Manchetes dos jornais de domingo - 26/01/2025

Resumo de domingo - 26/01/2025
Edição de Chico Bruno
Manchetes dos jornais de domingo - 26/01/2025
FOLHA DE S.PAULO – Obras de emendas de Hugo Motta em seu reduto estão abandonadas
O GLOBO – Juros, dólar e incerteza global levam empresas a adiar projetos
O ESTADO DE S.PAULO – Agronegócio dispara e de novo deve sustentar saldo comercial
CORREIO BRAZILIENSE – ENTREVISTA / GILMAR MENDES “Temos de buscar a regulação das redes”
Destaques de primeiras páginas e fatos mais importantes
Oligarquia no sertão paraibano - Em 2011, durante seu primeiro mandato como deputado federal, Hugo Motta, então com 22 anos, destinou uma emenda de R$ 2 milhões ao Orçamento da União de 2012 para a construção do Teatro Municipal de Patos, no sertão paraibano. O prefeito da cidade, reduto eleitoral de Hugo, era o pai dele, Nabor Wanderley, que foi sucedido pela sua avó materna, Francisca Motta. Na época, os três pertenciam ao PMDB —hoje são do Republicanos. Os R$ 2 milhões representavam 67% do orçamento total do projeto (R$ 3 milhões). Catorze anos depois, Hugo Motta acumulou experiência e poder. Aos 35 anos, está prestes a ser eleito o mais jovem presidente da história da Câmara dos Deputados. Patos é de novo governada por seu pai (pela quarta vez), e sua avó é deputada estadual. O Teatro Municipal não está pronto. A construção foi por diversas vezes paralisada e abandonada —por falta de pagamento da prefeitura às empresas, mandatos interrompidos, irregularidades nas obras, entre outros problemas. A obra começou entre 2013 e 2014, na gestão de Francisca. A avó de Hugo não terminou o mandato: foi afastada pela Justiça em 2016, a poucos meses de concluí-lo, depois de uma operação em que Ministério Público Federal, Polícia Federal e Controladoria-Geral da União investigaram esquemas de corrupção em cidades da região. Ilanna Mota, mãe de Hugo e filha de Francisca, que era chefe de gabinete da prefeitura, foi presa na ocasião, e solta após cinco dias. As imputações do Ministério Público Federal (MPF) contra as duas por esse caso terminariam consideradas improcedentes ou extintas pela Justiça. O caso do Teatro Municipal é um entre muitos em que verbas federais obtidas por Hugo Motta para Patos direta ou indiretamente (com articulação política em ministérios e outros órgãos) são destinadas a obras encrencadas há anos sem sair do papel.
Crescemos, mas... - Após um crescimento da economia acima do esperado, empresas de diferentes portes e setores pisam no freio dos investimentos neste ano diante da alta do dólar e dos juros em meio às dúvidas sobre a política fiscal do governo Lula e as medidas de Donald Trump nos EUA. Especialistas apontam crescimento nas despesas financeiras de empresas, inclusive com endividamento em dólar e instrumentos limitados de proteção, e nos custos de insumos importados. O resultado é maior cautela e projetos com novas lojas ou fábricas engavetados.
Quem nos salva - Puxado pelas carnes, café, milho e açúcar, o agronegócio deve continuar carregando o saldo da balança comercial brasileira neste ano. Entre exportações e importações, as transações com produtos do campo devem atingir US$ 126,8 bilhões. Essa cifra equivale a quase o dobro do saldo da balança comercial de US$ 67 bilhões projetado para 2025 pela consultoria MacroSector. Não é de hoje que a balança comercial do País seria deficitária, caso não contasse com a contribuição do agronegócio. “Mas desde 2022 não havia uma relação tão forte entre o saldo comercial do agronegócio e o da balança comercial”, observa o economista Fabio Silveira, sócio da MacroSector e responsável pelas projeções. Naquele ano, o saldo comercial do agronegócio correspondeu a duas vezes o saldo da balança comercial total, porém com resultados menores do que os projetados para 2025. Em 2022, o saldo do agronegócio somou US$ 123,9 bilhões e o da balança comercial geral foi de US$ 61,5 bilhões.
Regular é preciso - Decano do Supremo Tribunal Federal, o ministro Gilmar Mendes está convencido de que o país não pode mais adiar a regulação das redes sociais. “É fundamental que o Brasil tenha um alinhamento sobre essa temática”, disse o magistrado, em entrevista ao Correio em Zurique, na Suíça, onde participou do Fórum Econômico Brasileiro. No entendimento do ministro, essa tarefa se faz urgente, particularmente após a nova política das big techs. “Poderemos ter problemas a partir da interpretação da liberdade de expressão traduzida pelos americanos”, pontuou Mendes. O decano do STF também comentou o possível julgamento dos ataques de 8 de janeiro, com a análise da denúncia a ser apresentada pela Procuradoria-Geral da República. Para o ministro, é “inconcebível” o perdão aos envolvidos na trama contra a democracia brasileira.
Candidato, Marçal rebate Bolsonaro - O influenciador digital Pablo Marçal rebateu Jair Bolsonaro após o ex-presidente dizer que ele é “carta fora do baralho” na disputa pela Presidência em 2026. Ex-candidato pelo PRTB à Prefeitura de São Paulo, ele respondeu que Bolsonaro “só considera candidato quem é parente dele”.
Não acabou - O fato de o ministro Flavio Dino, do Supremo Tribunal Federal, ter liberado parte das emendas destinadas às ONGs, não significa que tudo serão flores no relacionamento entre a Corte e o Congresso a partir de agora. Com as investigações em curso, muitos outros bloqueios estão por vir.
Alerta do BC - Acostumados a avaliar com uma lupa as atas do Comitê de Política Monetária (Copom), os economistas dos bancos perceberam algo inédito no último relatório: “A ata instou as instituições financeiras a terem especial vigilância na concessão de crédito. E não é usual. Fomos checar com inteligência artificial e tudo em todas as atas anteriores. Não é usual o Banco Central incluir uma mensagem prudencial, num texto essencialmente sobre política monetária. Eles também estão olhando com preocupação essa questão”, disse o economista-chefe do Banco Itaú, Mário Mesquita, em palestra no Lide Brazil Economic Forum, em Zurique.
A chegada de Hugo - O jantar do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), amanhã, com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), é interpretado pelo governo como um sinal de que, no papel de presidente da Câmara, distribuirá o jogo e fará gestos. Falta definir, porém, a calibragem entre situação e oposição, algo que Hugo avisou que será definido no dia a dia. Ou seja, não tem essa de fechar com um lado ou com o outro.
Preocupante - Especialistas que monitoram as políticas públicas na educação brasileira consideram que o bloqueio de R$ 6 bilhões em recursos do programa Pé-de-Meia, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), acendeu um alerta para a necessidade de reforço e de eficiência na gestão dos recursos — como governança e transparência. “O Pé-de-Meia pode reduzir a evasão escolar, mas recursos e boas ideias, sem controle, são uma conta que não fecha. Estamos próximos da conclusão do Plano Nacional de Educação (PNE), com metas e objetivos para a próxima década, e isso depende de caminhos concretos para ser bem executado. Incerteza e insegurança não podem permanecer na pauta do MEC”, adverte Letícia Jacintho, presidente da Associação De Olho no Material Escolar.
Na dúvida, não ultrapasse - Da mesma forma que os partidos não vão atender ao pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que digam, o quanto antes, que caminho percorrerão em 2026, nenhuma das agremiações de centro chancelará, no curto prazo, uma candidatura presidencial que tenha o sobrenome Bolsonaro — seja Eduardo Bolsonaro, seja a ex-primeira-dama Michelle. A vontade dos partidos de centro, hoje, é buscar um nome que derrote tanto o petismo quanto o bolsonarismo. Os partidos de centro, que têm conversado — e muito —, acreditam que o bolsonarismo e o petismo estão perdidos quanto ao melhor caminho a tomar, diante da inelegibilidade do ex-presidente. O petismo, avaliam alguns, encontrará dificuldades, em especial, por causa da ausência de um plano que recupere a imagem do país junto aos investidores. Lula mudou sua comunicação, o que fez subir o número de visualizações na internet, mas ainda não conseguiu acertar o passo entre a área política e a econômica do seu governo.
Governo só empenha R$ 60 mi para COP30 - O atraso na votação do Orçamento de 2025 fez com que o governo empenhasse neste ano apenas R$ 60 milhões do R$ 1 bilhão previsto para a COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que será realizada em novembro em Belém (PA). O governo enviou no projeto de LOA (Lei Orçamentária Anual) de 2025 previsão de quase R$ 1,016 bilhão para organização e realização da COP30. Esse valor está concentrado na Presidência da República, na qual foram alocados R$ 903,9 milhões do total —os números ainda podem mudar durante a negociação do Orçamento.
'Operação de resgate' de deportados - O governo federal definiu como uma verdadeira "operação de resgate" a ação para retirar algemas de brasileiros deportados dos EUA que chegaram em voo a Manaus e levá-los em aeronave da FAB até Belo Horizonte. Segundo relatos que chegaram ao governo Lula, brasileiros disseram terem sido maltratados durante o trajeto dos EUA até o Brasil em avião do governo norte-americano. Havia o receio de um incidente diplomático caso houvesse alguma altercação entre brasileiros e funcionários do governo dos EUA já em território nacional. Outra preocupação era não deixar que a gestão Donald Trump enviasse outro avião para o trajeto entre a capital amazonense e a mineira, o que seria uma violação da soberania nacional. Segundo um representante do governo, o Itamaraty terá que tomar uma atitude junto ao governo Trump para evitar que algo semelhante ocorra em voos futuros de repatriação.
PGR pede arquivamento de acusação contra Renan - O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu arquivamento de uma ação envolvendo o senador Renan Calheiros (AL) e o empresário Milton Lyra, apontado pela Polícia Federal como lobista de políticos do MDB. A acusação era de que Renan teria recebido propina para influenciar na edição de medidas legislativas do do setor portuário que interessariam ao empresário Richard Klien, da empresa Multiterminais, entre 2012 e 2014. Na época, Renan era aliado da presidente Dilma Rousseff (PT). Gonet, no entanto, não viu provas da PF de que as medidas de Dilma teriam sofrido influência de Renan, nem de que teria havido o pagamento de propina. Gonet afirma também que "a edição de medida provisória é prerrogativa exclusiva do presidente da República, conforme estipula a Constituição".
JHC empodera ex-senador e vice - O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), tem dado protagonismo ao vice-prefeito e ex-senador Rodrigo Cunha (Podemos), durante o início do segundo mandato à frente da prefeitura. Cunha também é secretário municipal de Infraestrutura, uma das principais pastas da prefeitura. JHC, como é conhecido o prefeito, tem levado o vice para vistoriar obras e participar de anúncios de novas ações em Maceió. Os dois também estiveram, no dia 17, em São Paulo, para participar do leilão de parceria público privada para a construção e gestão do Complexo Administrativo de Maceió. Rodrigo Cunha deixou o Senado no final de 2024, após quase seis anos de mandato, para assumir o cargo de vice-prefeito. No lugar dele, tomou posse Eudócia Caldas (PL-AL), que era primeira suplente, mãe de JHC. A troca do Senado pelo cargo de vice-prefeito não foi à toa, já que há perspectiva de que Rodrigo Cunha assuma a prefeitura de Maceió em abril de 2026. Isso porque JHC é cotado para disputar o governo de Alagoas ou o Senado. JHC e Rodrigo Cunha fazem parte da oposição ao grupo político dos Calheiros em Alagoas.
Ao arquivo - Uma ação aberta contra o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Amapá por suposto abuso de poder econômico deve ser arquivada por falta de informações prestadas à Justiça. O caso investiga se Alcolumbre usou dois jatinhos da empresa Saúde Link, beneficiada com recursos de emenda do parlamentar, durante a sua campanha ao Senado em 2022, sem declarar na prestação de contas eleitorais. A empresa, no entanto, afirmou à Justiça que não tem a lista de passageiros que voaram em suas aeronaves no período investigado. Argumentou, além disso, que aviões particulares não estão sujeitos a requisitos de documentação e registro de passageiros estabelecidos pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). "Por essa razão, as informações e documentos solicitados não podem ser apresentados, uma vez que o mesmo não mais detém e/ou está na posse dos mesmos", respondeu a empresa.
Relação delicada - Às turras com o governo federal, grande parte do setor do agronegócio já avalia o desempenho de políticos cotados para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2026. Para essas lideranças, a chance de reverter a animosidade é zero, independentemente dos acenos e do diálogo com o Ministério da Agricultura. Sob reserva, integrantes do setor dizem que o governador Tarcísio tem sido colocado como o “candidato dos sonhos”, mas o agro tem muito respeito por Caiado e outras figuras cotadas no meio para compor uma chapa, como a senadora Tereza Cristina (PP-MS) e os governadores Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais. Líder da bancada ruralista, o deputado Pedro Lupion (PP-PR) acrescenta que de nada adianta a boa vontade de Fávaro quando outros ministros, como Marina Silva, do Meio Ambiente, e o próprio Lula disparam frases contrárias ao agro. Segundo ele, fora dos ministérios da Fazenda e da Agricultura, o diálogo não existe. O parlamentar afirma ainda que as tentativas do governo de elevar a arrecadação trazem desconfiança. Ontem, o líder da bancada ruralista voltou a abrir fogo contra o Planalto. Em dura nota, classificou a proposta de diminuir tarifas de importação de gêneros alimentícios como “mais uma medida desesperada e mal pensada do governo”.
PT condiciona reeleição à saúde e alarma aliados - O chapéu branco modelo Panamá que passou a usar para esconder os curativos vai ficar de lado a partir de agora, disse Luiz Inácio Lula da Silva em reunião com os ministros, na segunda-feira, ao se declarar “totalmente recuperado”. No mesmo encontro, no entanto, o presidente afirmou que não definiu ainda se vai concorrer à reeleição em 2026, que chegar bem até lá dependia de Deus e que gostaria de ter saúde para fazer o sucessor. A ponderação acentuou a impressão que auxiliares já vinham colhendo em conversas reservadas com Lula: a disposição para o cotidiano árduo da política está distante da exibida nos mandatos anteriores. Nas últimas semanas, O GLOBO ouviu ministros e demais assessores presidenciais sobre como o petista tem se comportado a portas fechadas, especialmente depois do acidente doméstico que o levou a fazer uma cirurgia às pressas em dezembro para conter uma hemorragia na cabeça.