Manchetes de domingo 09-01-2022

Notícias copiladas dos maiores jornais em circulação no país.

Manchetes de domingo 09-01-2022

 

 

Edição de Chico Bruno 

 

Manchetes de domingo 09-01-2022 

O ESTADO DE S.PAULO – Cientistas testam celular no combate a transtornos mentais

 

FOLHA DE S.PAULO – TSE obriga partidos a antecipar fundão eleitoral para negros

 

O GLOBO – Paredão desaba e mata turistas em MG

 

CORREIO BRAZILIENSE – Mortos e feridos numa tragédia em lago de Minas

 

Destaques de primeiras páginas e do editor 

 

Depressão pelo celular - Sem substituir psicólogos e psiquiatras, a análise de mensagens no Facebook, a cor de fotos no Instagram e até o tempo entre cliques – informações presentes em smartphones – podem ser usados para identificar padrões de comportamento e interações sociais e servir como ferramenta de apoio no combate a transtornos mentais. O modelo cresce, assim como o debate ético, informa Júlia Marques. Em uma pesquisa desse tipo, adolescentes respondem a questionários pelo celular sobre como se sentem. No dia a dia, um aplicativo instalado nos aparelhos capta fragmentos de sons do ambiente e mede movimentos. Tudo é analisado para saber o risco de depressão – resultados iniciais saem este ano.

 

Antecipação de fundão para mulheres também - A Justiça Eleitoral aprovou uma regra que dá mais um passo na tentativa de ampliar a participação de mulheres e negros na política. A partir da disputa deste ano, os partidos terão que repassar de forma antecipada a verba de campanha relativa às cotas racial e de gênero. A medida, que consta de resolução aprovada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em dezembro, estabelece que as legendas terão que destinar o dinheiro a esses candidatos até 13 de setembro, a 19 dias da disputa e data final para que as campanhas apresentem a prestação de contas parcial. O objetivo do tribunal foi o de tentar evitar uma situação que se mostrou comum em 2020, quando a cota racial entrou em vigor por decisão da própria Justiça Eleitoral. Na ocasião, conforme revelou reportagem da Folha, os partidos atrasaram o repasse da verba das cotas. Apesar de pretos e pardos somarem 50% do total de candidatos na ocasião, eles haviam sido destinatários de cerca de 40% da verba dos fundos eleitoral e partidário até cerca de 15 dias antes da disputa municipal. Os autodeclarados brancos reuniam 60% do dinheiro, apesar de representarem 48% dos candidatos. Homens também ficaram, até esse período, com 73% dos recursos.

 

Rocha despenca em MG - Um deslizamento de parte de um cânion atingiu, na manhã deste sábado, quatro lanchas que estavam no lago de Furnas, no município mineiro de Capitólio, a cerca de 280 km da capital Belo Horizonte. A Marinha informou que vai investigar o acidente, que matou pelo menos sete pessoas, cujas identidades ainda não foram reveladas, e deixou mais de 30 feridos, conforme o Corpo de Bombeiros. As buscas foram interrompidas no início da noite de sábado por causa da falta de luz. Três pessoas seguem desaparecidas.

 

ONG do ex-lateral Leonardo Moura recebe mais verbas que confederações - Ex-jogador de destaque no Flamengo, o hoje empresário Leonardo da Silva Moura, o Léo Moura, se tornou campeão de recursos recebidos da Secretaria Especial do Esporte do governo federal com uma entidade que promove treinamento de futebol para crianças e adolescentes. Foram liberados ao todo R$ 41,6 milhões para o instituto que leva o nome do ex-atleta nos últimos dois anos por indicação de políticos aliados do Planalto. Mais de um terço (36,5%) do valor foi enviado via orçamento secreto, prática revelada pelo Estadão e usada pelo presidente Jair Bolsonaro para destinar bilhões de reais de dinheiro público a um grupo de parlamentares sem critérios claros, em troca de apoio no Congresso. Os padrinhos dos pagamentos à ONG são, principalmente, o deputado bolsonarista Luiz Lima (PSL-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), ex-presidente do Senado. A quantia destinada ao Instituto Léo Moura entre 2020 e 2021 é quase o dobro do enviado à Confederação Brasileira do Desporto Escolar (CBD), a segunda colocada, com R$ 27,5 milhões. Também supera o que foi enviado a confederações de esportes olímpicos, como a Confederação de Desportos Aquáticos (R$ 9,1 milhões), Ginástica (R$ 8,4 milhões), Vôlei (R$ 8,4 milhões) e Boxe (R$ 7,1 milhões). O investimento de R$ 41,6 milhões em uma ONG é considerado descomunal por especialistas em gestão esportiva ouvidos pelo Estadão. O Ministério da Cidadania, ao qual a Secretaria Especial do Esporte está vinculada, diz que os recursos foram indicações de parlamentares, com execução obrigatória, ou seja, sem que o governo pudesse escolher para quem enviar. Questionados, tanto Alcolumbre quanto Luiz Lima defenderam a importância do projeto e negaram irregularidades. Ambos exploram eleitoralmente a iniciativa ao terem suas imagens expostas em banners e em eventos de divulgação das atividades realizadas. A ONG terminou 2021 tendo utilizado apenas R$ 5 milhões das verbas federais que efetivamente já caíram em sua conta. Apesar disso, novos aportes estão a caminho. Em 23 de dezembro, o presidente do Instituto Léo Moura, Adolfo Luiz Costa, enviou ofício ao relator-geral do Orçamento, senador Márcio Bittar (PSL-AC), pedindo a liberação de mais R$ 7,032 milhões, “tendo em vista a importância social e o alcance desse trabalho”. Segundo Léo Moura, o dinheiro adicional, que ainda não foi liberado por questões burocráticas, também foi intermediado por Alcolumbre para o Amapá. 

 

‘Me sinto abençoado por ter sido agraciado com essas verbas’ - O ex-jogador Léo Moura disse ao Estadão que realiza projetos sociais desde 2012 com o instituto que leva seu nome e que os investimentos se devem à “credibilidade” do trabalho. Eleitor do presidente Jair Bolsonaro, ele afirmou que o deputado Luiz Lima (PSL-RJ) enviou recursos federais à entidade porque ficou “encantado” com a iniciativa. “Me sinto um cara abençoado por ter sido agraciado com essas verbas e estar podendo ajudar muitas crianças.” Empresário de jogadores, disse ainda que não agencia atletas que tenham passado por seu projeto social e descarta entrar na política.

 

Juros e eleições devem fazer valor de ofertas na Bolsa cair à metade - Depois de as empresas surfarem os dois melhores anos do mercado de capitais no Brasil, a combinação de juro alto e da turbulência do cenário eleitoral deve ser um balde de água fria para as companhias que buscam captar recursos na Bolsa brasileira, a B3. Hoje, o mercado projeta um movimento médio entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões para 2022, cerca da metade do total de R$ 145 bilhões de 2021 – o valor do ano passado foi inflado pela dupla listagem do Nubank no Brasil e nos EUA, em dezembro. Sócio do BTG Pactual responsável pelo mercado de renda variável, Fabio Nazari aponta que a fila de empresas candidatas à abertura de capital diminuiu muito no fim de 2021 – mais de 60 chegaram a desistir, e maioria delas não deve conseguir concretizar o objetivo de fazer seu IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês). “O investidor está mais seletivo, não há mais aquela avalanche de dinheiro entrando nos mercados”, define o executivo. Entre as companhias que seguem na fila para estrear na Bolsa brasileira estão nomes como as redes de academias Selfit e Bluefit, a companhia de serviços Verzani & Sandrini, a varejista Cencosud, a empresa de cosméticos Coty e a indústria de alimentos Dori. Mas muitas desistiram de vez – caso da provedora de internet Vero, que anunciou o cancelamento de seu IPO na sexta-feira.

 

Com fim do bônus demográfico, Brasil terá de buscar mais produtividade - A pandemia de covid19 atingiu a economia do Brasil em plena transição demográfica: o País está deixando a fase do “bônus demográfico” e entrando na de “ônus demográfico”. Esse processo tem duas etapas: uma que ajuda a economia, à medida que mais pessoas chegam à idade de trabalhar; e outra que impõe desafios, pois é caracterizada por um maior número de idosos – o que tira impulso da economia. Ou seja: sem o impulso demográfico, que coloca mais gente para trabalhar, o País tem de fazer crescer a produtividade – um desafio no qual tem falhado até aqui. A maioria dos especialistas fixa nos anos 1970 o início do bônus demográfico no Brasil. Só que a economia brasileira cresceu mais na primeira metade do século 20 do que da década de 1970 para cá. “Na verdade, não aproveitamos o bônus demográfico. Na década de 1970, quando o bônus estava começando, nos endividamos muito. Nos anos 1980, tivemos a crise do endividamento, depois, a hiperinflação”, explica o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), José Ronaldo de Castro Souza Jr.

 

Clãs do Judiciário elegem parentes e sócios para OAB - Assim como na política partidária, o peso do sobrenome e a conexão com membros do Judiciário também se fazem presente no resultado das eleições das 27 seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Um terço das chapas elegeu membros que pertencem ou são ligados a tradicionais clãs de membros do Judiciário, de acordo com levantamento do Estadão. Somente entre conselheiros federais e presidentes de seccionais regionais eleitos, oito chapas elegeram parentes de desembargadores e ministros. Mais da metade destes magistrados entraram nas Cortes pelo quinto constitucional da OAB, uma das prerrogativas da Ordem – além disso, a entidade escolhe cargos em conselhos que fiscalizam o Ministério Público e o próprio Judiciário. No Ceará, o advogado Caio Rocha foi eleito conselheiro federal. Ele é filho do ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Cesar Asfor Rocha, que entrou na Corte pelo quinto constitucional e foi conselheiro da entidade. Pai e filho são próximos na advocacia. Filho do ministro João Otávio de Noronha, que também entrou no STJ pela OAB, o advogado Otávio de Noronha, o Tavinho, foi eleito conselheiro federal suplente no Amapá. Por lá, ele não tem escritório e pouco atuou. Tirou uma carteira suplementar no Estado e, segundo conselheiros aliados, saiu pelo Amapá por ter dificuldade de conseguir os votos suficientes em Minas e no DF. No Rio, em uma composição que se deu na proximidade das eleições, o escolhido foi Paulo Cesar Salomão Filho, sobrinho do ministro do STJ Luis Felipe Salomão, oriundo da magistratura. Questionado sobre a influência de seu tio, o advogado afirmou que já ocupou outras posições na OAB do Rio, e que a eleição não se trata de uma “escolha arbitrária, mas de uma eleição”. Diante deste quadro, a ex-ministra do STJ e excorregedora do CNJ Eliana Calmon afirma que “o quinto da OAB é tão elitista que a tendência dos seus representantes é perpetuar-se no poder através dos filhos, muitos deles incapazes de serem magistrados de carreira por absoluta falta de preparo”. Hoje advogada, a ex-ministra ressalta que os quadros “de mando” no Judiciário têm sido exercidos por indicados pela OAB. “Os juízes de carreira, antes de alcançarem os postos mais significativos aposentam-se por implemento de idade. Veja quem foram os últimos quatro últimos presidentes do STJ; veja também quem serão os próximos”, afirmou. “Sempre fui contra o sistema do quinto constitucional. O vocacionado a magistrado deve prestar concurso público”, disse o ex-desembargador Walter Maierovitch.

 

Presidente dispensa explicação pública do Exército - O presidente Jair Bolsonaro disse ontem que o Comando do Exército não impôs a vacinação obrigatória aos militares para retorno das atividades presenciais e dispensou explicações públicas. Para o presidente, o Exército fez apenas uma recomendação. Na véspera, a Força Terrestre chegou a discutir os termos de um esclarecimento sobre uma diretriz editada com regras para retorno ao regime presencial. Houve pressão política do Planalto e do Ministério da Defesa, mas a nota não chegou a ser publicada. “Foi diretriz não do Exército, mas da Defesa, que dava dúvidas. Não houve exigência nenhuma. Se o Exército quiser esclarecer, tudo bem, mas está resolvido. É uma questão de interpretação”, disse Bolsonaro. Nos bastidores da caserna, oficiais da cúpula verde-oliva trabalharam para contornar o episódio.

 

Bolsonaro diz que 12 ministros devem deixar governo - O presidente Jair Bolsonaro admitiu neste sábado, 8, que até 12 ministros devem deixar o governo nos próximos meses para concorrerem a cargos públicos nas eleições deste ano. O prazo para a desincompatibilização dos ministros vai até abril e o presidente disse esperar que todos fiquem nos cargos até lá. “Gostaria que eles saíssem somente um dia antes do limite máximo, para não termos qualquer problema. Já começamos a pensar em nomes para substituí-los, e alguns já estão mais que certa. A maioria será por escolha interna, até mesmo porque seria um mandato tampão até o fim do ano”, disse, em entrevista após churrasco de aniversário do advogado-geral da União, Bruno Bianco, no Lago Sul, em Brasília. Bolsonaro evitou em falar em nomes prováveis para ocupar os ministérios para “evitar ciumeira”. Ele adiantou que parlamentares poderão ocupar as vagas a serem abertas. “Existem bons parlamentares. Eu fui deputado 28 anos. Todo mundo é possibilidade (para assumir um ministério)”, acrescentou. Entre os cotados para a disputa das eleições em outubro, estão Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura), Marcelo Queiroga (Saúde) e Tereza Cristina (Agricultura). Sem citar diretamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro criticou as "candidaturas de esquerda" que falam em revogar o teto de gastos, as privatizações e parte das reformas aprovadas nos últimos anos. “Se eu falo isso, o dólar vai a R$ 8 e os juros explodem também. Se esse pessoal voltar, eles vão explodir o Brasil”, afirmou. 

 

Kassab faz jogo duro porque quer ser vice de Lula - Lideranças do MDB e do PT dizem que Gilberto Kassab, presidente do PSD, está fazendo jogo duro ao declarar que a sigla levará até o final sua candidatura presidencial porque ele mesmo quer ser o vice de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em entrevistas, o ex-ministro de Dilma Rousseff (PT) e de Michel Temer (MDB) tem dito que não apoiará o ex-presidente ou qualquer outro concorrente no primeiro turno. Kassab afirma que não haverá mudança de rota e que o PSD terá, sim, candidato próprio. Em 21 de dezembro, Kassab disse que já informou a Lula que não o apoiará no 1º turno e reafirmou sua escolha pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG). A líderes partidários que têm perguntado sobre o tema, Kassab tem dito, inclusive, que seria desmoralizador para ele e para o partido se ele desse uma guinada depois de negativas tão categóricas a aliados e em entrevistas.

 

Bolsonaro já ganhou 7,5 mil presentes - No cercadinho do Palácio da Alvorada, um eleitor do presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que queria entregar um licor de jenipapo. Outra deu uma gravata e pediu para o chefe do Executivo usá-la se for reconduzido à Presidência em 2023. Os itens se somam aos mais de 7.500 presentes que Bolsonaro recebeu desde que subiu a rampa do Planalto em janeiro de 2019. A lista é variada, inclui de livro do vereador petista de São Paulo Eduardo Suplicy até uma camiseta de futebol da seleção dos Estados Unidos dada pelo ex-presidente Donald Trump. Bolsonaro ganhou ainda uma estátua de madeira de 200 kg, que reproduz sua imagem e virou meme na internet, e pintura de 10 metros de largura, instalada na entrada do Palácio do Planalto, cujo título é o lema de campanha eleitoral de 2018: "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".

 

Presidente da Anvisa cobra retratação de Bolsonaro - O diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, divulgou nota na noite deste sábado (8) em que rebate insinuações do presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação a supostos interesses escusos da agência na vacinação de crianças. Barra Torres cobrou de Bolsonaro a determinação de investigação, caso tenha informações a esse respeito, ou retratação. "Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro, não perca tempo nem prevarique, senhor presidente. Determine imediata investigação policial sobre a minha pessoa. Aliás, sobre qualquer um que trabalhe hoje na Anvisa, que com orgulho eu tenho o privilégio de integrar", escreveu o diretor-presidente da agência. "Agora, se o Senhor não possui tais informações ou indícios, exerça a grandeza que o seu cargo demanda e, pelo Deus que o senhor tanto cita, se retrate", acrescentou Barra Torres, que tem mandato até 2024 e não pode ser demitido pelo presidente da República. Ele divulgou a nota após se reunir com diretores da agência, na tarde deste sábado.

 

Avanço do mar deixa açaí salgado - Localizado na foz do Amazonas, o arquipélago do Bailique (Amapá) tem nos imponentes açaizais nativos a sua principal fonte de renda. Mas a elevação do nível do oceano Atlântico sobre o rio mais volumoso do mundo está salgando o fruto roxo e ameaça a própria permanência dos cerca de 14 mil moradores. A investida do mar sobre o rio sempre ocorreu na região, onde ganhou o nome local de maré lançante ou lanço. O problema é que vem ocorrendo com força crescente e por mais tempo. Neste ano, pela primeira vez, todas as 58 comunidades, espalhadas por oito ilhas, foram atingidas, levando a prefeitura de Macapá a decretar situação de emergência. "Sempre houve isso, mas não adentrava no arquipélago, ficava só nas comunidades da costa. No ano passado, pegou um terço do Bailique. Neste ano, pegou o arquipélago todo", afirma o presidente da cooperativa de produtores de açaí Amazonbai, Amiraldo de Lima Picanço, 35. Segundo moradores, o Amazonas começou a ficar salgado a partir de agosto. Em 14 de outubro, o prefeito de Macapá, Dr. Furlan (Cidadania), decretou situação de emergência no distrito para agilizar a distribuição de água e de cestas básicas, levadas de barco da cidade, a cerca de 180 km, uma viagem de 12h. O impacto também avança sobre os açaizais. Segundo Picanço, que é engenheiro florestal, frutos colhidos mais próximos da costa salgaram há mais de dez anos, e o fenômeno está se intensificando. Um dos 132 produtores da Amazonbai já registrou o problema em parte do seu açaí. A ameaça ocorre em um momento em que a Amazonbai atravessa uma fase de consolidação e expansão. Após anos de exploração predatória do palmito do açaí, os produtores se organizaram e passaram para a extração do fruto por meio do manejo de mínimo impacto. A floresta continua de pé, e a intervenção principal é a limpeza da área, por meio de poda. A cooperativa foi a primeira organização do país a ter a certificação FSC (Conselho de Manejo Florestal, na sigla em inglês) de serviços ecossistêmicos para conservação dos estoques de carbono florestal e da diversidade de espécies.

 

A distribuição de recursos gera conflitos e intrigas no Planalto e no Congresso - A distribuição dos recursos da União nos últimos dias de 2021 fomentou um conflito no Congresso e alimentou intrigas entre os ministros responsáveis pela articulação política do governo de Jair Bolsonaro: Ciro Nogueira (Casa Civil) e Flávia Arruda (Secretaria de Governo). Parte desse montante, cerca de R$ 5,7 bilhões, foi empenhado na reta final do ano passado e é o chamado orçamento secreto, instrumento pelo qual o governo aloca recursos nomeando parlamentares sem que sejam identificados publicamente. O volume reservado para os gastos no  desligar das luzes de dezembro supera o valor liberado nos primeiros oito meses de 2021 e, em sua maioria, foi distribuído às prefeituras comandadas por aliados do Centrão e líderes do Congresso. Graças a um cruzamento feito por especialistas do gabinete do senador Alessandro Vieira (Cidadania-RE) e dos deputados Filipe Rigoni (PSB-ES) e Tabata Amaral (PSB-SP), foi possível verificar como a distribuição do orçamento secreto continua favorecendo os aliados do governo — e gerando conflitos internos no Palácio do Planalto e no Congresso. A fatia das emendas do relator (outro apelido do chamado orçamento secreto) garantida pelo Ministério do Desenvolvimento Regional dá a medida da diferença no tratamento para amigos e adversários do governo: em todo o país, 186 prefeitos do PL, partido da Presidente da República e Flávia Arruda, foram contemplados nas últimas semanas de 2021. No mesmo período, o PP, sigla de Ciro Nogueira e do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), teve 180 prefeitos agraciados. Em comparação, o PT, que se opõe ao governo e tem a maior bancada da casa, teve 68 deputados beneficiados com esses recursos da pasta.

 

Para Valdemar, Tereza Cristina é vice ideal para Bolsonaro - Da lista de especulações sobre quem será o companheiro de chapa do presidente Jair Bolsonaro em sua campanha à reeleição, o presidente do PL, o ex-deputado Valdemar Costa Neto, tem um nome que é avalia como ideal: o da ministra da Agricultura, Tereza Cristina. O dirigente do Centrão tem dito a interlocutores que Tereza acrescentaria à chapa por ser mulher, respeitada no agronegócio e ter bom trânsito político. Ter um vice mulher seria uma forma de tentar reduzir a resistência a Bolsonaro no eleitorado feminino: segundo o Ipec (ex-Ibope) em sondagem realizada em dezembro, 70% das mulheres desaprovam a maneira como presidente governa o país. Tereza Cristina, deputada federal licenciada, está atualmente considerando concorrer ao Senado de Mato Grosso do Sul. Ela é filiada ao DEM, mas deve deixar o partido após a fusão com o PSL. Ela já foi convidada a se filiar ao PP ou ao Republicanos. Pelo menos uma vez, há cerca de um ano, Bolsonaro disse pessoalmente a ministra que ela era um dos nomes que ele considerava para sua chapa. No entanto, segundo aliados, o presidente, mais recentemente, tem demonstrado resistência em indicar qualquer nome que tenha o aval do Centrão – mesmo que o padrinho seja Valdemar Costa Neto. O titular do Planalto receia que um político como vice se torne uma ameaça. Por isso, internamente, Bolsonaro voltou a considerar ter um vice militar, assim como Hamilton Mourão. O ministro da Defesa Walter Braga Netto é uma das opções. Se optar por uma mulher, o presidente também gosta do perfil da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), que é evangélica, outro público que ele quer alcançar.

 

Edital de leilão do  Santos Dumont é ameaça ao Rio - O governador do Rio, Cláudio Castro, afirmou na noite desta sexta-feira em rede social que o edital de leilão do Aeroporto Santos Dumont é "uma ameaça" ao Rio de Janeiro e que vai pedir a ajuda do presidente Jair Bolsonaro. "Vamos criar uma frente de defesa com a Prefeitura do Rio e outros Poderes. Se for necessário, vamos judicializar a causa. A medida é necessária após inúmeras tentativas de diálogo com o Ministério da Infraestrutura", escreveu o governador. Na manhã desta sexta-feira, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, fez críticas em uma rede social ao modelo de licitação do terminal. Crítico do modelo elaborado pelo governo, que, segundo analistas, poderia reduzir o número de voos no Galeão, Paes questionou o fato de o edital prever a concessão do terminal localizado no Centro do Rio em bloco, junto com aeroportos de Minas Gerais. “Parece licitação dirigida”, escreveu o prefeito e acrescentou: “Será que isso não é um facilitador para quem já tem a concessão de aeroportos em Minas, especialmente de Confins?” Na mesma publicação, Paes pede “apuração com lupa” pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público. Desde que começaram as discussões sobre a licitação do terminal, a Prefeitura do Rio argumenta que é preciso restringir o aumento da capacidade do Santos Dumont para evitar o esvaziamento do Galeão. No ano passado, os terminais cariocas transportaram cerca de 13 milhões de passageiros, dos quais nove milhões viajaram pelo aeroporto no Centro da cidade. O governo, porém, não incluiu no edital as restrições solicitadas.

 

No Supremo, André Mendonça terá pela frente casos em que defendeu o governo - Mais novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça terá pela frente casos em que atuou como advogado-geral da União, quando defendia os interesses do governo Jair Bolsonaro e do Executivo federal. Uso da Lei de Segurança Nacional (LSN) contra quem criticou o presidente, determinação para o governo realizar o Censo 2022 e extinção de conselhos por ato do Executivo estão na lista de processos que podem ter que passar pelo crivo de Mendonça. A presença de um chefe da Advocacia-Geral da União (AGU) não é inédita ou incomum na composição do Supremo, que tem entre seus 11 ministros outros dois ex-AGUs: Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Mendonça esteve à frente do órgão de 2019 a 2021, até ser indicado por Bolsonaro ao Supremo. O GLOBO apurou que ele avalia a possibilidade de se declarar impedido nos processos em que a AGU atuou, embora não haja restrição alguma prevista em lei. Para além das questões processuais, o novo ministro poderá ter que se manifestar em ações nas quais ele atuou do outro lado do balcão como AGU e em outras em que tribunal foi ou tende a ir de encontro aos interesses de Bolsonaro, na prática, o ex-chefe de Mendonça. Entre elas estão a ação em que o STF obrigou o governo a realizar o Censo em 2022. Embora ela já tenha sido julgada, cabem embargos de declaração (um dos últimos recursos possíveis) à decisão da Corte. Em outro caso, no papel de advogado do Executivo, Mendonça defendeu no STF que fosse derrubada a proposta que institui uma renda básica universal no país, o que geraria gastos à União. Nesse processo já foram apresentados recursos (embargos dos embargos de declaração), e o novo ministro poderá ter que votar.

 

Até líderes do centro minimizam desgaste de Bolsonaro pela Ômicron - Apesar de o senso comum indicar que uma nova onda da covid-19 pode ampliar o desgaste de Jair Bolsonaro, auxiliares diretos do presidente, líderes do Centrão e até expoentes do centro político avaliam que a pandemia não figura hoje na lista dos piores problemas eleitorais do Planalto. Em linhas gerais, os argumentos convergem para algo na linha “a pandemia é um desgaste antigo, já precificado eleitoralmente”. Claro, um forte aumento na quantidade de mortes ou o esgotamento dos sistemas de saúde podem mudar o cenário. Mas, por ora, ganha força, em privado entre políticos, a ideia de que Ômicron é uma variante menos letal e uma espécie de “mal necessário” no fim do pesadelo. Há também a leitura de que o negacionismo de Bolsonaro pode se misturar com uma situação da pandemia que parece incontrolável, afinal, o mundo todo sofre com a Ômicron. Ou seja, a inércia do presidente seria diluída aos olhos de parcela do eleitorado. É maior o medo do desgaste causado pela insensibilidade de Bolsonaro no final de ano de tragédias da chuva do que pela covid-19.