PF faz busca na casa de Bolsonaro e prende Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, em operação contra dados falsos de vacina
PF faz busca na casa de Bolsonaro e prende Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, em operação contra dados falsos de vacina
Polícia Federal apreendeu o celular de Bolsonaro. Ex-presidente nega acusação
Por EXTRA
Jair Bolsonaro e Michelle Bolsonaro, durante cerimônia no Palácio do Planalto Cristiano Mariz/Agência O Globo/10-11-2021
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi alvo de uma busca e apreensão realizada pela Polícia Federal nesta quinta-feira em Brasília. O seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, foi preso na mesma ação que apura a atuação de um grupo que teria inserido dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. Outros cinco suspeitos foram presos.
"Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de Covid", diz a Polícia Federal.
A TV Globo e a GloboNews apuraram que teriam sido forjados os certificados de vacinação do hoje ex-presidente Jair Bolsonaro; da filha de Bolsonaro, Laura Bolsonaro, hoje com 12 anos; do ex-ajudante de ordens Mauro Cid Barbosa, da mulher e da filha dele.
Essa suposta falsificação teria o objetivo de garantir a entrada de Bolsonaro, familiares e auxiliares próximos nos Estados Unidos, burlando a regra de vacinação obrigatória. A PF ainda investiga a situação de outros membros da comitiva, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Os agentes cumprem 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro, além de análise do material apreendido durante as buscas e realização de oitivas de pessoas que detenham informações a respeito dos fatos.
Segundo a PF, o objetivo do grupo seria "manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas" e "sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19".
Depois de relutar no início, Jair Bolsonaro acabou fornecendo a senha do seu celular aos agentes da PF. Antes de Bolsonaro, Michelle havia feito algo parecido: também resistiu, mas logo depois deu aos policiais a senha do aparelho — conforme informou a colunista Bela Megale.
Depois, a Polícia Federal desistiu de apreender o celular de Michelle Bolsonaro. Segundo investigadores, inicialmente o telefone da ex-primeira-dama seria levado, mas depois de Michelle fornecer acesso ao aparelho, o celular foi verificado e os policiais consideraram que não seria necessário apreendê-lo.
Bolsonaro negou na manhã desta quarta-feira ter adulterado seu cartão de vacinação
— Não existe adulteração da minha parte. Não tomei a vacina. Ponto final — afirmou Bolsonaro na porta de sua casa, num condomínio em Brasília — Em momento nenhum eu falei que tomei a vacina e não tomei.
Segundo ele, sua mulher, Michelle, que também teria dados de vacinação falsificados no sistema, se vacinou em 2021 durante viagem aos Estados Unidos. Sua filha, Laura, cujas informações lançadas também são alvo de suspeitas, não tomou o imunizante.
— Ela (Michelle) tomou a vacina nos EUA, da Janssen. E outra minha filha, que eu respondo por ela, a Laura, de 12 anos, não tomou a vacina também. Tenho laudo médico no tocante a isso. Fico surpreso com a a busca e apreensão por esse motivo — afirmou Bolsonaro.
Mauro Cid ou "coronel Cid" tem um histórico de relacionamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro que vem de família. Ajudante de ordens de Bolsonaro durante o último governo, Mauro Cid é filho do general Mauro Cesar Lourena Cid, que foi colega do ex-chefe do Executivo no curso de formação de oficiais do Exército. Desde esse período, Bolsonaro mantém uma amizade com Lourena Cid.