Manchetes de domingo 10/10/2021 

Melhores informações periodísticas dos maiores jornais do Brasil

Manchetes de domingo 10/10/2021 

Editado por Chico Bruno

 

Manchetes de domingo 10/10/2021 

Melhores informações periodísticas dos maiores jornais do Brasil

 

O GLOBO – Grupos de aplicativo vendem de cédulas falsas a fuzil e drogas

 

Em crescimento exponencial no Brasil, o aplicativo russo de troca de mensagens Telegram não controla o que circula em seus domínios, permitindo a proliferação de práticas criminosas e a disseminação de fake news. Em três dias, O GLOBO conseguiu acessar conteúdo como pornografia infantil, vídeos de tortura e execução, apologia ao nazismo e comércio ilegal de armas, drogas, cédulas em grupos secretos que chegam a 200 mil participantes. O App, que não tem representação legal no país, é uma das principais fontes de preocupação de especialistas para as eleições de 2022.     

 

CORREIO BRAZILIENSE – Economia do DF dá sinais de recuperação

 

Pela primeira vez, desde o início da pandemia, o Índice de Desenvolvimento Econômico (Idecon-DF) registra crescimento de 3,8% nos primeiros seis meses de 2021, maior taxa desde 2012, ano em que o índice foi criado pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan). Mas o pesquisador Renato Coitinho alerta que, apesar do otimismo para 2022, não é possível fazer projeções certeiras. “Por causa da pandemia, é um cenário muito incerto”, diz. O setor que puxou o resultado positivo no último semestre foi o da indústria, com alta de 6,2%. O presidente da Fecomércio, José Aparecido, acredita que o próximo ano será de consolidação da retomada, e acrescenta: “Esperamos que o Natal deste ano impulsione uma recuperação ainda mais forte”.

 

O ESTADO DE S.PAULO – Em 2022, ao menos 14 governadores preveem reajuste para servidor

 

Com a proximidade do fim do veto a reajustes salariais de servidores, imposto pelo socorro federal concedido durante a pandemia, ao menos 14 governadores projetam recomposições inflacionárias ou aumentos reais para 2022, ano eleitoral. Parte deles já aprovou projetos que miram determinadas categorias, com destaque para professores e policiais. No ano que vem, 17 governadores poderão tentar a reeleição. Dois deles ao menos já declararam não ter interesse – os tucanos João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), que disputam entre si a vaga de presidenciável do PSDB. Ambos não preveem aumentos. Entre os demais, nove já anunciaram planos ou debatem a possibilidade, como Wilson Lima (PSC), do Amazonas, que planeja fazer o anúncio no Dia do Servidor, celebrado em 28 de outubro. Mas quando se trata de impacto financeiro, o Rio até agora é líder do ranking. Com o caixa reforçado após a venda da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), o governador Cláudio Castro (PSC), que assumiu o cargo após o impeachment de Wilson Witzel (PSC), vai ampliar o gasto com o funcionalismo público em R$ 6 bilhões pelos próximos três anos.

 

FOLHA DE S.PAULO – Brasil não deve voltar a ritmo pré-pandemia até o final de 2025

 

Brasil deve levar ao menos até o fim de 2025 – no cenário otimista – para retomar o ritmo econômico anterior à chegada da pandemia, no início do ano passado, mostram cálculos feitos pela coordenadora do Boletim Macro da FGV Ibre, Silvia Matos, a pedido da Folha. Tal quadro deixaria a atividade brasileira atrás do restante do G20, que em média deve recuperar o patamar anterior ao surgimento do novo coronavírus no último trimestre de 2022, estimou a OCDE em seu relatório mais recente para o grupo das maiores economias. O maior obstáculo para a retomada é a lenta recuperação do nível de emprego, muito abaixo do pré-Covid. Embora o PIB do Brasil se equipare ao do fim de 2019, a tendência é inferior ao momento anterior à crise, de crescimento médio trimestral de 0,45%. E a lacuna deve se alargar no próximo ano – para o qual se prevê um crescimento medíocre. Com o avanço médio de 0,1% desde o início de 2020, o país deve chegar a 0,2% no fim do ano e a 0,4% em 2022, precisando acelerar.     

 

A Notícia do Dia

 

Marcas próprias de supermercados tomam espaço das econômicas no varejo - Num ambiente de concorrência acirrada, a marca do próprio varejista tem sido a saída escolhida pelas redes de supermercados grandes e pequenas para fidelizar os clientes e preencher o espaço deixado pela redução da oferta de marcas econômicas ou taleban. As marcas próprias são mais em conta do que as líderes, mas não são tão baratas quanto as taleban. Levantamento realizado pela consultoria GS Ciência do Consumo, que acompanha as compras de 27 milhões de domicílios no País, mostra que, de janeiro a setembro deste ano, as vendas de marca própria cresceram 72,5% nos pães industrializados, 68% no arroz, 64% no café, 39% nas sopas e caldos, 24% nos legumes congelados, 14% no biscoito doce e 13% no macarrão, ante igual período de 2020. “De três anos para cá, as marcas próprias ganharam muita força e o que era privilégio das grandes redes passou a acontecer nas pequenas, empresas regionais com 10 a 15 lojas”, afirma Fernando Gibotti, presidente do conselho da consultoria. Com o crescimento das marcas próprias, ele explica que o espaço dentro dos supermercados ficou mais disputado financeiramente pelas indústrias. E esse foi outro motivo que tem dificultado o acesso de marcas econômicas às prateleiras de grandes varejistas.

 

Os destaques de primeira página e do editor

 

Bolsonaro deixa Mourão fora da COP 26 - O vice-presidente Hamilton Mourão ficou sem a desejada chefia da delegação brasileira que será despachada para a Cúpula do Clima (COP 26) das Nações Unidas, em Glasgow, na Escócia. O encontro ocorrerá nas duas primeiras semanas de novembro. Mourão havia pedido ao presidente para ser o representante máximo do País na conferência da ONU, mas não recebeu a missão. Em mais um sinal de desprestígio ao vice, Bolsonaro escalou o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, para a tarefa. “Eu vou ser o chefe da comitiva, como todo ano foi, junto ao Itamaraty nas negociações”, disse ontem o ministro Leite. “Estamos montando a comitiva, deve sair um decreto apresentando.” Comandar a delegação brasileira era um desejo explícito de Mourão. Em junho, o vice-presidente disse ao Estadão: “Na nossa delegação, temos a turma das Relações Exteriores e a turma técnica do Meio Ambiente. Teria de ter uma terceira pessoa que coordenasse isso e fosse o árbitro de nossos interlocutores. Procurei me apresentar para isso”. Mourão preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal, responsável por monitorar dados sobre o bioma e coordenar as ações de combate a incêndios florestais, mineração e desmatamento ilegais. Ele gerencia atividades de órgãos civis ligados ao Meio Ambiente e militares das Forças Armadas, quando mobilizados. Diplomatas consultados pela reportagem reconhecem que Mourão daria mais peso político à comitiva. Auxiliares do vice pontuaram que Bolsonaro chegou a cogitar assumir a chefia a delegação, com mobilização até da equipe de segurança institucional para uma viagem precursora, mas desistiu. O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, também não irá. Eles devem participar do G20, na Itália, e depois emendar viagens na Europa e no Oriente Médio, segundo diplomatas.

 

STF impõe limites a decreto de Bolsonaro - Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram, por unanimidade, em votação nesta sexta-feira, 8, limitar a capacidade da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) de solicitar informações indiscriminadamente a outros órgãos do governo. O resultado da votação restringiu a escopo do decreto assinado em 2020 pelo presidente Jair Bolsonaro, com o objetivo de ampliar as possibilidades de requisição de informações pelo órgão ligado ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI). A ministra Cármen Lúcia, relatora do caso, guiou o entendimento que foi seguido por todos os outros ministros ao definir que a Abin só pode solicitar dados e informações pertencentes aos órgãos componentes do Sistema Brasileiro de Inteligência quando houver interesse público comprovado no pedido. Em seu voto, a ministra Cármen Lúcia, relatora do caso, disse que "arapongagem é crime". Além disso, os ministros impuseram a necessidade de as solicitações serem submetidas ao “controle de legalidade” pelo Poder Judiciário. A decisão foi tomada durante a análise de uma ação movida pelo PSB em que o partido questiona a constitucionalidade do decreto de Bolsonaro que deu mais poderes à Abin. Os ministros chegaram ao consenso sobre a limitação da capacidade de requisição de informações pela agência durante o julgamento no plenário virtual da corte - plataforma em que os ministros depositam seus votos no decorrer de uma semana, sem discussões aprofundadas e longe dos holofotes. 

 

TSE vê elo de disparo em massa e Bolsonaro, mas punir é difícil - Integrantes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) veem conexões entre disparos em massa de WhatsApp durante a campanha de 2018 e a milícia digital ligada ao governo federal, mas a cassação da chapa de Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão é considerada pouco provável. Em 16 de setembro, o ministro Alexandre de Moraes compartilhou provas reunidas nos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos do Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes atendeu ao pedido do ministro Luis Felipe Salomão, corregedor-geral eleitoral que é o relator das duas ações de investigação judicial eleitoral (Aije) sobre o uso de disparos em massa de WhatsApp para distribuir notícias falsas em favor do então candidato Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018. Na percepção de integrantes da corte, não seria difícil demonstrar abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação, dois elementos necessários para uma decisão a favor da cassação da chapa. Mas isso não basta, pois seria preciso demonstrar que houve conduta de tal maneira grave que pode ter interferido no resultado. Dado que seria difícil demonstrar que o uso dos disparos em massa teve impacto suficiente para influenciar nas eleições, a possibilidade de cassação da chapa é considerada baixa. Além disso, na visão de integrantes da corte, não há condições políticas para uma decisão como essa.

 

Há 90 anos olhando pelo Rio - Um dos principais símbolos do País, o Cristo Redentor completa 90 anos nesta terça-feira, sob a expectativa de recuperar seu tradicional fluxo de visitantes, bastante afetado pela pandemia. Erguido a mais de 700 metros de altura em meio de uma floresta urbana, eleito uma das sete maravilhas do mundo moderno e considerado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade, o monumento ainda é um dos pontos turísticos mais procurados por quem visita o Rio. Eram quase 2 milhões de visitantes por ano até 2019 – mas o novo coronavírus fez esse número desabar. A construção do Cristo levou cinco anos para ser concluída e é considerada uma vitória da engenharia para a época. Primeiro, pelo desafio de erguer um monumento que pesa mais de 1.100 toneladas no alto do morro do Corcovado, a 709 metros do nível do mar. Depois, por fazer com que essa estátua de concreto armado e pedra-sabão com 30 metros de altura (além dos 8 de pedestal) suportasse os ventos, as chuvas e os raios por anos. 

 

Renan diz que CPI apontará 11 crimes do presidente - O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirma que seu texto final terá três personagens centrais: o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e seu braço-direito, o coronel Élcio Franco. Em relação ao chefe do Executivo, a quem chama "mercador da morte", afirma que está clara e comprovada a sua participação em crimes e que por isso não há dúvidas de que será responsabilizado. "Nós já temos a especificação de 11 crimes e vários agravantes", afirma em entrevista à Folha. A previsão é de leitura do relatório no dia 19 de outubro. O senador do MDB também acrescenta que cogita propor o indiciamento de filhos de Bolsonaro por suas ações com a negociação de vacinas contra a Covid-19, pela ligação com o caso Prevent Senior e com o gabinete paralelo. Além das tipificações que vêm sendo mencionadas para enquadrar os responsáveis —como prevaricação, crime contra a vida, charlatanismo e crimes de responsabilidade—, o relator afirma trabalhar com a hipótese de incluir nas sugestões de indiciamentos homicídio comissivo, quando é cometido por omissão.

 

Toffoli arquiva pedido para investigar Guedes - O ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), arquivou pedidos de investigação contra o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no caso das empresas mantidas por eles em paraísos fiscais. Toffoli extinguiu notícias-crime apresentadas contra Guedes pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e por um grupo de entidades encabeçadas pela Abed (Associação Brasileira de Economistas pela Democracia). As ações solicitavam que o STF pedisse à PGR (Procuradoria-Geral da República) a apuração do caso. O pedido de investigação apresentado pelo senador também abarcava Campos Neto. Normalmente, os membros da Suprema Corte encaminham esse tipo de representação para a PGR, mas Toffoli decidiu pelo arquivamento dos pedidos. Como justificativa, o ministro do STF disse que cabe exclusivamente ao procurador-geral da República o pedido de abertura de inquérito contra autoridades com foro por prerrogativa de função.

 

Escândalo de mídia derruba premiê da Áustria - O premiê conservador da Áustria, Sebastian Kurz, 35, anunciou sua renúncia ao cargo neste sábado (9), três dias após ser colocado sob investigação por suspeita de suborno e corrupção em um caso que envolve supostos pagamentos a um jornal austríaco em troca de cobertura favorável. Em um comunicado público televisionado, Kurz disse que estava propondo que o ministro das Relações Exteriores, Alexander Schallenberg, 52, um diplomata de carreira, fosse seu sucessor, e que planeja permanecer à frente do Partido Popular (OVP) e assumir como líder da sigla no Parlamento. O político justificou que “seria irresponsável” deixar o país em meio a um caos por denúncias que qualificou como falsas e que deseja, com a decisão, assegurar que a Áustria tenha estabilidade. "Admito que não é um passo fácil para mim, mas meu país é mais importante que minha pessoa, e o que ele precisa é de estabilidade", disse. Por trás da renúncia, está também a pressão exercida pelo Partido Verde, de esquerda, que formou uma coalizão inédita com os conservadores em janeiro de 2020. A sigla, que construiu sua campanha em torno da defesa de uma "política limpa", já havia dito que a investigação tornava Kurz inadequado para atuar como premiê e pedido que os conservadores nomeassem um sucessor.

 

Black Friday está ameaçada por crise dos contêineres - O consumidor na expectativa de realizar um sonho de consumo durante a Black Friday deste ano deve se preparar para encontrar preços mais altos. A maioria dos produtos mais procurados na data de promoções já acumula aumentos acima de 10% apenas em 2021. A elevação de preços ainda é reflexo das dificuldades com a importação de insumos, peças e produtos prontos. As dificuldades são transatlânticas –e tudo ficou mais caro. Nos fretes, os aumentos passam de 400%. A indústria está pagando atualmente US$ 10 mil (cerca de R$ 55 mil) pelo transporte de insumos em contêineres —e há quem relate ter precisado desembolsar US$ 30 mil (cerca de R$ 165 mil) —, quando antes da pandemia esse valor era no máximo US$ 2.000 (cerca de R$ 11 mil). Há ainda uma falta sem precedentes de contêineres, aumentando o tempo de percurso das linhas (o chamado transit time) e elevando as filas de espera. As peças e partes produzidas fora do Brasil, principalmente em países no leste asiático, também estão custando mais em dólar, num período em que o real acumula desvalorização. Desde janeiro, o dólar já subiu 6,3% –na última sexta (8), a moeda americana chegou a R$ 5,5160.

 

Bolsonaro atinge 1 milhão de seguidores no Telegram, rede sem lei - Criado no início do ano, o canal de Jair Bolsonaro (sem partido) no Telegram acaba de ultrapassar a marca simbólica de 1 milhão de inscritos, o que faz do atual presidente e candidato à reeleição líder absoluto no uso dessa ferramenta de comunicação. Em comparação, o líder nas pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem menos de 36 mil usuários em seu canal, criado em junho deste ano. Já o de Ciro Gomes (PDT) conta com menos de 19 mil membros, embora tenha sido criado bem antes, em março do ano passado. Outros pré-candidatos, como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), ainda nem exploram este aplicativo de troca de mensagens. O abismo nos números a favor de Bolsonaro mostra que o presidente é de longe quem mais tem levado a sério uma plataforma que tem tudo para ser fundamental na campanha do ano que vem.

 

Twitter suspende conta de blogueiro bolsonarista - Após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), o Twitter suspendeu a conta do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos. Ele é investigado no âmbito dos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos, que tramitam na Corte. Os perfis de Allan dos Santos e do portal Terça Livre, ligado ao blogueiro, foram suspensos desde esta sexta-feira (8) pela rede social. A informação da suspensão por determinação legal foi dada pelo próprio Twitter. O influenciador, que se encontra nos Estados Unidos, criou a conta recém-bloqueada, que contava com mais de 300 mil seguidores, após o perfil original ter sido suspenso no ano passado.

 

Governo pagou R$ 193 mi a empresa e não comprovou recebimento de máscaras - O Ministério da Saúde pagou R$ 193,4 milhões antecipados a uma empresa intermediária responsável por fornecer máscaras chinesas no auge da pandemia da Covid e não conseguiu comprovar o recebimento dos produtos. O pagamento e a falta de comprovação foram apontados em um relatório de auditoria da CGU (Controladoria-Geral da União). O documento foi concluído em 4 de agosto e inserido no sistema de consulta pública de auditorias em 22 de setembro deste ano. É o mesmo relatório que apontou ausência de comprovação de entrega pelo Ministério de Saúde de 4.816 respiradores a estados e municípios, como a Folha mostrou no dia 5. Os equipamentos custaram R$ 273,3 milhões ao governo Jair Bolsonaro. Em uma auditoria sobre as demonstrações contábeis dos gastos do Ministério da Saúde em 2020, a CGU constatou 15 lançamentos sem documentos que confirmam o recebimento das máscaras pela pasta. Isso impede uma conclusão sobre baixas contábeis no valor de R$ 193,4 milhões. Os pagamentos pela importação das máscaras foram adiantados ao fornecedor, segundo o relatório. Isso ocorreu após o recebimento dos produtos por empresa transportadora na China, afirmaram os auditores. O processo analisado "não possui qualquer documentação comprobatória do recebimento das mercadorias pela unidade, sendo composto apenas das ordens bancárias ao fornecedor", conforme a auditoria.

 

Vice do Conselho, médico é bolsonarista filiado ao PSL - Apesar da menção honrosa do presidente Jair Bolsonaro (“o nosso Conselho Federal de Medicina”) na Assembleia Geral da ONU, a diretoria do CFM sempre procurou manter a discrição em relação às suas preferências políticas. Este não é o caso do terceiro vice-presidente do conselho, Emmanuel Fortes, psiquiatra que tenta há três eleições ingressar na carreira política. Filiado ao PSL, ele tentou ser vice-prefeito de Maceió em 2020. Em 2018, concorreu a deputado federal pelo PRTB. E, em 2012, disputou a prefeitura de Pilar, na Região Metropolitana da capital alagoana. Não obteve voto suficiente em nenhum pleito. Além das pretensões eleitorais, Fortes não esconde de ninguém a orientação política: votou em Bolsonaro e continua o apoiando. Fortes foi o representante do CFM na reunião promovida pela secretária de Gestão e Trabalho, Mayra Pinheiro, a “capitã cloroquina”, em julho de 2020, cujo objetivo era propagandear o uso de cloroquina no tratamento da Covid-19. O encontro contou com a presença de representantes dos planos de Saúde Hapvida e Unimed Fortaleza, que na época distribuíam em massa o chamado “kit Covid”. — Quero fazer uma referência aqui. O prefeito de Porto Feliz e o prefeito de Pilar, a minha cidade, adotou precocemente essas pesquisas, e os resultados são consideráveis — disse ele. Fortes se mostrou um dos maiores defensores na adoção do tratamento precoce , mesmo com falta de comprovação científica. Em junho de 2020, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia suspenso dois estudos sobre o uso da hidroxicloroquina, ele fez um apelo aos governantes que, segundo ele, vinham priorizando a “estratégia do isolamento social”: “É chegada a hora de mudar para o tratamento precoce defendido por parcela significativa de médicos e pelo Ministério da Saúde. Está mais do que evidente que não tratar aos primeiros sintomas é prejudicial à população”, escreveu.

 

Esse é o momento de ser combativo - Professor de história, criado em família evangélica, Israel Batista tornou-se deputado federal, eleito pelo PV do Distrito Federal, com a bandeira da educação. Mas percebeu no curso da trajetória política que o mandato deveria servir também a uma causa mais ampla: os direitos humanos. Nesta entrevista ao Correio, Professor Israel declara pela primeira vez, publicamente, que é gay. Falar abertamente sobre isso, como também fizeram o governador Eduardo Leite e o senador Fabiano Contarato, é estratégia importante para defender direitos conquistados pelos grupos LGBTQIA+ e outros num momento em que estão seriamente ameaçados. “Há um momento político no Brasil em que a neutralidade pode parecer conivência. Não estamos nesse momento. Esse é um momento de combate, de dizer que nós não aceitamos que este país seja dominado pela barbárie”, revela. Para ele, a orientação sexual não deveria ser uma questão, mas é. Portanto, falar é estar numa posição de alerta. “A gente não deveria ter que falar sobre isso, mas viver isso. Mas esse momento exige fala, posicionamento, postura. Exige que a gente tenha coragem de enfrentar esse estado de coisa que está se formando no Brasil”, diz. Professor Israel está convencido de que hoje, “se fosse possível retirar direitos que foram conquistados nos últimos anos, o governo brasileiro o faria”. E que a estratégia melhor para lidar com isso é a educação, que sempre foi sua “trincheira”, e a articulação dos diversos grupos que defendem os direitos humanos. “Não preciso ser mulher para defender os direitos das mulheres. Não preciso ser preto para defender uma pauta antirracista. Não preciso sofrer perseguição para exigir tolerância, respeito. E não precisaria nem ser gay para defender os direitos humanos, a comunidade LGBTQIA , no país que mais mata gays na América.” Segundo o parlamentar, a qualidade mais exigida dele, nesses três anos de mandato, foi a capacidade de articulação, de reunir forças, de organizar grupos. “Hoje, percebo que a minha maneira, muito particular, de fazer esse enfrentamento é muito efetiva. Trouxe sucesso em diversas pautas.” Como exemplo, ele cita o impedimento de uma discussão infrutífera sobre escolas sem partido. “Isso não vai acontecer. Porque o que se pretende, com esse debate, é transformar a Comissão de Educação num circo, em um lugar onde não se debate alfabetização, crise de aprendizagem, evasão escolar.” 

 

Depois do STF, a PGR vira calo para governo - Ao arquivar o pedido de investigação do ministro da Economia, Paulo Guedes, o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli deu uma “dica” para que o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) busque um outro caminho: pedir diretamente à Procuradoria-Geral da República (PGR) que abra uma apuração contra o ministro, por causa da offshore nas Ilhas Virgens Britânicas. A avaliação dos políticos é a de que, diante da fase paz e amor entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Poder Executivo, será via procurador-geral, Augusto Aras, que a oposição ainda terá alguma chance de emparedar o ministro na seara do Judiciário. O STF está no modo “paz e amor”. A decisão de Dias Toffoli ainda ajudará Paulo Guedes no discurso político dentro da Câmara dos Deputados, onde foi chamado a dar explicações. É um respiro para quem será bombardeado não só por causa da offshore, mas, principalmente, pela crise econômica que o país atravessa, em especial, a inflação.

 

Orçamento e acordos reforçam poder de Lira - Na terça-feira passada, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), viajou para Roma, onde participou de encontro de presidentes de parlamentos do G-20, o grupo das 20 maiores economias. O deputado e líder do Centrão tinha dado aval para sua base de influência se aliar a opositores na aprovação, no dia seguinte, da proposta de convocar o ministro da Economia, Paulo Guedes, para explicar investimentos pessoais no exterior. A sessão expôs a situação incômoda vivida pelo governo, hoje refém de seu principal aliado no Legislativo, e o momento confortável de Lira, que passou uma semana participando de conversas com lideranças internacionais. Os primeiros oito meses da gestão de Lira mostram que o deputado tem exercido um poder inédito na história recente da República. Diferentemente de antecessores como Eduardo Cunha (MDB-RJ), que mantinha uma relação conflituosa com o governo a ponto de conduzir a queda da presidente Dilma Rousseff, Lira impôs sua pauta e destravou iniciativas improváveis, como as mudanças para afrouxar a Lei de Improbidade Administrativa, um dos símbolos do avanço na política do pós-ditadura. Se Cunha se notabilizou por manter o controle da Câmara por meio de um arranjo de interesses, Lira conta agora com o orçamento secreto para chefiar com mãos de ferro a Casa e turbinar a prática do “toma lá dá cá” para segurar pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. É o que afirmam pessoas próximas do próprio parlamentar alagoano ouvidas pelo Estadão. O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), reconhece que Lira tem uma ascendência maior nos rumos da Câmara do que é usual para um presidente da Casa. “O Arthur tem muita influência sobre os líderes partidários e é muito obstinado nas pautas em que acredita”, afirmou à reportagem. Ao mesmo tempo que mantém o Centrão, bloco de partidos fisiológicos, sob controle, Lira tem obtido alianças temporárias com a oposição em votações de destaque e mantido independência do governo em horas cruciais. Eleito para comandar a Câmara com a ajuda de Bolsonaro, não é raro ver Lira “lavar as mãos” para projetos de interesse do presidente. Com Lira no comando, a Câmara arquivou a proposta de voto impresso, pauta que Bolsonaro insistiu pela aprovação, e decidiu convocar Guedes para prestar explicações ao plenário sobre as contas offshore que mantém no exterior. Foram 310 votos a favor de obrigar o ministro a se explicar contra 142 no plenário. 

 

Brasileiro já usa mais lenha do que gás na cozinha - Com o gás de cozinha custando mais de R$ 100 e a crise corroendo o orçamento das famílias mais pobres, a lenha ganhou espaço nos lares brasileiros durante a pandemia. Em 2020, o consumo de restos de madeira em residências aumentou 1,8% frente a 2019, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Famílias estão guardando botijões de gás para usar apenas em emergências, e outras até venderam o fogão para fazer dinheiro na crise. Como solução, recorrem à lenha e ao carvão vegetal para cozinhar, um retrocesso em saúde e qualidade de vida. O gás estava sendo mais consumido do que a lenha até 2017, quando o preço do botijão começou a disparar. Naquele ano, a Petrobras alterou sua política de preços e começou a reajustar o GLP toda vez que a cotação do petróleo e o câmbio subiam, assim como já fazia com a gasolina e o óleo diesel. Como a commodity se valorizou muito no ano passado, o GLP disparou no Brasil. O resultado foi um crescimento ainda maior do consumo de lenha em 2020, um ano de deterioração do mercado de trabalho e escalada da inflação. As estatísticas de 2021 ainda não estão disponíveis. A projeção do órgão de planejamento energético do governo, no entanto, é de que o uso da lenha encolha apenas com “a retomada do crescimento da economia e o aumento da renda”.

 

Bolsonarista, Lindôra Araújo ganha força dentro da PGR - Considerada uma das principais vozes bolsonaristas no Ministério Público Federal, a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, ganhou poder dentro da gestão do procurador-geral, Augusto Aras, e é vista como um dos principais nomes para a sua eventual sucessão. Lindôra obteve autorização de Aras para atuar em investigações que atingem aliados do presidente Jair Bolsonaro, mas também enfrentou desgaste recente ao colocar em dúvida a eficácia do uso de máscaras no combate à Covid-19. Até então, a subprocuradora era responsável pelas investigações da Lava-Jato perante o Supremo Tribunal Federal (STF) e pelas apurações contra governadores e autoridades com foro no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Uma portaria confeccionada por Aras no último dia 29 delegou poderes para que Lindôra atuasse em outras investigações em tramitação no STF. Com isso, ela assumiu investigações preliminares contra Jair Bolsonaro e também atuou nos casos mais recentes que atingiram bolsonaristas. Foi a responsável, por exemplo, pelo inquérito sobre os atos antidemocráticos do dia 7 de setembro e pela investigação contra o presidente do PTB, Roberto Jefferson, aliado de Bolsonaro. Hoje, Lindôra é considerada uma das auxiliares de maior confiança de Aras e, segundo fontes da PGR, uma das poucas pessoas de quem ele ouve conselhos. Nos bastidores, ela é conhecida por ter uma orientação ideológica conservadora. Procuradores também citam que Lindôra mantém boa relação com o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente. Com experiência na área criminal e fama de linha-dura, Lindôra tem chamado atenção de procuradores do Ministério Público Federal (MPF) por ter sido menos incisiva nas investigações contra bolsonaristas. Apesar de ter pedido a prisão do líder caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, o Zé Trovão, ela teve opinião diferente em outros casos. Manifestou-se contra a prisão de Roberto Jefferson solicitada pela Polícia Federal e defendeu sua “liberdade de expressão” na ocasião. Após pressão do STF, entretanto, ela apresentou denúncia contra o petebista e o acusou de diversos crimes ao realizar ameaças às instituições democráticas. A subprocuradora enfrentou desgastes em episódios envolvendo um tema sensível para Bolsonaro: o uso de máscaras no combate à Covid-19. Ao analisar um pedido de investigação contra o presidente por provocar aglomerações sem usar máscara, Lindôra proferiu um parecer que desagradou o STF. Escreveu ela: “Não é possível realizar testes rigorosos, que comprovem a medida exata da eficácia da máscara de proteção como meio de prevenir a propagação do novo coronavírus”. Com o argumento, disse que não seria possível abrir inquérito contra Bolsonaro.