NOTÍCIAS DE DOMINGO ( 20/06/2021)

Notícias comentadas dos maiores veículo de comunicação do país.

NOTÍCIAS DE DOMINGO ( 20/06/2021)

 

Edição – Chico Bruno

NOTÍCIAS DE DOMINGO ( 20/06/2021)

Notícias comentadas dos maiores veículo de comunicação do país.

VEJA – A chamada de capa da reportagem principal intitulada – Erro fatal – mostra que nos próximos dias, o Brasil alcançará a inaceitável e trágica marca de 500 mil vítimas da Covid-19. Meio milhão. São mais de mil mortes diárias, 44 por hora. Apenas os Estados Unidos registraram mais óbitos — 600 mil —, mas com uma diferença vital: os números lá caíram, atrelados a um índice de 43,7% da população já duplamente vacinada — entre os brasileiros, apenas 11% estão completamente protegidos. Houve uma coleção de tropeços na condução da pandemia: isolamentos prolongados, mas pouco restritivos; incentivo tímido ao uso de máscara; apoio a medicamentos ineficazes; e, sobretudo, demora na compra de imunizantes.

ISTOÉ – A chamada de capa da reportagem principal é – 500.000 o laboratório de crimes de Bolsonaro – revela que com meio milhão de mortes e sob ameaça de uma terceira onda pandêmica, o Brasil se converte em um laboratório de loucuras sanitárias e num dos lugares do planeta mais arriscados para se viver. As UTIs das grandes cidades continuam com lotação superior a 90%, a vacinação está criminosamente atrasada e a média móvel diária, em torno de 2 mil óbitos. Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro age como um cientista maluco, propõe a desobrigação do uso de máscaras para os vacinados e continua promovendo a cloroquina e incentivando aglomerações. Médicos dizem que com uma atitude acertada do governo pelo menos 30% das mortes poderiam ter sido evitadas.

CartaCapital – A reportagem de capa tem o título – Imbecilização progressiva – e revela que no projeto de ‘homeschooling’, do governo de Jair Bolsonaro, fundamentalismo religioso, ideologia e interesses econômicos cavalgam juntos.

Crusoé – A reportagem de capa, cuja chamada usa um trocadilho, é – A tropa do cheque. A matéria traz um levantamento exclusivo feito pela revista que mostra que o governo já liberou mais de meio bilhão de reais em verbas para os 5 senadores que defendem Jair Bolsonaro na CPI da Covid. Os repasses foram acelerados desde a instalação da comissão parlamentar de inquérito.     

Manchetes

FOLHA DE S.PAULO – TCU alerta governos para sistema elétrico há 11 anos
O jornal revela na manchete que ao menos quatro governos – Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (sem partido) – ignoraram sucessivos alertas para falhas no sistema elétrico pelo Tribunal de Contas da União, que aponta problemas estruturais desde 2010. Negligenciadas durante 11 anos, essas distorções que comprometeram planejamento e operação contribuíram para a atual crise energética, que se agrava ante as previsões de menos chuvas e faz a atual gestão buscar medidas emergenciais custosas para evitar o racionamento. Procurado, o Ministério de Minas e Energia respondeu que segue as recomendações, mas que o efeito das mudanças sugeridas pelo órgão – de obras para a melhora de vazão de rios a alterações em modelos de cálculos e no padrão de contratação de usinas – leva anos. Entre dez problemas identificados pelo tribunal em 2010 está um descompasso entre a energia assegurada para a venda nas hidrelétricas e a que elas efetivamente injetam no sistema, uma lacuna que custa até hoje R$ 3,5 bilhões por ano a mais nas contas de luz. 

CORREIO BRAZILIENSE – “Lázaro está cansado e acuado”, diz secretário
O jornal dedica mais uma manchete a caçada ao criminoso Lázaro Barbosa de Sousa, de 32 anos, que entrou no 11º dia. Em Cocalzinho (GO), as buscas feitas por policiais brasilienses e goianos, com apoio de agentes da PF e da PRF, praticamente paralisaram a vida dos moradores. Há tensão e medo. Mas o homem acusado de matar quatro pessoas de uma família em Ceilândia Norte driblava a megaoperação até a madrugada deste sábado. Ontem à noite, Rodney Rocha Miranda, secretário de Segurança de Goiás, negou novos tiroteios, mas confirmou a visualização do fugitivo. "Estamos chegando mais perto", disse. E acrescentou: "Lázaro está cansado e acuado. Mas não deixa de ser perigosíssimo". Entrevistada pelo Correio, a mãe do fugitivo, Eva Maria Sousa, espera que o filho se renda. "Temo muito pela morte dele", afirmou.

ESTADO DE S.PAULO – Planos de Bolsonaro em 2022 estouram folga no Orçamento
A manchete do jornal revela que os planos de Jair Bolsonaro de reforçar programas sociais e reajustar salários de servidores em 2022, ano eleitoral, contrastam com as limitações do Orçamento. Somente a ampliação do Bolsa Família deve elevar o gasto em pelo menos R$ 18,7 bilhões. Um aumento de 5% para o funcionalismo pode gerar desembolso extra de R$ 15 bilhões. A soma desses valores supera o espaço no teto de gastos para o ano que vem, estimado em R$ 25 bilhões pelo secretário do Tesouro, Jeferson Bittencourt. O teto, que limita as despesas, é corrigido pelo IPCA, de 8,06% até maio. Já as despesas do governo sobem pelo INPC, cujas previsões oscilam hoje entre 5,5% e 6,5%. Descontados outros gastos, como novas concessões de aposentadorias e o reajuste aprovado para os militares, chega-se à “folga” de 2022. O cenário pode se complicar caso a inflação não desacelere no segundo semestre.

O GLOBO – Com o ritmo atual, país deve vacinar 70% até dezembro
A manchete revela que para conter a taxa de transmissão do coronavírus, que exige a imunização de pelo menos 70% da população, o Brasil precisa manter a taxa de vacinação alcançada neste mês, de 989,5 mil doses por dia. O cálculo é que o limiar da imunidade coletiva seja atingido em 5 de dezembro. Para especialistas, o fim da campanha de vacinação contra a gripe vai liberar pessoal, o que pode acelerar o trabalho, mas o fornecimento ainda inconstante de imunizadores de covid preocupa.

Notícia do dia: A frase de Jair Bolsonaro sobre a posse de armas de fogo em casa como forma de proteção do cidadão e da família se choca frontalmente com o que aconteceu no caso do “serial killer do DF”, como tem sido chamado Lázaro de Sousa. Especialistas ouvidos pelo Painel apontam que o roubo de armas em imóveis invadidos pelo foragido e o uso contra a polícia mostram como as pessoas comuns armadas, mas sem treinamento, não ficam seguras e ainda servem de fornecedores para o criminoso. “Agora, se estiver sofrendo uma invasão, até pegar o telefone e ligar, muitas vezes a polícia leva horas. Uma arma é sua defesa, ou será que você não se garante? Arma protege a sua vida, sua família”, afirmou Bolsonaro na quinta-feira (17). No sábado (12), Lázaro invadiu uma chácara em Cocalzinho (GO), atirou em três pessoas e roubou duas armas e munições. Dias depois, na terça (15), baleou um policial durante confronto. Ele está há dez dias foragido. Para Isabel Figueiredo, do Fórum de Segurança Pública, as próprias forças de segurança orientam que as pessoas não reajam quando abordadas por criminosos. “É exatamente o inverso do que o presidente disse. Se o policial, mesmo treinado, tomou tiro dele, não é o cidadão que conseguirá se defender”, afirma. Melina Risso, do Instituto Igarapé, diz que os dados mostram que as armas resultam em mais violência. “Ele (Lázaro) está entrando nas casas e roubando as armas. Elas não servem para a defesa do cidadão, é uma falácia e o presidente continua a insistir nisso”, diz ela.

Primeiras páginas dos jornais

Erro com Lula estimula pressão por impeachment - O que faz mais sentido, priorizar o impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido), correndo o risco de que um eventual fracasso do processo o fortaleça, ou fazer a aposta de que o presidente vai sangrar politicamente no cargo até a eleição? Este dilema tem sido debatido na oposição a Bolsonaro, com uma certa vantagem, até o momento, para a defesa do afastamento imediato do presidente —opositores de Bolsonaro vão às urnas de novo neste sábado (19) em protesto contra o presidente. Em parte, o motivo dessa vantagem agora pelo impeachment é uma lição aprendida 16 anos atrás. Muitos dos que hoje estão envolvidos na discussão foram protagonistas de uma situação parecida em 2005, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na ocasião, a aposta da oposição por deixar o presidente se desgastar no cargo saiu pela culatra. Dezesseis anos depois, há semelhanças claras nos cenários político e econômico. Desgastado em razão da pandemia, Bolsonaro também aposta num novo ciclo de alta das commodities para turbinar o crescimento econômico e elevar sua popularidade. Alguns analistas já falam em subida de 5,5% no PIB. O timing eleitoral também é parecido, com uma eleição a apenas 16 meses de distância, o que leva de volta à discussão sobre se vale a pena avançar com um processo de impeachment. Para os defensores do afastamento de Bolsonaro o quanto antes, as semelhanças param por aí.

Manifestação é recado a Lira, não aval a petista, diz organizador - Um dos líderes das manifestações contra Jair Bolsonaro neste sábado (19), o coordenador nacional da CMP (Central de Movimentos Populares), Raimundo Bonfim, 57, diz que o presidente precisa responder pela negligência no combate à pandemia e que o Brasil começa a viver um levante. "Nós queremos também responsabilizar Bolsonaro pelo que ele não fez no passado", afirma o ativista à Folha, criticando a sabotagem do governo à imunização contra a Covid-19. O apelo por mais vacinas é uma das bandeiras dos atos que ocorrerão em mais de 400 cidades no Brasil e no exterior. Outra demanda é o impeachment, pauta que Raimundo busca dissociar das eleições de 2022. Segundo ele, "é um erro" pensar que as mobilizações, capitaneadas por organizações e partidos de esquerda, sejam para desgastar Bolsonaro e favorecer o ex-presidente Lula (PT), que é pré-candidato. "A rua está mandando um recado para o Lira. Está dizendo: faltava esse elemento? Está aqui o elemento para instaurar o processo de impeachment", diz, em alusão aos pedidos de deposição de Bolsonaro parados nas gavetas do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Servidor da Saúde aponta pressão por vacina indiana - Em depoimento mantido em sigilo pelo MPF (Ministério Público Federal), um servidor da área técnica do Ministério da Saúde afirmou ter sofrido pressão de forma atípica para tentar garantir a importação da vacina indiana Covaxin, cujo contrato com a empresa Precisa Medicamentos tinha prazos para fornecimento de doses já estourados naquele momento. Na oitiva, obtida pela Folha, o servidor citou o nome de quem, segundo ele, seria um dos responsáveis pela pressão atípica dentro do ministério: o tenente-coronel Alex Lial Marinho, que era homem de confiança do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, general da ativa do Exército. Marinho foi nomeado pelo então ministro, em 9 de junho de 2020, para o cargo de coordenador-geral de Logística de Insumos Estratégicos para Saúde. Era subordinado ao coronel Élcio Franco, então secretário-executivo do ministério, braço direito de Pazuello. Ele foi exonerado no último dia 8 pelo atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Em nota enviada à Folha, o Ministério da Saúde informou que respeita a autonomia da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e não faz pressão para aprovação de vacinas. A Procuradoria da República no DF identificou um descumprimento do contrato assinado entre a Precisa e a Saúde, com quebra de cláusulas sobre o prazo de entrega do imunizante. O MPF investiga a suspeita de favorecimento à Precisa e aponta a existência de cláusulas benevolentes. O suposto favorecimento também entrou no foco da CPI da Covid no Senado, que passou a direcionar as investigações para a relação entre empresas e o governo Jair Bolsonaro na pandemia, seja no caso de imunizantes ou de fornecedoras de cloroquina, medicamento sem eficácia comprovada no tratamento da Covid-19. Uma cópia do inquérito civil público do MPF foi compartilhada com a CPI. O depoimento do servidor, que atua em uma área de comando estratégico na viabilização de vacinas, também foi enviado à comissão. Seu nome é mantido sob sigilo.

CPI investigará Queiroga, Pazuello, Ernesto e mais 11 - Relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) divulgou uma lista com os nomes de 14 pessoas que passarão a partir de agora à condição de investigados pela comissão, incluindo o ministro Marcelo Queiroga (Saúde), diretores da pasta, ex-ministros e membros do gabinete paralelo. Renan também acrescentou que a comissão está analisando os limites da de atuação do colegiado para verificar se será possível juridicamente investigar o presidente Jair Bolsonaro. Se for constatado que há competência da comissão, o relator defende que o presidente seja investigado e que poderá ser responsabilizado. O ofício com os nomes dos investigados foi encaminhado na manhã desta sexta-feira (18) para o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM). Na lista dos investigados, estão os ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores). O primeiro será investigado pelo atraso nas vacinas, por omissão na crise de oxigênio de Manaus no início do ano e também por suspeita de ter propagado a tese da imunidade de rebanho. Já em relação a Ernesto a CPI quer apurar se ele foi omisso na obtenção de insumos do exterior para produção de vacinas e se a linha ideológica que adotou no ministério pode ter colocado entraves nessas operações.

PF age para reunir denúncias sobre supostas fraudes em eleição - A direção da Polícia Federal enviou nesta quinta-feira às 27 superintendências regionais da PF no Brasil uma ordem para que forneçam à Diretoria de Combate ao Crime Organizado (Dicor) todas as denúncias de fraudes recebidas pela corporação desde a implantação da urna eletrônica, em 1996. A comunicação foi disparada no sistema interno da polícia duas horas depois de uma entrevista em que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, desafiou o presidente Jair Bolsonaro a apresentar provas de fraudes no uso da urna eletrônica nas eleições de 2018. "Nunca houve fraude documentada, jamais. Se o presidente da República ou qualquer pessoa tiver alguma prova de fraude ou de impropriedade tem o dever cívico de entregá-la ao Tribunal Superior Eleitoral. Tô esperando de portas abertas e de bom grado", disse Barroso à CNN Brasil. A entrevista terminou às 8h30m. Às 10h24m, os superintendentes regionais da Polícia Federal receberam a consulta em seus computadores. No ofício, o pedido é justificado pela "recente criação da Comissão Especial destinada a proferir parecer à Proposta de Emenda à Constituição 135-A, de 2019, da deputada Bia Kicis (PSL-DF), a chamada "PEC do Voto Impresso", e ainda pela "necessidade recorrente de consolidar, no âmbito deste Serviço de Repressão a Crimes Eleitorais, todos os dados referentes à denúncias de fraudes eleitorais desde a implantação da urna eletrônica em 1996".

Com orçamento apertado, Exército investe em game - Enquanto o Ministério da Defesa alerta para o risco de sucateamento das Forças Armadas por falta de verba, o Exército Brasileiro aprovou o gasto de R$ 3,9 milhões para fazer um game. O Missão Verde-Oliva, cuja existência foi revelada pela Folha há um ano, visa popularizar os militares entre os jovens consumidores de jogos eletrônicos, um mercado de 76 milhões de pessoas que movimenta quase R$ 10 bilhões por ano no país. Questão de prioridades à parte, há um problema adicional: o valor, que é o dobro do que a Defesa gastou com apoio à presença brasileira na Antártica e equivale ao aplicado em pesquisa aeroespacial em 2020, não é suficiente para fazer um produto viável. "A sensação é de que o investimento é um risco enorme. Não há como construir um jogo com qualidade gráfica realística AAA [padrão-ouro do mercado]. O escopo, utilizando um orçamento limitado como este, é também limitado", diz Thiago Freitas. Ele preside a Kokku, estúdio recifense que se tornou a sensação do mercado de games brasileiro. Como já havia avaliado no ano passado, para começar a brincadeira seriam necessários cerca de R$ 15 milhões, e ainda assim com expectativas baixas de resultado.

Justiça ordena reparar demitida via WhatsApp - O alerta do WhatsApp saltou na tela do celular. "Bom dia. Você está demitida. Devolva as chaves e o cartão da minha casa. Receberá contato em breve para assinar documentos", escreveu o chefe, sem rodeios. Mensagens enviadas a uma empregada doméstica levaram a Sexta Turma do TST (Tribunal Superior do Trabalho) a manter uma indenização por dano moral. Para a Justiça, faltaram consideração, cordialidade e educação. O caso concreto narrado no início da reportagem ocorreu antes da pandemia da Covid-19. À empregada, que foi demitida em 2016, a juíza Lenita Corbanezi, da 2ª Vara do Trabalho de Campinas (SP), assegurou indenização de três salários, fixados, em 2018, em R$ 2.400. Na decisão, a juíza diz que um empregador pode demitir um empregado quando quiser, mas "a sumária dispensa via WhatsApp", afirmou ela, "denota, no mínimo, falta de respeito à dignidade humana, não se justificando nem mesmo em nome dos avanços tecnológicos e de meios de comunicação virtuais". Corbanezi repudiou ainda acusação feita pelo empregador, também por mensagem, de que a empregada doméstica teria falsificado assinatura em documentos na rescisão. O chefe voltou atrás da denúncia.

PF gastará, por ano, R$ 17,3 mi em sede alugada - Prevista para o mês que vem, a mudança da sede da Polícia Federal em Brasília trará um aumento considerável de despesas da corporação com o aluguel de imóveis. Hoje, o custo da PF com aluguéis na capital federal é de pelo menos R$ 273,6 mil por mês. Ao mudar suas atividades para um novo e luxuoso prédio de escritórios na Avenida W3 Norte, o órgão passará a gastar R$ 1,2 milhão por mês com o aluguel, e mais R$ 243 mil de condomínio – totalizando R$ 17,3 milhões por ano. Não foi realizada licitação para contratar a nova sede. Os policiais federais ocuparão três das quatro torres do edifício Multibrasil Corporate, um conjunto de escritórios recém-inaugurados. O novo prédio possui oito elevadores, 518 vagas de garagem privativas, restaurante, auditório e academia de ginástica privativa. São atributos pouco comuns nas repartições públicas brasilienses. Ao longo dos cinco anos de duração do contrato, a nova sede da PF consumirá pelo menos R$ 86,5 milhões, conforme extrato publicado no Diário Oficial. Ao dispensar a licitação, a PF usou como argumento o artigo 25 da antiga Lei de Licitações, de 1993. Segundo o dispositivo legal, a administração pública não é obrigada a promover uma concorrência pública quando só houver um imóvel capaz de atender às suas necessidades. Apesar da alegação da corporação, existem diversas torres de escritório de alto padrão disponíveis para aluguel em Brasília. Atualmente, a sede da Polícia Federal funciona em um edifício próprio, no centro da cidade, conhecido como “Máscara Negra”. Como o local não comporta todos os servidores do órgão federal, a corporação também aluga salas em um edifício comercial no bairro Sudoeste, onde funcionam as divisões de Controle de Produtos Químicos e de Controle e Fiscalização de Segurança Privada, além do setor de inteligência. É por estas salas no Sudoeste que a PF paga hoje os R$ 243 mil por mês.

Um jornal onde tudo é positivo - ATV Brasil, canal público de televisão ligado ao Ministério das Comunicações, planeja incluir em sua programação um telejornal apenas de “boas notícias”. No momento em que o País se aproxima de 500 mil mortes por covid-19, a ideia é exibir fatos “leves” sobre saúde, comportamento e entretenimento. A atração tem sido negociada diretamente pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, com a diretora de jornalismo da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), estatal responsável pela TV, Sirlei Batista. Ainda não há data para estreia. O presidente Jair Bolsonaro e auxiliares são críticos da cobertura da imprensa sobre a pandemia e defendem, por exemplo, que o noticiário se concentre no número de curados. O ministro da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos, já disse que “só tem caixão” na TV. O nome do telejornal está definido: Bom de Ver. As gravações do piloto, espécie de versão de teste, já foram feitas. A atração será ancorada pelos jornalistas Katiuscia Neri e Tiago Bittencourt. Em cerimônia no Planalto, na terça-feira passada, Faria pregou o uso da TV pública para combater “narrativas erradas”. “No fim da linha, presidente, é onde sua voz chega”, afirmou, dirigindo-se a Bolsonaro. Na plateia formada por donos de emissoras de TV e rádio, Faria fez uma convocação: “Tenho certeza de que todos vocês, a partir de agora, vão conseguir atingir mais a voz que é necessária chegar nos lugares onde até hoje chegam informações equivocadas e narrativas erradas”. O plano de investir na TV pública como um contraponto ao noticiário da pandemia contraria promessa de campanha de Bolsonaro. Antes de ser eleito, ele disse que privatizaria a EBC, passando a empresa para a iniciativa privada. A estatal chegou a ser incluída no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), mas a ideia não saiu do papel.

‘Ele tem raiva de mulher’, diz vítima de assassino do DF - Acusado de matar uma família de quatro pessoas, Lázaro Barbosa, de 32 anos, já conhecido como “serial killer do Distrito Federal”, tem uma extensa ficha criminal. Antes de ser acusado pelo assassinato da família Vidal Marques, no dia 9, Lázaro cumpriu pena por estuprar uma mulher, em 2009. O ato de violência ocorreu no mesmo córrego onde ele deixou o corpo de Cleonice Marques de Andrade, mãe da família morta na zona rural de Ceilândia, cidade satélite de Brasília. Um aparato de mais de 200 policiais, acompanhados de cães farejadores, tenta capturá-lo há nove dias. O Estadão conversou com a vítima violentada há 12 anos nos arredores da comunidade do Sol Nascente, favela que fica vizinha à Ceilândia. “Ele gosta de violentar mulher. O negócio dele é com mulher, a raiva é com mulher”, disse a vítima de Lázaro, sob a condição de anonimato. “Eu me mudei, minha família vendeu a chácara. Vi até pela Polícia Civil que ele voltou atrás da gente depois do ‘saidão’. Não era para estar solto.” Lázaro e o irmão Deusdete invadiram a chácara onde a mulher, que na época tinha 19 anos, morava com a família. Não acharam dinheiro, mas levaram a vítima para o córrego e a estupraram. Deusdete morreu há cinco anos. A mulher afirmou que Lázaro tem um comportamento frio. “Frieza mesmo, bem meticuloso. Ele é bem cruel, é um bárbaro e torturador”, descreveu. “O negócio dele é dinheiro, celular, mas ele aproveita. Gosta muito de humilhar as vítimas. Tem um pouco da questão da psicopatia, gosta de subjugar mulher e tirar moral.” Ao saber que Lázaro cometeu mais crimes e continua foragido, a vítima disse sentir muito medo e não escondeu estar aterrorizada. “Minha ansiedade voltou, meu corpo fica gelado e tremendo. É inacreditável que soltaram um maníaco desses, sequestrador, estuprador e torturador”, protestou. O irmão de Lázaro, de acordo com a vítima, parecia mais perigoso. “O tanto de maldade que fizeram com a gente... O irmão dele na época mandava mensagem o tempo todo, (dizendo) que ia me matar. É muito inacreditável”, lembrou. Lázaro foi preso em 2009, mas conseguiu fugir do Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, em 2016. À época, não retornou da saída temporária de Páscoa. Em 2018, ele foi detido novamente, desta vez em Águas Lindas de Goiás, mas escapou da prisão poucos meses depois.

Destaques

Em ritmo de campanha - O presidente Jair Bolsonaro voltou a recomendar ontem o tratamento com cloroquina de pacientes com covid-19 durante visita ao Pará, onde participou de cerimônias em clima de campanha à reeleição. Em Marabá, ele levou para o palco o advogado-geral da União, André Mendonça, cotado para o Supremo Tribunal Federal, e exibiu uma camiseta com os dizeres “É melhor Jair se acostumando Bolsonaro 2022”. Em seu discurso, durante entrega de títulos a assentados e ocupantes de terras da União em Marabá, Bolsonaro atacou a CPI da Covid e os governadores que adotaram medidas restritivas para tentar reduzir a disseminação do vírus. “Recomendo àqueles que porventura tenham problema com a covid que procurem um remédio para o tratamento precoce”, disse, afirmando que ele próprio usou o medicamento. “Eu, lá atrás, tomei hidroxicloroquina, assim como muitos tomaram ivermectina. Isso não mata ninguém”, declarou. Afirmou ainda que a região tem malária e ninguém morreu com o medicamento. Estudos científicos condenam o uso dessas substâncias em casos de covid. Bolsonaro elogiou o pastor evangélico Silas Malafaia, que também fazia parte da comitiva. “Homem de fé que, além de ter Deus no coração, o tem nas cores verde e amarela.” Nesta semana, Malafaia criticou o encontro entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência em 2022, com o bispo primaz da Assembleia de Deus de Madureira, Manoel Ferreira. Malafaia prometeu “artilharia pesada” contra o petista. Chamado a falar no evento, sem citar Lula, disse: “Corrupto, bandido que saqueou esse país não vai mais enganar o povo brasileiro”.

‘Não podemos admitir politização de nossas polícias’ - O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), trata com cautela o assunto, mas reconhece que as polícias militares estão sob influência da radicalização política. Crítico da retórica do presidente Jair Bolsonaro, ele afirma que tentativas de politização da corporação são alvo da investigação da ação da PM pernambucana na violenta dispersão do ato contra o governo federal no dia 29 de maio, no Recife. Na ocasião, policiais militares dispararam balas de borracha contra os manifestantes. Duas pessoas que nem participavam do protesto foram atingidas no rosto e perderam a visão de um dos olhos. O episódio levou Câmara a mudar o comando da PM no Estado. “Não podemos ainda admitir qualquer tipo de politização das nossas polícias. Isso também é uma coisa que vem sendo verificada”, afirmou o governador em entrevista ao Estadão. Câmara avalia que o mais importante no momento é evitar aglomerações na pandemia e, por isso, seria melhor que não ocorressem novas manifestações de rua, “seja do campo progressista ou dos apoiadores do presidente”. Mas diz que o Estado vai garantir o direito de protesto nos atos marcados para hoje. “Não necessariamente temos de ir para a passeata. Podemos fazer o protesto e mostrar a nossa indignação de outras formas.”

De Chico Buarque a Zé Dirceu, geração 1968 se une contra Bolsonaro - Ricardo de Azevedo, 72, conta uma troça que sempre faz com um companheiro do campo progressista. “Brinco com o Zé Dirceu que a gente briga desde os anos 1960, mas sempre do mesmo lado.” Ele, influente dirigente da AP (Ação Popular), e o ex-ministro lulista José Dirceu, 75, à época na dissidência paulista do PCB (Partido Comunista Brasileiro), podiam ser oposição dentro da turma que lutou contra a ditadura militar. Na hora do vamos ver, contudo, era todo mundo unido contra os milicos, lembra Azevedo. Mais de meio século depois, os antigos amigos e rivais se esbarram no Geração 68 Sempre na Luta, movimento criado por quem, em 1968, participou da resistência contra um endurecido regime pós-Ato Institucional nº 5, o AI-5. Na linha de frente estão septuagenários (os músicos Chico Buarque e José Miguel Wisnik, o fotógrafo Sebastião Salgado, os escritores Marilena Chauí e Fernando Moraes, o diplomata Celso Amorim, o vereador Eduardo Suplicy) e até octogenários (a deputada Luiza Erundina e o ex-governador Roberto Requião). O inimigo agora, segundo manifesto lançado pelo grupo, é Jair Bolsonaro, “que intencionalmente tem induzido a morte de milhares de brasileiros”, na pandemia da Covid-19. “Conjugada à pandemia, pela inépcia governamental, se abateu sobre os segmentos mais fragilizados a miséria e a fome. Quantos ainda terão de morrer pelo negacionismo do governo federal?”

Governo avança em projeto que muda o IR - O projeto de lei que vai modificar o IR de pessoas física e jurídica está na fase final de elaboração no governo. A expectativa é de que o martelo seja batido na segunda-feira, 21. O modelo em estudo pelo Planalto e pela equipe econômica prevê redução de 15% para 10% na alíquota de imposto para pessoa jurídica (PJ), sem afetar o Simples Nacional. Como compensação, lucros e dividendos seriam tributados, mas ainda não está definido a partir de quanto seria a taxação. Já para pessoa física, o governo estuda isentar quem ganha até cerca de R$ 2,4 mil. Ampliar a faixa de isenção de Imposto de Renda foi compromisso de campanha de Bolsonaro. Em 2018, ele prometeu isentar quem ganhasse até R$ 3 mil/mês. Hoje, atinge quem recebe até R$ 1,9 mil. O governo não fixou uma data para o envio do projeto. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), adiou, mais uma vez, a definição dos relatores da reforma tributária, da qual o projeto faz parte. Lira espera a entrega do PL do Imposto de Renda que, segundo ele, ocorrerá na quarta-feira, 23.

Terceira via em 2022 é homenagem ao eleitor - Os últimos três posts no Twitter do ex-presidente da República Michel Temer são de condolências. Pelas mortes do ex-vice-presidente Marco Maciel; do servidor aposentado da Câmara dos Deputados Mozart Vianna; e do ex-prefeito de São Paulo Bruno Covas. O quinto post mais recente, lá de março, é uma esquiva: “Recebi a notícia de que amigos lançaram a minha candidatura. Fico lisonjeado, porque é um reconhecimento ao meu governo. Mas a única candidatura a que me disponho é a tomar a 2ª dose da vacina. Nada mais!”. Ao Correio, Temer garante não ter mudado de ideia. “Não está nos meus planos. Já passei pela Presidência da República”, diz, taxativo. Aposta numa terceira via – “acho útil que surja como homenagem ao próprio eleitor, que terá opção entre as várias correntes que se apresentarem”, mas diz que o MDB só tomará decisões sobre candidaturas no ano que vem. O ex-presidente defende um sistema de semi-presidencialismo para o Brasil, que, segundo ele, reduziria a instabilidade política. “O impeachment cria traumas institucionais. Nossa Constituição não tem 33 anos, e dois impedimentos já se verificaram. Não há presidente que não tenha sido objeto de pedidos de impedimentos. E será assim sempre, gerando impasses institucionais”, lamenta o ex-presidente da República, também respeitado como constitucionalista. Apontado pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha de ter “liderado” o processo de impeachment de Dilma Rousseff, Temer responde com poucas palavras: “O impedimento derivou do povo nas ruas. Cumpriu-se a Constituição Federal, simplesmente”. Em relação à pandemia, Temer evita críticas, mas reconhece que o presidente da República poderia ter centralizado toda a atividade de combate à pandemia, chamando governadores, chefes dos Poderes e até a oposição para trabalharem juntos. “O vírus não escolhe integrante de uma ou outra agremiação partidária. Atinge a todos”, diz.

Na disputa pelos evangélicos, Bolsonaro leva a melhor - A presença dos deputados Sóstenes Cavalcanti (DEM-RJ), Marco Feliciano (Republicanos-SP) e do pastor Silas Malafaia na viagem de Jair Bolsonaro a Marabá (PA) tem relação direta com o apoio do segmento à reeleição do presidente em 2022 e, de quebra, a indicação do advogado-geral da União, André Mendonça, para o lugar de Marco Aurélio Mello no Supremo Tribunal Federal (STF). Mendonça, aliás, acompanhou a viagem ao Pará, onde a comitiva evangélica e o presidente participaram da solenidade de 110 anos da Assembleia de Deus. Coincidência ou não, o evento acontece um dia depois de o bispo Manoel Ferreira, da Assembleia de Deus, se encontrar com o ex-presidente Lula. “O PT já era. Não tem penetração. Manoel Ferreira teve um encontro pessoal, que, com certeza, trará desgaste para ele na congregação. Bolsonaro é visto pela congregação como se fizesse parte dela. Ele fala diretamente com os fiéis conservadores, e ninguém tira isso dele”, diz Sóstenes. A avaliação daqueles que acompanharam o presidente a Marabá é de que a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) seguirá apoiando Bolsonaro em 2002, mesmo que o ex-prefeito do Rio Marcelo Crivella não seja aceito como embaixador brasileiro na África do Sul. “Edir Macedo não terá outro caminho, porque a congregação vai querer Bolsonaro”, prevê Sóstenes. Até aqui, as autoridades sul-africanas não responderam ao pedido de “agrément” para Crivella assumir a Embaixada em Pretória. E, para completar os problemas da Universal, a crise em Angola se alastra para a África do Sul.