Manchetes dos jornais de domingo 21-01-2024

Manchetes dos jornais de domingo 21-01-2024

Edição de Chico Bruno

 

Manchetes dos jornais de domingo 21-01-2024

Valor Econômico – NÃO CIRCULA HOJE

 

FOLHA DE S.PAULO – Policiais de 25 países usam câmera corporal em serviço

 

O GLOBO – Lula amplia presença de militares no governo após início tenso

 

O ESTADO DE S.PAULO – Venda de petróleo projeta recorde e pode superar ferro e soja na balança

 

CORREIO BRAZILIENSE – “Concurso unificado é superetapa da nossa reforma administrativa”

 

Destaques de primeiras páginas, fatos e bastidores mais importantes do dia

 

Câmeras corporais - As polícias de ao menos 25 países utilizam câmeras corporais que registram suas ações em serviço. Ao redor do mundo, a discussão sobre o uso do equipamento tem variado entre o otimismo e a incerteza em relação aos resultados. Pesquisas apontam para uma grande variação na eficácia da tecnologia para coibir casos de violência —praticada por e contra agentes de segurança—, aumentar a produtividade no atendimento a ocorrências e gerar confiança na polícia. O motivo está na diferença das regras para o uso dos equipamentos, como a autonomia do policial para acionar a gravação, o acesso do público às imagens e como elas devem ser manejadas durante uma investigação. Na Europa, o equipamento é utilizado há quase 20 anos, mas o objetivo principal não é reduzir a letalidade policial. O foco é melhorar o serviço prestado pelos agentes de segurança à população. Em 2014, a polícia de Londres adotou as câmeras para todos os policiais que trabalham em contato com o público. Na Ásia, a violência contra policiais durante protestos serviu de pretexto para dar início ao uso de câmeras pela polícia, mas há receio de que o equipamento possa servir para cercear manifestações políticas. Na América Latina, Chile, Colômbia e Uruguai, estão ao lado do Brasil, no grupo com a tecnologia. No Brasil, ao menos oito estados têm PMs que usam câmeras na farda: São Paulo, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Rondônia e Santa Catarina. O Paraná deve iniciar seu programa a partir de fevereiro. E o Ministério da Justiça elaborou um projeto de lei que busca institucionalizar o uso das câmeras pelas forças de segurança do país. Em São Paulo, porém, há dúvidas sobre a continuidade do uso das câmeras pela PM. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) declarou em dezembro que os equipamentos não têm nenhuma efetividade para a segurança dos cidadãos e renovou o contrato do programa apenas até junho. O orçamento foi reduzido e um estudo que havia mostrado o impacto das câmeras foi descontinuado.

 

Milicada - Reduzida a tensão desencadeada pelo 8 de Janeiro, que provocou fisuras na relação com o presidente Lula e dispensas sobretudo na área de segurança, as Forças Armadas retomaram espaço no governo no segundo semestre de 2023. Em novembro, último dado disponível no Portal de Transparência, 2760 militares da ativa davam expediente na administração federal, praticamente o mesmo número do fim da gestão anterior. As contratações, que coincidem com a melhora na interlocução entre Lula e a caserna, concentram-se na estrutura do Palácio do Planalto, à qual está subordinado o Gabinete de Segurança Institucional, e na Saúde. O perfil dos quadros mudou: o número de chefes fardados não chega a 30, e há muito pessoal técnico, como médicos. 

 

Petróleo atropela - O Brasil pode colher um valor recorde com a exportação de petróleo bruto neste ano. Em um cenário de produção crescente, a expectativa é a de que o produto seguirá ainda mais relevante na balança comercial brasileira nos próximos anos, o que deve contribuir ― e muito ― para os números do setor externo do País. A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) projeta que, em 2024, as vendas do petróleo podem somar US$ 43,575 bilhões. Até então, o melhor desempenho obtido com a exportação de petróleo foi observado em 2022, quando o País vendeu US$ 42,553 bilhões. Em 2023, o resultado foi muito parecido: US$ 42,539 bilhões. “A exportação de petróleo está crescendo em termos de quantidade. Há um aumento todo ano”, afirma José Augusto de Castro, presidente executivo da AEB. Nas projeções da associação, a exportação do produto atingirá 83 milhões de toneladas, acima das 81 milhões de toneladas apuradas em 2023. Nos últimos anos, a exportação de petróleo assumiu um papel relevante na balança comercial, rivalizando com a soja e o minério de ferro, dois dos principais itens da pauta brasileira. A expectativa é que esse protagonismo do petróleo se consolide nos próximos anos, diante da perspectiva de forte aumento da produção até 2030, quando a extração do pré-sal deve começar a perder força.

 

Concurso gigante - Em pouco mais de 24 horas, o Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) superou a casa dos 200 mil inscritos. Ao Correio, a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, afirma que o certame é uma das etapas do processo de transformação do Estado. E avalia como desnecessária a PEC enviada pelo governo anterior ao Congresso, classificada por ela como “muito focada em pessoal e numa lógica punitiva”. “Foi uma proposta que chegou lá sem diálogo, nem com servidores, nem com a sociedade, nem com o Parlamento”, enfatiza. Dweck ressalta que o ministério prepara para o início de fevereiro um pacote de medidas em três eixos para substituir a PEC. Parte das mudanças passa pela reestruturação das carreiras, e as negociações estão em curso. Em 2024, devido às restrições orçamentárias, a intenção é ter aumento real para a maioria dos servidores com renda mensal de até R$ 10 mil, por meio de reajuste de benefícios.

[21/1 10:09] Celso Tesoureiro Ppl Sp: Resumo de domingo - 21/01/2024 - 2ª PARTE  

 

“A reforma administrativa que está no Congresso é punitiva" - Depois de 24 horas da abertura das inscrições para o Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), 217 mil pessoas se candidataram para concorrer a uma vaga para o chamado Enem dos Concursos. A corrida para conquistar um posto conta com uma torcida de peso: o próprio servidor público. “Os servidores estão exaustos e sobrecarregados”, revela a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, em entrevista exclusiva ao Correio, ao fazer um balanço do primeiro ano à frente da pasta. O Concurso Unificado é uma das etapas do processo de reforma administrativa que a ministra afirma que já está em curso desde a criação do ministério pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e será um processo permanente. A pasta está preparando um pacote de medidas para substituir a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32, que trata da reforma administrativa do governo anterior. A ideia é apresentar um pacote com três eixos, no início de fevereiro, após o fim do recesso parlamentar. Para ela, a PEC que está no Congresso é ruim e para fazer uma verdadeira transformação do Estado brasileiro, pois é punitiva. “Não é preciso uma reforma constitucional”, ressalta. Segundo ela, uma das propostas mais urgentes dessa pauta é a retomada do projeto de lei dos supersalários. A ministra lembra que, desde 2016, o Estado perdeu 70 mil profis sionais. Para ela, o que aparentemente poderia ser uma economia de recursos pode ser um prejuízo para a população. “O Estado é para servir à população, ele tem que ser eficaz e eficiente, tem que ser ágil, não tem que ser grande, mas deve ter o tamanho necessário”, diz. Parte da transformação defendida pela ministra é a recomposição salarial e de benefícios. Em 2024, a proposta é ter aumento real para a maioria dos servidores, com renda mensal de até R$ 10 mil. Além disso, ela aponta que os 9% de reajuste concedidos em maio de 2023 ainda têm impacto neste ano e, até o fim do mandato, a correção chegará a 18%, superior à inflação estimada para o período, de 16,5%. Na proposta, haveria espaço orçamentário para conceder outro reajuste salarial em 2025 e em 2026, de mais 4,5% em cada ano. “Mais do que a gente está propondo é muito difícil”, afirma. De acordo com a ministra, o processo de reestruturação das carreiras do governo teve início com a Funai, mas vai contemplar outros órgãos como Ibama, Banco Central, Educação, Saúde, entre outras. Cada órgão terá o próprio projeto que poderá constar na proposta alternativa da reforma que ela pretende discutir com o Congresso.

 

Concurso e judicialização - Uma associação de profissionais médicos entrou na Justiça para pedir a impugnação do edital do Concurso Nacional Unificado, o chamado Enem dos Concursos. A associação considera discriminatória a exigência do registro de especialista na seleção de médicos psiquiatras. A Advocacia Geral da União já está trabalhando para evitar que a judicialização do megacertame atrapalhe o calendário. No primeiro dia de inscrições, na sexta-feira passada, mais de 200 mil pessoas se apresentaram para disputar uma vaga no serviço público. As provas serão aplicadas em 5 de maio, em 220 cidades do país.

 

Cota para transgênero - O Ministério Público Federal (MPF) também recomendou, na semana passada, a alteração do edital do concurso unificado para incluir a reserva de 2% das vagas ao cargo de auditor-fiscal do Trabalho para pessoas transgênero. O órgão pediu ao Ministério da Educação uma resposta até amanhã. A cota para trans havia sido anunciada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, em meados do ano passado, mas não entrou no edital do concurso unificado.

 

Equilíbrio distante - O início do ano está servindo para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reorganizar as relações com o Legislativo, tentando manter um patamar mínimo de governabilidade neste ano de eleições municipais. O Executivo, que não tira férias, aproveita o recesso parlamentar para implementar medidas que, defende, são da administração federal. Daí nascem algumas das flores do recesso. Reonerar a folha de pagamento e cobrar imposto de líder religioso despertaram a fábrica de ruídos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é o negociador que tenta atuar acima das paixões políticas. Nos últimos dias, tem se dedicado a costurar com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD MG), uma saída para a MP da Desoneração. Com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a relação é mais constante e baseada em confiança mútua. Mas, para alguns parlamentares influentes, Lira e Pacheco se sentirão, em alguns momentos, pressionados pelas bases políticas (com reforço do megafone bolsonarista) para enfrentar o governo em questões que possam render dividendos eleitorais por causa do pleito municipal. A aposta é que, para Congresso e governo, este vai ser mais um ano de negociações caso a caso, emenda a emenda, projeto a projeto. 

 

Eleição tensa - Arthur Lira (PP-AL), por sinal, terá o prestígio posto à prova na dificílima eleição que se prenuncia para a prefeitura de Maceió. O prefeito João Henrique Caldas, o JHC, deve se recandidatar com o apoio de Lira e do bolsonarismo no estado. O MDB, do arquirrival senador Renan Calheiros (MDB-AL), já comanda o governo estadual e vai tentar tomar a prefeitura. Deve contar com discreto apoio de Lula — que não quer se envolver na querela paroquial entre Calheiros e Lira —mesmo que o PT decida lançar candidatura própria.

 

Intermediação do CNJ - Por falar em Maceió, a falta de diálogo entre a prefeitura da capital alagoana e governo do estado — controlados por adversários políticos — atrapalha as conversas que buscam soluções à tragédia socioambiental provocada pelo afundamento da mina da Braskem. O Observatório para Grandes Tragédias do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) acabou de fazer um amplo levantamento das demandas sociais e dos processos e pedidos de indenização que correm no Judiciário. E quer ser a ponte para negociar diretamente essas questões com os dois Executivos locais. “O prefeito não fala com o governador, o governador não fala com o prefeito, mas nós conversamos com o estado, com o município e com a empresa, podemos fazer isso”, constatou um analista que participou da força-tarefa.

 

“Repudiamos o que ocorreu” - Um setor que representa um canal importante na interação com a sociedade no que é mais sensível aos cidadãos, a sua saúde, foi praticamente desmontado no governo de Jair Bolsonaro, criticado por não ter dado a atenção devida à população nessa área. A condução de uma forma geral do Ministério da Saúde na gestão passada foi marcada pela negligência, evidente na maneira como foi conduzido o combate à epidemia da covid-19 por alguns dos quatro ministros que passaram por essa pasta naquele período, incluindo um general. A Ouvidoria-Geral do Sistema Único de Saúde do ministério é a porta de entrada das demandas dos usuários destes serviços. Os canais disponibilizados para o atendimento às reclamações e queixas dos cidadãos levam os questionamentos aos setores específicos, e algum retorno é encaminhado ao cidadão. São serviços como o Disque Saúde 136, a internet, e até por correspondência. Responsável pela Ouvidoria Geral do SUS, Aíla Vanessa de Oliveira Sousa, uma especialista em Gestão Pública, fala das medidas que estão sendo adotadas, do desmonte que o atual governo encontrou e afirma se tratar de um desafio contínuo. Aíla Sousa afirma que não compete à Ouvidoria intermediar a obtenção do que se deseja ou fazer a mediação. Vai além. “No nosso entendimento, o direito universal à saúde não tem que ser mediado, tem que ser garantido”, disse Aíla, que assumiu o desafio meados de 2023.

 

Toffoli passa por cirurgia em São Paulo - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli foi operado ontem para a retirada de duas hérnias. O magistrado foi internado no hospital Vila Nova Star, na zona sul de São Paulo. De acordo com boletim médico, ele passou por uma cirurgia robótica para corrigir uma hérnia inguinal direta e uma hérnia umbilical. O procedimento foi bem sucedido e o ministro permanece em observação. Ainda não há previsão de alta. No entanto, fontes consultadas pela reportagem apontam que a recuperação deve ser rápida e o magistrado deve receber alta médica para continuar com a recuperação em casa já nos próximos dias. O ministro é tratado pelos médicos Antônio Luiz de Vasconcellos Macedo, Ludhmilla Hajjar e Pedro Loretti.

 

MBD, o partido dos vices - Com a filiação do vice-governador do Rio de Janeiro, Thiago Pampolha (União Brasil), o MDB vai chegar a nove vice-governadores. A cerimônia que oficializará a troca de partido de Pampolha está marcada para 8 de fevereiro. Em 2026, seis deles devem assumir os governos e disputar as eleições para continuarem nos cargos: Ricardo Ferraço (ES), Daniel Vilela (GO), Hana Ghassan Tuma (PA), Walter Alves (RN), Gabriel Souza (RS), além do próprio Pampolha. Os outros três vice-governadores são Geraldo Júnior (BA), Jade Romero (CE) e Themístocles Filho (PI), que trabalham com governadores que estão em seus primeiros mandatos. Atualmente, o MDB tem três governadores, Ibaneis Rocha (DF), Helder Barbalho (PA) e Paulo Dantas (AL), todos em segundo mandato.

 

MST chega aos 40 alterado - O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) completa 40 anos com objetivos e perspectivas diversas das que motivaram sua criação, um histórico de conflitos com fazendeiros, ruralistas e governos antagônicos, certa desilusão com o PT e desafios que incluem dificuldade de novos quadros, esvaziamento político e cerco bolsonarista. Fundado durante um encontro nacional realizado de 21 a 24 de janeiro de 1984 em Cascavel (PR), o MST se tornou o movimento brasileiro pela reforma agrária mais famoso dentro e fora do país. Protagonista de invasões de terras vistas por grupos de esquerda como instrumentos de pressão legítimos e, por grupos de direita, como violações violentas da propriedade privada, manteve-se no centro das atenções do embate político nestas últimas décadas. Após atravessar a gestão Jair Bolsonaro sob ameaças (o ex-presidente defendia enquadrar as ações do grupo como terrorismo), teve estremecimento com o governo Lula 3 diante da ocupação de uma fazenda da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e foi pressionado por uma CPI na Câmara dos Deputados. Embora carregue a fama, o MST é apenas um dos movimentos críticos da concentração fundiária. Diferenciou-se de outros pela capacidade de organização e a capilaridade. Presente em 25 estados, optou por não ter presidente e toma decisões de maneira colegiada. Nesse período, destacaram-se João Pedro Stedile, 70, fundador e cabeça pensante do MST; José Rainha, 63, comandante carismático das invasões que terminou proscrito; e João Paulo Rodrigues, 44, principal figura da geração que nasceu e cresceu em assentamentos.

 

Múcio quer da Defesa programa cobiçado pelo Centrão - O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, trabalha para transferir o programa Calha Norte, hoje sob sua gestão, ao Ministério do Desenvolvimento Regional, comandado por Waldez Góes e área de influência do Centrão. O projeto foi criado em 1985 para melhorar a infraestrutura das fronteiras da região Norte e expandir unidades militares, mas passou a ser irrigado por emendas e usado para viabilizar obras em redutos eleitorais de parlamentares da região, gerando incômodo nos militares. Com a mudança, Múcio pretende esvaziar a ingerência de políticos nos recursos administrados pela pasta. A articulação vem sendo acompanhada pelo Palácio do Planalto e tem apoio da cúpula das Forças Armadas. Múcio e Waldez Góes já conversaram sobre a possível migração. O titular da pasta do Desenvolvimento Regional foi indicado ao posto pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP) e é próximo a diversas lideranças do Congresso. Caso a mudança se efetive, a pasta, que tem orçamento de R$ 5,4 bilhões para 2024, será ainda mais turbinada com recursos do Calha Norte. Na avaliação de auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, faz mais sentido o projeto estar em um ministério que cuida de iniciativas semelhantes, tirando da Defesa a articulação para o pagamento das verbas. A interlocutores, Múcio avalia que não há motivo para o ministério, dedicado a questões militares, manter o controle de uma ação que é vitrine para congressistas. O ministro também já tratou do assunto com os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, que apoiam a decisão da mudança. Eles avaliam que o projeto transcendeu as atribuições de defesa nacional.

 

Nomeação de ministros amplia espaço de senadores 'sem voto' - Sem receber voto nas urnas, suplentes de senadores ampliaram espaço na atual legislatura e ganharam protagonismo nas decisões do Congresso. São nove parlamentares que assumiram cadeiras, número superior aos três de 2019, mas abaixo dos 11 do mandato anterior. A maioria está nas vagas de titulares escalados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a composição da equipe ministerial e, mesmo na base, há casos de substitutos que vêm contrariando os interesses do governo. Por ser uma eleição majoritária, os suplentes são definidos previamente, na chapa dos titulares, assim como são escolhidos vices de prefeitos, governadores e presidente. É um sistema distinto ao da escolha de deputados, que é proporcional — neste caso, os que assumem as vagas em caso de vacância receberam votos por conta própria. Há nomes com experiência política e outros novatos, caso da senadora Margareth Buzetti (PSD-MT), que está no lugar do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Apesar de ser de um partido governista, ela ainda é uma incerteza nas votações de interesse da base, mas afirma defender as mesmas bandeiras que Fávaro no Senado Federal. A senadora contrariou a orientação do governo, por exemplo, ao apoiar destaque do senador Carlos Portinho (PL-RJ) para limitar a abrangência do projeto das apostas esportivas a jogos baseados em eventos reais, excluindo cassinos on-line — o que foi retomado pela Câmara posteriormente. Ela também foi a favor do projeto de lei sobre o marco temporal das terras indígenas. Neste tema, Fávaro reassumiu a vaga quando o Congresso analisou o veto de Lula e também foi contra o Planalto. Carlos Portinho (PL-RJ), líder da bancada do PL no Senado, assumiu a cadeira após a morte de Arolde de Oliveira em 2020. Ele concorda que há suplentes desconectados com a política, mas afirma que não é o próprio caso. Quem também nunca havia concorrido a um cargo público é o senador Giordano (MDB-SP), titular da vaga deixada por Major Olímpio, que morreu de Covid-19 em 2021. De atuação discreta, o parlamentar se pronunciou apenas nove vezes na tribuna do Senado em 2023. Há entre os suplentes também nomes com trajetória mais extensa na vida pública, como a senadora Augusta Brito (PT-CE), que está na vaga do ministro Camilo Santana (Educação). Antes do Senado, ela foi prefeita e deputada estadual por dois mandatos. Outra suplente é a senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA). No mês que vem, ela deixará o posto temporariamente para a volta do ministro Flávio Dino (Justiça). Em seguida, assumirá a cadeira definitivamente, já que Dino tomará posse no Supremo Tribunal Federal (STF) no fim de fevereiro. Em 2016, Lobato foi candidata a vice-prefeita de Pinheiros (MA) e, no começo de 2022, assumiu o cargo de prefeita interina, quando o então titular foi afastado pela Justiça. Nos casos de financiamento, o que é permitido por lei, o suplente Fernando Farias (MDB-AL) foi também o principal doador da campanha do titular, Renan Filho (MDB-AL), com R$ 350 mil — Renan Filho hoje é ministro dos Transportes. A prática se estende também para casos de senadores ainda no exércício do mandato: suplentes de Cid Gomes (PDT-CE), Cleitinho (Republicanos-MG) e Sergio Moro (União-PR) aparecem entre os doadores de campanha.

 

Paes atrai Republicanos, mas igreja ainda resiste - A aliança fechada pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), com o Republicanos para sua reeleição ainda não garantiu o apoio da ala religiosa do partido. Controlada pela Igreja Universal do Reino de Deus, a sigla tem entre seus quadros o ex-prefeito e hoje deputado federal Marcelo Crivella, com quem o atual prefeito rivalizou no segundo turno da disputa de 2020. O acordo foi costurado com o presidente estadual da legenda, o prefeito de Belford Roxo, Waguinho. Em troca, Paes nomeou Chiquinho Brazão para comandar a Secretaria de Ação Comunitária. Ele é irmão de Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Por achar difícil ter o apoio da Universal na eleição, Paes tem uma meta mais simples em vista: que a ala evangélica do Republicanos não faça oposição a ele. Esse cenário já seria um avanço para o prefeito que, na campanha de 2020, foi alvo de ataques da igreja. Em janeiro de 2022, o jornal “Folha Universal” comparou Paes a Barrabás, ladrão que foi liberto no lugar de Jesus segundo a Bíblia, enquanto Crivella foi equiparado ao filho de Deus. Na Câmara dos Vereadores, a divisão do Republicanos é visível: há dois parlamentares ligados ao prefeito (Ulisses Marins e Zico), três religiosos (Inaldo Silva, João Mendes de Jesus e Tânia Bastos) e dois alinhados aos interesses do ex-presidente Jair Bolsonaro (Carlos Bolsonaro e Celso Costa). Entre os integrantes da ala da Universal, o bispo Inaldo Silva afirma ser um vereador independente de Paes e que tende a ter um posicionamento mais conservador.

 

Ação de Moro tem choque de versões na reta final - O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) retoma amanhã as sessões de julgamento sob expectativa de analisar, já nos próximos dias, as ações que pedem a cassação do hoje senador Sergio Moro (União), após um parecer do Ministério Público Eleitoral favorável à perda do mandato por abuso de poder econômico, em dezembro. O caso ainda não foi pautado pelo relator, o desembargador Luciano Carrasco Falavinha Souza, que promete fazê-lo em breve, o que gera indefinição sobre qual será a composição do plenário que dará o veredito, diante do calendário de substituições previstas no tribunal. Os processos contra Moro questionam gastos com sua pré-campanha, período em que o ex-juiz desistiu de concorrer a presidente e optou por disputar o Senado. Com base em notas fiscais enviadas pelo União e por sua antiga legenda, o Podemos, o MPE calculou gasto de R$ 2,03 milhões e considerou que o valor foi excessivo para a disputa ao Senado no Paraná, o que configura, na sua avaliação, abuso de poder econômico. A legislação eleitoral não tem uma previsão de limite para pré-campanhas, mas se o gasto for considerado excessivo pela Justiça Eleitoral, pode ser enquadrado como abuso, segundo especialistas. O principal precedente é a cassação da ex-senadora Selma Arruda (MT), em 2019. Na época, a Justiça apontou gasto anterior à campanha equivalente a 72% do arrecadado por sua candidatura. Segundo a Procuradoria, a soma de investimentos feitos pelo Podemos e União na pré-campanha de Moro representa pouco mais de 45% do limite de gastos para a eleição de senador no estado, em 2022, de R$ 4,4 milhões (o ex-juiz gastou R$ 4,2 milhões no período oficial). O valor também equivale a mais que o dobro da média de gastos dos dez candidatos ao pleito.