NOTÍCIAS DE DOMINGO. MAIORES JORNAIS NACIONAIS

FOLHA DE S.PAULO – Piora econômica no país deve afugentar mais multinacionais. CORREIO BRAZILIENSE – Mães do Brasil: a luta pela sobrevivência e contra o preconceito O ESTADO DE S.PAULO – Gasto de emenda secreta tem suspeita de superfaturamento O GLOBO – Sem política de inclusão, topo das Forças Armadas não tem diversidade

NOTÍCIAS DE DOMINGO. MAIORES JORNAIS NACIONAIS

NOTÍCIAS DE DOMINGO. MAIORES JORNAIS NACIONAIS

 

 

Edição – Chico Bruno

Manchetes

FOLHA DE S.PAULO – Piora econômica no país deve afugentar mais multinacionais

CORREIO BRAZILIENSE – Mães do Brasil: a luta pela sobrevivência e contra o preconceito

O ESTADO DE S.PAULO – Gasto de emenda secreta tem suspeita de superfaturamento

O GLOBO – Sem política de inclusão, topo das Forças Armadas não tem diversidade

Resumo das manchetes

A Folha em sua manchete revela que a saída recente de grandes multinacionais do Brasil sinaliza a deterioração do cenário econômico local para os próximos anos —e mais empresas podem desistir do país, segundo economistas ouvidos pela Folha. Entre o ano passado e este, chamam a atenção desistências de peso. A montadora americana Ford, há mais de cem anos no Brasil, preferiu sair daqui e manter a fábrica na Argentina na reestruturação global que está promovendo. A espanhola Cabify desistiu do país alegando que a crise dificulta o avanço do serviço de carona. A cimenteira franco-suíça LafargeHolcim, a maior do ramo no mundo, também preferiu partir, apesar de haver prognósticos positivos para a construção no Brasil. A nipônica Sony decidiu não mais fabricar ou mesmo vender no país TVs, equipamentos de áudio e câmeras, abandonando a Zona Franca de Manaus, polo que garante isenções tributárias. Foram-se também a farmacêutica suíça Roche e o laboratório americano Eli Lilly. A varejista francesa L'Occitane fechou lojas no país, e a americana Walmart, maior rede de varejo do mundo, repassou os ativos no país. Economistas e analistas ainda tentam traduzir o movimento de saída em áreas tão distintas quando a tendência apontava o contrário: excesso de capital no mundo e juros ainda muito baixos deveriam atrair investidores para um país emergente do porte do Brasil. A cada partida, muitos ponderaram que sempre é preciso considerar a situação particular de cada empresa e que o Brasil seria até uma vítima circunstancial da pandemia. O potencial de retorno do mercado, a recessão global e, internamente, o Produto Interno Bruto que não cresce se somam à má gestão da crise sanitária no rol das incertezas.

O Correio dedica sua manchete as quase 7 milhões de mulheres que perderam o emprego em um ano e dois meses de pandemia no Brasil. As mais atingidas foram as trabalhadoras chefes de família, que hoje dependem de programas sociais e de doações para garantir a alimentação em casa. Estudos mostram que, quando retornarem ao mercado – se voltarem – , receberão salários menores do que os de antes da demissão. Entre as que mantiveram o emprego, muitas exercem funções essenciais no combate ao novo coronavírus e acumulam tarefas domésticas, em jornadas extenuantes. Histórias de superação também cruzam as quatro linhas dos campos de futebol, com jogadoras longe dos filhos, mas confiantes na oportunidade de garantir um futuro melhor para eles. Apesar de tudo, dizem, há o que comemorar neste Dia das Mães.

A manchete do Estadão revela que um esquema montado pelo presidente Jair Bolsonaro, no final do ano passado, para aumentar sua base de apoio no Congresso criou um orçamento paralelo de R$ 3 bilhões em emendas, boa parte delas destinada à compra de tratores e equipamentos agrícolas por preços até 259% acima dos valores de referência fixados pelo governo. O flagrante do manejo sem controle de dinheiro público aparece num conjunto de 101 ofícios enviados por deputados e senadores ao Ministério do Desenvolvimento Regional e órgãos vinculados para indicar como eles preferiam usar os recursos. O detalhe é que, oficialmente, o próprio Bolsonaro vetou a tentativa do Congresso de impor o destino de um novo tipo de emenda (chamada RP9), criado no seu governo, por “contrariar o interesse público” e estimular o “personalismo”. Foi exatamente isso o que ele passou a ignorar após seu casamento com o Centrão. Os ofícios, obtidos pelo Estadão ao longo dos últimos três meses, mostram que esse esquema também atropela leis orçamentárias, pois são os ministros que deveriam definir onde aplicar os recursos. Mais do que isso, dificulta o controle do Tribunal de Contas da União (TCU) e da sociedade. Os acordos para direcionar o dinheiro não são públicos, e a distribuição dos valores não é equânime entre os congressistas, atendendo a critérios eleitorais. Só ganha quem apoia o governo. O senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), por exemplo, determinou a aplicação de R$ 277 milhões de verbas públicas só do Ministério do Desenvolvimento Regional, assumindo a função do ministro Rogério Marinho. Ele precisaria de 34 anos no Senado para conseguir indicar esse montante por meio da tradicional emenda parlamentar individual, que garante a cada congressista direcionar livremente R$ 8 milhões ao ano.

O Globo em sua manchete revela que o topo da carreira nas Forças Armadas reproduz a desigualdade existente em outras instâncias de comando de instituições públicas e empresas privadas no país. Documentos de Marinha e Aeronáutica, obtidos pelo GLOBO via Lei de Acesso à Informação, mostram que apenas três integrantes da elite — todos da Força Aérea — se declaram pretos, em um universo de 228 militares do alto escalão. Os retratos, colocados lado a lado aos dos 172 colegas do Exército — que não dispõe dos dados, o que dificulta inclusive a mudança do quadro, segundo especialistas —, evidenciam a falta de diversidade. A representação de pretos na elite militar é apenas um quinto daquela encontrada na sociedade brasileira como um todo. Entre os oficiais-generais da ativa (nomenclatura que contempla o topo das três Forças), apenas 1,75% são pretos, número que vai a 9,4% na população geral. Como as informações dos dados oficiais nem sempre seguem o padrão de cor definido pelo IBGE — na Marinha, por exemplo, há a possibilidade de se autodefinir como “moreno” —, O GLOBO acrescentou à lista a observação das fotografias de todos os oficiais-generais. A identificação visual incorporou outros quatro oficiais pretos aos três autodeclarados, totalizando sete num universo de 400. Nenhum deles ostenta quatro estrelas, o grau máximo que um oficial da elite pode atingir.

Notícia do dia: Em meio à CPI da Covid que investiga a atuação do governo no enfrentamento à pandemia, o presidente Jair Bolsonaro voltou a mentir sobre a hidroxicloroquina, medicamento ineficaz contra a Covid, e disse que vai divulgar um vídeo em que seus ministros irão propagandear a substância com a afirmação: "Eu tomei". Ele também classificou a comissão de investigação do Senado como "um vexame". "Ontem [sexta-feira] retornando de Rondônia, no avião tinha alguns ministros, a gente vai fazer um vídeo na semana, os 22 ministros, todos aqueles que tomaram hidroxicloroquina vão falar 'eu tomei'. É a alternativa no momento", disse Bolsonaro neste sábado (8), em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada. As declarações foram transmitidas pelas redes sociais do presidente. Bolsonaro afirmou também que a CPI "está um vexame, só se fala em cloroquina". "Mas, o cara que é contra não dá alternativa. Tenho certeza de que alguém aqui tomou hidroxicloroquina", disse, dirigindo-se a seus simpatizantes. Parte dos presentes respondeu afirmativamente. "Ah, não tem comprovação científica. Mas não tem cientificamente dizendo o contrário também", acrescentou Bolsonaro. A ampla recomendação dada pelo governo brasileiro para o uso da hidroxicloroquina e de outros remédios sem eficácia comprovada é um dos focos de investigação da CPI.

Notícias de primeira página

“Ministro da Saúde voltará a depor na CPI” - O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), avalia como positiva a primeira semana de depoimentos no colegiado e acredita que as próximas oitivas vão ajudar ainda mais os senadores a identificarem os motivos de tantas mortes causadas pelo novo coronavírus no país e da escassez de vacinas para proteger a população contra o vetor da doença. Em entrevista ao Correio, Aziz também critica duramente o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que, durante depoimento à comissão, na quinta-feira, esquivou-se de responder a perguntas a respeito de sua opinião sobre a defesa que o presidente Jair Bolsonaro faz do uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19 — o medicamento não tem eficácia científica comprovada contra a enfermidade. “Está patente que ele é contra, mas, para não magoar o presidente, ele não fala”, salienta Aziz, acrescentando que o depoimento do ministro “foi um dos piores” e que, por essa razão, ele “dificilmente não será reconvocado” para depor. Segundo Aziz, Queiroga deve ser ouvido novamente também porque, apesar de dizer que tem autonomia no ministério, mantém na equipe a secretária de Gestão do Trabalho, Mayra Pinheiro — apelidada de “Capitã Cloroquina” nos corredores do bloco G da Esplanada. Em depoimento ao Ministério Público Federal do Amazonas, ela assumiu que, durante a gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello, recomendou a médicos do estado o uso da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com covid-19. “O ministro falou na CPI sobre autonomia, mas, a curto prazo, ele vai ver que não tem essa autonomia toda que ele está dizendo que tem. Tanto é que ele mantém lá, no gabinete dele, a Mayra, que é médica e receita cloroquina abertamente”, afirma o presidente da CPI.

O “spoiler” da CPI - Ainda que o depoimento de Eduardo Pazuello seja incerto, com apostas de que ele pode optar por ficar calado, o G-7 da CPI da Covid considera que as audiências da primeira semana já dão uma ideia da imagem que vai se formar quando todas as peças estiverem montadas. Alguns senadores garantem que, nesses primeiros dias de elaboração do quebra-cabeças de responsabilidades pela situação a que o país chegou, o desenho sugere Jair Bolsonaro como o responsável final pela política de saúde. O presidente, aliás, nunca negou seu papel na pandemia — ou seja, a defesa do chamado “tratamento precoce” e a economia funcionando, com isolamento social apenas de idosos e pessoas com comorbidades. Para a oposição e alguns senadores independentes, foi crime. Para os governistas, Bolsonaro apenas exerceu o papel que lhe cabia, ao demonstrar preocupação com a economia. O peso de uma ou outra posição vai depender do desenrolar dos próximos capítulos. A depender do que for apurado em relação à notícia da revista Crusoé, de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi acionada para auxiliar na busca de informações sobre governadores, a narrativa da oposição poderá ganhar mais peso. E até dar espaço a uma nova CPI.

CPI ressuscita poder político de Renan Calheiros - Renan Calheiros (MDB-AL) sentado no sofá preto de seu amplo gabinete, ajeita a máscara e conta que já perdeu seis de suas sete vidas na política. “A relatoria da CPI da Covid é o que me sobrou, o que me resta”, diz o senador. Quatro mandatos de presidente do Senado, crises com governos federais, escândalos, acusações de corrupção, e confusões com partidos e políticos marcaram até aqui as outras "vidas" de Renan, 65 anos e vacinado com a primeira dose da Astrazeneca. No centro do poder nos últimos 35 anos, Renan justifica sua trajetória, fala das relações conturbadas com PT e PSDB, diz ser um personagem 'franco' no Congresso e admite erros: “Time que joga aqui nessa tabela [aponta para anotações da reportagem sobre seus comentários políticos] não tem como não perder e cometer erros”. Ele aponta o maior deles: ter distribuído sua declaração de Imposto de Renda à imprensa na época do que considera a pior crise política que já viveu, em 2007. Naquele ano, foi acusado de receber dinheiro de um lobista da empreiteira Mendes Júnior para pagar pensão da filha que tivera com a jornalista Mônica Veloso. “Foi um grande erro. Entreguei o IR e pedi ao Ministério Público para ser investigado, e fiquei oito anos sob investigação”, afirma. Desgastado, Renan renunciou à presidência do Senado. O alagoano de Murici (AL) está como senador desde 1995. De lá para cá, a Casa se renovou, desafetos ficaram pelo caminho, e Renan se mantém como peça relevante no tabuleiro político - sofrendo reveses acachapantes, como em 2007 e 2019, ou como protagonista, no comando do Senado várias vezes e agora relator da CPI que atormenta o governo de Jair Bolsonaro. Não há dúvidas nos corredores do Senado de que o relatório final da CPI, a ser apresentado por Renan na conclusão da investigação, será uma peça política pesada, com uma enxurrada de sugestões de responsabilizações do governo e, muito provavelmente, do próprio presidente. “É uma investigação fácil de fazer, tem muita coisa aí, só fazer uma linha do tempo”, afirma Renan. “Quem decidiu incluir a cloroquina como política pública, com dinheiro público?”, questiona ele, em longa conversa com a Folha em seu espaçoso gabinete, um dos mais cobiçados do Senado. Sobre as ameaças do ministro da Justiça, Anderson Torres, de escalar a Polícia Federal para investigar governadores, Renan leva alguns segundos para formular uma frase em tom de recado ao Planalto: “O governo não vai transformar a CPI em sucursal do gabinete do ódio”.

Bolsonaro tem apoio do povo para garantir liberdade - Ativista conservador e um dos mais influentes apoiadores de Jair Bolsonaro nas redes sociais, o jornalista e empresário Bernardo Küster, 33, diz que as manifestações ocorridas em 1º de maio mostraram que a população vê o presidente como garantidor da liberdade. "O recado dos milhões foi claro: a liberdade é fundamental e o presidente Bolsonaro tem o apoio do povo para garanti-la constitucionalmente", diz ele, em entrevista por e-mail à Folha. Editor do jornal digital Brasil Sem Medo e ligado ao filósofo Olavo de Carvalho, ele também defende a relação de Bolsonaro com os partidos do chamado centrão e prevê reação popular e até militar caso seja deflagrado um processo de impeachment. Com quase 1 milhão de assinantes em seu canal no YouTube, Küster é alvo do inquérito sobre fake news no Supremo. Segundo ele, a investigação foi aberta de forma ilegal, sem objeto definido e com base em regimento interno.

Estrategistas tentam achar ou fabricar 'Biden brasileiro' - Se Jair Bolsonaro é uma versão tropical de Donald Trump, então a derrota do presidente brasileiro na próxima eleição passa por encontrar (ou construir) um equivalente de Joe Biden no Brasil. O raciocínio passou a nortear políticos e estrategistas que discutem a formatação de candidaturas para 2022. A corrida em busca de uma versão nacional do político que assumiu em janeiro o governo dos Estados Unidos pregando a reunificação nacional e o fim dos extremismos ganhou corpo nas últimas semanas em setores da centro-direita e da esquerda que querem brecar a reeleição de Bolsonaro (sem partido). Na fila para ser o Biden brasileiro aparecem hoje: Lula (PT), que deve ser candidato se mantiver seus direitos políticos; Tasso Jereissati (PSDB), que ainda é dúvida no jogo eleitoral; Rodrigo Pacheco (DEM), que diz recusar a candidatura; e Michel Temer (MDB), que não chega a ser nem balão de ensaio. É claro que a diferença entre os sistemas políticos americano (bipartidário) e brasileiro (com 33 legendas) desencoraja uma comparação rígida, mas a caçada ao menos vem arrancando risadas e repercutido em memes. O movimento enseja também um debate sobre políticas de governo para a economia. Talvez o único aspecto de Biden capaz de contemplar todo o quarteto local seja a experiência, já que o grupo reúne dois ex-presidentes e dois senadores —Pacheco é o atual presidente do Senado, e Tasso, que tem mandato no Senado até 2023, já foi governador do Ceará por três vezes. No recorte etário, Pacheco, com 44 anos, é reprovado na disputa com Tasso (72), Lula (75) e Temer (80), que se aproximam dos 77 anos de Biden na data da eleição. No quesito Kamala Harris, uma figura feminina e politicamente forte como candidata a vice, nenhum dos quatro tem cartas na manga.

Pandemia põe adultos e suas mães sob o mesmo teto - Quadros na parede para dar leveza; prateleiras e vasos para dar cor; capricho e cuidado com o lugar de dormir. Aos 65 anos, com três filhos criados, Tânia Lemos Bastos Momesso se lembra de quanta paciência e dedicação teve ao montar o quarto de cada bebê que chegava. Agora se pegou ansiosa na tarefa de reformar, decorar e adaptar um cômodo de sua casa, mas, desta vez, para receber a mãe. “Foi uma oportunidade para me resgatar como filha, retomar o amor e a atenção que deixei um pouco de lado ao longo dos anos”, conta. Ao mesmo tempo, ela deparou com um desafio: o de aprender a ser mãe da própria mãe. Noêmia Coentro Bastos, 86, sua mãe, morava a cerca de 10 km de distância de sua casa, em São Bernardo do Campo. Nos seis primeiros meses da pandemia, ela vivia na companhia de netos, mas estes tomaram diferentes rumos na vida e ela se viu às voltas com a necessidade de mudar. De início a contragosto, foi para a casa de Tânia e do marido, Luiz. Noêmia, todavia, andava agoniada. Tânia, então, percebeu que não bastava arrumar um cômodo com todo o capricho. Era preciso considerar a história de vida da mãe, seus hábitos e o afeto que tinha pelo antigo lar, onde viveu por pouco mais de 15 anos. Foi assim que surgiu a ideia de levar a mãe a cada duas semanas à casa em que ficaram suas lembranças. Durante as visitas, Noêmia se apegava com prazer aos quadros e vasos pintados por ela, aos bordados executados manualmente no sofá da sala. Tânia começou, aos poucos, a transferir para o outro endereço objetos que tinham significado especial para a mãe. Assim, de pouquinho em pouquinho, Tânia foi aprendendo a montar e a decorar o quarto que já não era de um bebê. Em frente ao cômodo, voltado para um amplo quintal, ela e o marido plantaram as flores favoritas de Noêmia. “Faço o que posso para amenizar a falta que ela sente do seu lar. Queria que aqui minha mãe também se sentisse em sua própria casa”, diz. Nestes tempos, ainda mais neste Dia das Mães, o que mais faz falta a Noêmia é o almoço com a família num restaurante da vizinhança, sem falar, é claro, na presença dos netos. Tânia teve de mudar hábitos e costumes para voltar a conviver com a mãe, agora numa fase em que esta requer cuidados. As refeições, por exemplo, passaram a ser feitas na hora certa. “Precisei ter disciplina para acompanhar o horário de medicamentos de minha mãe e acompanhá-la nas tarefas diárias, para ela se exercitar e se sentir útil.”

Estado de SP passa de 100 mil mortes por Covid - O estado de São Paulo ultrapassou neste sábado (8) a marca de 100 mil mortos pela Covid-19, uma epidemia que começou concentrada na Grande São Paulo e depois se espalhou para as demais regiões. Segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde, o total de mortes decorrentes do coronavírus desde o início de março passado chegou a 100.649 óbitos. Em oito desses mais de 13 meses de mortes, a doença se mostrou mais letal no interior e no litoral do estado, que aplicou políticas regionalizadas, promoveu a abertura mesmo contra recomendações do centro de contingência para a pandemia do próprio governo e enfrentou dissidência de prefeitos —muitos dos quais desobedeceram às recomendações estaduais, ainda que alguns tenham tomado medidas ainda mais rígidas que as propostas pela gestão Doria. Em abril do ano passado, 16% dos óbitos pela doença aconteceram em cidades fora da região metropolitana da capital. Um ano depois, esse percentual subiu para 53%. Segundo dados do governo de São Paulo, 56% dos mortos pela doença no estado são homens e 71% têm 60 anos ou mais, perfil semelhante ao observado no país. Entre os pacientes internados no território paulista, a taxa de cura é de 68%. O estado concentra 24% das mortes ocorridas no Brasil por causa da Covid. Se fosse um país, em números absolutos São Paulo seria hoje o nono no ranking mundial de óbitos pelo coronavírus, atrás de EUA, Brasil, Índia, México, Reino Unido, Itália, Rússia e França. O interior e o litoral paulista, por sua vez, seriam o 18º. Já a Grande São Paulo, com 39 municípios e 47% da população do estado, reúne ainda mais vítimas, quando considerado todo o período da pandemia, devido sobretudo ao impacto dos meses imediatamente após a chegada do vírus. São cerca de 51% do total de óbitos registrados até o momento. Em países asiáticos, como China e Vietnã, o aumento de casos em alguma localidade levava a uma forte restrição de movimentação de pessoas para outras localidades, o que evitou que a Covid-19 se espalhasse rapidamente. Mas políticas rígidas nesse formato não foram tomadas no Brasil, e o vírus encontra mais condições de circular.

Destaques

DEM sofre ataque especulativo dos que têm inveja - O presidente do DEM, ACM Neto, afirma que o partido é alvo de um ataque especulativo de políticos que estão antecipando —inadequadamente, em sua opinião, dado o cenário pandêmico— os debates eleitorais de 2022. "Agora não é hora de ficar falando de mudança de partido, de pré-candidatura, em disputa de 2022. O momento é de superação da pandemia, de salvar vidas e recuperar a economia", afirma. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, migrou para o PSD, mesmo caminho que pode ser tomado pelo deputado Rodrigo Maia (RJ). Além deles, o vice-governador de SP, Rodrigo Garcia (SP), deve ir para o PSDB. Políticos falam em crise de identidade do DEM. ACM diz que a posição relevante da legenda na política nacional “desperta inveja e interesse de diversos setores de gerar desgaste no partido”. Para ele, “só quem é grande e forte incomoda. E está muito claro que o DEM está incomodando." "Não é o primeiro ataque especulativo que sofremos. No passado, sobrevivemos a uma certeza. Quero lembrar: o PT disse que iria acabar com o DEM. Não acabou. Passamos por tudo isso porque temos coerência, princípios, bandeiras claras e quadros." Parlamentares do DEM afirmam que têm buscado partidos em que o cenário para 2022 esteja mais aberto, com possibilidade de articulação tanto para Lula (PT) como para Bolsonaro, ao passo que ACM já teria vetado ambos sem ainda apresentar uma alternativa clara. O ex-prefeito de Salvador afirma que não existe veto a respeito de discussão que nem começou no partido. Mas diz que, de fato, o DEM não cogita apoiar nem Lula nem Bolsonaro. “Se existem partidos no Brasil que podem apoiar qualquer um, nesse rol não nos incluímos. Não vou apontar o dedo nem julgo ninguém, mas se algum partido cogita apoiar de Lula a Bolsonaro, algum problema esse partido tem”, afirma ACM.

Senador vai pedir novo depoimento de Queiroga na CPI - Humberto Costa (PT-PE) vai apresentar à CPI da Covid requerimento para reconvocação de Marcelo Queiroga (Saúde). O senador diz que a portaria assinada pelo ministro foi uma clara tentativa de endossar a narrativa do governo Bolsonaro, de que os governadores são os culpados pela pandemia. Como mostrou o Painel, a portaria trata de fiscalização e cobrança de valores transferidos pela pasta a estados e municípios. Secretários de Saúde dizem que a portaria pode ter uso político para encurralar governos estaduais e para fortalecer a defesa do governo na CPI.

Renan diz que comissão poderá responsabilizar Bolsonaro -  O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse neste sábado esperar que o presidente Jair Bolsonaro não tenha responsabilidade sobre o agravamento da pandemia no país, que já matou mais de 400 mil pessoas. Por outro lado, destacou que, se isso for provado, ele vai ser responsabilizado. A declaração foi dada em entrevista ao Grupo Prerrogativas, que reúne advogados. Primeiramente, o senador citou algumas declarações de Bolsonaro que ele chamou de "absurdos": — O que deve ser levado em conta é a maneira como o governo minimizou a pandemia, como o governo entendia que ela não era letal, não causa mortes, como o governo minimizou o papel da vacina, que é o único instrumento que pode resolver o problema, e como o governo fechou as portas para os produtores de vacinas. Não foi só para a Pfizer. Por quê? Porque o presidente disse várias vezes que não acreditava na vacina, muito menos na chinesa, que quem tomasse ia virar jacaré e afinar a voz. Depois concluiu: — Não dá para comparar, por tudo isso, a circunstância do Brasil com a de nenhum outro país. Em nenhum outro lugar, o chefe de Estado ou de governo falou publicamente esses absurdos para os seus governados, para a sua população. Então não dá. Só tivemos isso no Brasil. Eu espero que o presidente da República não tenha responsabilidade com o agravamento do morticínio no Brasil. Espero que a CPI não chegue a tanto. Mas se a CPI chegar, não tenho nenhuma dúvida que ele será responsabilizado sim. E reforçou: — Ainda não temos como responsabilizar o presidente da República nem ninguém. Estamos começando os trabalhos. O nosso objetivo é fazer uma revisão nas políticas equivocadas para salvar vidas, e investigar o que aconteceu. — Há a percepção da sociedade de que, e o governo tivesse feito certo, e o governo tem na CPI uma oportunidade para mostrar que fez certo, certamente também não teríamos tido que conviver com esse morticínio todo, transformado o Brasil em cemitério do mundo — acrescentou o relator da CPI. Calheiros defendeu a convocação do ministro da Justiça, Anderson Torres, que, em entrevista à revista "Veja", disse que vai requisitar à Polícia Federal (PF) informações sobre desvios de recursos federais enviados a estados e municípios. Por outro lado, disse ser contra convocar os filhos do presidente, até para não dar motivo para dizer que a CPI é uma iniciativa para atingir pessoalmente Bolsonaro. Mas não deixou de criticar pai e filhos pelos ataques que desferem, muitas vezes sem provas, à China, país que fornece vacinas e outros insumos de saúde ao Brasil. Esta semana, por exemplo, o senador insinuou que o coronavírus foi produzido pela China como parte de uma guerra química.

Militares preocupados com o destino de Pazuello - Importante general da reserva resume o sentimento dos militares em relação ao destino de Eduardo Pazuello: teme que o ex-ministro da Saúde seja preso, como uma espécie de “prêmio” aos senadores da CPI da Covid. Esse mesmo general, ouvido reservadamente pela Coluna, não acredita que o Exército fará qualquer tentativa institucional de defender Pazuello, por mais injusta que possa ser a avaliação dos parlamentares. O motivo? Pazuello entrou no ministério como escolha pessoal do presidente Jair Bolsonaro e deixou o cargo da mesma forma. Porém, entre generais de alta patente, a avaliação é de que as Forças já foram tragadas para o redemoinho da CPI com a convocação de Pazuello. Resta saber até que ponto os senadores terão força e disposição de puxar os fardados para o epicentro da crise. À frente de uma das mais importantes “instituições” da sociedade civil, Felipe Santa Cruz corrobora essa impressão: “Em nenhum outro momento, desde a redemocratização, dano tão grande foi causado à imagem das Forças”, diz o presidente da OAB.