Manchetes de domingo 29-01-2023 

Manchetes de domingo 29-01-2023 

Edição de Chico Bruno  

 

Manchetes de domingo 29-01-2023 

Valor Econômico – Não circula hoje

 

CORREIO BRAZILIENSE – Tragédia dos ianomâmi é “falta grave” de governo

 

O GLOBO – Nova fronteira da inteligência artificial desafia big techs

 

O ESTADO DE S.PAULO – Trafégo aéreo expõe poder do garimpo na terra Yanomami

 

FOLHA DE S.PAULO – Lira encaminha reeleição com gestos a governo Lula

 

Destaques de primeiras páginas, fatos e bastidores mais importantes do dia 

 

Tragédia amazônica - De passagem pela capital portuguesa, o decano do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, considera que a “chocante” tragédia da etnia ianomâmi resulta de um “colapso das esferas de administração”. A questão, observa, é determinar se essa ação foi deliberada, o que para alguns poderia caracterizar genocídio. “Isso sugere, no mínimo, uma falta grave”, diz. Sobre os ataques de 8 de janeiro e a crise militar, Mendes confia na força da democracia brasileira para conter movimentos golpistas.

 

Inteligência artificial - A evolução tecnológica vem quebrando uma barreira até há pouco não imaginada. Robôs capazes de executar atividades ligadas à criação, pretensamente indissociáveis do cérebro humano, começam a se popularizar. São ferramentas que podem produzir arte, como música ou pintura em estilos pré-demandados, ou redigir textos acadêmicos e profissionais. A plataforma ChatGPT superou a marca de um milhão de usuários em cinco dias e vem sendo considerada a primeira ameaça real à liderança do Google. O cenário disparou uma corrida por investimentos na área. O avanço da inteligência artificial tem reflexos no ensino e em direitos autorais.

 

O poder aéreo - Uma profusão de rotas aéreas clandestinas, com atividade constante dentro e fora do território nacional, mantida pelo crime organizado para extrair ouro e cassiterita da terra indígena Yanomami. O Estadão teve acesso a detalhes da cadeia logística que os garimpeiros, com o uso de aviões, utilizam para saquear a terra indígena em Roraima. Os mapas que traçam a movimentação da atividade ilegal revelam que essas rotas não se limitam a viagens realizadas entre os garimpos e os principais municípios do Estado ou a capital, Boa Vista. Há constante movimentação, também, dentro da Venezuela, com locais frequentes de acesso no país vizinho, que faz fronteira com boa parte da terra indígena Yanomami. Dentro da terra indígena, a via aérea é a principal rota de acesso aos garimpos ilegais, sendo o meio usado não só para transportar o minério extraído, mas também insumos básicos da atividade criminosa, como combustível, peças e alimentos. Os rios são a segunda forma de transporte que impulsiona as ações clandestinas, mas que costumam ser mais utilizados nos meses de cheia. O preço médio das aeronaves que costumam ser usadas revela que as atividades estão longe de serem “artesanais”. A maior parte dos aviões utilizados pelos garimpeiros, de acordo com um agente ambiental que atua há anos na região e que foi ouvido pela reportagem, é do tipo monomotor, como Cessna 182, comercializado com o nome de Skylane, e que custa cerca de R$ 400 mil. Há ainda uso de helicópteros, como os modelos Robinson 44 ou 66, que são bem mais caros e custam a partir de R$ 3 milhões. A audácia dos garimpeiros para ampliar a logística aérea dentro da terra demarcada chegou a tal ponto que os criminosos passaram a tomar pistas de pouso oficiais, construídas pelo governo para que os indígenas pudessem receber insumos básicos de saúde e alimentação. Foi o que aconteceu, por exemplo, na base de Homoxi, no município de Alto Alegre. Até início de 2022, uma unidade básica de saúde funcionava ao lado desta pista de pouso. Em três meses, o local foi tomado pelos garimpeiros, que expulsaram as equipes de saúde e transformaram a unidade em um aeroporto do crime, com exploração de minério ao redor da própria pista. Em um documento do Ibama obtido pela reportagem, fiscais do órgão ambiental que atuam em campo sugerirem, à Diretoria de Proteção Ambiental (Dipro) do Ibama, que fosse realizado o fechamento do espaço aéreo sobre a terra indígena Yanomami, como forma de ajudar a coibir o deslocamento. A reportagem questionou a Força Aérea Brasileira para saber se recebeu alguma demanda no ano passado, para fechar o espaço aéreo sobre a terra indígena. A FAB não respondeu ao questionamento, mas disse que “mantém alertas de defesa no espaço aéreo que compreendem a Terra Indígena Yanomami, operando a partir de Boa Vista (RR) e cumprindo ações de policiamento do espaço aéreo 24 horas”. Segundo a FAB, só em 2022, “foram realizadas 34 interceptações de aeronaves nas proximidades de Boa Vista, incluindo a região mencionada”.

 

 

Aproximação pragmática - Em menos de três meses, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), pavimentou um caminho que o moveu de aliado próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para o entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), consolidando a reeleição para mais dois anos no cargo. A votação, que é secreta, ocorre nesta quarta-feira (1) e Lira tem um amplo arco de apoio, indo do PL de Bolsonaro ao PT de Lula. Primeiro, a fragilidade da esquerda, que controla apenas cerca de um quarto das 513 cadeiras na Câmara, o que tornou a perspectiva do lançamento de uma candidatura contra o líder do centrão uma aventura de altíssimo risco. Segundo, as três ações de Lira que pavimentaram a aproximação com os petistas: o imediato reconhecimento público da vitória de Lula, a condução da aprovação da PEC que deu fôlego orçamentário ao novo governo e, por fim, a reação contra os vândalos golpistas do dia 8 de janeiro. A Folha mostrou que logo após a eleição integrantes do centrão já sinalizavam que Lula poderia contar com uma base parlamentar bem mais sólida caso apoiasse ou, pelo menos, não criasse obstáculos à tentativa de Lira se reeleger. O primeiro encontro pessoal entre os dois ocorreu dez dias depois do segundo turno, na casa de Lira, em Brasília. Na reunião de cerca de duas horas, Lula disse que não iria interferir na eleição para o comando da Casa, segundo relatos. Ou seja, deu a senha que o líder do centrão esperava para continuar "construindo pontes" visando a sua reeleição. Ele e Lula chegaram a trocar acusações na campanha principalmente por causa da alta concentração de poder nas mãos do deputado, então apoiador de Bolsonaro, decorrente da distribuição das emendas de relator. Agora, isso são águas passadas, na visão dos dois grupos políticos.

 

Proibida, politização de militares fica impune - De 18 militares da ativa que fizeram manifestações político-partidárias nas redes sociais nos últimos quatro anos, segundo levantamento do GLOBO, só um deles se viu alvo de processo na Justiça Militar. Exército e Aeronáutica não responderam se houve algum tipo de sanção, e Marinha informou que puniu nove integrantes por infringir a regra. Alimentada nos últimos quatro anos pela presença de milhares de militares, inclusive da ativa, em cargos no governo Bolsonaro, a politização da caserna afetou a relação entre o presidente Lula e o Exército, com direito a troca de comando em meio a suspeitas de leniência na contenção dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. O engajamento de parte das Forças Armadas também pode ser constatado nas redes sociais, onde manifestações político-partidárias, algumas de viés golpista, tornaram-se frequentes, a despeito da proibição explícita em lei, e nem sempre são reprimidas. Levantamento do GLOBO localizou 18 militares da ativa —14 do Exército, três da Marinha e um da Aeronáutica — que usaram seus perfis para tecer comentários políticos nos últimos anos. Só um desses casos, porém, virou processo na Justiça Militar: o do major João Paulo da Costa Araújo Alves, do Piauí, que chegou a ser preso, em maio de 2022, após ignorar reiteradamente as reprimendas de superiores. Solto dias depois, aguarda julgamento.

 

Acampamento tinha wi-fi e placas solares - Imagens do relatório do interventor do Distrito Federal, Ricardo Capelli, apresentado na sexta-feira ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mostram detalhes inéditos do funcionamento do acampamento que serviu de base para as manifestações golpistas do dia 8 de janeiro, em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília. A estrutura do local contava com itens como painéis solares para fornecer energia e rede de internet wi-fi. Nas palavras de Capelli, tratavase de uma “verdadeira minicidade golpista e terrorista”. Uma das imagens mostra um gerador de energia instalado em cima de uma caminhonete, enquanto outra revela uma estação de carregamento de celulares funcionando a todo vapor. Os golpistas também tinham acesso a banho quente e restaurantes onde as refeições eram servidas sem custos aos acampados. A estrutura foi desmontada no dia 9 de janeiro, um dia após a invasão à sede do Executivo, Legislativo e Judiciário na Praça dos Três Poderes. “Haviam estruturas montadas para apoio de refeições e carro de som para disseminação de informações e coordenação dos manifestantes, evidenciando que o acampamento, desde sua instalação, foi elemento crucial para o desenvolvimento das ações de perturbação da ordem pública que culminaram nos atos do dia 08 de janeiro de 2023”, diz trecho do relatório.

 

Guerra fria - Ministro da Defesa no governo Dilma Rousseff entre 2015 e 2016, Aldo Rebelo avalia que a troca de comando do Exército no primeiro mês da gestão Lula traz à tona uma “desconfiança” entre Presidência e Forças Armadas. Ele criticou a “agenda da Guerra Fria” alimentada por membros das Forças que “celebram episódios que dividiram o Brasil” — nos quatro anos de governo Bolsonaro, os comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica publicaram notas elogiosas ao golpe de 1964. Segundo Rebelo, contudo, as “resistências ao PT” na caserna são causadas por “enganos de parte a parte”. Ele acusa setores petistas de tentarem propagar uma “agenda identitária de divisão do país”, inclusive dentro de instituições de ensino das Forças Armadas.

 

Sem ministério, Gleisi influi até em áreas fora da órbita do PT - Ao anunciar em dezembro que a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), estaria fora do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que ela desempenharia um papel até “mais importante” do que o de um ministro. Apesar de não ocupar uma cadeira no Executivo, a comandante do partido participou do processo de escolha de titulares das pastas, atua na indicação a cargos de segundo escalão mesmo de personagens sem vínculo com o PT e, recentemente, debateu até a futura composição da diretoria da Petrobras. O espaço que ocupa em torno de Lula, construído ao longo dos últimos anos, tem contribuído para ampliar a participação do PT no governo. Numa de suas últimas vitórias, Gleisi conseguiu emplacar o deputado Ênio Verri, que, como ela, é do PT do Paraná, na diretoria-geral de Itaipu, uma das usinas hidrelétricas com maior geração de energia do mundo. Em um movimento que vai além das atribuições de um presidente de partido, foi Gleisi quem comunicou à então senadora Simone Tebet (MDB-MT) que a emedebista não ficaria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, entregue ao petista Wellington Dias. A deputada também atua para acomodar aliados no governo. De acordo com interlocutores do ministro das Cidades, Jader Filho (MDB), Gleisi ajudou recentemente a negociar a indicação de um nome do PSOL para a pasta.

 

Flávio rebate Valdemar sobre minuta do golpe: ‘Não recebi’ - Osenador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) rebateu ontem declarações do presidente do seu partido, o ex-deputado Valdemar Costa Neto, de que propostas de golpe e intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) circularam no entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao GLOBO, Valdemar disse que havia minutas golpistas como a encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres “na casa de todo mundo”. — Não vi nenhuma minuta golpista circulando. Se ele recebeu, eu não recebi. Eu ouvia de gented aruaque todo mundo queria que houvesse alguma coisa porque estava insatisfeito com a destruição da democracia que estava acontecendo —disse. —Nunca vi nenhuma minuta circulando próximo a mim e nunca tive conhecimento. O que posso dizer é que o presidente em 31 de dezembro deixou o governo, e em 1º de janeiro o presidente Lula assumiu. Então, há um fato concreto (para mostrar) que nada aconteceu. Ainda segundo Flávio, o pai não tem data para voltar dos EUA: — Ele que sabe. Pode ser amanhã, pode ser daqui a seis meses, pode não voltar nunca, não sei. Ele está desopilando. E acrescentou que Bolsonaro, alvo de inquéritos no STF e no TSE, não teme condenações: — Os advogados estão olhando tecnicamente, e o retorno é que não há nada juridicamente que implique o presidente Bolsonaro. Agora, o Poder Judiciário não é lugar de fazer julgamento político. 

 

Congresso com foco em reforma tributária e novo arcabouço fiscal - Câmara dos Deputados e Senado retomam as atividades nesta quarta-feira (1º) com o desafio de avançar em temas de difícil consenso, mas considerados prioritários pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como a reforma tributária e o arcabouço fiscal que vai substituir o teto de gastos. Além desses assuntos que exigirão negociações mais intensas, os parlamentares terão que analisar questões como a correção da tabela do Imposto de Renda —que pode vir a ser incluída na proposta de reforma tributária—, o texto que atualiza o teto do Simples e a possível regulação de aplicativos. O principal esforço de governo e Congresso neste começo de legislatura será voltado às mudanças no sistema tributário. A articulação para aprovar a reforma já vem ocorrendo antes mesmo do início formal dos trabalhos no Legislativo. Em Davos, onde participou do Fórum Econômico Mundial, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) defendeu que as alterações tributárias sejam votadas ainda neste primeiro semestre.

 

União Brasil se esfacela - A divisão no União Brasil fez com que um de seus principais integrantes, Davi Alcolumbre (AP), ameaçasse deixar a sigla na última semana. Alcolumbre tem sido alvo de críticas do vice-presidente do partido, Antonio Rueda, e de seus aliados por ter fechado acordos com o governo Lula para ocupar ministérios sem consultar os colegas. O senador amapaense indicou, então, que poderia mudar de partido - ele chegou a ser sondado pelo PSD, MDB e Solidariedade. A tensão só diminuiu após um jantar de parlamentares do União, em Brasília, na última quinta (26), no qual Alcolumbre se comprometeu a ceder espaço para outros integrantes da sigla. O primeiro ato será apoiar Efraim Filho para a liderança do União no Senado. O União comanda três ministérios: Turismo, Comunicações e Integração, este último gerido pelo ex-governador do Amapá Waldez Góes, aliado de Alcolumbre e licenciado do PDT. Alcolumbre também deve comandar a CCJ do Senado caso Rodrigo Pacheco siga no posto.