MANCHETES DE DOMINGO. Resumo de notícias.
Resumo dos melhores veículos de comunicação do país
MANCHETES DE DOMINGO
Resumo dos mais renomados veículos de comunicação
Editado por Chico Bruno
Manchetes
FOLHA DE S.PAULO: Saúde negou Pfizer 3 vezes e perdeu 3 milhões de doses
CORREIO BRAZILIENSE: Pandemia deixa rastro de pobreza no Brasil
O ESTADO DE S.PAULO: Na contramão do mundo, Brasil tem maior alta de mortes por covid
O GLOBO: Falência múltipla: da UPA à UTI, serviço à população colapsa
Resumo de manchetes
A manchete da Folha revela que o governo brasileiro rejeitou no ano passado três ofertas da farmacêutica Pfizer, deixando de obter ao menos 3 milhões de doses em meio à escassez de vacinas contra a Covid-19. O volume, que era previsto até fevereiro, é equivalente a cerca de 20% das doses já distribuídas no país até agora. O Correio em sua manchete informa que diante da forte contração da economia no ano passado, 2021 começou com pelo menos 27 milhões de brasileiros na miséria – 12,8% da população. A manchete do Estadão revela que, dos dez países com maior incidência de mortes por corona vírus, oito registraram queda na média móvel de novos óbitos, já a média brasileira subiu 30,5%, passando de 1.037 mortes diárias em 18 de fevereiro para 1.353 na última sexta-feira. O único outro país da lista que registrou alta foi a Índia, mas em ritmo menor (8,9%). A manchete de O Globo reporta que na semana mais mortal da pandemia, do norte ao sul do país, o cuidado ultrapassou o limite, com caos na triagem, enfermeiros e médicos exaustos e falta de leitos, medicamentos e suprimentos. Mesmo no resultado trágico, há uma escassez: as sepulturas estão faltando e, sem funerárias, os corpos são deixados em contêineres. UPAs operando como hospitais. Pais que usam os tribunais para obter internação.
Notícia do dia: Em meio ao agravamento da pandemia de Covid-19 e à insuficiência de ações concretas do governo federal, governadores dos 26 estados e do Distrito Federal vêm procurando marcar diferenças em relação ao presidente Jair Bolsonaro. Além da formação de um consórcio para a compra da Sputnik V, anunciada na última semana, os chefes dos Executivos estaduais cogitam ir diretamente a entidades internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), para garantir prioridade ao Brasil no envio de outros imunizantes. Eles também articulam o estabelecimento de critérios unificados, com base em indicadores como lotação de leitos de UTI, para adoção de medidas restritivas em cada estado. O distanciamento do presidente, ainda que em diferentes escalas, inclui tradicionais aliados, como os governadores Cláudio Castro (Rio), Ronaldo Caiado (Goiás) e Ratinho Júnior (Paraná), que assinaram, na semana passada, uma carta com críticas a Bolsonaro.
Notícias de primeiras páginas
Só Lula supera Bolsonaro em potencial de voto - Em pesquisa de opinião que mede o potencial de voto de dez possíveis candidatos nas eleições presidenciais de 2022, apenas o ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva demonstra ter mais capital político que o atual ocupante do Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro. No levantamento, feito pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), novo instituto de pesquisas da estatística Márcia Cavallari (ex-Ibope), 50% dos entrevistados disseram que votariam com certeza ou poderiam votar em Lula se ele se candidatasse novamente à Presidência, e 44% afirmaram que não o escolheriam de jeito nenhum. Bolsonaro aparece com 12 pontos porcentuais a menos no potencial de voto (38%), e 12 a mais na rejeição (56%). Não se trata de levantamento que avalia um possível confronto entre Lula, Bolsonaro ou outros concorrentes. Enquanto uma pesquisa de intenção de voto mostra como está a corrida eleitoral, a de potencial busca medir o piso e o teto de aceitação de cada um dos possíveis candidatos. Há outro fator determinante no caso do petista: Lula está impedido pela Lei da Ficha Limpa de concorrer em 2022, pois tem condenações penais proferidas por órgão colegiado. Seus advogados têm buscado anular as sentenças que envolvem imóveis em Guarujá e Atibaia, mas, em entrevistas recentes, ele negou a intenção de se candidatar. Na pesquisa de potencial, em vez de apresentar uma lista de candidatos e pedir ao entrevistado que aponte seu preferido, o instituto cita o nome de cada possível concorrente e pergunta se o eleitor votaria nele com certeza, se poderia votar, se não votaria de jeito nenhum ou se não o conhece suficientemente para responder. A soma das duas primeiras respostas – “votaria com certeza” e “poderia votar” – é o potencial de votos. Atrás de Lula e Bolsonaro no ranking de potencial de voto estão Sérgio Moro (31%), Luciano Huck (28%), Fernando Haddad (27%), Ciro Gomes (25%), Marina Silva (21%), Luiz Henrique Mandetta (15%), João Doria (15%) e Guilherme Boulos (10%). O Ipec ouviu 2.002 pessoas em 143 municípios do País. O levantamento foi realizado entre os dias 19 e 23 de fevereiro e a margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos.
A força do lockdown - Com o número de mortes diárias por covid-19 aproximando-se de 2 mil e a escassez de leitos nas unidades de terapia intensiva (UTIs), várias cidades brasileiras e o Distrito Federal determinaram o fechamento de diversos tipos de estabelecimentos nas últimas semanas. A medida extrema, defendida por epidemiologistas em situações como a que o Brasil enfrenta, é contestada por parte da população, como um grupo que saiu às ruas do DF, na sexta-feira, com cartazes em que diziam que “lockdown não funciona”. Contudo, a ciência desmente essa afirmação. Estudos baseados nas experiências de países que endureceram as normas de distanciamento social mostram que o lockdown evita contágios e milhares de mortes em potencial. Porém, os cientistas também ressaltam que de nada adianta fechar comércio e escolas sem que outras ações sejam adotadas em conjunto, como a testagem em massa e, do ponto de vista individual, o respeito ao uso de máscaras e a outras medidas sanitárias. Os resultados positivos também dependem do nível de adesão populacional.
Paraguai em crise por gestão da covid - No segundo dia de protestos em Assunção, o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, destituiu três ministros, na tentativa de conter a ira da população. O mandatário, que, mais cedo, havia pedido que os integrantes do Gabinete colocassem os cargos à disposição, anunciou na noite de ontem a demissão de Eduardo Petta (Educação), Ernesto Villamayor (chefe de Gabinete) e Nilda Romero (Mulher). Com média de 1.173 casos novos de covid-19 na semana passada, o país está em crise. A população reclama da forma como o governo administra a pandemia: faltam medicamentos, vacinas e vagas nas UTIs, em meio a denúncias de corrupção. O ministro da Saúde, Julio Mazzoleni, renunciou na última sexta-feira, quando confrontos entre manifestantes e policiais deixaram 21 feridos e um morto. Ontem, nas ruas da capital, jovens carregavam cartazes com dizeres como “Não mais presidentes corruptos” e denunciavam a violência policial do dia anterior. Em um comunicado, a Igreja Católica paraguaia pediu que o governo atendesse os anseios dos manifestantes. “Pedimos que se escute a legítima indignação da população (…). Os cidadãos pedem gestos, ações e, sobretudo, resultados na gestão pública com a provisão de equipamentos, insumos e medicamentos necessários para fazer frente às necessidades prioritárias da população afetada pela enfermidade”, diz o texto, assinado pela Conferência Episcopal. Com 7 milhões de habitantes, o Paraguai registra 3,2 mil mortes por covid, o equivalente a 23 óbitos por 100 mil. Ontem, o jornal mais influente do país, o ABC, publicou um duro editorial criticando o governo. “O Dr. Mazzoleni, que acreditamos ser uma pessoa honesta, foi derrotado pelos velhos flagelos da administração pública: a corrupção e a ineficiência são tão letais quanto a covid-19”. O texto também fala em “ineficácia e corrupção” e cita “negligência e incapacidade” para explicar o atraso do país em adquirir vacinas.
Pico de Covid não faz crescer medo entre a população - Mesmo neste momento, o mais agudo da pandemia de Covid-19 no país até agora, com recorde de casos e de mortes diárias e num estágio em que quase todo mundo conhece alguém que morreu por causa da doença, proliferam comportamentos que atentam contra a própria chance de sobrevivência. Máscaras são deixadas no queixo, no bolso ou em casa, visitas a amigos ou familiares ganham espaço na agenda e bailes e festas clandestinas atraem pessoas, apesar da orientação estrita para que aglomerações sejam evitadas. Nem imagens e relatos de pessoas padecendo em UTIs, muitas vezes intubadas e sujeitas a complicações como sepse e sequelas neurológicas, conseguem inibir completamente essas atitudes. A psicóloga e professora da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) Katie Almondes explica que há uma espécie de turvação no prisma pelo qual as pessoas enxergam e assimilam os benefícios de seguirem as normas recomendadas por especialistas e entidades de saúde. A mesma confusão se dá na percepção de eventuais pontos negativos para a adoção da conduta correta.
Bolsonaro multiplica por 10 militares à frente de estatais - Quando o general Joaquim Silva e Luna assumir a presidência da Petrobras, o número de militares na cúpula das maiores estatais com participação da União consolidará uma marca história. Serão 92 cargos de comando ocupados por representantes das Forças Armadas, inclusive no conselho de administração. Como Luna deve levar auxiliares militares, o número será maior, aproximando o efetivo da marca de uma centena. Nesses pouco mais de dois anos, o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) multiplicou por dez o número de militares na alta gestão de boa parte das estatais. Em 2018, quando Michel Temer encerrou sua gestão, eram nove cargos de comando com militares. Os dados consideram a estrutura no topo das 19 estatais vinculadas à União, incluindo as com maior peso, Petrobras e Eletrobras. O levantamento foi obtido pela Folha por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação). A apuração foi reforçada por coletas complementares nos sites dessas empresas ou repassadas por suas assessorias de imprensa. Na lista também estão estatais como Correios, Serpro, Infraero e Casa da Moeda. Josué Pellegrini, diretor da IFI (Instituição Fiscal Independente) do Senado, tem estudos sobre o tamanho do Estado na economia e a situação financeira de empresas públicas. Ele afirma que é preciso entender a estrutura das estatais brasileiras para dimensionar o tamanho do poder de influência de um comando. No mês passado, um levantamento da Folha mostrou que, das 46 estatais controladas diretamente pela União, 15 são presididas por militares no governo de Jair Bolsonaro. O general Joaquim Silva e Luna será o 16º. Essas chefias têm efeito multiplicador sobre o efetivo egresso da farda. Luna, por exemplo, atualmente é diretor-geral da Itaipu Binacional. Em seus dois anos à frente da empresa, ele escalou militares para cargos de confiança. Hoje tem 20 em sua equipe; entre eles, 4 dos 6 diretores de Itaipu. Segundo especialistas, essa militarização no Estado brasileiro é atípica. Doutor em ciência política pela Universidade de Chicago (EUA) e professor titular do departamento de ciência política da Universidade Federal de Pernambuco, Jorge Zaverucha afirma desconhecer outra democracia no mundo que tenha essa quantidade de militar no aparato do Estado. O professor afirma que, historicamente, a redemocratização é acompanhada da desmilitarização da política. Mas, no Brasil, está ocorrendo uma inversão da lógica. “Os civis estão entregando poder para os militares”, diz. “Colocar é fácil, mas há um preço para tirar.”
'Nós vamos resistir às Damares' - Militante feminista desde antes de entrar na política, Marta Suplicy, 75, vê o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) como o revés mais violento para os direitos das mulheres na história recente do Brasil. "Não importa o quanto resistam ao empoderamento feminino, as mulheres têm uma palavra: resiliência. Nós vamos resistir às Damares", diz ela à Folha, citando a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves. Hoje secretária de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, a ex-prefeita, ex-ministra e ex-senadora falou, na primeira entrevista depois da reeleição de Bruno Covas (PSDB), sobre seu apoio ao tucano e sua obsessiva ideia de formar uma frente ampla contra Bolsonaro. Ela defende que o ex-presidente Lula (PT), de quem foi colega de partido, deixe de lado o isolamento político e se una a outros nomes do campo democrático para derrotar o bolsonarismo em 2022. Marta, que deixou o PT em 2015, após 33 anos, flertou com outros postulantes a prefeito da capital no ano passado, mas acabou fechando apoio a Covas, por considerá-lo "o candidato que melhor incorporou a frente ampla". Depois de passar por MDB e Solidariedade, ela hoje está sem partido.
Queda na renda torna ovo prato principal - Frito, mexido, poché. Não importa a receita, o ovo aparece como protagonista em muitas refeições durante a pandemia. Não foi por questão de saúde, mas financeira. Uma combinação de inflação das carnes e queda da renda conferiu um novo status a essa fonte de proteína. Segundo Ricardo Santin, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), o setor cresce nos últimos dez anos puxado principalmente por um trabalho de desmistificação desse alimento. Vilão do colesterol nos anos 1990 e 2000, o ovo agora é apontado como um regenerador da estrutura física, capaz de retardar o envelhecimento. “Fizemos uma campanha forte de esclarecimento, e tivemos no último ano um impulso com a alta no preço da carne”, afirma. Em relação a 2010, o consumo de ovos per capita subiu 69,5%, para 251 unidades no ano passado. Ante 2019, o crescimento foi de 9,1%. Na outra ponta, o produtor comemora, mas com ressalvas. Aumentos nas cotações de farelo de soja e outros insumos pressionam o custo de produção e encarecem o alimento que precisa ser uma alternativa mais barata. Resultado: desde a chegada do coronavírus no país, o ovo bate recordes de preços.
Com auxílio, presunto entrou na mesa dos mais pobres - Presunto e apresuntados passaram a ser consumidos por 8,5 milhões de famílias das classes D e E em suas casas no ano passado. A mudança é atribuída à pandemia e ao auxílio emergencial. Em 2020, o volume geral de itens consumidos nos domicílios cresceu 4%. Entre os mais pobres, alta foi de 8%. Valor foi o dobro do índice médio de crescimento de todas as faixas de renda no País, segundo pesquisa de consultoria; famílias tiveram mais acesso a produtos como presunto e empanados; mas ganho é considerado transitório e ameaça não se repetir neste ano.
‘Nunca quis ser mito’ - Havia dezenas de presidentes de empresas na reunião virtual. Era dia 1º de fevereiro e o Brasil começava a aplicar as primeiras doses da vacina contra o novo coronavírus. O horizonte, no entanto, permanecia nebuloso: a velocidade com que o país seria vacinado era (e, infelizmente, ainda é) imprevisível. Enquanto os empresários lamentavam demissões, caixas negativos e lojas fechadas, Luiza Helena Trajano, com a simplicidade que lhe é habitual, tomou a palavra. “A única solução para a economia é a vacinação. Temos que trabalhar muito forte para isso”, disse. O convite aos líderes de 73 empresas do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (que reúne gigantes como Avon, Boticário, Renner e seu Magalu) estava feito — e foi prontamente aceito. O mesmo aconteceu no grupo Mulheres do Brasil, que reúne 75 mil mulheres sob a batuta de Luiza. Com a aliança selada, ela decidiu entrar em contato com o governo federal. O passo seguinte foi marcar uma reunião com o ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, e presidentes de grandes empresas brasileiras, como Paulo Kakinoff, da Gol, e Walter Schalka, da Suzano. “Nossa ideia era somar. Fomos oferecer ajuda”, ressalta a empresária à ELA, em uma conversa por chamada de vídeo, no fim de fevereiro. Nascia assim o Unidos Pela Vacina, movimento que se propõe a ajudar a vacinar o Brasil todo até setembro. Um mês depois do primeiro encontro, o Unidos Pela Vacina já contava com os aviões para o transporte das vacinas, frigoríficos para armazená-las, caminhões refrigerados e laboratórios farmacêuticos interessados em produzi-las. “Uma indústria que tem cem fábricas no país ofereceu seus funcionários da saúde e os pátios para vacinar”, conta Sonia Hess, amiga de Luiza Helena, vice-presidente do Mulheres do Brasil e uma das envolvidas no movimento, que inclui também apoio aos governos estaduais e a prefeituras. “O prefeito de Serrana (município onde o governo paulista tem o projeto piloto de imunizar toda a população) me ligou pedindo ar-condicionado para vacinar as pessoas nas escolas”, relata Luiza. Três dias depois, 12 aparelhos foram enviados para a cidade. Também há esforços dirigidos à falta de doses. “No fim de fevereiro, uma equipe especializada em comércio internacional foi a Brasília para dar consultoria às autoridades responsáveis”, diz Marcelo Silva, presidente do Instituto de Desenvolvimento do Varejo, que faz o contato com o governo federal. Além disso, o grupo está mapeando a estrutura dos 5.568 municípios brasileiros. “Cada prefeito está respondendo se tem a geladeira necessária, as seringas”, conta Luiza Helena. “Teremos o mapeamento completo.”
Destaques
De olho em 'forasteiros', PSB renova programa - Com vistas à eleição presidencial de 2022, o PSB iniciou um redesenho de seu programa partidário para retirar do texto pontos de defesa da implementação do socialismo considerados obsoletos e fora da realidade atual. A ideia é que a lenda assuma princípios mais próximos da social- democracia. Para a próxima corrida ao Palácio do Planalto, a sigla busca atrair um candidato de fora do mundo da política para encabeçar a chapa, como a empresária Luiza Trajano ou o apresentador Luciano Huck. Um dos pontos do programa diz que o "objetivo do partido, no campo econômico, é a transformação da estrutura da sociedade, incluindo a socialização gradual e progressiva dos meios de produção, que buscará realizar na medida em que as condições do país a exijam". - Não faz mais sentido nesta altura dos acontecimentos falar sobre socialização dos meios de produção. Isso é anacrônico e não corresponde ao nosso pensamento atual", afirma o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira. Fundado em 1947, o Partido Socialista Brasileiro foi extinto pela ditadura militar. Refundado em 1985, após a redemocratização, adotou o programa original. Em 2014, quando lançou uma candidatura liderada por Eduardo Campos, o partido enfrentou questionamentos nas redes sociais devido aos textos de seu programa e seu manifesto. Campos, que defendia propostas liberais como a autonomia do Banco Central, chegou a prometer rever publicações para remover referências ao socialismo, mas isso acabou não acontecendo.
Agora com Bolsonaro, Valdemar reassume PL - Longe dos holofotes, mas próximo ao poder, Valdemar Costa Neto assumiu a presidência do PL sem alarde e liderou a aproximação do partido com o presidente Jair Bolsonaro — a sigla emplacou nomes na presidência do Banco do Nordeste e na diretoria do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O objetivo de estimular o crescimento da legenda já começou a ser alcançado: de dois senadores eleitos em 2018, agora são quatro, com a filiação de Romario (RJ) na semana passada; na Câmara, os 33 deputados viraram 42 anos, o que garante o posto de maior bancada do Centrão, à frente do PP, do Presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). A Discrição, tônica do comportamento desde que foi condenado a sete anos e dez meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no mensalão, também é acompanhado pela capacidade de antecipar movimentos políticos — hoje com Bolsonaro , Valdemar era aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Recentemente, ao contrário de uma parte da bancada da Câmara, que preferiu apoiar o nome indicado por Rodrigo Maia (DEM-RJ), que comandava a Câmara na época, Valdemar determinou o apoio da legenda à candidatura de Lira, o favorito do Palácio do Planalto. O deputado alagoano saiu vitorioso e o PL foi recompensado com a primeira vice-presidência da Câmara. O escolhido por Valdemar para representar o partido foi Marcelo Ramos (PL-AM), um dos anteriormente ligados a Maia.
Ministro repudia omissão de cartório - O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse neste sábado ao Estadão que é “condenável” e “muito ruim em termos de avanço cultural” a atitude do cartório onde o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) registrou a compra de uma casa de R$ 6 milhões em Brasília. Conforme revelou o Estadão, o cartório escondeu informações da escritura pública do imóvel, documento com os dados do negócio que deveria ser acessível a qualquer pessoa que o solicitar. O ato, do 4.º Ofício de Notas do Distrito Federal, contraria a prática adotada em todo o País e representa tratamento diferenciado ao filho do presidente Jair Bolsonaro, segundo especialistas consultados pela reportagem. “É tudo muito ruim em termos de avanço cultural. A boa política pagou um preço incrível, abandonando a transparência e a publicidade. Algo condenável a todos os títulos”, afirmou Marco Aurélio Mello. Na cópia da escritura obtida pela reportagem no cartório, foram omitidas informações como os números dos documentos de identidade, CPF e CNPJ de partes envolvidas, bem como a renda de Flávio e da mulher, a dentista Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro. Marco Aurélio Mello questionou a atitude do senador, de optar por um cartório em Brazlândia, região administrativa localizada a 45 km do centro de Brasília. “É estranho que não se tenha feito a escritura num cartório de notas aqui do centro, ou seja, de Brasília propriamente dita”, comentou. Ministros de tribunais superiores ouvidos reservadamente pela reportagem também condenaram a atitude do cartório.
Vídeo retirado do ar no YouTube - O Youtube retirou ontem um vídeo da deputada federal Bia Kicis (PSLDF) com desinformações sobre a covid-19. Aliada de Jair Bolsonaro, ela deve assumir a Comissão de Constituição e Justiça nesta semana.
OAB debate falta de gestão - O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, convocará, na próxima terça-feira, uma reunião extraordinária do conselho pleno, a partir das 9h, para discutir as omissões e a falta de gestão do governo do presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia do novo coronavírus. Em janeiro, o conselho da instituição denunciou o Poder Executivo à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA), por omissão na crise sanitária. Em petição assinada por Santa Cruz, a ordem afirmou que o governo federal violou artigos da Convenção Americana de Direitos Humanos. A próxima reunião do colegiado estava prevista para o dia 17, mas o encontro foi antecipado diante dos pedidos da cúpula da OAB para pautar o assunto. “As atitudes do presidente da República, entre outros funcionários do alto escalão do Executivo diretamente a ele subordinados, atentam contra os direitos humanos mais básicos, colocando em risco a integridade física e a vida de todos os cidadãos brasileiros. Conclui-se, assim, que o Estado brasileiro tem agido contra a sua população”, diz o documento da OAB entregue à comissão da OEA. Desde a redemocratização, a ordem pediu a cassação dos ex-presidentes Fernando Collor, Dilma Rousseff e Michel Temer. Um eventual pedido de impeachment de Bolsonaro se somaria aos mais de 60 requerimentos entregues à Câmara dos Deputados desde o início do mandato do atual presidente, em janeiro de 2019.
Saíram os “elefantes”, mas ficaram os “jabutis” - Alguns deputados que aproveitaram o fim de semana de lockdown para estudar a PEC Emergencial já encontraram vários pontos com dificuldades de aprovação no plenário da Câmara. Um dos pontos é o dispositivo que congela a valores de 2019 os repasses aos fundos de desenvolvimento do Nordeste, Norte e Centro-Oeste e o que revoga o artigo 91 das Disposições Transitórias, que havia sido regulamentado pela Câmara recentemente. “São itens que prejudicam os estados”, diz o deputado Hildo Rocha (MDB-MA), referindo-se ao congelamento do repasse de “impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste”. Quanto ao artigo 91, que também se refere à transferência obrigatória de recursos para os estados, Rocha procurou os consultores da Câmara para saber o que será feito da lei que regulamentou o artigo. Na avaliação de muitos, perderá a validade. “O Senado tirou os elefantes da PEC, como a desvinculação de recursos da educação. Mas manteve muito jabuti escondido”, conclui o deputado, referindo-se ao emaranhado de incisos constitucionais, caputs e alíneas citados no confuso texto da PEC.
Nova ação contra Bolsonaro - Procuradores da República viram nas declarações recentes do presidente Jair Bolsonaro uma brecha para que ele seja chamado a responder na Justiça por omissão. É que, ao mencionar que tem um plano pronto para aplicar, mas não o fez, ele pode ser acusado de omissão. O presidente disse que aplicaria o plano se o Supremo Tribunal Federal permitisse. Como o STF já disse que nunca o proibiu de cuidar da tragédia da covid-19 no país, essa questão pode se agravar nos tribunais, onde, aliás, já existem processos contra o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
PF sugere falta de ímpeto da PGR - O inquérito dos atos democráticos virou palco de atrito entre a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República. O último desentendimento, exposto nos papéis, girou em torno do pedido, revelado pelo Painel, da autoridade policial de busca e apreensão na casa de Fabio Wajngarten, ainda secretário do governo Bolsonaro, e na Secretaria de Comunicação. A PGR se manifestou contra a medida, e a PF sugeriu falta de coerência do órgão e ausência no ímpeto demonstrado no início da apuração. O argumento da PF se refere ao fato de a PGR ter solicitado dias antes buscas contra deputados, ativistas, jornalistas e apoiadores do presidente, mas ter sido contra as ações na Secom e em cima de Wajngarten. A leitura na polícia é a de que a procuradoria diminuiu o ritmo pela proximidade dos alvos com o Palácio do Planalto. Agora, a disputa nos bastidores é sobre o relatório entregue pela PF em dezembro com o resumo das diligências. A PGR entende que a delegada não encontrou provas dos crimes investigados. A polícia entende que não avançou sobre uma parte, até por falta de apoio da procuradoria, e que há outros elementos a serem investigados. Como mostrou a Folha, a procuradoria busca saídas para a investigação dos atos antidemocráticos.
Governador do RS vira alvo de bolsonaristas - O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), virou alvo de bolsonaristas nas redes sociais por causa das medidas restritivas tomadas para frear o avanço da Covid-19. No último decreto sobre o tema, o governo estadual decidiu proibir a venda de itens “não essenciais” em supermercados e outros comércios cujo funcionamento está autorizado. De acordo com o texto, são considerados produtos essenciais “os bens relacionados à alimentação, à saúde e à higiene da população”. Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) disse em seu Twitter que não “há nada ruim que não possa piorar” e chamou o governador de “exterminador de empregos”. Seu irmão, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), afirmou em suas redes que quem pretende decidir o que é ou não essencial no mercado “só pode estar com sérios problemas”. Felipe Pedri, secretário de comunicação institucional do governo federal, também se manifestou. Segundo ele, a “pretensão de destruir a dignidade” dos gaúchos “jamais será esquecida”. O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, atualmente diretor do Banco Mundial, tuitou que “liberdade não se compra no supermercado”, mas se “conquista nas ruas”.
Marcelo Freixo é cortejado por Ciro e Lupi - Ciro Gomes e o presidente do PDT, Carlos Lupi, compartilharam em suas redes sociais uma postagem em que Marcelo Freixo (PSOL-RJ) critica a condução do combate à pandemia por Jair Bolsonaro. O deputado está sendo cortejado pelo PDT, mas também por PT e PCdoB. Freixo diz que seu foco é buscar a unidade do campo progressista. “Todos entendem que 2022 será muito decisivo para o futuro do país. O Rio de Janeiro passa por um momento muito grave. Acho que entendem que tenho um papel importante no Rio”, afirma ao Painel.
Filhos de Bolsonaro saem das sombras - A vitória de aliados de Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara e no Senado deu segurança para que os filhos do presidente deixassem as sombras do Congresso e voltassem a articular abertamente assuntos de interesse do Planalto. Com a lista de prioridades do governo entregue aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), os dois filhos de Bolsonaro eleitos para o Congresso, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), passaram a impulsionar, nos bastidores, a agenda do pai. Para aliados do governo, a atuação deles não é um problema. “O deputado Eduardo Bolsonaro e senador Flávio têm juntos quase 7 milhões de votos é natural que tenham influência”, afirma o líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO). Opositores, porém, temem que a interferência acelere a tramitação de propostas conservadoras.
Trem da alegria do Senado completa 36 anos - O processo que questiona o maior trem da alegria da história do Senado, que efetivou 1.554 pessoas aos quadros da gráfica da Casa sem concurso público, está em tramitação na Justiça há 36 anos. Em 2021, completam-se oito anos de sua paralisação. A medida do Legislativo, de dezembro de 1984, beneficiou diversos filhos e auxiliares da elite política da época. O caso é visto como um símbolo da morosidade do Judiciário brasileiro. O autor da ação já morreu. A maioria dos funcionários efetivados se aposentou. O processo, porém, não está nem perto de terminar. O ato foi assinado pelo então presidente do Senado, Moacyr Dalla (ES), às vésperas do recesso parlamentar daquele ano, e transformou funcionários celetistas em estatutários. O ato não passou nem pelo plenário. O atual advogado da causa, Pedro Calmon Filho, decidiu acionar o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) na tentativa de destravar o processo. Ele defende o fim do benefício. Calmon Filho afirma que praticamente todos os beneficiados passaram a ganhar salários superiores a R$ 30 mil. Segundo ele, somados, geraram um prejuízo superior a R$ 20 bilhões desde a efetivação. Advogado da causa, Calmon Filho afirma que o ex-juiz Jonas Candeia apresentou a ação e tinha como advogado seu pai, Pedro Calmon, hoje com 82 anos. Candeia já morreu. "Já pedimos preferência de julgamento por ele ser idoso, é um dos processos mais antigos da Justiça Federal de Brasília, mas nunca entra na pauta. Hoje a causa é uma homenagem ao meu pai, que a vida inteira trabalhou com isso. Está cansado, um pouco doente, talvez nem veja o processo solucionado." Ele afirma que estimativa do próprio CNJ aponta que o tempo médio de tramitação de ações no TRF-1 é de oito anos e que, portanto, na sua avaliação, o processo deveria ter sido julgado pela corte em 1993. Calmon Filho estima, no entanto, que a ação não transitará em julgado antes de 2030. "Mesmo que o tribunal de segunda instância resolva neste ano, com todos os recursos disponíveis na Justiça, duvido que dure menos de nove antes para ser encerrado definitivamente."
Líderes tucanos unificam discurso em favor da vida - A postura de Jair Bolsonaro na pandemia conseguiu unificar críticas de tucanos de diferentes gerações e trajetórias políticas, algo raro em se tratando de PSDB. “O responsável por este trágico momento que já produziu 263 mil mortos no Brasil é Jair Bolsonaro, com seu negacionismo, mentiras, omissões e incompetências”, diz João Doria. “O presidente joga brasileiros para a morte ao incentivar aglomerações e o não uso da máscara”, diz Eduardo Leite. “Bolsonaro parece viver realidade paralela e não ter nenhum apreço pela vida alheia”, diz José Serra. Doria, Leite e Serra falaram com exclusividade à Coluna. “O presidente se comporta e faz declarações de formas tão grosseiras e descabidas que parece ignorar as responsabilidades e o decoro que exigem o cargo de chefe de Estado”, disse o experiente senador por São Paulo e ex-ministro da Saúde de FHC. “A mente bolsonarista já é muito difícil de entender, mas impossível de entender mesmo é o coração. Porque é de uma insensibilidade, de uma desumanidade absurda”, desabafou o jovem governador do Rio Grande do Sul. “Estamos diante de um colapso da Saúde Pública e à beira de uma catástrofe humanitária sem precedentes”, afirma o governador de São Paulo. Sobre Bolsonaro culpar os governadores pela crise econômica, Leite diz: “Que governadores são esses tão poderosos para gerar problemas econômicos mundiais? É só confronto político para sustentar uma narrativa: morra quem morrer. Isso é lamentável”. Procurado pela Coluna, o Palácio do Planalto não quis comentar as declarações dos tucanos.
Mimimi? - Monitoramento feito pela Vox Radar para o PSDB mostrou o impacto negativo nas redes sociais sobre as recentes declarações de Jair Bolsonaro minimizando a covid-19 e atacando os defensores da vacina: 62,1% desaprovaram.
Sem distância - Na pequena Tianguá (CE), com menos de 70 mil habitantes, foram confirmados 141 novos casos de covid-19 na última semana. Jair Bolsonaro esteve no município dia 26, sem máscara, causando aglomerações. Na semana anterior à visita presidencial, foram 90 casos confirmados. O Ministério Público pediu à PGR abertura de investigação contra Bolsonaro por crime contra a saúde pública. À Coluna, o prefeito de Tianguá, Luiz Menezes de Lima, disse que o aumento nos casos de covid-19 no município na última semana são “coincidência” e não tem a ver com a aglomeração provocada por Bolsonaro. Lima, que participou da cerimônia com Bolsonaro, disse que não poderia ter feito diferente, por se tratar do presidente. O aumento no número de casos atribuiu ao fato de ser uma cidade cortada por uma BR, com maior circulação de pessoas. Há ocupação de 100% dos dez leitos de UTI no hospital da cidade – mas Lima diz que apenas dois são cidadãos de Tianguá.