Maria Thereza terá sua vida ao lado de Jango contada nas telas do cinema

O filme, baseado no livro Uma Mulher Vestida de Silêncio – A biografia de Maria Thereza Goulart, de Wagner Willian, será dirigido por Susanna Lira e terá Andréia Horta no papel da primeira dama mais bonita do Brasil

Maria Thereza terá sua vida ao lado de Jango contada nas telas do cinema

Por Hora do Povo Publicado

Andreia Horta e Maria Thereza Goulart (reprodução)


Wagner Willian, autor do Soldado Absoluto, obra prima sobre a vida e a luta do Marechal Lott, lançou no final de 2018 a biografia de Maria Thereza Goulart, esposa e companheira de exílio do ex-presidente João Goulart, destituído do governo democraticamente eleito pelo golpe de Estado de 1964.

Seu livro “Uma Mulher Vestida de Silêncio – A biografia de Maria Thereza Goulart”, fez tanto sucesso que vai virar filme.

Ainda nesta reportagem você poderá ouvir na íntegra a entrevista com o autor do livro.


Maria Thereza no palaque do famoso Comício da Central, em 13 de março de 1964 (Foto: reprodução)


A atriz Andréia Horta, que já viveu Elis Regina no cinema, interpretará a ex-primeira Dama no filme que será um longa-metragem da FM Produções e da Modo Operante. O presidente deverá ser interpretado pelo ator Alexandre Nero.

A obra revisitará a trajetória de João Goulart por meio do olhar de sua companheira de vida, Maria Thereza, a mais linda primeira dama do país.


Andréia Horta viverá o papel da ex-primeira dama do Brasil (Fotomontagem HP)


A cineasta Susanna Lira, que já dirigiu 11 longas metragens, entre eles, o documentário “A Torre das Donzelas”, sobre a repressão às mulheres na época da ditadura, e diversos curtas e séries de televisão, vai dirigir o filme que ganhará as telonas de todo o país.


Diretora do filme, Susanna Lira

Na época em que o livro de Willian vinha a público já era visível no horizonte o terraplanismo de Jair Bolsonaro e seu séquito. Acreditava-se, à época, que aquele fenômeno não passaria de uma imagem fúnebre e distante no horizonte.

No lançamento em São Paulo, com a presença do autor, do filho do ex-presidente cassado, João Vicente Goulart, à época presidenciável, representando sua mãe, e do ex-ministro do Trabalho de Jango, Almino Afonso, todos comentavam a importância da obra de Willian para que o passado negro, tão bem relatado na obra, não tivesse possibilidade de retornar em nosso país.

Não por acaso, com a imagem fúnebre deixando o horizonte e infestando de ódio a vida política brasileira, o livro de Wagner Willian cresceu em interesse e ganhou extrema atualidade. Não só ele, como também o “Soldado Absoluto”, que retrata a saga do general patriota que derrotou as diversas tentativas fascistas contra a democracia brasileira.


O livro foi lançado em todo o Brasil e foi um sucesso de vendas . Fotos: À esquerda, no Maranhão, com o casal Flávio Dino e Daniela Lima, e ao fundo, o seu filho João Vicente Goulart, que acompanhou a mãe no evento. Em São Paulo, com Wagner Willian e sua filha Denise (Reprodução)

Willian nos informou, na entrevista que concedeu ao HP, que o interesse pelo livro de Maria Thereza Goulart aumentou muito depois que Bolsonaro chegou ao poder e que seu editor o informou que o livro sobre Lott também estava saindo muito, “mais do que na época de seu lançamento, ocorrido em 2005″, disse.

João Vicente Goulart, herdeiro de fato, e também político, de Jango, comentou que a iniciativa de levar às telas a história de sua mãe é muito bem vinda, “principalmente num momento como este que vivemos”.

“A obra revela, mesmo nestes momentos difíceis, a coragem, a dedicação, a renúncia de si mesma pela causa dos semelhantes, e o amor profundo pelos filhos da Pátria e pela família, um tributo gigante a todas as mulheres brasileiras”, disse ele.

João Vicente: “a obra é um tributo gigante a todas as mulheres brasileiras”

“Mulheres”, prossegue João Vicente, “que lutam pela revolução feminina, pelo fim dos preconceitos machistas ainda impregnados na sociedade brasileira, nos costumes, nas leis, nas instituições e também nas dementes posições do fascismo, que subjugam negros, índios, quilombolas e ainda se alimentam com uma sociedade autoritária e discriminatória”.


Alexandre Nero

“A vida de Maria Thereza Goulart junto a Jango foi uma trajetória pelo Brasil, exemplo de mulher brasileira, na luta pelos humildes, pelos menos favorecidos. Da canção, “Gente humilde” que os dois muitas vezes, na solidão do exílio, cantarolavam olhando o céu do Uruguai, olhando-se um ao outro e depois imaginando que era o mesmo céu que cobria também o Brasil”, lembrou João Vicente.



Jango e seu filho, João Vicente

Ele disse que “o filme precisa emergir, com todas as dificuldades de captação e produção que o momento desfavorável aos democratas sofre nas perseguições deste governo, precisa emergir. A história escrita por vencedores momentâneos dura apenas nas tiranias e sucumbe na academia”.

“Maria Thereza é uma mulher, uma dama vestida de silêncio, uma companheira incansável de Jango, uma mãe – uma vó e hoje uma bisavó extraordinária – que o acompanhou até o último suspiro, numa longínqua fazenda do interior da Argentina, onde Jango se despediu da vida e de seu povo, mas não da luta”, prosseguiu.

“Essa a importância do filme, pois as lutas não morrem. Reavivar sempre as boas lutas é preservar a memória nacional. Maria Thereza é essa grande mulher, como são todas as mulheres brasileiras, inclusive as anônimas e as silenciosas”, concluiu João Vicente.



Nós ouvimos Wagner Willian, autor do livro sobre Maria Thereza Goulart, obra que servirá de base para o filme de Susanna Lira. O bate-papo, feito durante a pandemia, não pode ser feitos presencialmente, mas tivemos a oportunidade de ouvir o Willian pelo WhatsApp, que o leitor também poderá ouvir na entrevista que reproduzimos abaixo.


https://soundcloud.com/sergiosdc/wagner-willian

“Uma grande conquista para a história. Os atores escolhidos são ótimos porque falam com o público jovem e isso é muito importante”