Os Grampos do Watergate de Nixon e os da Abin de Bolsonaro
Os Grampos do Watergate de Nixon e os da Abin de Bolsonaro
O feitiço contra o feiticeiro, retorna não só com a lembrança do caso Watergate, mas também com a da operação “Beco Sem Saída”, que foi um plano elaborado pelo ainda militar Jair Bolsonaro em 1986 para encurralar o General Leonidas. Toda essa história foi contada nas páginas 40 e 41 da edição nº 999 de 27/10/1987 da revista Veja. Ele, com uma gana de aumentar o seu salário e dos demais colegas da caserna, elaborou a operação para explodir bombas de baixa potência em banheiros da Vila Militar, na Academia Militar de Agulhas Negras e também em alguns quartéis, como forma de demonstrar insatisfação com o índice de reajuste salarial do Exército. Não satisfeito, elaborou de próprio punho um terror maior: um croqui onde a bomba seria colocada para explodir a Adutora do Guandu, que abastece de água o município do Rio de Janeiro. O plano todo, de uma cabeça fascista/nazista, era manifestar a insatisfação com os salários e criar problemas para o ministro do Exército, general Leônidas Pires Gonçalves. Em 1993, em entrevista à Fundação Getulio Vargas, o ex-ditador Ernesto Geisel disse: “… o Bolsonaro é um caso completamente fora do normal, inclusive um mau militar.”
Imitando o Watergate, onde as escutas foram em benefício próprio de Nixon, candidato a presidente, o crime se repetiu aqui na “América das Repúblicas das Bananas”, com Jair Bolsonaro usando a Abin exatamente como prometeu na reunião ministerial de 22 de abril de 2022.
E mais: Também em 2020, o ex-ministro Gustavo Bebianno disse no programa Roda Viva em 2 de março de 2020,: “…um belo dia, Carlos me aparece com o nome de um delegado federal e três agentes, o que seria uma ABIN paralela…”
Bebianno, com 56 anos de idade, faleceu no dia 14 de março de 2020, em circunstâncias até hoje cheias de controvérsias, apenas 12 dias após ter feito a declaração. Bebianno falou em entrevistas que tinha receio do que poderia lhe acontecer em razão do que disse no Roda Viva. Revelou à amigos que tinha material guardado no exterior para ser revelado após sua morte.
Nos EUA, quem “dedurou para a imprensa” o caso Watergate tinha o codinome de “Garganta Profunda”. Aqui, quem vazava era o Alexandre Ramagem, mas vasava só para a família Bolsonaro, em especial para o Carlos, Flávio, Renan e o pai presidente. Mark Felt, o “Garganta Profunda”, do caso Watergate, foi revelado como a fonte anônima do Washington Post em 2005, trinta e um anos depois, em um artigo publicado pela revista Vanity Fair.
No Brasil, a Polícia Federal descobriu indícios do uso de ferramenta de espionagem ilegal feitas por servidores da Abin, quando encontraram os softwares nos equipamentos apreendidos na Operação Última Milha.
No entanto, esse caso é ainda mais antigo, pois já haviam outras denúncias dentro do governo Bolsonaro em 2021, que foram abafadas pelo próprio presidente, afinal eram a sua Abin prometida. Durante o governo Lula, por ordem judicial, os servidores Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Yzycky foram presos em outubro de 2023. Nesse mesmo período, cinco funcionários da Abin também foram demitidos por ordem judicial do STF. As informações foram repassadas à Record TV por uma fonte da Polícia Federal, que seria então o nosso “Garganta Profunda”, cuja identidade ainda permanece desconhecida.
Resistimos por 50 anos após o Watergate, até que alguns “fora da lei” da América do Sul, os Bolsonaros que tentaram o mesmo golpe para ganhar as eleições de 2022. Agora, como diria um malandro carioca: “Sifu” – uma expressão popular que significa que os idealizadores estão em apuros.
Espera-se que, inclusive por alguns ex-bolsonaristas mais conscientes, que a vida pública dessa “famiglia de fascistas/nazistas” seja eliminada dos poderes da república. Além de todas as bobagens e ilegalidades cometidas nos últimos 5 anos, agora dia 29/01, eles receberam a visita dos federais quando começarão a enfrentar as consequências de seus atos. A Polícia Federal chegou ao amanhecer na casa dos Bolsonaros, em Angra dos Reis, em busca de mais provas em posse dos Bolsanaros – que colocaram o ex-delegado Ramagem na ABIN, – para comandar a escuta e localização ilegal, nos telefones de 30.000 brasileiros.
O núcleo político que liderou o nosso “Watergate” foi descoberto após a PF ouvir 70 funcionários da ABIN e analisar os equipamentos apreendidos com Ramagem e seus assessores. Eles estavam, na segunda feira (29), no mar porque souberam meia hora antes da visita da PF, que um mandato já estava sendo cumprido nos endereços de Carlos no Rio. Simularam saindo para pescar com medo de prisões e apreensões de equipamentos, que provavelmente jogaram nas águas da baía de Angra. Isso parece claro, porque quem vai pescar na madrugada de uma segunda feira (?) depois de uma super Live cansativa, na noite de domingo (!), quando depois todos foram para as redes sociais contar vantagens! E onde ficaram os peixes e equipamentos de pesca, que a PF não viu. Nunca soubemos que os Bolsonaros eram de pescarias. Você por acaso, teria visto alguma foto de um Bolsonaro pescando?
E mais; Quem é que sai com barco e dois jet skys que espantariam os peixes que pretendiam pescar? Também correram notícias de que um helicóptero sobrevoou o barco e que souberam que não haveria prisões e todos voltaram, e é claro alguns equipamentos não, estes “caíram” no mar.
Teriam agido da mesma forma que a esposa do Ronnie Lessa, quando jogou nas imediações das Ilhas da Tijuca, a submetralhadora HK MP5 que disparou os tiros que matou Marielle.
E como tudo vai ficando entrelaçado, no mesmo horário que a PF estava em Angra e outras duas equipes estavam no Rio de Janeiro. Uma em um apto de Carlos, na Praça Floriano e outra, é claro, na casa de Carlos no condomínio “Vivendas da Barra”, cuja casa é pegada da casa de Ronnie Lessa, o assassino de Marielle. No mesmo condomínio o pai Jair também tem sua casa, que horas antes da morte de Marielle recebeu uma ligação da portaria, supostamente feita por Queiroz o motorista que levou o Ronnie para assassinar a vereadora.
O ex-presidente desvirtuou a finalidade da Abin e usou a estrutura do Estado em benefício próprio. Buscou se perpetuar no poder e proteger todos os Bolsonaros, apesar dos muitos crimes cometidos no passado.
O “Garganta Profunda” do caso Watergate, no caso Abin dos Bolsonaros, ainda não foi revelado, mas foi uma fonte de dentro da Policia Federal, que vazou para a Rede Record.
Nos Estados Unidos, foram apreendidas fitas gravadas que demonstravam que o presidente Nixon tinha conhecimento e orientava as operações ilegais contra a oposição. Aqui, computadores e mais de 12 telefones celulares de assessores de Ramagem foram apreendidos no dia 25, e dia 29, na casa dos Bolsonaros, documentos e também o celular de Carlos Bolsonaro.
Nixon foi julgado pela Suprema Corte dos Estados Unidos por seu envolvimento na ação criminosa contra a sede do Comitê Nacional Democrata e, consequentemente, enfrentou um processo de impeachment. Em 9 de agosto, que para não ser julgado, Nixon renunciou à presidência.
Aqui, Bolsonaro não venceu as eleições, portanto não houve necessidade de impeachment. No entanto, as ações da família são tão graves, contra o estado brasileiro e a democracia, que a punição acabará sendo a prisão para todos os Bolsonaros e outros envolvidos.
Mensagens dentro do celular de Luciana Almeida, assessora de Ramagem, também foram descobertas quando Ramagem já era deputado em 2023. Essas mensagens são provas de que, mesmo durante o governo Lula, recebiam informações de dentro da Abin. Especificamente, tratam da promotora pública que era encarregada do caso das rachadinhas de Flávio Bolsonaro. Ontem (30) o presidente Lula exonerou, Alessandro Moretti que era o número dois da Abin, ele já tinha sido assessor número um do Anderson Torres. O que indica que o governo Lula não havia percebido que tinha um inimigo dentro de casa.
Nixon foi julgado pela Suprema Corte dos Estados Unidos por seu envolvimento na ação criminosa contra a sede do Comitê Nacional Democrata e, consequentemente, enfrentou um processo de impeachment. Em 9 de agosto, Nixon renunciou à presidência. Aqui, Bolsonaro não venceu as eleições, portanto não houve necessidade de impeachment.
No entanto, as ações da família são tão graves contra o estado brasileiro, constituição, leis e contra a democracia que a punição será a prisão para muitos dos Bolsonaros e outros envolvidos.
Bolsonaro decretou sigilo de 100 anos para as visitas diárias de Carlos Bolsonaro ao gabinete do ódio dentro do Palácio Alvorada. Por que será?
Até o Nixon diria hoje:
“O que você fez Bolsonaro, aqui dariam 100 anos de cadeia”.
Por Guilhobel A. Camargo – Gazeta de Novo