“Campos Neto perdeu a vergonha”, diz Lindbergh

“Campos Neto perdeu a vergonha”, diz Lindbergh

“Campos Neto perdeu a vergonha”, diz Lindbergh

Presidente do Banco Central foi repreendido após defender a terceirização da gestão de ativos nacionais

 

Lindbergh Farias e Roberto Campos Neto Lindbergh Farias e Roberto Campos Neto (Foto: ABR)

 

 

 247 - O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) foi às redes sociais criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, após a divulgação de uma entrevista do chefe da autoridade monetária em que ele defende a terceirização da gestão de ativos brasileiros. Hoje, o BC é responsável pela gestão das reservas internacionais brasileiras, na casa de US$ 380 bilhões. A entrevista foi concedida à multinacional de investimentos BlackRock em 13 de junho e veiculada na tarde desta quinta-feira (20). Campos Neto vem sendo acusado de sabotar a economia brasileira com a maior taxa de juros real do mundo. 

"Campos Neto perdeu a vergonha", repreendeu Lindbergh. O parlamentar lembrou que também nesta semana Campos Neto tentou impedir os diretores do Banco Central de conceder entrevistas. "Na mesma semana em que tentou censurar os diretores do BC, ele aparece em entrevista à BlackRock dizendo que planeja dar a gestores privados a administração das reservas internacionais do Brasil. Chega de sabotagem. Fora, Campos Neto!", cobrou. 

 

ENTENDA - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira que a autoridade monetária está aberta a colocar parte do seu total de ativos sob uma gestão terceirizada, com o objetivo de expandir diferentes classes de ativos na carteira da autarquia.

"A gente está aberto a essa terceirização, gestão externa vamos dizer... Hoje a grande parte da gestão não é terceirzada, mas a gente está aberto a fazer isso nessa área, principalmente, porque a gente está olhando agora para novas classes de ativos", afirmou ele, em entrevista gravada à BlackRock Brasil. A entrevista à multinacional de investimentos foi gravada por Campos Neto em 13 de junho e veiculada na tarde desta quinta-feira.

Campos Neto explicou que o BC já teve um programa de gestão terceirizada anteriormente, mas que ele não foi retomado desde que acabou, pois seria mais vantajoso para a autarquia manter algumas operações dentro do seu próprio sistema.

"A gente entendeu que alguns programas de gestão terceirizada a gente podia fazer dentro do Banco Central, e isso ia gerar uma sinergia positiva, porque o pessoal da equipe operacional do Banco Central ia aprender sobre ativos e aprender sobre ativos ajuda muito a atividade do dia a dia do Banco Central", disse.

O presidente do BC explicou que a gestão terceirizada funciona como um ciclo em que ativos são constantemente incluídos e retirados do modelo, conforme a equipe da autarquia se familiariza com o processo de gestão de novos ativos.

"A gente, outro dia, comentou de pensar em algumas classes de ativos que a gente não opera ainda, fazer... sempre tentando aprender o máximo sobre o maior número de ativos dentro dos critérios que eu mencionei anteriormente, que é a preservação de capital e governança e sustentabilidade", afirmou.

O presidente do BC já vem sendo pressionado por analistas, políticos e uma parte da sociedade civil a baixar a Selic, taxa básica de juros, atualmente em 13,75%. Com a porcentagem alta, o crédito fica mais caro, e prejudica o consumo. O dirigente Campos Neto argumenta que é preciso manter o percentual para segurar a inflação. Quando os juros sobem, as pessoas têm menos dinheiro para gastar, e a inflação diminui ou para de subir.

Mas a Selic serve para controlar valores de produtos quando a inflação está alta por conta da demanda (geração de empregos formais) - neste caso, as pessoas têm mais dinheiro para consumir, a inflação aumenta, e o BC sobe os juros para segurar o índice inflacionário. No contexto atual, os preços já vêm caindo, a informalidade ainda é alta, e as pessoas precisam de mais facilidade ao crédito para aumentar o consumo, e estimular o crescimento econômico. 

Nesta quinta (20), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a cobrar do presidente do BC a redução da taxa de juros. Nos dias 1 e 2 de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) fará sua próxima reunião para decidir sobre o percentual da Selic.