Reforma administrativa poupa elite do funcionalismo e pode dar “cheque em branco” a Bolsonaro

Reforma administrativa poupa elite do funcionalismo e pode dar “cheque em branco” a Bolsonaro
GOVERNO BOLSONARO

Reforma administrativa poupa elite do funcionalismo e pode dar “cheque em branco” a Bolsonaro

Fatiada, proposta prevê que presidente possa extinguir fundações e autarquias sem a autorização prévia do Congresso. Texto restringe carreiras do Estado, mas não define quais são

Rodrigo Maia, o ministro Jorge Oliveira, e o líder do Governo, Ricardo Barros, na entrega da reforma administrativa.
Rodrigo Maia, o ministro Jorge Oliveira, e o líder do Governo, Ricardo Barros, na entrega da reforma administrativa.ADRIANO MACHADO / REUTERS

 

 

AFONSO BENITES

Brasília - 03 SEP 2020 - 22:49 BRT

Para enviar sinais ao mercado financeiro e mostrar ao Congresso Nacional que tem interesse em reduzir os gastos com a máquina pública, o presidente Jair Bolsonaro enviou nesta quinta-feira a sua reforma administrativa. O documento foi entregue pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O deputado disse que pretende acelerar a sua votação para ser aprovada ainda este ano, mesmo que as sessões sejam remotas e as comissões que fazem uma análise prévia dos projetos de lei não estejam em pleno funcionamento. Representantes do servidores, no entanto, apostam que o texto só será votado no ano que vem.

Além das incertezas políticas, o aguardado texto não agradou completamente nem os que defendem há anos das mudanças dentro do funcionalismo público, como o fim da estabilidade para todas as funções. Conforme especialistas ouvidos pela reportagem, da forma como foi elaborada, fatiada e sem detalhamentos de carreiras ou financeiros, o texto traz instabilidade para o funcionalismo, privilegia o alto escalão dos servidores e pode passar um “cheque em branco” para o presidente, pois permite que acabe com órgãos do Executivo sem o aval do Parlamento.

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