Disputa entre Flávia Arruda e Damares vira guerra no DF, e Bolsonaro sobe no muro

Presidente evita se posicionar em favor da correligionária enquanto a primeira-dama Michelle Bolsonaro advoga em favor de Damares

Disputa entre Flávia Arruda e Damares vira guerra no DF, e Bolsonaro sobe no muro

Política Eleições 2022

Disputa entre Flávia Arruda e Damares vira guerra no DF, e Bolsonaro sobe no muro

Presidente evita se posicionar em favor da correligionária enquanto a primeira-dama Michelle Bolsonaro advoga em favor de Damares

Por Jussara Soares e Paula Ferreira — Brasília

 

As candidatas ao Senado pelo DF Flávia Arruda (PL) e Damares Alves (Republicanos)

As candidatas ao Senado pelo DF Flávia Arruda (PL) e Damares Alves (Republicanos) Arquivo

A disputa acirrada entre as ex-ministras Flávia Arruda (PL) e Damares Alves (Republicanos), ambas candidatas ao Senado pelo Distrito Federal, tem criado uma saia justa para o presidente Jair Bolsonaro (PL) e constrangimento entre integrantes do governo. Embora Flávia, ex-chefe da Secretaria de Governo, seja de seu partido, Bolsonaro não tem trabalhado ativamente para a aliada. O motivo está dentro de casa: a primeira-dama Michelle Bolsonaro está engajada em eleger Damares, ex-titular da pasta Mullher, Família e Direitos Humanos.

Se as duas começaram a eleição com declarações protocolares de respeito mútuo, o clima degringolou com o acirramento da corrida. Na última pesquisa Ipec, ambas apareceram empatadas com 28%. As duas campanhas se acusam no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de estarem por trás de vídeos apócrifos que circulam nos celulares no DF com ataques pessoais e difamações contra a rival.

O constrangimento do presidente em tomar lado ficou evidente na terça-feira, em conversa com apoiadores na saída do Alvorada. Questionado sobre quem apoia, saiu pela tangente:

— Eu não vou responder, não... (Para) o Senado quem é que é. Eu não vou responder — afirmou Bolsonaro, sorrindo.

A fala do presidente foi respondida por um coro de apoiadores, que gritaram: “Damares, Damares”.

A avaliação tanto no entorno de Flávia quanto no de Damares é que o apoio explícito do presidente pode definir a corrida. Formalmente, o presidente fechou um acordo político para incluir Flávia em seu palanque. A costura envolveu a aliança com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e com o marido da ex-ministra, o ex-governador José Roberto Arruda (PL), que desistiu de tentar voltar ao Palácio do Buriti para disputar uma vaga na Câmara, mas teve a candidatura negada pelo TSE. Para que o martelo fosse batido, Bolsonaro chegou a convencer Damares a não ser mais candidata ao Senado, evitando, assim, o embate entre aliadas. Mas, com o apoio de Michelle, a ex-ministra da Mulher anunciou sua candidatura.

Nem lá, nem cá

Nas lives que tem feito para pedir votos para aliados, contudo, Bolsonaro não citou as duas ex-ministras. O presidente, embora convidado, jamais cumpriu uma agenda ao lado de Flávia. Do mesmo modo, também tem se esquivado dos eventos de Damares. Nos bastidores, aliados alegam que tomar partido agora é arrumar briga com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, ou com a primeira-dama. Nos dois casos, é o titular do Planalto quem termina mal.

Com Bolsonaro em cima do muro, a disputa entre as duas ex-ministras pegou fogo nos bastidores nos últimos dias e foi parar na Justiça Eleitoral. Na segunda-feira, Damares entrou com uma representação no TRE em que acusa a campanha de Flávia de divulgar vídeo com informações falsas sobre ela. Nesta semana, também circulou pelas redes um outro vídeo com ataques pessoais a Flávia. As duas negam ser autoras das peças apócrifas.

Michelle também tem entrado em campo em defesa de Damares e já indicou que o presidente deve declarar apoio a ela:

— O meu voto e da minha família é de Damares Alves. E os meus candidatos são os candidatos do meu marido Jair Messias Bolsonaro. Hoje eu louvo e agradeço a Deus pela vida da minha irmã, a minha amiga, a minha eterna ministra e a minha futura senadora, Damares Alves — disse a primeira-dama durante evento ao lado de Damares em um hotel de Brasília.