Caso Marielle e Anderson muda de delegado pela 4ª vez no Rio de Janeiro

Boletim da Polícia do Rio publicou mudança na noite desta segunda; delegado que investigou morte do menino Henry Borel assume a Delegacia de Homicídios

Caso Marielle e Anderson muda de delegado pela 4ª vez no Rio de Janeiro

Caso Marielle e Anderson muda de delegado pela 4ª vez no Rio de Janeiro

Boletim da Polícia do Rio publicou mudança na noite desta segunda; delegado que investigou morte do menino Henry Borel assume a Delegacia de Homicídios

Por Marina Lang Atualizado em 5 jul 2021, 23h18 - Publicado em 5 jul 2021, 22h21

A vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018
A vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018 Bárbara Dias/Reprodução

A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) tem um novo titular: Henrique Damasceno, delegado responsável pela resolução do caso do menino Henry Borel, de 4 anos, assassinado na madrugada de 8 de março no apartamento em que vivia com a mãe, Monique Medeiros, e com o padrasto, o político cassado Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido) – ambos estão presos e são acusados por homicídio triplamente qualificado e tortura da criança. O delegado Moysés Santana, que capitaneou as investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes por um período de dez meses, foi realocado na 18ª DP (Praça da Bandeira).

Trata-se do 4º delegado a assumir o turbulento inquérito sobre a feminicídio político de Marielle, ocorrido em 14 de março de 2018 e que está há três anos e quatro meses sem respostas sobre quem mandou matar a parlamentar ou a motivação da crime. Acusados de serem os autores do atentado, o PM reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Queiroz estão presos desde março de 2019. Eles foram separados em penitenciárias federais em dezembro, conforme VEJA mostrou com exclusividade à época, e alegam inocência. Até agora, tanto o Ministério Público do Rio quanto a polícia não têm dúvidas da participação de ambos na emboscada. Os dois devem ir a júri popular, ainda sem data definida, na 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio.

Damasceno assume uma investigação repleta de falhas principalmente em sua fase inicial, quando o Estado do Rio de Janeiro estava sob Intervenção Federal decretada pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) e conduzida pelo agora Ministro da Casa Civil do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), general Braga Netto. Policiais, à época, chegaram ao nome de Lessa por meio de uma denúncia anônima recebida diretamente na sede da DH, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.

A equipe anterior da delegacia comandada por Santana avaliava um eventual complô entre intermediários e mandantes, como VEJA revelou em março deste ano. Os investigadores chegaram a ir até a Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, na tentativa de obter uma delação de Lessa. Ele, no entanto, nada falou: apenas apontou o ex-capitão da Polícia Militar do Rio, Adriano Magalhães da Nóbrega, como responsável pelo feminicídio de Marielle e pelo homicídio de Anderson. Apesar da longa ficha corrida de Nóbrega, as autoridades fluminenses descartam a participação dele no atentado contra a vereadora e o seu motorista.