Editorial do Estadão: ‘Uma cidadania incompleta e degradada’

Editorial do Estadão: ‘Uma cidadania incompleta e degradada’

Editorial do Estadão: ‘Uma cidadania incompleta e degradada’

Jornal destaca o abismo entre as elites políticas e econômicas e uma massa de excluídos desnutridos e iletrados

 

REDAÇÃO OESTE

 

 

deputadas Plenário da Câmara dos Deputados | Foto: Foto: Divulgação

ouça este conteúdo

readme

play_circle_outline

graphic_eq_outline

Em editorial publicado neste domingo, 28, o jornal Estado de S. Paulo fez críticas ao Estado paternalista que alimenta as diferenças brutais entre as elites políticas e econômicas e uma massa de excluídos desnutridos e iletrados. É um “abismo entre a utopia inclusivista da Constituição e uma realidade socioeconômica brutalmente desigual e estagnada”.

“O abismo social é causa e consequência de uma cidadania totalmente incompleta”, afirma. “Nosso Estado ‘não é um poder público garantidor dos direitos de todos, mas uma presa de grupos econômicos e cidadãos que com ele tecem uma complexa rede clientelista de distribuição particularista de bens públicos’”, acrescenta.

Conforme o editorial, uma das consequências é a “excessiva valorização do Poder Executivo, o encanto do líder messiânico, sebastianista, o grande dispensador de empregos e favores. Outra é a visão privatista dos interesses coletivos.”

“No mercado prevalecem os oligopólios e a falta de competição. As grandes corporações exigem do Estado subsídios e barreiras protecionistas. Os sindicatos exigem a calcificação de leis trabalhistas que tornam as contratações proibitivas. O resultado é um déficit geral de produtividade e inovação.”

O jornal ainda afirma que “a contraface do Estado paternalista, o Estado patrimonialista, é o grande promotor de privilégios e impunidade” no país.

“A espiral viciosa se perpetua. A estagnação econômica acentua a frustração. A ira popular se volta não só contra os incumbentes políticos, mas contra a própria política. Inflama-se a esperança em salvacionistas autoritários. E assim os donos do poder concentram mais poder.”

Segundo o Estadão, um círculo virtuoso depende de educação para garantir igualdade de oportunidades; segurança jurídica para garantir isonomia; meritocracia e produtividade para garantir competitividade, prosperidade e mobilidade social.

“Mas a ativação desse ciclo depende da capacidade de romper o vício de origem da cultura política brasileira”, observa o editorial. “Enquanto a sociedade civil não encontrar modos de desprivatizar o Estado e democratizar o poder, a ‘Constituição Cidadã’ seguirá brilhando no céu das ideias utópicas, enquanto na terra agreste da realidade a Nação agoniza na inanição e na ignorância.”