GOVERNO LULA PROMETE FORTALECER MÍDIA ALTERNATIVA, MAS A SECOM IMPEDE
GOVERNO LULA PROMETE FORTALECER MÍDIA ALTERNATIVA, MAS A SECOM IMPEDE
Por SOUSA JÚNIOR
Diretor da Rádio e TV Atitude Popular
Conselheiro do FNDC – NE 1 (CE, PI e MA)
https://www.atitudepopular.app.br/
O título deste artigo parece inacreditável, mas é o que revelam os fatos a seguir. Antes, devo esclarecer que a Secretaria Especial de Comunicação da Presidência da República (SECOM), chefiada pelo ministro Paulo Pimenta, é responsável por aprovar todas as verbas de publicidade dos órgãos da Administração Direta e Indireta do Governo Federal, que inclui as estatais.
No início de seu atual governo, o presidente Lula prometeu destinar verbas de publicidade para a mídia alternativa, que sempre o apoiou. Aliás, ainda na prisão Lula declarou “A imprensa alternativa é a única esperança de democratização dos meios de comunicação em nosso país” (veja link a seguir). Ao transcorrer o nono mês de seu governo, no entanto, nenhum centavo foi destinado até agora para a mídia alternativa. E nem será se depender da SECOM. Explico.
O primeiro passo para algum meio de comunicação ter o direito de receber verba publicitária é se cadastrar naquele órgão, enviando uma tabela com preços a serem negociados, além de cumprir outras exigências técnicas, burocráticas e legais.
A Rádio e TV Atitude Popular cumpriu todas essas exigências em um longo processo iniciado em abril e concluído no início deste mês. Porém, somente conseguiu cadastrar seu portal apenas para exibir anúncios publicitários no formato de banner. A SECOM rejeitou o cadastro da emissora como RÁDIO WEB e TV WEB.
O inacreditável está na explicação para essa rejeição: a SECOM não tem empresa contratada para fazer a auditagem de inserções veiculadas por meios on-line, pois as empresas contratadas só trabalham com a mídia tradicional. O surpreendente é que essa informação somente foi dita por telefone no último dia 12/9 e não há nada sobre essa discriminação contra os meios alternativos nas instruções da própria SECOM.
Isso significa que nenhuma das cerca de 20 mil rádios web do país (18 mil delas exibem sua programação através do portal Rádios.Net), assim como nenhuma outra plataforma digital (Youtube, Facebook, Instagran, entre outras), receberão qualquer verba de publicidade do governo, exceto portais só para exibir banner.
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Infelizmente, a política de comunicação do Governo Lula permanece a mesma de seus governos anteriores, incluindo o da Dilma, destinando o total de suas verbas de publicidade à Rede Globo e aos demais veículos da mídia corporativa, a mesma que contribuiu para o golpe de 2016 e a prisão do próprio Lula em 2018, abrindo caminho para a eleição de Bolsonaro naquele ano.
Como afirmou o líder do MST, João Pedro Stédile, em entrevista concedida ao Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé no último dia 28/8, se o governo não mudar essa política de comunicação “vai se arrepender na próxima eleição”. Se depender da atual orientação da SECOM, vai mesmo.