Uma semana triste, Presidente!
Uma semana triste, Presidente!
Dizer que o golpe de 1964 é coisa do passado, foi sem dúvidas uma colocação de esquecimento da tragédia imposta à democracia, por 21 anos de ditadura sobre a nossa Nação, que busca livrar-se da tutela militar.
Uma semana de certa forma triste, com a pouca importância que o governo Lula se manifestou sobre o golpe de 1964. A contradição do presidente dito de "esquerda", que se importa mais com o "golpe" do 8 de janeiro, do que o golpe de 64, segundo suas próprias palavras: "— Estou mais preocupado com o golpe de janeiro de 2023 do que de 1964, quando eu tinha 17 anos de idade. Isso já faz parte da história, já causou o sofrimento que causou, o povo conquistou o direito de democratizar esse país." Ora se o povo conquistou, de fato esse direito da democratização, porque a preocupação com o 8 de janeiro? Estamos no quinto governo do PT, e será que não podemos lembrar dos motivos que nos levaram a uma ditadura de 21 anos?
Quando vamos falar numa Reforma Agraria séria, na reestatização da Eletrobrás criada no governo deposto de João Goulart, na remessa de lucros, que sangra o as reservas nacionais, quando vamos discutir seriamente o desastre de Mariana e Brumadinho, e a reforma bancaria que impede uma justa distribuição do crédito no Brasil?
E as nossas vítimas, presidente, quando será que terão direito a recriação da Comissão de Mortos e Desaparecidos?
Pacificar o país com esquecimento, não é a forma mais correta de se posicionar. Pacificar o país é conhecer o passado, sua história e suas feridas, o sangue derramado daqueles que tombaram lutando por essa democracia a qual, vossa excelência, parece se referir.
Sabemos sim, que o PT não existia em 1964, e que nenhuma dessas propostas nacionalistas que prezam nossa soberania, as Reformas de Base, que foram os motivos da aliança civil-militar que levou o país ao obscurantismo, são de autoria intelectual do Partido dos Trabalhadores, mas ignorá-las, falando em nome da democracia, é uma hipocrisia insustentável, para uma Nação que quer encontrar o seu destino.
João Vicente Goulart.