Notícias de domingo - 08/09/2024
Notícias de domingo - 08/09/2024
Edição de Chico Bruno
Capa de ISTOÉ: Quais são os limites das mídias sociais
A recusa do milionário Elon Musk de cumprir a lei, levando o STF a combater suas ilegalidades e suspender a rede social X, mostra como a omissão do Congresso em decidir sobre temas importantes joga o país no atraso. Várias nações possuem códigos duros de controle dessas mídias, mas, por aqui, o pior Parlamento da história empilha banalidades, implode o PL da Fake News e deixa o Marco Civil da Internet sem regulamentação.
Manchetes dos jornais
O ESTADO DE S.PAULO – Bolsonaro pede que Senado coloque freio em Moraes e chama ministro de 'ditador'
O GLOBO – Prefeitos fazem dívida recorde com empréstimos bancários no ano eleitoral
FOLHA DE S.PAULO – 3000 morrem por ano no Brasil na fila de espera por transplantes
CORREIO BRAZILIENSE – Celebração da democracia reúne os Três Poderes
Destaques de primeiras páginas, fatos e bastidores mais importantes do dia
Público diminuou - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu neste sábado, 7, para que o Senado Federal coloque um “freio” no ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a quem chamou de “ditador”. Num discurso emocionado, sete meses depois de ter reunindo uma multidão na Avenida Paulista, o ex-presidente voltou a um dos cartões-postais da cidade, relembrou a facada que sofreu em 2018 e defendeu, novamente, a tese nunca comprovada de que sua vitória na eleição daquele ano foi resultado de uma “falha no sistema” eleitoral. Bolsonaro ainda acusou Moraes de conduzir as eleições de 2022 de maneira “parcial” e de “escolher seus alvos” em inquéritos. O ato levou 45 mil pessoas à Paulista, contra 185 mil da manifestação de fevereiro, segundo o Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP. “Devemos botar freio, através dos dispositivos constitucionais, naqueles que saem, que rompem o limite das quatro linhas da nossa Constituição. E eu espero que o Senado Federal bote um freio em Alexandre de Moraes, esse ditador que faz mais mal ao Brasil que o próprio Luiz Inácio Lula da Silva”, discursou o ex-presidente, que criticou a condenação que levou à sua inelegibilidade.
Farra eleitoral - Empréstimos bancários assinados por prefeitos de cidades de até 100 mil habitantes neste ano já somam mais de R$ 6 bilhões, quase o dobro dos contráidos em 2020. Os recursos extras têm ajudado a impulsionar campanhas à reeleição ou de aliados de quem está no poder, com obras e benfeitorias aos eleitores. Na maioria dos casos, são dadas como garantia às instituições financeiras verbas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), principal fonte de recursos das cidades pequenas. A conta ficará para quem vencer as eleições. "Quando a dívida é executada, e as cidades têm o FPM retido, vão à Justiça dizendo não poder faltar dinheiro para as despesas obrigatórias. Devem pensar nisso antes de fazer dívida", analisa o economista Gabriel Barros.
Falta doador - Um dos líderes mundiais em número de transplantes de órgãos, o Brasil enfrenta altas taxas de recusa na doação e outros entraves que fazem com que, em média, cerca de 3.000 pessoas morram por ano enquanto aguardam a cirurgia. Só no primeiro semestre deste ano, foram 1.793 mortes, sendo 46 crianças. De janeiro a junho, foram feitos 4.579 transplantes de órgãos, 8.260 de córnea e 1.613 de medula óssea. Até junho, 64.265 adultos e 1.284 crianças estavam na lista de espera do Sistema Nacional de Transplantes, segundo dados da ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos). Entre os adultos, a maior fila de espera é por rim (35.695), seguido de córnea (26.409) e fígado (1.412). Entre as crianças, lideram córnea (749), rim (396) e fígado (75). A taxa média de espera por um órgão é de 18 meses, mas o tempo varia bastante de acordo com o tipo de transplante, as condições clínicas do paciente e o volume de doadores.
Civismo - No tradicional Rolls-Royce, Lula abriu o desfile do 7 de Setembro, que contou com as presenças de ministros do Supremo, do presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, e dos governadores Ibaneis Rocha (DF) e Eduardo Leite (RS). Além de atletas olímpicos, a Esquadrilha da Fumaça foi um dos destaques da festa cívica que teve como tema o G20, a reconstrução do Rio Grande do Sul e a campanha em favor da vacinação. Cerca de 30 mil pessoas acompanharam o evento na Esplanada, apesar do clima seco e do forte calor. Em São Paulo, um policial militar morreu ao cair do cavalo durante o desfile.
O recado de Valdemar ao PL - O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, disse a alguns deputados do partido que não é o momento de fechar apoio formal a um candidato a presidente da Câmara. O ideal é passar as eleições municipais para, depois, tratar deste tema. O partido, a preços de hoje, está em aberto. A turma bolsonarista não se mostra confortável em apoiar um candidato que chegue com a chancela do governo. Entre os deputados do partido, a desistência de Marcos Pereira de concorrer à Presidência da Câmara em favor de Hugo Motta, ocorreu depois de um “veto” a Elmar Nascimento (União Brasil-BA) pelo governo. E isso muitos não aceitam. Os parlamentares não querem saber de fechar apoios a qualquer pré-candidato a presidente da Câmara antes de conhecer a força que virá das urnas, com as eleições municipais de outubro. A depender do quadro, tudo pode mudar.
O jogo União-PSD - A ideia agora entre os dois partidos é a seguinte: se Davi Alcolumbre se consolidar no Senado — e, a preços de hoje, nada indica o contrário —, o PSD o apoiará. E, em troca, o partido de Elmar Nascimento dará respaldo a Antonio Brito na Câmara. Se a candidatura de Alcolumbre for abalroada no caminho e o senador Otto Alencar ganhar fôlego por lá, o PSD apoiará Elmar. Parlamentares que acompanharam cada lance da disputa pela Presidência da Câmara na última semana consideram que, se fosse para o líder do Republicanos, Hugo Motta, ser o candidato de consenso, a consolidação teria de ser em 24 horas. Isso não ocorreu. Ao manter a candidatura de Antonio Brito (PSD-BA) e se aproximar do União Brasil de Antonio Rueda, ACM Neto e Elmar Nascimento, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, conseguiu driblar o gesto da desistência de Marcos Pereira em favor de Hugo. E segue o baile.
Jabuti em PL pode encarecer conta de luz - Sem alarde, o Senado Federal aprovou, na semana passada, um “jabuti” — jargão do Legislativo para trechos que pegam carona no projeto original sem relação direta com a pauta — no projeto de lei do Combustível do Futuro, que prevê benefício para o setor de energia solar. Uma emenda incluída de última hora estendeu de 12 para 30 meses o prazo para que minigeradores de energia solar possam concluir as instalações de paineis e obterem subsídios nas suas contas, encargos esses que são pagos pelos consumidores de todo o país. Os encargos já tornam a conta de luz do Brasil a mais cara do mundo, conforme dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apesar de a matriz energética ser menos poluente. Para se enquadrar nessa categoria, os geradores precisam ter capacidade instalada de 75 kW (quilowatts) a 3 MW (megawatts) — agentes que são, em grande medida, empresas que oferecem energia solar por assinatura, modalidade que hoje está na mira do Tribunal de Contas da União (TCU).
Nunes lança Tarcísio para presidente - O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse ao final de um café da manhã com representantes do mercado financeiro na última quinta-feira (5) que quer se reeleger para ajudar o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) a chegar à Presidência. A uma plateia de cerca de 30 pessoas reunidas na casa do ex-governador Rodrigo Garcia, Nunes afirmou que Tarcísio será um dia presidente com seu apoio. Neste momento, o governador sorriu e balançou a cabeça em sinal negativo, como dizendo que não é o momento de discutir o tema. Houve, no entanto, aplausos a essa fala do prefeito. Principal cabo eleitoral do emedebista na campanha, Tarcísio é mencionado como possível candidato a presidente no campo da direita para 2026. Ele, no entanto, tem negado essa hipótese e diz que seu projeto é reeleger-se para o Executivo paulista.
Defesa de anistia por Tarcísio e Bolsonaro dá força a projeto na CCJ - A defesa de anistia aos presos pelos ataques de 8 de janeiro feita pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) dá força à proposta sobre o tema que está na pauta da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, diz o líder do PL na Casa, Altineu Côrtes (RJ). De autoria do ex-deputado Major Vitor Hugo (PL-GO), o projeto de lei concede anistia aos participantes de manifestações no país de 30 de outubro de 2022, data do segundo turno, até a entrada em vigor da lei. A presidente da CCJ, Caroline de Toni (PL-SC), incluiu a proposta como tema único da sessão da próxima terça-feira (10). Para Côrtes, que participou do ato de 7 de Setembro na avenida Paulista, a anistia aos condenados está ganhando corpo "porque ninguém mais atura uma situação dessas, ainda mais vendo esses excessos aí do Supremo Tribunal Federal."
Prestigiado por Lula em Brasília, atacado por Bolsonaro na Paulista - As comemorações do 7 de Setembro, neste sábado, tiveram o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como protagonista. Em Brasília, o magistrado participou da cerimônia oficial do aniversário de 202 anos da Independência ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de outros ministros da Corte. Já em São Paulo, Moraes foi alvo de ataques e pedidos de impeachment por parte de Jair Bolsonaro (PL), que o chamou de "ditador", e aliados do ex-presidente. Se na capital paulista o público pedia o impeachment de Moraes, chamado de “cabeça de ovo”, e a anistia para os presos na esteira dos atos golpistas de 8 de janeiro do ano passado, em Brasília o ministro foi ovacionado. Aos gritos de “Xandão”, acenou às arquibancadas montadas na Esplanada dos Ministérios para o desfile cívico-militar. Ausente da cerimônia, o ministro Flávio Dino homenageou o colega de STF nas redes sociais. “Defender uma pátria justa e democrática, nos termos da Constituição, é o trabalho a que me dedico no Supremo, onde aprendo com mestres e amigos a exemplo de ALEXANDRE DE MORAES”, escreveu. “É um juiz que tem a coragem e a independência necessárias para fazer o certo. É o que verdadeiramente importa.”
Como Pablo Marçal pavimentou fortuna - Enquanto cuidava de microfones, amplificadores e outros equipamentos do sistema de som da Igreja Videira, em Goiânia, Pablo Marçal se manteve atento a outras oportunidades que o trabalho em uma instituição religiosa poderia proporcionar. Participou de pequenos grupos de oração, se cacifou para coordenar reuniões maiores e fez cursos, que incluíam técnicas de liderança. Aprendeu um pouco sobre gestão, moldou o jeito de falar ao estilo enfático dos pastores e formatou as bases que o levariam a, em menos de 20 anos, trocar um salário mensal de R$ 240 por uma fortuna declarada de R$ 169,5 milhões, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nas últimas semanas, O GLOBO conversou com 18 pessoas que conviveram com o ex-coach para recontar os passos da trajetória do jovem estudante de Direito em Goiânia que virou líder na disputa pela prefeitura de São Paulo, empatado tecnicamente com dois adversários. Segundo o Datafolha, o candidato do PRTB tem 22% das intenções de voto, mesmo índice de Ricardo Nunes (MDB), enquanto Guilherme Boulos (PSOL) aparece com 23%. A atuação como técnico de som na Igreja Videira ocorreu na mesma época em que foi alvo de uma operação da Polícia Federal, em 2005, por participar de um esquema que aplicava golpes bancários. Marçal fazia uma lista de e-mails para um integrante do grupo que enviava mensagens chamativas, com o intuito de roubar senhas. O hoje candidato chegou a ser preso e condenado, mas a sentença depois prescreveu, e o caso não foi adiante.
Marta mantém agenda pontual ao lado de Boulos - A ex-prefeita Marta Suplicy (PT) tem mantido uma atuação pontual na agenda do seu colega de chapa, Guilherme Boulos (PSOL), na disputa pela prefeitura de São Paulo. Enquanto o périplo do deputado federal envolve diversas caminhadas pela periferia e pelo centro da capital, Marta reserva seu tempo ao lado do candidato a comícios e debates. A ausência não passa despercebida: aliados pontuam que a presença da ex-prefeita, que comandou a cidade entre 2001 e 2005, seria um grande ativo e torcem por maior participação dela em agendas futuras. Há diversas razões enumeradas entre os integrantes da campanha para Marta não estar tão ativa. Um argumento é de que existe uma agenda complementar de ambos, para alcançar um eleitorado maior. Outro é de que seria por motivos de saúde, tendo em vista que a petista tem 79 anos. Há também a justificativa de que o motivo seria uma preocupação de não “ofuscar” Boulos. Desde o início oficial da campanha, após convenção partidária realizada no dia 20 de julho, Boulos realizou 40 eventos, que envolveram caminhadas em regiões do extremo Noroeste da capital, como Perus, ao extremo Sul, como o distrito de Marsilac, além de comícios, debates e sabatinas. Destes, Marta esteve presente em seis.
Janja está no Catar - A primeira-dama Janja da Silva não compareceu ao desfile oficial de 7 de Setembro em Brasília porque está em viagem ao Catar. Na segunda-feira, 9, em Doha, a esposa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai participar da 5ª Celebração do Dia Internacional para Proteger a Educação de Ataques, a convite da xeica do Catar, Mozha bin Nasser al-Missned. Na ausência de Janja, Lula chegou sozinho ao desfile na Esplanada a bordo do Rolls Royce. Durante sua visita ao país asiático, que vai durar dois dias, Janja terá reuniões bilaterais e visitará uma escola para crianças refugiadas. No evento, a primeira-dama vai criticar as consequências da guerra na Faixa de Gaza para a população civil.
Lula oferece churrasco depois da Parada - Em um clima descrito como “descontraído” e “muito positivo”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) promoveu na tarde deste sábado, no Palácio da Alvorada, um churrasco para ministros do governo e do Supremo Tribunal Federal (STF) logo após o desfile cívico-militar de 7 de Setembro, em Brasília. Um dos convidados foi o ministro Alexandre de Moraes, que a cerca de mil quilômetros dali era criticado por bolsonaristas organizados na Avenida Paulista, em São Paulo. A manifestação virou tema de piadas no churrasco de Lula, à base de costela e feijão tropeiro. “Alexandre, já já começam as suas homenagens”, ironizou um ministro de Estado, arrancando risos dos presentes. Moraes estava de bom humor e, segundo relatos, em nenhum momento demonstrou preocupação com o ato que pedia seu impeachment. Ninguém usou o celular para acompanhar o protesto.