Em ato contra cortes e atrasos no pagamento de bolsas, alunos da Uerj picham reitoria
Estudantes reivindicam que critérios para recebimento dos auxílios mudou durante as férias e que pagamentos vêm atrasando há meses. Sala da reitoria foi pichada, e universidade diz que não haverá diálogo nesses termos.
Por Karol Caparelli, Catharinna Marques, g1 Rio e TV Globo
Em ato contra cortes e atrasos no pagamento de bolsas, alunos da Uerj picham reitoria — Foto: Redes sociais
Estudantes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) fizeram um protesto na unidade do Maracanã, na Zona Norte do Rio, nesta sexta-feira (27). A principal reivindicação era o pagamento dos auxílios estudantis, que mais uma vez estão atrasados.
Durante o ato, a sala da reitoria foi invadida e pichada com o pedido de retirada da atual reitora, Gulnar Azevedo, que durante a campanha eleitoral prometia manter os pagamentos em dia.
A reitoria afirma que, nesses termos, não haverá diálogo com o corpo estudantil. (Leia a nota completa no fim da reportagem)
Centenas de alunos participaram da manifestação. Atualmente, 2,6 mil estudantes estão na categoria de vulnerabilidade social. Eles entraram na faculdade pela ampla concorrência e, durante a matrícula, comprovaram a renda e passaram pelo sistema de avaliação socioeconômica.
Em ato contra cortes e atrasos no pagamento de bolsas, alunos da Uerj picham reitoria — Foto: Reprodução
Esses estudantes têm direito a alguns auxílios:
- Auxílio material: para pagar despesas com livros e impressões. Deveria ser pago duas vezes ao ano, a cada semestre, no valor de R$ 1,2 mil
- Auxílios alimentação e passagem: R$ 300 cada
- Bolsa de apoio a vulnerabilidade social: R$ 706 por mês com duração de dois anos
Os alunos dizem que atrasos são constantes e que o auxílio material, que deveria ter sido pago dia 5 de julho, não caiu na conta.
O corpo estudantil diz ainda que foi pego de surpresa, no meio das férias, com mudanças nos critérios de pagamento de alguns desses auxílios. As alterações vão começar a valer a partir de 1º de agosto. Entre as principais mudanças anunciadas pela faculdade, estão:
- Corte no auxílio alimentação
- Redução pela metade do auxílio ao material didático
- Limitação de 1,3 mil estudantes para auxílio creche
- Mudança no critério da bolsa de apoio a vulnerabilidade social
Até o momento, estudantes contemplados tinham que comprovar uma renda bruta de até um salário mínimo e meio por pessoa da família. Agora, será de apenas meio salário mínimo.
Entenda a reivindicação dos alunos na reportagem abaixo:
Estudantes da UERJ terão cortes em auxílios
Segundo os alunos, mais de 5 mil vão perder o benefício por causa da redução no critério.
“Uma assistência estudantil que já foi a maior da América Latina e hoje enfrenta um grande retrocesso. Os alunos estão sendo cortados, estão passando esse pente fino com a desculpa de corte de gastos, mas é essencial para a permanência”, destaca o estudante Natan Afonso
“Para onde está sendo investido esse dinheiro?”, questiona ele.
Veja o que diz a reitoria
Na tarde dessa sexta-feira, as salas da Reitoria da Uerj foram invadidas por manifestantes insatisfeitos com as mudanças na Política de Auxílios Estudantis da Universidade. As imagens que já circulam nas redes evidenciam que um grupo de pessoas praticou uma série de depredações do patrimônio público, com pichações e a destruição de móveis.
Para além disso, os manifestantes agiram com violência na intimidação de servidores para entrar sem autorização nas salas dos gestores da Universidade, em ação absolutamente inaceitável, antidemocrática e típica de quem não respeita o debate público com base republicana.
Os métodos empregados pelos insatisfeitos não condizem com a história da Uerj, com o ambiente educacional e impossibilitam qualquer diálogo sobre a questão. A Reitoria da Uerj vai apurar as responsabilidades e conta com a ação da Prefeitura dos campi e do setor de Segurança para garantir o pleno funcionamento da Universidade.
Nada justifica as violências praticadas no dia de hoje. Não haverá discussão possível nessas bases.