Viva o *Assentamento Oziel Alves Pereira*

Viva o *Assentamento Oziel Alves Pereira*
A emblemática história do *Assentamento Oziel Alves Pereira*, localizado em Governador Valadares, na antiga "Fazenda do Ministério", está entrelaçada com a história da resistência brasileira e das lutas das Ligas Camponesas; antes mesmo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra nascer.
A antiga Fazenda Ministério da Fazenda, conhecida no Vale do Rio Doce como "Fazenda do Ministério", foi desapropriada em 1963 para ser o plano piloto da Reforma Agrária no Brasil proposto no governo do presidente João Goulart.
Em 1964 o processo de reforma agrária foi abortado e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Governador Valadares foi destruído, em meio a mortes, prisões e perseguições. Segundo muitos historiadores este seria o primeiro estopim do golpe de 1964.
A planejada Reforma Agrária não aconteceu de fato. E a "Fazenda do Ministério" permaneceu por mais 30 anos sob a administração improdutiva do Governo Federal.
Em 1994, o MST ocupou a área dessa "terra prometida".
Várias famílias começaram a plantar e a recuperar flora e fauna.
Ainda em 1994, a Justiça ordenou reintegração de posse e houve um violento despejo. Os ocupantes foram retirados de forma truculenta, acompanhados por camburões e vários ônibus cheios de policiais.
Resistiram! E foram morar nas proximidades da Fazenda, nas margens da BR 116.
As famílias acampadas entre a cerca e a rodovia continuaram entrando na Fazenda todos os dias e trabalhando na terra, cultivando milho, feijão, hortaliças... E por lá permaneceram por dois anos, de 1994 a 1996, e só saíam quando a polícia chegava.
Em 1996, após outro despejo truculento, os Sem Terra se uniram a outros companheiros e realizaram uma gigantesca marcha de Governador Valadares a Belo Horizonte.
Veio então, a tão sonhada imissão de posse e a concretização da promessa feita por Jango. A "Fazenda do Ministério" passou a se chamar *Assentamento Oziel Alves Pereira*. Uma bela homenagem ao jovem assassinado pela PM do Pará no Massacre de Eldorado dos Carajás, naquela época.
Passados 30 anos, o antigo projeto de João Goulart, interrompido pelo Golpe de 64, tem 47 famílias assentadas que trabalham na manutenção de áreas verdes, produção para subsistência e abastecimento de feiras agroecológicas da região.
A simples existência do *Assentamento Oziel Alves Pereira* constitui um importante marco de luta e resistência no Brasil - a luta pela reforma agrária e resistência ao latifúndio, à violência no campo e à ditadura.
Viva o *Assentamento Oziel Alves Pereira*!