O jogo de versões em torno da saída de Prates, por Luís Nassif

O jogo de versões em torno da saída de Prates, por Luís Nassif

O jogo de versões em torno da saída de Prates, por Luís Nassif

O que esperar das mudanças? A definição de que a prioridade máxima da Petrobras será ampliar os investimentos e a geração de empregos.

Luis Nassif[email protected]

 

Waldemir Barreto – Agência Senado

 

É curioso o jogo de versões sobre a saída do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. Em seu lugar, foi indicada Magda Chambriard, ex-Petrobras, ex-Agência Nacional de Petróleo, consultora e responsável pelos primeiros leilões de petróleo do pré-sal, e defensora da parceria com grupos estrangeiros.

Mesmo assim, a colunista Raquel Landim, do Estadão, ouviu de uma “fonte”, que Magda faria parte daqueles que viram conspiração da CIA na Lava Jato. Dá um cansaço enorme esse tipo de jornalismo, compensado pela chuva de retalhos de informação fidedigna d(o)s colunistas de O Globo.

Por que ela ouviu ou atribuiu à pretensa fonte essa informação furada? Seguiu um raciocínio mecânico. A decisão de tirar Prates foi de Lula. Se Lula tirou, é porque quer interferir na Petrobras. E se escolheu Magda, certamente é porque ela compactua com as supostas teorias conspiratórias de Lula. A partir dessas ilações, tira uma conclusão errada e atribui a uma fonte genérica.

É um amontoado de asneiras, por vários motivos.

Primeiro, porque a interferência dos Estados Unidos na Lava Jato está fartamente documentada. Não é teoria conspiratória. Segundo, porque as referências a Magda é que se trata de uma pessoa ligada ao mercado, com acesso às grandes petrolíferas, e defensora até de medidas do governo Temer que facilitaram a entrega de alguns campos para petroleiras estrangeiras.

Ela foi indicada porque, entre suas características, está a de obedecer fielmente os chefes – no caso, o presidente da República. E porque Lula é um pragmático, às vezes até excessivamente, e nunca foi uma liderança ideológica. O suposto “chavismo” de Lula é uma ficção criada pelo mau jornalismo.

A demissão de Prates decorre de um conjunto de questões.

Havia, de um lado, o interesse do Ministro das Minas e Energia Alexandre Silveira, e do Ministro-Chefe da Casa Civil, Rui Costa de estimular o mercado de energia termoelétrica – atendendo às demandas dos influentes Carlos Suarez e J&F, ambos com influência também sobre o presidente da Câmara, Arthur Lira.

Vem daí os conflitos iniciais com Prates.

Em vez de se escorar em Lula, Prates – que é socialmente desajeitado, como já tive oportunidade de perceber pessoalmente – resolveu se amparar no mercado e no Ministro da Fazenda Fernando Haddad. E, no episódio da distribuição de dividendos da Petrobras, desobedeceu recomendação expressa de Lula e se absteve de votar contra a distribuição extra de dividendos, para permitir mais investimentos da empresa. Em parte, também, para permitir à Fazenda reduzir o déficit fiscal com os dividendos pagos ao governo.

A Casa Civil, a propósito, voltou a ter um índice de futricas palacianas como não se via há muito tempo. Ambos – Silveira e Prates – se valeram dessa tolice de Prates, que se queimou sozinho perante Lula.

Prates caiu e Lula já tinha recebido indicação de Magda que, em suas primeiras manifestações, falou da importância da exploração de petróleo em águas profundas na Margem Equatorial e, claro!, da exploração da energia termoelétrica do gás.

O que esperar das mudanças? Primeiro, a definição de que a prioridade máxima da Petrobras será ampliar os investimentos e a geração de empregos. Depois, é possível que Magda convença Lula de que parcerias com multinacionais e o setor privado nacional acelerariam os investimentos e a geração de empregos.

A intensidade desses movimentos ainda é uma incógnita, como ainda é uma incógnita o nível de transformações de Lula 3, nesse trabalho insano de se equilibrar na corda bamba.