Entidades se posicionam sobre calote que a Petrobras levou na venda da Six de São Mateus do Sul

Entidades se posicionam sobre calote que a Petrobras levou na venda da Six de São Mateus do Sul

Entidades se posicionam sobre calote que a Petrobras levou na venda da Six de São Mateus do Sul

 

 

Petrobras afirma que suspendeu o processo de colaboração com a Forbes & Manhattan por quebra de contrato

A Petrobras e o sindicato dos trabalhadores da empresa (Sindipetro) se posicionam sobre o calote que a estatal levou da multinacional Forbes & Manhattan, que em 2022 assinou contrato de compra da Unidade de Industrialização do Xisto (Six) de São Mateus do Sul. O contrato de US$ 33 milhões, cerca de R$ 178,8 milhões, teve apenas um primeiro repasse realizado, contudo, cerca de R$ 140 milhões restantes não foram pagos.

Os serviços especializados na indústria continuam a ser prestados pela Petrobras sem que a compradora pague por eles. Desse modo, a empresa canadense fatura sem precisar investir em mão de obra qualificada.

“Os serviços de suporte temporário que a Petrobras presta à Paraná Xisto S.A. (ou PX Energy, nomes utilizados pela Forbes & Manhattan), de caráter administrativo e de apoio técnico à operação da industrialização de xisto, encontram-se suspensos temporariamente desde segunda-feira, 10”, afirmou a assessoria da estatal em resposta ao JMais.

A suspensão do suporte ocorre pelo descumprimento de obrigações contratuais por parte da empresa compradora, como o pagamento de parte do contrato e ressarcimento pelos especialistas da Petrobras seguirem trabalhando e recebendo da estatal. A cláusula de suspensão dos serviços está prevista no contrato firmado entre a Petrobras e a multinacional canadense.

As únicas ações que a Petrobras mantêm são as de segurança dos trabalhadores e das instalações. “A prestação de serviços pela Petrobras seguirá suspensa até que se chegue a uma solução de comum acordo, com base nas tratativas que seguirão entre as partes”, comunica a estatal.


 

CLÁUSULAS OBSCURAS

“As plantas de pesquisa não foram valoradas para venda, pois o processo de pesquisa não entra na produção”, destaca como problema contratual que depreciou o preço da unidade e facilitou a venda, que ainda não foi finalizada por falta de pagamentos. Entretanto, a Petrobras passou a pagar aluguel para utilizar as plantas de pesquisa.

Outro ponto é destacado pelo diretor do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro), João Felchak, que chama de “premissas obscuras” para a venda da Six. Diz isso por conta do preço considerado baixo e pelo relatório feito para a venda desconsiderar o potencial das plantas de pesquisa voltadas à agricultura, o AgroXisto.

Felchak defende que a Petrobras execute a dívida e que a compradora pague o que deve. Entretanto, também destaca que o posicionamento do sindicato é de que a estatal deve manter sua infraestrutura por uma série de motivos, sendo o mais claro de todos que a empresa consegue controlar o preço dos combustíveis em benefício da população.

O dirigente cita os casos das refinarias da Bahia, do Amazonas e do Rio Grande do Norte como maus exemplos de privatização, pois os preços praticados pelos compradores passaram a ser mais elevados que os da Petrobras.



 

MUDANÇAS NO TRABALHO

O processo de privatização da Six causou uma série de mudanças nas dinâmicas de trabalho e no número de trabalhadores em São Mateus do Sul. Em 2016 cerca de 300 pessoas atuavam diretamente nas plantas de pesquisa e industrialização. Depois que a unidade entrou no plano de privatizações, os investimentos cessaram em todas as áreas, com o número de trabalhadores caindo para 150.

A empresa compradora não tem obrigação de manter o número de funcionários, o que pode levar a diminuição ainda maior no quadro. Para Felchak, a falta de investimentos representa menos dinheiro circulando no município e menos empregos de qualidade.

Não há indústria no molde da Six no mundo. Por ser uma planta única, não há profissionais habilitados ao trabalho em nenhum outro lugar, o que implica em período de adaptação e aprendizado mínimo de dois anos, de acordo com Felchak. Entretanto, o tempo de transição estabelecido em contrato foi de 15 meses, que seriam insuficientes para que novos trabalhadores absorvam todas as especificidades do trabalho.




 

O QUE DIZ A PARANÁ XISTO

A única manifestação da Paraná Xisto é por meio de um pronunciamento oficial enviado aos órgãos de imprensa. A empresa cita a busca por uma conciliação com a Petrobras. Leia a nota na íntegra:

A Paraná Xisto vem à público esclarecer fatos recentes relacionados ao processo de negociação com a Petrobras, envolvendo o contrato de prestação de serviços de suporte temporário administrativo e de apoio técnico à operação da refinaria.

A empresa identificou a necessidade de notificar a Petrobras ao longo da relação contratual em razão de ajustes às divergências encontradas.

O impasse negocial instaurado culminou em nova rodada de negociações que estão em curso em paralelo às ações necessárias ao término da Parada de Manutenção de 2023.

Esperamos que os esclarecimentos apaziguem qualquer entendimento contrário do que realmente se trata: uma conciliação baseada em posicionamentos diferentes, mas com interesses convergentes de resolução. Na mesma direção, seguimos com o nosso compromisso com o desenvolvimento regional e em honrar os nossos contratos de forma justa.

A Paraná Xisto orgulha-se de ter estimulado a empregabilidade na cidade de São Mateus do Sul, além de movimentar a economia local, valorizando fornecedores da cidade. Em respeito aos nossos colaboradores, às suas famílias, aos nossos clientes, às comunidades em que atuamos, aos nossos parceiros e à sociedade em geral, manifestamos nosso engajamento com o desenvolvimento regional e do país, por meio de ações práticas, diálogo e transparência.

Dessa forma, repudiamos que qualquer distorção dos fatos seja usada para ferir e comprometer nossa imagem, dos nossos colaboradores e qualquer resultado positivo que buscamos gerar a partir das nossas atividades.