Brasil de Bolsonaro: quantidade de armas com civis dobra em três anos

Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (15), mostra que número de armas subiu de 637 mil em 2017 para mais de 1,2 milhão em 2020.

Brasil de Bolsonaro: quantidade de armas com civis dobra em três anos

Brasil de Bolsonaro: quantidade de armas com civis dobra em três anos

Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (15), mostra que número de armas subiu de 637 mil em 2017 para mais de 1,2 milhão em 2020. Crescimento é reflexo da política armamentista do governo

Por Henrique Rodrigues

Foto: Free Beacon (Reprodução)

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O número de armas registradas por civis na Polícia Federal dobrou nos últimos três anos. É o que mostra o Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta quinta-feira (15). A estatística, dizem especialistas, é um resultado direto das políticas do governo federal que incentivam a aquisição de armas pela população.

Os dados, que são compilados, analisados e publicados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revelaram ainda um crescimento 43% em apenas um ano nos pedidos de registro dos chamados CACs (caçadores, atiradores desportivos e colecionadores), que eram 200 mil em 2019, chegando a 287 mil em 2020.

Em 11 estados o crescimento no registro de armas de fogo por civis ficou acima da média nacional. O Distrito Federal ocupou a primeira posição disparado, com um aumento de 562% no último triênio. Lá, os cidadãos tinham 355.693 armas em 2017, número que chegou a 236.296 no ano passado.

Além do número de civis armados, aumentou também o tamanho do arsenal guardado dentro das casas dos brasileiros, já que mudanças na legislação propostas pela gestão de Jair Bolsonaro alteraram a quantidade de armas que cada cidadão pode comprar.


O que dizem os especialistas

Um decreto do presidente da República, de 2019, mas que só entrou em vigor em 2020, permitiu que cada brasileiro possa comprar até quatro armas de fogo, o dobro do que previa a lei anterior. A medida provocou um salto nas aquisições de novas pistolas e revólveres no país.

A advogada Isabel Figueiredo, que é mestre em Direito Constitucional pela PUC e integrante do Conselho de Administração do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, disse em entrevista ao portal G1 que o crescimento da circulação de armas mantém vínculo direto com as políticas do governo federal de afrouxar as exigências para quem quer adquiri-las, prejudicando os mecanismos de controle.

“Tem que olhar essa arma que está na mão do sujeito que comprou a arma. É uma arma que pode agravar situações de violência doméstica, pode agravar a situação interpessoal. As armas escalam uma situação de violência. Um bate-boca ou uma briga com uma arma tem uma tendência de ter um resultado piorado. Um estudo do Ipea mostra que, com 1% a mais de circulação de armas, aumenta em 2% o número de homicídios. Também há um aumento de acidentes, envolvendo crianças, e um aumento de suicídios”, explicou.

Outros dados

Outro dado relevante divulgado no Anuário Brasileiro de Segurança Pública diz respeito às apreensões e destruições de armas no Brasil. Mesmo que o índice não tenha apresentado mudanças drásticas em relação ao último levantamento, uma preocupante tendência de queda se manteve.

O estado que reduziu mais as apreensões e destruições de armas de fogo foi o Acre (38,6%). O Pará vem na sequência (25,7%), seguido pelo Rio de Janeiro (24%). Na contramão, o estado do Amapá foi o que mais apreendeu armamento ilegal para destruição, com um crescimento de 58,7%.