Lula e as dores na coluna, por Luís Nassif

Lula e as dores na coluna, por Luís Nassif

Lula e as dores na coluna, por Luís Nassif

Nos próximos anos, o país enfrentará o maior desafio para se manter como Nação. E depende substancialmente do fenômeno Lula renascer

Luis Nassif[email protected]om

Ricardo Stuckert

A política é feita de fatos, circunstâncias e pessoas. Nos últimos dias, tenho insistido na falta de vontade de Lula, na maneira como se comportou na presidência, ensimesmado, aparentemente desinteressado da política interna.

Ontem, no final da sua live, Lula explicou seu estado de espírito. Desde que assumiu, vinha sofrendo dores nas costas, segundo ele dores horríveis durante o dia e à noite. Precisava tirar um tempo para operar. Operou. Agora, segundo ele, as dores passaram e eles está pronto e animado para o grande trabalho de transformação do país.

Foi um discurso encorajador, que ajuda a responder às dúvidas que se acumulavam sobre ele.

Resta, agora, definir alguns pontos relevantes.

O primeiro deles, é a articulação dos ministérios. Nos últimos dias, um presidente de TV estatal tomou partido contra Israel, o presidente da Apex (Agência Brasileira de Promoção das Exportações), tomou partido pró-Israel, sem a menor sensibilidade sobre sua missão: o mercado de maior potencial para as exportações brasileiras é justamente o Oriente Médio.

Há problemas no Ministério da Educação, com um Ministro fechado e entregando políticas poúblicas relevantes a bilionários suspeitos. Há pontos não resolvidos em relação à Eletrobras e à Petrobras. Há dúvidas sobre a sustentabilidade do PAC, sob os limites do arcabouço fiscal.

Não é pouca coisa.

Por outro lado, há uma imensa vontade nacional, no grande arco democrático, de um projeto de desenvolvimento social, que permita agregar forças, somar os setores mais modernos do empresariado, dos sindicatos, dos movimentos sociais.

Além disso, há perigos à frente. No setor externo, forma-se um cumulus-nimbus perigosíssimo, mesmo antes do conflito Israel-Palestina. Internamente, tem-se um país sendo gradativamente dominado pelo crime organizado. E com instituições enfraquecidas e sob suspeita, especialmente no aparato repressivo das policias. Mas também na inação dos ministérios públicos estaduais.

A pax paulista depende de um pacto com o PCC. A guerra carioca é fruto de uma guerra de organizações criminosas profundamente infiltradas no poder público.

Daqui até os próximos anos, o país continuará enfrentando seu maior desafio para se manter como Nação.  Nem o fantasma do bolsonarismo ajudou a trazer bom senso para as instituições.

O país continua dependendo substancialmente do renascimento do fenômeno Lula.