Manchetes dos jornais de domingo - 09/02/2025

Resumo de domingo - 09/02/2025
Edição de Chico Bruno
Manchetes dos jornais de domingo - 09/02/2025
FOLHA DE S.PAULO – Ganho salarial de servidor do Judiciário ultrapassa reajuste do funcionalismo
O ESTADO DE S.PAULO – Governo prepara projetos de lei para regular plataformas digitais
O GLOBO – Em 12 anos, só cresce renda do trabalhador com pouca instrução
CORREIO BRAZILIENSE – Área de TI oferecerá 972 mil vagas até 2027
Destaques de primeiras páginas e fatos mais importantes
Penduricalhos - Funcionários do Judiciário federal e dos estados lideraram nas últimas décadas os ganhos salariais entre todas as carreiras do funcionalismo. Considerando a remuneração mediana, os servidores da Justiça federal conseguiram ganhos de 130,1% acima da inflação desde 1985. Nos estados, a alta foi ainda maior: 213,6%. A mediana é o valor exatamente no meio do conjunto de remunerações. No caso dos federais do Judiciário, ela alcança hoje R$ 15.856 ao mês, mas chega a R$ 27.223 na parcela dos 10% mais bem pagos. Nos estados, são R$ 10.197 e R$ 24.243, respectivamente. Os valores que a elite do funcionalismo leva para casa, porém, podem ser bem maiores se considerados os chamados penduricalhos. Os aumentos reais de 130,1% e 213,6% na remuneração mediana dos servidores dos judiciários federal e estadual ultrapassam muito o reajuste de 45,5% (também acima da inflação) da mediana dos rendimentos do conjunto do funcionalismo público brasileiro, considerando os poderes Judiciário, Legislativo e Executivo e as três esferas de governo (União, estados e municípios).
Big techs - O governo Lula está preparando dois projetos de lei como proposta para regular as plataformas digitais, em meio ao acirramento da relação com as empresas que se alinharam ao presidente americano Donald Trump. Uma das iniciativas está sendo discutida no Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e a outra, na Fazenda. O projeto da Justiça, elaborado na Secretaria de Políticas Digitais (Sedigi), mira a regulação dos serviços digitais e se volta mais ao direito do consumidor do que à punição às plataformas, segundo informações obtidas pelo Estadão com membros envolvidos na discussão. O projeto pensado pela Fazenda, por sua vez, mira o mercado das plataformas de redes sociais e trata de aspectos econômicos e concorrenciais. O texto amplia sobretudo o poder do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para investigar e definir novas obrigações para as empresas. A ideia é combater, por exemplo, eventuais monopólios na oferta de serviços, anúncios ou buscas e outras formas de abuso de poder. O Palácio do Planalto tem pressa em concluir a elaboração dos projetos de lei, uma vez que o ano legislativo começou e parlamentares podem encampar a pauta e liderar as discussões no parlamento, o que tiraria do Executivo poder de ditar as regras. Hoje, a proposição da Fazenda tem mais apoio interno — e espera-se que ela possa ser aprovada sem grandes contratempos.
Mais no bolso – Somente os trabalhadores sem instrução ou com ensino fundamental incompleto viram a renda média crescer (41%) acima da inflação entre 2012 e 2024. Segundo dados do IBGE, para os de níveis médios e superior, houve queda de 6,3% e 12,3% respectivamente. Alta do salário mínimo, formalização e aquecimento dos serviços ajudam a explicar a redução na desigualdade, mas especialistas, ressaltam que a retração da renda no topo com maior oferta de graduados pode desincentivar a qualificação, prejudicando toda a economia.
É muita vaga – O Fórum Econômico Mundial (FEM) projeta a área de TI como uma das mais promissoras. No Brasil, quase 1 milhão de postos de trabalho nesse campo devem ser criados até os próximos dois anos, e no DF, 36 mil. Vinicius Magalhães, de 20 anos, estuda engenharia de software e, atualmente, faz estágio em suporte técnico e infraestrutura de TI. Ele considera que a exigência das empresas pela capacitação o impulsiona na busca por conhecimento no mundo tecnológico.
Dino em voo solo - O escândalo envolvendo recursos repassados à ONG ligada a petistas já fez circular entre os deputados do centro a certeza de que o ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino trabalha de forma independente do governo. Embora não haja qualquer resquício de que o caso da “ONG das Quentinhas” tenha saído das investigações da PF solicitadas por Dino, os políticos já fizeram essa leitura nos bastidores.
A certeza da oposição - As redes sociais dos oposicionistas foram inundadas com a fala do presidente da Câmara, Hugo Motta, à rádio Arapuan FM, da Paraíba, sobre o quebra-quebra de 8 de janeiro de 2023. A forma como o presidente da Câmara se posicionou, criticando penas exageradas, foi vista como um indicativo de que, se o tema for a votos na Câmara, a tendência hoje é de aprovação da anistia.
Equilibra aí - Os petistas já sabiam que Hugo Motta não seria um aliado 24 horas, mas, ainda assim, não imaginavam que ele, logo na primeira semana, entraria no debate da anistia, com tendência de simpatia à proposta. Para muitos, foi um sinal de que, ao contrário do que o governo espera, não será um ano tranquilo na Câmara. A esperança agora é que Motta, ainda que seja mais oposicionista nesse tema, ajude nas medidas econômicas.
Tem que dosar - A tendência de aprovação, porém, não é para uma anistia ampla, nos moldes do que o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados mais fiéis desejam. A inclinação dos partidos de centro será no sentido de anistiar quem não participou diretamente dos atos de vandalismo.
Um prato cheio para o Centrão e a oposição - A divulgação do escândalo da “ONG das Quentinhas” caiu como uma luva no desejo dos partidos de centro, de pressionar o governo para que substitua o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT), e abra mais espaço para os centristas na seara dos projetos sociais governamentais. Não é de hoje que os partidos mais conservadores que apoiam o governo pedem, sem sucesso, espaço nas áreas sociais — saúde, educação, assistência social — e também na articulação política palaciana. Na quarta-feira, o Jornal O Globo trouxe à luz a história de uma ONG ligada a petistas que tem um contrato de R$ 5,6 milhões para entrega de quentinhas e não presta devidamente o serviço à população. O ministério já suspendeu o contrato, mas a confusão está armada. Na oposição, a ideia é buscar uma CPI que possa investigar os contratos do governo com ONGs, numa nova apuração sobre as organizações não governamentais. Desta vez, com o foco naquelas que prestam serviços sob o guarda chuva do Ministério do Desenvolvimento Social, pasta ocupada pelo PT. É mais um ponto de desgaste, neste momento em que o Poder Executivo se vê pressionado pela troca na articulação no Planalto, pelo aumento dos preços nos supermercados e com uma popularidade que, para os padrões de governos Lula, deixa a desejar.
Os sobrinhos do Pato Donald - Deputados federais têm dito que o trio "Huguinho, Isnaldinho e Luizinho" é quem dá as cartas na nova configuração da Câmara dos Deputados. A referência aos sobrinhos do Pato Donald –Huguinho, Zezinho e Luisinho– diz respeito ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), e aos líderes do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), e PP, Dr. Luizinho (RJ). O termo chegou a ser mencionado em tom de brincadeira num jantar da bancada do Rio de Janeiro com Motta, no final de janeiro.
Decisões monocráticas no STF disparam em 15 anos - Para contornar a falta de espaço na pauta do plenário, os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) intensificaram a partir de 2009 a concessão de decisões monocráticas em ações de controle de constitucionalidade. Levantamento feito pela Folha mostra que o número de liminares individuais em ADIs (ação direta de inconstitucionalidade) e ADPFs (arguição de descumprimento de preceito fundamental) foi de apenas 6 em 2007 e chegou a um pico de 92 em 2020. No ano passado, foram 71. As liminares monocráticas nesse tipo de ação são alvo de discussão há anos no Judiciário brasileiro. O Congresso Nacional aproveitou uma brecha para tentar impor um revés ao Supremo, com o avanço de uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que restringe o poder individual dos ministros do STF.
Bolsonaro exalta Hugo Motta - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enviou mensagem a seus aliados neste sábado (8) em que defende a anistia para os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro como uma questão humanitária e exalta o novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que disse na sexta-feira (7) que os ataques não podem ser classificados como uma tentativa de golpe de Estado. "Que Deus continue iluminando o nosso presidente Hugo Motta, bem como pais e mães voltem a abraçar seus filhos brevemente. Essa anistia não é política, é humanitária", escreveu o ex-presidente.
Sai aborto, entra Pix - Acostumada a inflamar as redes sociais com pautas conservadoras, a oposição bolsonarista mudou de tática e agora tenta desgastar o governo Lula mirando a agenda econômica. Levantamento feito pela consultoria Palver para o GLOBO mostra que aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro têm focado em posts com críticas à alta da inflação, ao aumento do diesel e à crise do Pix. A postura diverge daquela adotada pelo grupo nas eleições de 2022, quando temas como aborto, banheiro unissex e fechamento de igrejas dominavam o debate virtual. Para especialistas, a investida mostra que a polarização chegou também ao campo da economia. A pesquisa mapeou publicações e mensagens em grupos abertos no WhatsApp, Telegram, X, e TikTok nos últimos 90 dias. No topo do ranking de discussões mais recorrentes aparece a inflação, tema que tem ligado o alerta do Planalto por impactar na alta dos alimentos e, consequentemente, no bolso da população.
PSD tenta contornar mal-estar com o governo - Apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter afirmado na quarta-feira que a relação do governo com o PSD é “forte”, integrantes do partido já identificaram uma indisposição do petista em meio à reforma ministerial. O motivo, segundo integrantes do partido da base, é a crítica pública do presidente da sigla, Gilberto Kassab, de que Lula terá dificuldades para ganhar a eleição de 2026. Na quinta-feira, o próprio dirigente mudou de tom, e afirmou que o petista poderia mudar o cenário. Desde que Kassab disparou críticas contra Lula, parlamentares do PSD iniciaram uma operação para botar panos quentes na relação. A legenda saiu forte das eleições municipais e tem a maior bancada do Senado e uma das maiores da Câmara. Diante do mal-estar, o governo procurou entender o objetivo do dirigente partidário.
Indefinição de palanque em SP vira 'problema' para o governo - Vista como fundamental para impulsionar a chapa presidencial, a tarefa de viabilizar uma candidatura ao governo de São Paulo em 2026 é classificada por diferentes aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “um problema”. Sem um nome competitivo disponível para entrar na disputa, auxiliares do chefe do Executivo e lideranças do PT admitem que as chances de vitória, em um estado em que a esquerda nunca triunfou, são remotas. No cenário visto hoje como mais provável no Palácio do Planalto, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disputaria a reeleição com amplo favoritismo para conseguir um novo mandato. Mesmo com chances reduzidas de um resultado favorável, o entorno de Lula considera que é necessário ter um palanque forte para fazer o embate com o bolsonarismo no maior estado do país. O candidato de Lula precisaria entrar na disputa com perspectivas de chegar ao segundo turno. Em 2022, o desempenho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que teve 44,7% dos votos válidos na segunda fase do pleito contra Tarcísio, foi considerado fundamental para que Lula vencesse Jair Bolsonaro na disputa presidencial. Os paulistas representam 22% do eleitorado nacional, com 34 milhões de eleitores, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
As derrotas de Bolsonaro no STF - Bolsonaro sofre derrotas no STF ao tentar anular investigações. Derrotado nas tentativas de barrar ações contra ele, incluindo casos de trama golpista, cartão de vacina e joias. Estratégia jurídica complexa visa reverter decisões, mas enfrenta resistência. Equipe de defesa enfrenta negativas e ações pendentes, mostrando luta contínua.
Sem projetos - Filho de Jair Bolsonaro, Jair Renan, tem estreia discreta como vereador em Balneário Camboriú, mas gera polêmicas nas redes sociais e desagrada colegas de partido. Iniciou sem projetos, votou contra maioria dos projetos na Câmara e investe em comunicação online. Colegas o veem como infantil e irresponsável. Ações do vereador incluem indicações para reparos em ruas e elaboração de plano de contingência. Apesar de intenções políticas, não preside comissão desejada. A chapa que o elegeu enfrenta ação por suposta fraude.
Pacheco leva futebol mineiro a xadrez de 2026 - Em meio aos apelos do presidente Lula para que concorra ao governo de Minas, o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD) tem se aproximado do dono do Atlético-MG, o empresário Rubens Menin, em um movimento que coloca o futebol mineiro no xadrez eleitoral de 2026. Tanto Menin quanto o proprietário do Cruzeiro, o empresário Pedro Lourenço, têm interlocução com grupos políticos que conflitam com o entorno do governador Romeu Zema (Novo) — cujo chefe da Casa Civil, Marcelo Aro (PP), provável postulante ao Senado, tem parentes à frente da CBF e da Federação Mineira de Futebol.
Em busca do PP e do interior, Paes afaga filho de Garotinho - Adversário histórico do ex-governador fluminense Anthony Garotinho, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), passou a afagar a família do desafeto na intenção de ampliar o arco de alianças para as eleições de 2026, quando tende a concorrer ao Palácio Guanabara. Paes se reuniu na semana passada com o prefeito de Campos dos Goytacazes, Wladimir (PP), filho de Garotinho, dias depois de ter cobrado publicamente o presidente Lula (PT) a modificar o projeto de uma ferrovia para atender o município do Norte Fluminense. Além da tentativa de angariar aliados no interior do estado, o prefeito da capital procura tirar o PP da base do governador Cláudio Castro (PL), que estará no lado oposto ao seu na próxima eleição. No encontro com Wladimir, no qual também abordou o cenário eleitoral do ano que vem, Paes discutiu o projeto da ferrovia EF-118, que pode ligar o Porto do Açu, no Norte do estado, à Baixada Fluminense. O governo federal, no entanto, avalia construir apenas o trecho da ferrovia que chega ao Espírito Santo, o que irritou prefeitos do interior do Rio. Antes de se reunir com o filho de Garotinho, Paes havia divulgado um vídeo nas redes sociais cobrando Lula e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, a fim de impedir o que chamou de “crime contra a economia fluminense e carioca”.
Filiação de Túlio Gadelha ao PDT pode deixar Rede sem deputados - A possível filiação de Túlio Gadelha ao PDT pode deixar a Rede sem deputados, aumentando a pressão sobre Marina Silva. Com a janela partidária se aproximando, a mudança de partido do deputado pode impactar a representatividade da Rede na Câmara e influenciar o futuro político da ministra. A divisão interna no partido entre os grupos de Marina e Heloísa Helena também é um ponto de tensão.