Manchetes de domingo 27-03-2022

Manchetes de domingo  27-03-2022

Edição de Chico Bruno 

MANCHETES DE DOMINGO

 

Valor Econômico – Não circula aos sábados e domingos

 

O GLOBO – Centrão quer mais espaço no governo e já mira MEC e Petrobras

 

O ESTADO DE S.PAULO – Cada parlamentar custa ao Brasil R$ 23,8 milhões por ano

 

FOLHA DE S.PAULO – 51% apoiam suspender app que desobedeça à Justiça

 

CORREIO BRAZILIENSE – Uma cidade feita de luta, suor e sonhos

 

Destaques de primeiras páginas, fatos e bastidores mais importantes do dia

 

Quer mais - As denúncias de corrupção no Ministério da Educação e a insatisfação do Planalto com a política de preços da Petrobras estão sendo vistas pelo Centrão como oportunidades para ampliar presença no governo. O grupo se posiciona para indicar o eventual substituto do investigado Milton Ribeiro no MEC e ambiciona ocupar a presidência da estatal, controlando um orçamento de mais de R$ 200 bilhões. O Ministério de Ciência e Tecnologia também está na mira. Cargos são considerados "máquinas de votos" pela capilaridade dos investimentos que permitem.

 

Bem estar parlamentar - O Brasil tem o segundo Congresso mais caro do mundo em números absolutos. Só o Parlamento dos EUA, a maior economia do planeta, tem orçamento superior. É como se cada um dos 513 deputados e 81 senadores brasileiros custasse mais de US$ 5 milhões por ano, equivalentes a R$ 23,8 milhões na cotação da última sexta-feira. Os dados são de estudo de pesquisadores das universidades de Iowa e do Sul da Califórnia e da UnB, revela André Shalders. Na relação com a renda média dos cidadãos, o Legislativo brasileiro alcança o primeiro posto em despesas. O gasto com cada congressista corresponde a 528 vezes a renda média dos brasileiros.

 

Datafolha: 51% são a favor - Metade (51%) das pessoas no Brasil é favorável à suspensão do funcionamento de aplicativos de mensagens, como​ WhatsApp e Telegram, caso eles não obedeçam a ordens da Justiça brasileira para evitar a divulgação de notícias falsas, segundo pesquisa Datafolha. Outros 43% dos entrevistados se dizem contra o bloqueio; 3% são indiferentes e 3% afirmam não saber responder. O levantamento foi feito na terça (22) e quarta-feira (23), quatro dias após o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes ordenar a suspensão do Telegram no Brasil. Do total de entrevistados, 84% declararam ter conta em alguma rede social. Desses, 82% estão no WhatsApp e 20% usam o Telegram, os dois aplicativos de mensagens mais populares no país. A margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos. A pesquisa mostra ainda que 81% defendem a exclusão de conteúdos falsos tão logo sejam detectados. Outros 14% avaliam que as plataformas deveriam deixá-los disponíveis, mas com um aviso que são mentirosos. 

 

Ceilândia 51 anos - Foi num dia quente, no outono de 1971, que os caminhões chegaram a Ceilândia com as primeiras famílias, vindas da Vila do Iapi e do Morro do Urubu. Na escassa bagagem, muitos traziam apenas o sonho de conseguir um pedaço de terra para viver, disposição de lutar para mudar de vida e a esperança de dias melhores. Hoje, novas gerações dão continuidade à saga dos pioneiros. Nesta edição especial, o Correio ouviu depoimentos emocionados de moradores da cidade, como os da forrozeira Hellen Marques, do presidente da Asforró, Célio Marques, e dos rappers X e Japão. 

 

"O ambiente da política é muito machista" - Nesta semana, mais precisamente na sexta-feira, terá início a pré-campanha para as eleições de outubro. Com a desincompatibilização, os novos arranjos começam a se firmar e o desenho do cenário eleitoral vai deixando de ser rascunho para ganhar uma forma mais definitiva. Considerada, hoje, um dos principais nomes do DF, a ministra-chefe da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, confirma que não vai disputar o governo local, mas também não crava se será a candidata ao Senado. “A minha candidatura não será de forma alguma a governo. Ele é o nosso candidato à reeleição. O que eu posso disputar, a gente tem de construir, primeiro, ouvindo a população. Depois, uma construção”, diz, nesta entrevista exclusiva ao Correio.  Natural de Taguatinga, Flávia ressalta que cumpriu seu papel na Secretaria de Governo, mas não deixou de olhar para o DF. “Quero poder contribuir com a cidade. Meu projeto é para a cidade, com a cidade. Eu não tenho a política por profissão. A política não é a minha profissão. Quero o que o grupo construir, ouvir a sociedade, saber no que posso contribuir.” Deputada federal pelo PL, Flávia ganhou destaque na Câmara ao ser a primeira mulher a ocupar a presidência da Comissão Especial de Orçamento e Finanças e, depois, assumir um cargo estratégico no governo federal. Para ela, a missão foi cumprida. “O intuito que eu tinha, quando entrei, acho que consegui preencher, que foi o de construir pontes. Derrubar possíveis muros que fossem construídos nesse meio do caminho, estabelecer o diálogo, a construção de pontes com o Congresso”, avalia. Há desafios mais difíceis e coletivos a serem vencidos. Um deles é garantir menos preconceito e hostilidade na política para as mulheres. “Alguns homens colocam as mulheres (em segundo plano), como, no início (do mandato), tinha sempre ‘ah, nós participamos...’, e eu não estava sabendo. Então, quando vinha, ‘isso aqui, ah, nós discutimos’, eu dizia, ‘mas eu não participei’, então, estou achando que falta alguma coisa, né? Aos poucos, vai se construindo. Mas, nós, mulheres, precisamos provar muitas vezes que somos capazes”, frisa a parlamentar, defensora das cotas para candidaturas femininas nos partidos. Única mulher no Planalto, Flávia elogia o presidente Jair Bolsonaro. “A política é muito machista. O ambiente da política é muito machista. E eu sou a única mulher no Palácio. Mas o presidente me deu todas as oportunidades, a mesma fala e a mesma importância de todos os outros ministros”, enfatiza. Apesar da polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Flávia aposta que o eleitorado de Brasília dará uma votação expressiva para o atual chefe do Executivo. “Estive num evento para cinco mil pessoas e, quando falei o nome dele, foi ovacionado.”

 

Bolsonaro esbarra na lei eleitoral - O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o ato do PL, hoje, no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), será o lançamento de sua pré-candidatura à reeleição. A declaração do chefe do Executivo contraria anúncio do próprio partido de que o evento é para novas filiações — o enfoque foi oficialmente alterado pela sigla para evitar problemas com a lei eleitoral. “É o lançamento da pré-candidatura. Não começa a campanha ainda. A campanha é 45 dias antes, mas é para mostrar que eu sou candidato à reeleição”, enfatizou o presidente, durante passeio de moto em Santo Antônio do Descoberto (GO). Advogada do partido, Caroline Lacerda informou, na quarta-feira, que a decisão de mudar a temática do evento foi para evitar “possíveis questionamentos jurídicos”. “A lei eleitoral não fala de pré-lançamento de campanhas, não existe nenhuma norma sobre isso. O evento do PL tinha sido pensado para ser algo desse jeito, mas, por não ter previsão legal, eles preferiram mudar”, explicou. Na declaração em Goiás, Bolsonaro também avisou que o público não precisaria de inscrição para o evento. “Amanhã (hoje), está previsto às 10h. Deve ter muita gente lá, muita gente está se inscrevendo. Não precisa se inscrever. Se tiver espaço, vai entrar mesmo quem não estiver inscrito. É o lançamento da pré-candidatura”, enfatizou. Esse foi outro desalinhamento com o partido, que organizou a cerimônia com credenciamento do público. 

 

Partido contra festival - Ontem, o PL entrou com uma representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o Festival Lollapalooza, realizado em São Paulo, após a cantora Pablo Vittar mostrar, na sexta-feira, uma bandeira com a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas de intenção de voto para as eleições de outubro. A legenda sustenta que o ato configura infração à lei eleitoral. Além de desfilar com a bandeira pelo palco, Pablo Vittar puxou o coro de “fora Bolsonaro”, no que foi acompanhada pelo público. A defesa do partido alegou que a atitude é considerada propaganda antecipada em favor do oponente de Bolsonaro e, portanto, “fere inúmeros dispositivos legais”. “Neste momento do ano eleitoral, não é permitido fazer exaltação a nenhum candidato e também não é permitido falar mal de nenhum andidato. A lei eleitoral veda tanto a propaganda antecipada quanto a propaganda negativa”, afirmou Caroline Lacerda. “Por descumprimento da lei, a gente pediu ao TSE notificar o evento para que ajuste a conduta dos artistas que ainda forem fazer shows hoje (ontem) e amanhã (hoje)”, acrescentou. O PL também cita as críticas da cantora britânica Marina ao presidente brasileiro. “Estamos cansados dessa energia”, disse a artista. Na representação no TSE, o partido sustenta que manifestações políticas em eventos musicais em ano eleitoral se assemelham a showmício e, por isso, supostamente configuram propaganda eleitoral irregular. “O ato induz a concluir que o beneficiário Lula seria o mais apto nas eleições, posto que conta com o apoio de artista renomado e gritos de apoio do público”, diz o documento. Até o fechamento desta edição, o Lollapalooza não havia se posicionado sobre o assunto. 

 

Lula promete “abrasileirar” os combustíveis - Com acenos a partidos de esquerda em um ato político em Niterói (RJ), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, ontem, a condução da economia pelo governo do presidente Jair Bolsonaro e a alta do preço dos combustíveis. O petista reiterou que pretende “abrasileirar” os preços de gasolina, diesel e gás de cozinha, caso seja eleito. “A Petrobras vai ter de voltar a ser do povo brasileiro. Temos de ter coragem para não deixar privatizar os Correios, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica. Vamos ‘abrasileirar’ o preço do combustível, do óleo diesel e do gás de cozinha”, frisou, ao discursar durante o Festival Vermelho, ato em comemoração aos 100 anos do PCdoB. O petista enfatizou que, em um eventual novo governo, os ricos terão de pagar mais Imposto de Renda e que a população mais pobre deve ser contemplada por recursos públicos. “O povo pobre tem de entrar no orçamento das prefeituras, dos estados e da União. A contrapartida é colocar os ricos no Imposto de Renda”, argumentou. Em um discurso de cerca de 40 minutos, o ex-presidente chamou Bolsonaro de “fascista”, “psicopata” e ironizou as declarações do presidente de que não há corrupção no governo federal. “Esse fascista que está governando este país não só não fez nada pelo povo brasileiro como destruiu as instituições e os programas sociais”, acusou.

 

Ciro Gomes ironiza - Também pré-candidato à Presidência, Ciro Gomes (PDT) ironizou, ontem, a aliança entre Lula e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB). Animação compartilhada no Telegram do pedetista critica o fato de os dois, antes adversários, discutirem a possibilidade de dividir uma chapa presidencial este ano. Também questiona políticos de esquerda pelo apoio ao acordo.A postagem, que traz referências ao festival de música Loolapalooza, apresenta Lula e Alckmin como líderes de uma banda que “desafina na política”. A peça mostra as cabeças dos dois flutuando, enquanto nomes da esquerda cantam em frente ao Congresso em chamas. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, aparece vestida com uma camisa de tucano, símbolo do PSDB, antigo partido de Alckmin. A imagem é intitulada “Lulapalozo apresenta os Novos Tucanos”. Entre os políticos representados na animação estão Guilherme Boulos (PSol), Jean Wyllys (PT) e Manuela D’Ávila (PCdoB). “É surpreendente a riqueza da música brasileira. A cada dia surge uma nova banda no cenário. Só concorre com a profusão de bandos que desafinam na política. Ouçam estes inigualáveis Novos Tucanos! #LulaPalozo”, ironizou Ciro na publicação.

 

Moeda de troca - A escolha de um novo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), para vaga a ser aberta pela aposentadoria da ministra Ana Arraes, em julho, ocorrerá somente após as eleições de outubro. O lugar é da Câmara dos Deputados e vem sendo tratado nos bastidores como um grande ativo para que o atual presidente da Casa, Arthur Lira — se reeleito deputado federal, e tudo indica que será —, monte seu jogo para mais dois anos no comando do Legislativo, seja quem for o próximo presidente da República. Até aqui, cinco deputados já se apresentaram: Soraya Santos (PL-RJ), Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR), Hugo Leal (PSD-RJ), Danilo Forte (PSDB-CE) e Fábio Ramalho (MDB-MG). Outros nomes virão. Nem os ministros do TCU estão preocupados com atrasos nessa escolha. É que há quatro substitutos para a hipótese de afastamento de algum dos ministros titulares. Aliás, o próprio Arthur Lira já foi informado de que não precisa ter pressa. E, como este semestre a Câmara deve continuar com as votações pelo sistema remoto e restabelecer o sistema 100% presencial somente depois das eleições, ninguém está ansioso por essa escolha. A não ser, obviamente, os candidatos.

 

Em defesa de Doria - Aliados do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), se mobilizaram contra o que chamam de tentativa de “golpe” na sua pré-candidatura e cobram do presidente nacional do partido, Bruno Araújo, um posicionamento contundente em defesa do resultado das prévias presidenciais do ano passado. Assediado pelo PSD, que sinalizou que lançaria sua candidatura ao Palácio do Planalto, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) — derrotado por Doria nas prévias —, vai deixar o cargo amanhã e deve anunciar sua permanência no partido. O grupo que faz oposição a Doria é liderado pelo deputado Aécio Neves (PSDB-MG). Em entrevista, na semana passada, ao programa CB.Poder — parceria entre o Correio e a TV Brasília —, o parlamentar enfatizou: “Fiquei, nos últimos quatro meses, desde as prévias, aguardando que o governador Doria mostrasse uma capacidade mínima de aglutinar forças políticas ou da sociedade e que pudesse, também, mostrar alguma perspectiva de crescimento nas pesquisas (eleitorais). Absolutamente nada disso ocorreu”. Esse grupo acredita que pode reverter o resultado das prévias na convenção do partido, em junho. O “Dia do Fico” no PSDB seria uma estratégia que prevê a possibilidade de um acordo com o MDB e o União Brasil para o lançamento de uma candidatura única ao Palácio do Planalto. Aliados de Doria reclamam do silêncio do presidente tucano, que é coordenador da pré-campanha do governador. “Esperamos uma manifestação do Bruno (Araújo) para garantir que a democracia interna seja respeitada”, disse Fernando Alfredo, presidente da sigla na capital paulista. “Eles não têm embasamento jurídico para contestar o resultado e apostam no desgaste do João. Qualquer tentativa de revogar as prévias seria um golpe”, concluiu o dirigente. Procurado, Araújo não foi localizado. O tesoureiro nacional do PSDB, Cesar Gontijo — aliado de Doria —, destacou que, “pelo estatuto, as prévias são irrevogáveis” e que “a convenção é meramente homologatória”.

 

Crimes no campo têm alta de mais de 1.000% - Os conflitos do campo, causados por disputas de terra ou por outros motivos, são considerados históricos no Brasil. Hoje, em pleno Século 21, o aumento de crimes agrários no país chama atenção da comunidade que vive no campo e depende da terra para sobreviver. O levantamento mais recente da Comissão da Pastoral da Terra (CPT) indicou que as mortes em consequência de conflitos dispararam em 2021, tendo um aumento de 1.044%, passando de nove, em todo o ano de 2020, para 103 registradas até novembro do ano passado. Ainda que os dados de 2021 não estejam consolidados, é possível notar um aumento da violência no campo em diversas áreas. Ronilson Costa, integrante da coordenação nacional da CPT, afirma que os números são subnotificados e essa violência pode ser ainda maior. Para ele, alguns motivos explicam o aumento das mortes nos campos ano após ano. “Está havendo um aumento de ocorrências de violências contra esses povos e comunidades ao mesmo tempo em que ocorrem diversos retrocessos na área. Há uma política constituída de retrocessos às reivindicações das comunidades camponesas, indígenas e quilombolas”, afirma. De acordo com ele, os cortes feitos pelo governo, em grandes proporções nos serviços de atendimento da demanda dessas comunidades, como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Fundação Nacional do Índio (Funai), “têm impossibilitado o exercício das utilidades dessas autarquias”. Costa indica que os mais diversos motivos se somam, ainda, à estrutura fundiária que é altamente concentrada no Brasil. “Essa é uma concentração histórica, que se junta também ao fato de que os direitos garantidos na Constituição de quem tem atividade no campo, como a reforma agrária e demarcação do território, não estão sendo atendidos”, critica. 

 

TCU suspende compra de tratores - O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, suspendeu cautelarmente um leilão para contratação de tratores pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf ), no valor total de R$ 57,7 milhões, após denúncia de irregularidades feita por uma empresa de maquinário de construção. A denúncia apresentada pela XCMG Brasil — braço da multinacional chinesa que opera no país sediada em Pouso Alegre (MG) — alegou que a Eurotractor Engenharia e Comércio, com sede em Goiânia, apresentou de claração falsa para usufruir do tratamento especial dado a micro e pequenas empresas no pregão eletrônico realizado pela Codevasf em 2021. A licitação já havia sido homologada. Os documentos apresentados pela XCMG ao TCU na denúncia de 37 páginas mostram que os sócios da Eurotractor são administradores da Tractorgyn Equipamentos e Peças, que possui faturamento anual superior a R$ 15 milhões — caracterizando-a como empresa de grande porte. “Frente aos diversos indícios de utilização indevida dos incentivos concedidos às microempresas e empresas de pequeno porte, mediante declaração fraudulenta, considero necessário e adequado intervir cautelarmente na licitação em curso, determinando a suspensão da aquisição das atas de registro de preços assinadas com a empresa representada”, destacou Dantas no despacho. Na decisão cautelar, o ministro concedeu 15 dias para que a Codevasf apresente — caso queira — possíveis ações corretivas para prevenir ou corrigir os indícios de irregularidades. “A ausência de manifestação no prazo estipulado não impedirá o andamento processual, podendo o TCU vir a prolatar decisão de mérito, caso haja elementos suficientes que caracterizem afronta às normas legais e/ou possibilidade de ocorrên cia de prejuízos à Administração”, acrescentou o ministro.

 

Em favor de Bolsonaro - A Câmara dos Deputados aprovou no último dia 18 de março um projeto de lei que flexibiliza as restrições financeiras e de prazo para a publicidade institucional em ano eleitoral. Atualmente, a publicidade institucional, em que são divulgados atos, obras e programas do governo, só pode ser veiculada até o final de junho, quando há eleições. Mas o projeto, de autoria do deputado Cacá Leão (PP-BA), foi aprovado com uma emenda que prevê exceção para peças que tratem do "enfrentamento da pandemia causada pelo coronavírus SARS-CoV-2 e orientação da população quanto a serviços públicos relacionados ao combate da pandemia". A brecha poderá ser usada para que sejam enquadrados nela projetos e obras do governo com relação tênue com a pandemia. Se o projeto não for aprovado no Senado, o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) poderá gastar apenas R$ 82,6 milhões em publicidade institucional até junho de 2022. Com a mudança legislativa, esse limite desaparece.

 

Márcio França diz que Alckmin o apoiará 100% - Pré-candidato ao governo de SP, Márcio França (PSB) não vê possibilidade de seu agora correligionário Geraldo Alckmin apoiar candidato de outro partido para o cargo. "Conheço Alckmin 100% Ele não faz nem 1% de incorreto. Filiado a um partido, será 100% leal com as decisões do partido", diz. O recado é para Fernando Haddad (PT), que espera contar com apoio do futuro vice de Lula na sua campanha. "Em 2018, foi assim, mesmo sendo o [João] Doria contra mim, que sou seu amigo [de Alckmin]. Quem esperar banana de laranjeira não pode culpar a laranjeira por frustração", diz França.

 

Doria fará visita sentimental a cidade do pai na BA - Em sua primeira viagem como pré-candidato após deixar o governo de SP, João Doria (PSDB) fará duas escalas na Bahia. Uma em Salvador, onde terá encontros políticos e com apoiadores. A outra em Rio de Contas, na Chapada Diamantina, e terá caráter sentimental: é onde nasceu seu pai, João Agripino Doria Neto. 

 

Moraes manda Daniel Silveira usar tornozeleira - O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou que o deputado Daniel Silveira (União Brasil-RJ) passe a usar tornozeleira eletrônica, além de ficar a Brasília, para exercício do mandato parlamentar. proibido de sair do Rio de Janeiro e de participar de eventos públicos. Moraes só abriu exceção para viagens A decisão foi tomada depois de o parlamentar descumprir ordem anterior do magistrado. Moraes havia vedado em medida cautelar o contato de Silveira com outros investigados do inquérito do STF sobre milícias digitais. Na semana passada, porém, o deputado participou de ato de ativistas conservadores em São Paulo no qual estava o empresário Otávio Fakhoury, presidente do PTB-SP, que também é alvo da investigação. Na decisão desta sexta-feira (25), o ministro do STF também cita que Silveira voltou a atacar ministros da corte no evento em São Paulo e em outras ocasiões, o que "indicam que o réu mantém o seu total desrespeito ao Poder Judiciário, notadamente por meio da perpetuação dos ataques à Suprema Corte e a seus ministros". Silveira passou sete meses preso no ano passado por ofender integrantes do Supremo em vídeos nas redes sociais.

 

Hotel QG de 'pastores do MEC' - Os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura tinham em um hotel de Brasília uma espécie de QG para negociação de liberações de recursos federais do MEC (Ministério da Educação). Ali, ambos recebiam prefeitos e assessores municipais. O local era também visitado por servidores da pasta, de acordo com relatos colhidos pela Folha com  frequentadores e funcionários. A assiduidade dos pastores em Brasília era tão grande que vários empregados do hotel Grand Bittar conheciam os dois, sabiam suas preferências (Arilton sempre tomava café da manhã com cuscuz e ovo frito) e estavam acostumados a presenciar um ritmo forte de encontros e negociações. Dois funcionários relataram à reportagem, por exemplo, que o pastor Arilton, no restaurante do hotel, chegou a exibir uma barra de ouro. Ele se gabava das negociações e puxou a barra do bolso esquerdo. Isso teria ocorrido em meados do ano passado, de acordo com os relatos.

 

Bolsonaro busca virar voto de 'arrependidos' - Aliados de Jair Bolsonaro (PL) admitem que será preciso ir além do cercadinho do Palácio da Alvorada para ganhar a eleição e defendem reconquistar os votos dos chamados "arrependidos" de 2018, aqueles que votaram no presidente na onda do antipetismo e migraram para a terceira via ou até para Lula (PT). Se antes a principal expectativa do Planalto era que o cenário econômico estivesse melhor no período eleitoral, hoje isso mudou. A leitura é que, com os efeitos da guerra na Ucrânia, principalmente a inflação alta, dificilmente a melhora na economia será um cartão de visita do último ano do governo Bolsonaro. Isso apesar de um Bolsa Família reformulado no Auxílio Brasil com tíquete superior de R$ 400. Portanto, um dos focos será retomar o discurso do antipetismo e a narrativa de que não há corrupção no governo Bolsonaro —prejudicada nesta última semana, diante dos escândalos no Ministério da Educação envolvendo o próprio ministro Milton Ribeiro e pastores sem cargo público que negociavam a liberação de recursos da pasta.

 

Nova Fiesp vai reunir de Luciano Huck a Luciano Coutinho - Crítica contumaz e histórica dos juros altos, a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), sob a nova direção do industrial Josué Gomes da Silva, quer voltar a ser influente no debate nacional e defende agora um alinhamento maior das políticas de juros e fiscal. Ao assumir o comando da Fiesp, representada por um imponente edifício na Avenida Paulista, Josué escolheu ainda o aumento da produtividade como foco da nova agenda, com medidas diretas para a melhoria da educação no Estado de São Paulo. Josué chamou a atenção ao promover uma oxigenação nos 14 conselhos superiores da entidade, que ganharam maior relevância. Eles serão responsáveis pela definição de diretrizes da Fiesp nos temas de política econômica – o que não ocorria antes. O conselho tem nomes que vão desde o apresentador Luciano Huck (que encomendou uma série de estudos sobre a economia brasileira na época em que cogitava concorrer à Presidência), o ex-presidente Michel Temer, o economista André Lara Resende e Luciano Coutinho, que presidiu o BNDES no governo Lula.O conselho de infraestrutura, presidido pelo empresário Murilo Lemos dos Santos Passos, ex-presidente da Suzano, terá papel central. O diagnóstico é de que não dá para ser produtivo da porta para dentro da empresa se para fora da fábrica a infraestrutura ruim do País destrói a competitividade dos produtos nacionais. O “conselhão” da Fiesp tem também Fábio Barbosa (ex-presidente do Santander e nome muito ligado ao meio ambiente) e Pedro Wongtschowski (da Ultrapar e um dos mais vocais críticos da gestão anterior). O Estadão conversou com empresários na semana passada, que se manifestaram otimistas com os rumos da Fiesp pela primeira vez em muito tempo. Todos ressaltaram que o momento agora é de “resgate”, após um período em que as pautas da Fiesp se misturaram ao projeto político-partidário do ex-presidente Paulo Skaf.

 

Jantar com prefeito preso pela PF desmente versão de Milton Ribeiro - Publicações nas redes sociais de um prefeito recém saído da cadeia contrariam o álibi do ministro da Educação, Milton Ribeiro, para justificar a manutenção de encontros com o pastor Arilton Moura, mesmo depois de encaminhar à Controladoria-Geral da União (CGU) denúncia contra Moura de supostas cobranças de propina na intermediação de verbas. Na semana passada, o ministro disse em entrevistas que tinha informado à CGU, em agosto, sobre “conversas estranhas”. Ribeiro afirmou que, após encaminhar as denúncias, só manteve os encontros com o pastor para não levantar suspeitas. Em entrevista à CNN Brasil, Ribeiro alegou, no entanto, que “não aceitou nenhum tipo de agenda fora do MEC”. As imagens publicadas pelo prefeito de Centro Novo do Maranhão, Junior Garimpeiro (Progressistas), desmentem essa versão. Cinco dias depois de sair da prisão sob suspeita de integrar uma organização criminosa armada que atua no garimpo ilegal de ouro, Junior Garimpeiro foi recebido pelo ministro num jantar reservado. Quem promoveu o encontro num apartamento de Brasília, em dezembro de 2021, foi o pastor Arilton, com quem o ministro estreitou os laços. Como revelou o Estadão,o pastor pedia propina, até mesmo em barra de ouro, para liberar dinheiro na pasta. Junior Garimpeiro e o pastor ainda se reuniram com o ministro em setembro, na adega de um hotel de luxo, em São Luís. Nas duas ocasiões, registradas nas redes sociais por Garimpeiro, o religioso já estava sob suspeita de atuação indevida.

 

‘Invasão’ bolsonarista no PL irrita aliados do presidente e racha campo conservador - Apoiadores de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro, políticos conservadores que estão fora do PL têm feito questão de deixar clara sua decepção com os rumos do bolsonarismo dentro do partido de Valdemar Costa Neto. A divisão do campo conservador tem como principal ponto crítico a aliança do governo com o Centrão. Para os descontentes, o presidente tem se esforçado pouco e apenas assistido passivamente o bloco escolher seus nomes preferidos para as disputas de outubro, sobretudo para o Senado, ignorando planos de seguidores fiéis de Bolsonaro, como Bia Kicis (DF) e Daniel Silveira (RJ), preteridos por Flávia Arruda e Romário nas disputas por seus Estados.

 

Opositores civilizados - João Roma, candidato de Jair Bolsonaro ao governo da Bahia, e Jaques Wagner, a maior figura do petismo do estado, tiveram uma conversa recente no gabinete do senador.