foi vetada por Bolsonaro na última semana, um dia após o presidente receber Pontes e propagandear o projeto do imunizante em sua live semanal. A Farmacore não comenta o veto nem explica como o projeto seguirá diante desse corte. Em nota, a empresa afirma que continua se preparando para as fases 1 e 2 dos testes em voluntários, que aguardam aprovação da Anvisa para início. Procurado, o ministério não respondeu como manterá o financiamento. Os R$ 200 milhões são uma espécie de “número mágico” também para dois outros projetos promissores de vacina no país: o da UFMG com a Fiocruz Minas, liderado pelo imunologista Ricardo Gazzinelli, e o da USP em parceria com Unicamp e Unifesp, sob o comando do imunologista Jorge Kalil. Ambos encontraram resultados animadores até agora nos testes com animais e calcularam que precisariam desse valor do governo federal para avançar para os estudos com humanos nos próximos meses. A relação de parceria entre a gestão de Marcos Pontes e esses pesquisadores se dá por meio da Rede Vírus, uma linha de apoio a ideias para combater a pandemia, criada em 2020 pela pasta. O corte nos recursos da Versamune deixou pesquisadores de vacinas contra a Covid-19 no país em alerta. Preocupados com o investimento federal incerto, eles recorrem a outras fontes de financiamento. Na quinta, o projeto da UFMG com a Fiocruz Minas recebeu R$ 30 milhões da Prefeitura de Belo Horizonte para realizar os primeiros testes em humanos. Em nota, a instituição registrou alívio pelo suporte municipal e afirmou que, sem ele, a pesquisa poderia ser paralisada. — O setor privado é cauteloso com riscos. No mundo todo estes estudos contaram com investimentos do governo. Aqui, o governo deveria atuar mais nessa questão — diz Gazzinelli. Kalil, que espera começar os estudos em humanos no segundo semestre, diz já ter conversado até com o próprio presidente sobre a importância dos recursos.

Exército teme exposição de militares no CPI - A confirmação de que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello prestará depoimento a CPI da Covid e a possibilidade de que outros membros do núcleo rígido da pasta durante sua gestão possam ser convocados aumentaram a pressão sobre o Palácio do Planalto e as Forças Armadas. Pontos sensíveis na atuação da "tropa Pazuello", que já estão na mira das investigações do Ministério Público Federal (MPF) e do Tribunal de Contas da União (TCU) e também serão rastreados pela CPI, os dois grupos estão preocupados. Os ex-assessores de Pazuello estão envolvidos na demora na aquisição de vacinas, na compra e estímulo do uso de remédios ineficazes para combater o novo coronavírus e na falta de controle do estoque de oxigênio hospitalar e medicamentos necessários à intubação, entre outros pontos que serão explorados pelos senadores. O ato — ou, em alguns casos, a omissão — aparece em documentos e em declarações públicas ao longo da pandemia. O grupo mais próximo de Pazuello tem seis membros: o coronel do exército Elcio Franco, que foi secretário executivo, segundo na hierarquia da pasta; coronel e ex-secretário de atenção especializada Luiz Otávio Franco Duarte; marqueteiro Marcos Soares, conhecido como Marquinhos Show; Secretária de Gestão do Trabalho, Mayra Pinheiro; Secretário de Tecnologia da Ciência e insumos estratégicos, Hélio Angotti; e o ex-conselheiro da Airton Antônio Soligo, conhecido como Airton Cascavel. Pazuello se referiu à parte dos auxiliares de confiança como "os condenados". Os quartéis temem que o envolvimento de oficiais na gestão da saúde traga danos significativos à imagem do Exército e, diante da crise, os militares ainda acompanhem a CPI com relativa distância, mas admitem que podem mudar a estratégia ao longo do trabalho da comissão.

Bolsonaro sobrevoa ato pró-governo - Num 1º de maio marcado por manifestações a favor e contra seu governo, o presidente Jair Bolsonaro sobrevoou a região central de Brasília. Em um helicóptero escoltado pela Força Aérea Brasileira (FAB), o chefe do Executivo viu uma carreata de apoiadores no Eixo Monumental e a reunião de simpatizantes no gramado em frente ao Congresso. Ele, porém, não pousou no local. Os atos ocorreram dias após o mandatário dizer que espera uma sinalização do povo para agir — embora não tenha deixado claro que ações tomaria, ele criticou, na ocasião, as medidas restritivas adotadas por governadores e prefeitos para conter a pandemia da covid-19.

Como CPI pode afetar eleições - A preocupação do governo federal com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid tem direta relação com as eleições de 2022. É que o colegiado se torna um problema a mais para o presidente Jair Bolsonaro equilibrar até lá, além de uma possível terceira onda da pandemia, a dificuldade de vacinar a população, o desemprego e o Orçamento apertado. E se em público o chefe do Executivo diz não se preocupar com o colegiado, nos bastidores o assunto domina o Palácio do Planalto. Há, ainda, um agravante. Inapto nas articulações com o Congresso desde o início do mandato, Bolsonaro sabe que a CPI não só dará trabalho ao governo como jogará luz sobre cada problema que a pandemia causar e os erros cometidos no combate ao coronavírus. A CPI tem duração definida de 90 dias, mas a expectativa é de que seja prorrogada por igual período. Caso isso se concretize, os trabalhos dos parlamentares só terminarão no fim do ano, quando os candidatos às eleições de 2022 já estarão se apresentando. Parlamentares independentes, governistas e oposição admitem que será difícil para Bolsonaro se descolar do próprio negacionismo e das consequências de suas ações. Para o senador Lasier Martins (Podemos-RS), se o colegiado durar até dezembro e ficar sob pressão da oposição, causará “um profundo prejuízo” para a candidatura do presidente.

Senado foca em projeto para repatriar recursos - Mesmo com as atenções voltadas para a CPI da Covid, o Senado pretende continuar avançando em medidas econômicas que possam ajudar o país a superar a pandemia. E um dos projetos que o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), quer colocar em pauta é o que abre uma nova janela para a repatriação de recursos que são mantidos no exterior e não foram declarados à Receita Federal. O projeto da repatriação de recursos foi apresentado pelo próprio Pacheco e está sendo relatado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) — também relator da CPI da Covid. A ideia é seguir a mesma lógica do Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (RERCT), lançado em 2016 e 2017 pelos então governos de Dilma Rousseff e Michel Temer, que permitiu a regularização de R$ 174,5 bilhões e gerou uma arrecadação de R$ 52,5 bilhões para o Executivo. O RERCT seguiu um movimento global de repatriação de recursos àquela época e propôs que os brasileiros regularizassem recursos, bens e direitos adquiridos de maneira lícita e que eram mantidos no exterior, mas não haviam sido declarados ou foram declarados incorretamente para a Receita Federal. A regularização era de caráter voluntário, feita por meio da apresentação de uma Declaração de Regularização Cambial e Tributária (Dercat). Para incentivar a regularização dos recursos que estavam longe dos olhos do Fisco, o governo permitiu que fosse feita mediante o pagamento de impostos, multas e juros menos pesados do que aqueles que são cobrados em caso de comprovada irregularidade. Ainda assim, o Executivo arrecadou R$ 52,5 bilhões com o programa. Desse montante, 46% foram para os estados e municípios, e os outros 54% ajudaram a abater parte dos restos a pagar que pressionavam o rombo das contas públicas do governo central.

Ovo, preferência nacional - Frito, cozido, mexido, processado e usado em milhares de receitas. O brasileiro nunca comeu tanto ovo. Com o aumento desenfreado do preço da carne, a queda de poder de compra da população, e a mudança de hábito trazida pela pandemia, com mais gente se alimentando em casa, o ovo está longe de ser um coadjuvante na mesa da população. No ano de 2020, cada brasileiro comeu 251 ovos. É um volume recorde. Há 20 anos, o consumo anual de cada cidadão era de 94 unidades. Dez anos atrás, esse número subiu para 148 ovos. Hoje, o brasileiro come mais ovos que a média do cidadão mundial, que é de 230 ovos por ano. O alimento, que até poucos anos atrás figurava entre os vilões da saúde, condenado pelo teor de colesterol, migrou para as páginas da alimentação saudável. A indústria e as galinhas fizeram sua parte, com nada menos que 1.500 ovos por segundo produzidos no Brasil. As chamadas “poedeiras”, como são conhecidas as galinhas nas granjas, entregaram 53 bilhões de ovos em 2020. Neste ano, a produção deve chegar a 56 bilhões de unidades.

Bolsonaro quer rever confisco por trabalho escravo - O presidente Jair Bolsonaro prometeu, em discurso a produtores rurais na abertura da ExpoZebu 2021, ontem, a revisão da emenda constitucional n.º 81, que permite a expropriação de propriedades autuadas por trabalho escravo. Ele ainda aproveitou o 1.º de Maio, Dia do Trabalho, para criticar partidos de esquerda, sindicatos e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que, segundo ele, promove o “terror no campo”. De acordo com Bolsonaro, a emenda constitucional n.º 81 coloca em risco a propriedade privada. Aprovada em 2014, a emenda possibilita a expropriação de terras onde for encontrado trabalho escravo ou o cultivo de drogas. “Devemos rever a emenda 81, que tornou vulnerável a questão da propriedade privada. Essa emenda ainda não foi regulamentada e com certeza não será no nosso governo”, afirmou o presidente. Ao lado da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, ele afirmou que seu governo prefere “o aconselhamento” e, somente em último caso, a “‘multagem’, o que trouxe mais tranquilidade para o produtor rural”. Bolsonaro também confirmou que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), colocará a regularização fundiária em pauta para votação nas próximas semanas. “O homem do campo preserva o meio ambiente e seu local de trabalho e nos ajudará a combater ilícitos”, afirmou o presidente.

Era Bolsonaro renova crise de identidade dos militares - Com as Forças Armadas de volta ao centro do palco, o governo Jair Bolsonaro acentuou a crise de identidade dos militares como atores políticos no Brasil. Sem os freios e contrapesos que o poder civil deveria exercer, os fardados tiveram seu prestígio emprestado pelo capitão reformado do Exército, que lhes devolveu em benesses, mas também em dano de imagem de difícil reversão. Este é o resumo da avaliação feita à Folha por militares da ativa e da reserva, acadêmicos e políticos com trânsito nos quartéis ao avaliar o papel das Forças após a mais grave crise no setor desde 1977. Em março, Bolsonaro demitiu o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, levando à renúncia coletiva dos três comandantes das Forças —que foi transformada numa exoneração pelo novo titular da pasta, o também general da reserva Walter Braga Netto. A escolha dos novos chefes militares acalmou um pouco os ânimos, mas não a questão central. Bolsonaro insiste em usar o nome das Forças como apoiadoras de seu projeto político, particularmente ao continuar ameaçando empregá-las contramedidas restritivas aplicadas por estados para tentar conter a pandemia. “[A crise] foi uma chance de afirmação da missão constitucional das Forças. Foi uma confirmação da postura profissional, que é igual nos novos e nos antigos comandantes”, disse Carlos Alberto dos Santos Cruz. Um dos símbolos da presença militar na Esplanada, por ter assumido a Secretaria de Governo no começo da gestão Bolsonaro, esse respeitado general da reserva acabou demitido após refregas com políticos e com a dita ala ideológica. Hoje, faz oposição a Bolsonaro, mas não renega sua opção inicial. “O que há é um número excessivo de militares no primeiro escalão, o que dá a percepção de vínculo institucional”, afirma. “Isso é um desgaste para as Forças. O erro do governo foi o de desequilibrar a representação social em seus quadros”, diz, completando que a passagem do general Eduardo Pazuello pela pasta da Saúde foi "um negócio desastroso". “Se o presidente não conhece pessoas competentes após 28 anos de Congresso, tem alguma coisa errada”, diz ele, que teme uma disputa em 2022 entre “governo de 20 anos atrás” (do PT) e um “governo despreparado” (de Bolsonaro). Há uma questão de fundo colocada: desde o golpe que instaurou a República, em 1889, os militares são personagens centrais de momentos de inflexão da vida política no Brasil.

Exército reserva verba de dose para remédio ineficaz - O Exército reservou recursos da vacinação contra a Covid-19 para compra de material a hospitais militares usados por integrantes da Força, para aquisição de azitromicina, ivermectina e cloroquina —remédios sem eficácia no combate ao novo coronavírus— e para gastos sigilosos. O dinheiro garantido para essas despesas faz parte da verba destravada por MP (medida provisória) editada em dezembro, em caráter emergencial, para a compra de vacinas. Segundo a justificativa da MP enviada ao Congresso, os recursos também podem ser usados em despesas com insumos, logística, comunicação e publicidade, desde que associadas à vacinação. A MP assinada pelo presidente Jair Bolsonaro liberou R$ 20 bilhões ao Ministério da Saúde. A pasta gastou R$ 3,56 bilhões com a compra direta de vacinas do Instituto Butantan, Pfizer e Janssen.

Em janeiro, os Ministérios da Saúde e da Defesa firmaram uma parceria —chamada TED (termo de execução descentralizada)— para que as Forças Armadas recebam recursos da saúde e auxiliem no programa nacional de imunização contra a Covid-19. Os repasses contemplados somam R$ 95 milhões.

Segundo o Ministério da Saúde, esse dinheiro é proveniente da MP voltada à vacinação. Até agora, conforme a pasta, já foram liberados R$ 6,5 milhões para "despesa do pessoal envolvido diretamente no apoio à campanha de vacinação da população brasileira". Dados disponíveis no Portal da Transparência, alimentados pelo governo federal até o último dia 22, mostram que os militares reservaram um valor maior, com a emissão de notas de empenho: R$ 16,9 milhões. O empenho é uma autorização de gastos, uma reserva no Orçamento, que antecede os pagamentos. Em 22 de fevereiro, o Centro de Inteligência do Exército garantiu R$ 150 mil para gastos sigilosos, sem uma explicação na nota de empenho sobre o emprego a ser dado ao dinheiro.

Empresário recebe transplante de pulmão após Covid - No próximo dia 14, o empresário alagoano José Hipólito Correia Costa, 61, comemorará três meses de um transplante de pulmão inédito no país que lhe devolveu a vida, após ter tido o órgão destruído pela Covid-19 com uma fibrose irreversível. Ele espera ter alta na mesma semana, após completar quase sete meses de internação hospitalar. Desse total, passou 88 dias ligado à Ecmo (Membrana de Oxigenação Extracorpórea), uma espécie de pulmão artificial que oxigena o sangue fora do corpo, substituindo temporariamente o órgão comprometido de maneira severa. O transplante foi feito no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e é o segundo realizado com paciente que teve Covid na instituição. O primeiro doente, porém, não sobreviveu. No mundo, foram documentados cerca de 50 procedimentos desde o início da pandemia. "Se não tivesse ocorrido o transplante, certamente o paciente já teria morrido", diz o cirurgião torácico Marcos Samano, coordenador de transplante pulmonar do Einstein e professor da USP.

Correr atrás de chip vira rotina para empresas no Brasil - A crise na cadeia global de chips semicondutores ameaça novas paralisações em montadoras brasileiras e, após mais de um ano de pandemia, afeta de modo crítico a indústria de eletrônicos, que tenta se adaptar diante da escassez do componente. A insuficiência de chips impacta fábricas de automóveis como General Motors, Ford, Stellantis e Volkswagen em todos os continentes. O problema das matrizes reflete diretamente nas subsidiárias, incluindo o Brasil. Há risco de novas paradas nos próximos meses diante da falta de semicondutores, de acordo com Anfavea, associação do setor. “As empresas indicam essa possibilidade para as próximas semanas, para maio, caso não haja uma solução", afirma Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea. A indústria de eletroeletrônicos enfrenta o mesmo desafio. Embora se beneficie das vendas —que saltaram durante a pandemia—, 44% das empresas relatam entraves para acessar componentes eletrônicos, incluindo chips, vindos da Ásia, mostra sondagem da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) feita em março. A explosão na demanda por tablets, celulares, TVs e computadores, motivada pelo trabalho remoto de grande parte da população durante a crise de Covid, é uma das principais causas para o desequilíbrio da cadeia. Os componentes-chave para a fabricação de eletrônicos vêm da Ásia e dos Estados Unidos.

Protestos pró e contra presidente marcam 1º de Maio no país - Pelo segundo ano seguido, a multidão de pessoas, bandeiras e balões deu lugar a transmissões via internet no 1º de maio das centrais sindicais. Devido à pandemia de Covid-19, também em 2021 o Dia do Trabalhador foi à distância. Batizado de "1º de Maio Pela Vida", o ato foi promovido por CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil), NCST (Nova Central), CSB, Pública e CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil). Em São Paulo, o PCO (Partido da Causa Operária) convocou uma manifestação presencial na praça da Sé, na região central da capital, em protesto ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido). O padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua, participou do ato, que saiu em caminhada até o Theatro Municipal. Na avenida Paulista, apoiadores do presidente protestaram contra medidas de controle da pandemia e criticaram STF (Supremo Tribunal Federal), prefeitos e governadores que fazem oposição ao governo. Outras cidades tiveram manifestações similares, com pedidos de intervenção militar e declarações de apoio à Bolsonaro. A live das centrais teve cerca de três horas de duração. O evento "uniu" no palanque virtual presidenciáveis como Guilherme Boulos (PSOL) e Ciro Gomes (PDT) e os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, ambos do PT, e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), lideranças de movimentos sociais e artistas.

Destaques

PF apreendeu R$ 1 bilhão em criptomoedas no último ano - A Polícia Federal mantém em contas judiciais R$ 1 bilhão em criptomoedas apreendidas em investigações deflagradas no último ano. Os valores são referentes a cerca de 6 mil unidades de bitcoins e outros tipos de moedas virtuais, como a Ethereum. Na cotação de sexta (30), um bitcoin equivale a R$ 310 mil. Os operadores de criptomoedas são vistos pela PF como os novos doleiros que se valem dos criptoativos para praticar crimes como a evasão de divisas, sonegação e lavagem de dinheiro. Os investigadores já mapearam o uso de criptomoedas relacionado ao tráfico de drogas e corrupção. Devido ao aumento no número de casos, a PF produziu e distribuiu internamente um manual técnico sobre como realizar a busca e apreensão das moedas virtuais. Na quarta (28), após receber uma informação sobre movimentação suspeita de malas, a PF apreendeu em Búzios (RJ) R$ 7 milhões em espécie que seriam enviados de helicóptero para São Paulo naquele dia. As pessoas abordadas na ação são da empresa GAS Consultoria e Tecnologia, que negocia criptomoedas. A origem dos valores ainda é investigada. "A PF está atenta a esses novos métodos utilizados pelos criminosos", diz o diretor de combate ao crime organizado Luís Flávio Zampronha.

Balança equilibrada - Monitoramento da liderança do MDB nas redes sociais mostra que houve 50.150 menções neutras ou positivas ao senador Renan Calheiros (MDB-AL) entre os dias 23 e 29 de abril, número superior às 47.776 citações negativas. Aliados de Calheiros comemoraram o resultado já que ele ocorreu numa semana em que o alagoano foi alvo de ataques articulados por apoiadores de Jair Bolsonaro (sem partido) após ter sido designado relator da CPI da Covid. A análise de pessoas próximas do senador é que as ocorrências positivas e neutras concentram tanto quem já era crítico de Bolsonaro como os que passaram a ser na pandemia, incluindo aqueles que rejeitam o PT. Ou seja, o dado aponta que a narrativa dos bolsonaristas caiu nas redes, espaço onde tentam prevalecer. Integrantes do Planalto dizem que o presidente não deu até agora orientação sobre a estratégia a ser usada para defender o governo na comissão. Enquanto isso, ministros brigam pelo controle das táticas que serão usadas na CPI, como mostrou a Folha na sexta.

Escolta de Mourão provoca mal-estar - Repercutiu mal a visita feita por Hamilton Mourão na última quarta-feira (28) à TV Bandeirantes, em São Paulo. A ida do vice-presidente ao local envolveu uma equipe de cerca de 50 membros da segurança, cães farejadores, além de detectores de metais ao local, o que causou espanto em funcionários do grupo de comunicação. O tamanho e a ostensividade da comitiva viraram tema de uma reunião interna de diretores da Band. As vistorias tiveram início com dois dias de antecedência, na segunda-feira (26). Nunca antes algo semelhante tinha sido visto no prédio da emissora, nem mesmo na visita realizada anteriormente por Bolsonaro nem de outros chefes de Estado.

PT e Lula reconstroem pontes com o PSB - A retomada dos direitos políticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reaproximou o partido de um parceiro histórico, o PSB, e acelerou tratativas entre as duas legendas para possíveis alianças nos estados, sobretudo no Nordeste. Nas últimas semanas, PT e PSB selaram parcerias políticas no Piauí, na Paraíba e no Amapá e iniciaram um movimento de reaproximação em Pernambuco, Sergipe e no Espírito Santo. As cúpulas dos dois partidos afirmam que a reaproximação tem como foco a definição de estratégias políticas conjuntas e dizem que as eleições do próximo ano ainda não estão em pauta.

Governo tenta evitar que CPI se torne palanque para Mandetta - O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) será o primeiro a prestar depoimento na CPI da Covid, na próxima terça-feira (4), e o governo trabalha agora para tentar evitar que ele use a comissão parlamentar de inquérito no Senado como palanque eleitoral para 2022. A força-tarefa montada no Palácio do Planalto para levantar dados a serem usados nas audiências mobiliza servidores da Casa Civil, da Secretaria de Governo, da Secretaria-Geral e da Secom (Secretaria de Comunicação). Integrantes do grupo de trabalho do Planalto admitem que estão promovendo um pente-fino na gestão de Mandetta, hoje desafeto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A ideia é restringir as perguntas feitas a Mandetta ao período em que ele esteve à frente da Saúde, para evitar, segundo governistas, que o ex-auxiliar se transforme em uma espécie de comentarista político de ações tomadas por Bolsonaro após sua saída do cargo. "O ex-ministro e o atual devem responder sobre seus períodos no ministério. Quando estava à frente, como fez? Qual o resultado?", disse o senador Marcos Rogério (DEM-RO), um dos principais nomes da tropa de choque governista na comissão. Também é uma forma de apresentar Mandetta como copartícipe da estratégia inicial de enfrentamento à Covid da administração Bolsonaro, o que diminuiria sua credibilidade como crítico de medidas tomadas pelo presidente. Nesse sentido, o plano é ainda instruir a tropa de choque do governo a evitar ataques ao ex-ministro e só partir para a ofensiva caso ele adote um tom incisivo contra Bolsonaro. Por um lado, Mandetta deve ser alvo de críticas por medidas como a orientação sobre quando procurar assistência médica, como Bolsonaro faz questão de lembrar frequentemente.

Ernesto diz que Bolsonaro faz governo 'sem alma nem ideal' - Cerca de um mês após pedir demissão do cargo de ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo publicou neste sábado (1º) em seu perfil em uma rede social uma sequência de postagens de tom crítico ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “Um governo popular, audaz e visionário foi-se transformando numa administração tecnocrática sem alma nem ideal. Penhoraram o coração do povo ao sistema. O projeto de construir uma grande nação minguou no projeto de construir uma base parlamentar”, diz uma das postagens. "Assisti a esse processo com angústia e inconformidade, e fiz o que pude, até onde pude, para preservar a visão original. Nisso estive quase sozinho. Vi confiscarem ao presidente seu sonho, anularem suas convicções, abafarem sua chama. (Não deixei que abafassem a minha.)", escreveu o ex-ministro. Após dois anos como chanceler, Ernesto pediu demissão sob pressão da cúpula do Congresso e em meio a desavenças com diferentes setores da sociedade, como empresários, lideranças do agronegócio e até outros setores do governo. Ele foi substituído pelo embaixador Carlos Alberto Franco França. Acusado de omissão no combate à pandemia, o ex-chanceler queixou-se no texto de sua carta de demissão, publicada no fim de março, de “uma narrativa falsa e hipócrita, a serviço de interesses escusos nacionais e estrangeiros, segundo a qual minha atuação prejudicaria a obtenção de vacinas”. Em suas postagens na rede social neste sábado (1º), Ernesto afirmou que o governo de Jair Bolsonaro fez avanços, porém em 2020 “a reação do sistema, cavalgando a pandemia, começou a desmantelar essa esperança”. O ex-chanceler também fez comentários sobre reformas e privatizações, alguns dos temas políticos estratégicos para o governo, que rendeu apoio do mercado e a marca de liberal a Bolsonaro em sua eleição. “Leilões, privatizações, reformas tributária e administrativa? Se não for combatida a essência do sistema, estas serão reformas 'Gattopardo': mudanças para que tudo permaneça igual. Nenhuma 'articulação política' vai mudar o Brasil. Somente a pressão popular”, afirmou na postagem.

Uso de mensagens obtidas por hackers divide o STF - A validade das mensagens obtidas por hackers que entraram na mira da Operação Spoofing divide ministros do Supremo Tribunal Federal. O plenário da Corte ainda não decidiu sobre a licitude dessas conversas, obtidas por um grupo criminoso que invadiu celulares de autoridades e revelou mensagens atribuídas ao ex-juiz Sérgio Moro e a ex-integrantes da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Mesmo sem uma definição sobre a controvérsia, seis ministros do STF já se manifestaram sobre o assunto em julgamentos, decisões e entrevistas. A definição sobre a validade dos diálogos como prova ou não é crucial para o legado e desdobramentos da Lava Jato. As mensagens apreendidas na Spoofing abalaram os processos decorrentes do trabalho da força-tarefa e colocaram em xeque a atuação de Moro e de procuradores de Curitiba. O conteúdo – de origem criminosa, e, portanto, ilícita – tem sido usado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para reforçar a narrativa de que o exjuiz da 13.ª Vara Federal de Curitiba agiu em conluio com procuradores e foi parcial nas investigações. Outros réus da Lava Jato também buscam se beneficiar, na esteira do petista, como o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB).

Na posse, Castro prega ‘reconstrução’ - No dia seguinte à aprovação do impeachment de Wilson Witzel (PSC) do governo do Estado do Rio de Janeiro, o vice na chapa eleita, Cláudio Castro (PSC), tomou posse como novo governador. Castro já atuava como governador em exercício desde o afastamento de Witzel, em agosto de 2020. Castro tomou posse na manhã deste sábado, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A despeito da gravidade da pandemia de covid-19 no Estado, a cerimônia foi concorrida, com aglomeração de convidados ávidos para cumprimentar o governador agora efetivo. Iniciada com mais de uma hora de atraso, a cerimônia foi conduzida pelo presidente da Alerj, André Ceciliano (PT). Antes que se iniciasse o rito, os presentes fizeram um minuto de silêncio para lembrar as vítimas da covid-19. Ceciliano lembrou que Castro assume efetivamente o governo no momento em que o Estado enfrenta recorde de mortos pela pandemia, desemprego elevado e dificuldades na área de segurança pública. Castro prestou o juramento constitucional e assinou o termo de posse. O governador tirou a máscara de proteção para seu discurso e pediu novo minuto de silêncio às vítimas da covid-19 no Estado e afirmou acreditar na vacina como solução para a pandemia. "Passamos pela primeira onda, pela segunda e estamos neste momento atravessando uma terceira", discursou Castro. Entre os que acompanharam a cerimônia de posse, estavam secretários de governo, integrantes do Judiciário, deputados estaduais e federais. "Iniciamos hoje um novo tempo no Estado do Rio de Janeiro, um tempo, com certeza, de reconstrução", disse Castro, reconhecendo que pode ser difícil que o povo acredite em mudanças. "Precisamos avançar, olhar para frente, não perdermos a esperança", completou.

O teatro das reformas - Com a CPI da Covid no Senado e uma agenda na Câmara a cada dia mais atropelada pela antecipação dos acordos políticos com vistas a 2022, deputados avisam que a chance de aprovação de reformas estruturantes, como a tributária e a administrativa, é praticamente zero. Daí, a saída será o “fatiamento” da tributária, com a aprovação apenas da unificação PIS/Cofins, um “remendo” de forma a sinalizar uma certa boa vontade. As outras etapas, porém, ficarão para a temporada pós-eleitoral. A administrativa pode passar na Comissão de Constituição e Justiça, com vistas para o futuro, sem mexer com os atuais servidores. Ninguém, no entanto, dirá abertamente que a tributária não será totalmente aprovada. O relatório será apresentado, amplamente debatido, vai para a CCJ, pode ter até uma comissão especial instalada. Entretanto, diante das dificuldades financeiras que o país atravessa, os deputados dizem, em conversas reservadas, que os acordos entre todos os atores são quase um sonho impossível. Há quem diga, inclusive, que, se mesmo com os governos totalmente focados na aprovação dessas reformas elas terminaram sem um desfecho, agora, diante de um Poder Executivo que se dividirá entre CPI, pandemia, acordos eleitorais e o que mais chegar, esse ressurgimento promete ser apenas mais uma temporada com abertura marcada para esta segunda-feira.

CPI reacende disputa entre Renan e Lira, forjada em Alagoas - A confirmação de Renan Calheiros (MDB-AL) como relator da CPI de Covid, instituída no Senado na semana passada, posicionou o Congresso Nacional como uma nova etapa de disputa, forjada na política de Alagoas, que opõe o senador ao deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Casa com o apoio do governo Jair Bolsonaro. Embora os dois lados tenham procurado denominadores comuns desde 2018 — a agenda mais recente para uni-los é a possível indicação do alagoano Humberto Martins para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) —, interlocutores dos parlamentares relatam que o clima de "desconfiança mútua" piorou com a retomada do protagonismo de Renan, visto como uma ameaça à trajetória de ascensão de Lira. A eleição de 2022, segundo atores políticos relataram ao Globo, é o horizonte que dará o tom da queda de braço entre Renan e Lira. Em particular, dois interlocutores não descartam a possibilidade de composição entre ambos na corrida pela sucessão do governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), que fez gestos no passado recente a opositores do pai, incluindo Lira. Outros três líderes partidários, no entanto, veem a divisão como cristalizada, graças ao contexto nacional, que tem uma possível candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aliado de Renan, contra Bolsonaro, de quem Lira tenta manter distância sem romper com o governo federal.