"Ataque ao STF é pela possibilidade de prisão de Bolsonaro pelo 8 de janeiro", diz Lindbergh Farias

"Ataque ao STF é pela possibilidade de prisão de Bolsonaro pelo 8 de janeiro", diz Lindbergh Farias

Em entrevista estarrecedora, deputado fez alerta sobre a crise institucional e relação do governo Lula com o Congresso Nacional, em especial com a Câmara: "Lira é insaciável"

Plinio Teodoro

 

 

"Ataque ao STF é pela possibilidade de prisão de Bolsonaro pelo 8 de janeiro", diz Lindbergh Farias

Em entrevista estarrecedora ao Fórum Café nesta sexta-feira (24), o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), que vem pressionando o governo Lula para mudar a relação com o Congresso Nacional, afirmou que os ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), que chegou ao ápice nesta semana com a votação da PEC que limita as decisões monocráticas da corte, tem um objetivo claro: evitar que Jair Bolsonaro (PL) seja preso pelos atos golpistas do dia 8 de Janeiro.

"Pra mim, todo esse ataque ao STF é pelo julgamento do 8 de janeiro e é pela possibilidade de prisão do Bolsonaro. Eles sabem que isso está para acontecer. Não tem jeito. A delação do coronel Mauro Cid coloca Bolsonaro como grande articulador do dia 8 de janeiro. [...] Eles estão vendo isso e estão se antecipando, numa cruzada contra o Supremo", afirmou o deputado.

Lindbergh afirma que é necessário, nesse momento, justamente que se faça uma aliança para defender a democracia a partir da defesa da corte desses ataques. "Porque na minha avaliação, em conversas que tenho em Brasília, é isso que está por trás de todas essas propostas contra o Supremo".

O deputado ainda afirmou ainda não entender o voto de Jaques Wagner, líder do PT no Senado, a favor da PEC de Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), que colocou amarras nas decisões da corte e abriu uma crise institucional entre os poderes.

"Eu considero um grande erro o Jaques Wagner ter votado a favor disso. Ainda bem que nossos senadores do PT fecharam questão e votaram contra. O Randolfe [Rodrigues, líder do governo] votou contra. Mas foi muito ruim esse  resultado. Parece o seguinte: teve um enfrentamento na defesa da democracia e o Supremo teve um papel, porque Bolsonaro tentou o tempo inteiro tirar a credibilidade do sistema eleitoral", relembra.

Lindbergh ainda chamou a atenção para a ligação do bolsonarismo com uma "facção" extremamente violenta da Ditadura, capitaneada pelo general Sylvio Frota, ministro do Exército do governo Ernesto Geisel, que seria o articulador do atentado ao Rio Centro durante a Ditadura.

"É a mesma turma. Se a gente vai ver, os personagens são os mesmos", diz o petista, lembrando que Augusto Heleno atuou no gabinete de Frota.

"Lira é insaciável"

Lindbergh ainda afirmou que o governo precisa mudar a relação com o Congresso, em especial com a Câmara, comandada por Arthur Lira (PP-AL), que está à frente de uma base grande do "bolsonarismo histriônico", como definiu.

"Tem uma base ali, daquele bolsonarismo histriônico, que é uma base grande. E o Lira se aproveita dessa coisa para fazer uma política de 'faca no pescoço' com o governo do presidente Lula", diz.

O deputado alerta que o presidente da Câmara busca estender para os dias atuais os mesmos poderes que teve durante a gestão Bolsonaro e tem feito reiterados achaques ao governo para dominar a estrutura pública.

"Ele está entrando em prerrogativas do poder executivo. Ele é insaciável nesse aspecto. Ganhou a presidência da Caixa, mas trabalha deliberadamente para prejudicar o governo Lula", diz Lindbargh, que cita ainda Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, como agente do bolsonarismo que atua nas entranhas do governo.